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Flashback on

Lara

Ele não me deu nem a mínima, e isso me deixou puta. Fui deitar, mas não consegui fechar os olhos. A raiva tava me corroendo por dentro. Como ele tinha coragem de agir assim, como se fosse só mais uma, sem dar nem uma satisfação? Eu merecia mais do que isso.

O filho da puta me usou e agora me tratava como se fosse qualquer uma, como se eu fosse só um corpo pra ele. E eu, burra, caí na dele. Agora, aqui estava, deitada nessa cama imunda, sem saber o que fazer com a raiva que tava crescendo dentro de mim.

Ele tava lá, com aquele jeito de quem não se importa com porra nenhuma. A raiva queimava dentro de mim, e eu só queria explodir. Eu não ia deixar isso passar. Ele podia achar que ia me deixar assim, com esse gosto de merda na boca, mas eu ia dar o troco. Eu não era qualquer uma. Não importava o quanto ele tentasse me desrespeitar, eu ia mostrar pra ele que eu não era só mais uma mina da favela que ele podia usar e jogar fora.

Olhei pra ele, mas não disse nada. Só fiquei ali, deitada, sentindo o calor da cama e a raiva invadindo meu peito. Não fazia ideia de quem ele realmente era, mas eu não ia me submeter a ele. Não mais.

Eu tava puta, mas sabia que o que quer que fosse que acontecesse entre a gente, eu tinha que dar a volta por cima. E no final, ele ia se arrepender de me tratar assim. Eu não ia deixar ele sair impune.

Flashback off

•••

Flashback on

Eu me lembro claramente do acidente. O impacto foi tão forte que parecia que tudo ao meu redor tinha parado de uma vez. Meus pais… eles não sobreviveram. Eu estava lá, no meio da dor e do desespero, sem saber o que fazer, sem saber como seguir em frente. Fui parar no hospital, e a única coisa que me mantinha de pé era o pensamento de que eu ainda tinha alguém: minha avó.

Cheguei na casa dela no Rio de Janeiro com a alma destruída. A favela da Rosinha me parecia um mundo completamente novo. Eu vinha de uma realidade diferente, e o choque foi grande. Mas a minha avó, com seu jeito simples e acolhedor, me fez sentir que talvez pudesse encontrar uma nova chance ali. Ela não era rica, mas tinha um coração enorme e uma força que me fez querer lutar também.

Foi ali, em meio à dor, que encontrei meu primeiro emprego. A loja era simples, uma pequena merceria que nem tinha nome, mas, para mim, foi como uma segunda casa. Comecei de ajudante, organizando as prateleiras, e com o tempo fui aprendendo os truques. Não era muito, mas era o suficiente para pagar o aluguel e dar um pouco de paz para minha avó.

E foi nesse caminho que conheci as meninas. Ju, com seu sorriso largo e cheio de energia, Lívia, que tinha uma calma impressionante, e Fê, elas se tornaram mais do que amigas, viraram quase que irmãs pra mim. A gente se encontrava sempre na praça, depois do expediente. Falávamos de tudo: do trabalho, da vida, dos nossos sonhos e até dos nossos medos. Eu me sentia parte de algo maior. Pela primeira vez em meses, senti que podia sorrir de novo.

Com elas, aprendi que a vida não parava, que a dor, embora ainda presente, não podia me prender para sempre. E, de alguma forma, a favela da Rosinha, que antes parecia um lugar de tanto vazio, agora era meu refúgio, meu começo.

Flashback off

Esses flashback e apenas pra mostrar como tudo aconteceu na vida da Lara.

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