Falcão Eu não acredito nisso. Como é que aquela vagabunda vem me dizendo que está grávida? Não tem a mínima condição de ser meu filho. Eu não sou um desses idiotas que se deixa manipular por mulher. Já conheço o jogo delas. E ela estava tentando, de todas as formas, fazer eu cair nesse papo de "grávida do Falcão" só pra virar fiel. Eu sabia muito bem o que ela queria, mas não seria eu quem cairia nessa.Aquela mina parecia tão confiante com o papo de gravidez, mas eu não ia cair. Fui direto ao ponto. Se esse filho for meu, ela vai morar comigo, nem que seja à força. E se não for? Eu ia deixar ela na rua, simples assim. Não tenho paciência pra esse tipo de mulher, que tenta jogar o golpe da barriga achando que vai me prender. Se não for meu, a história termina ali, e ela vai aprender a não mexer com Falcão.Eu fico observando a situação, esperando a reação dela, e a única coisa que passa pela minha cabeça é: se esse filho for meu, ela vai ter que se submeter às minhas regras. Não vai
LaraAssim que atravessei a porta de casa, senti o peso de tudo desabar sobre mim. Minhas pernas estavam bambas, a cabeça rodava, e a raiva misturada com mágoa ainda queimava no meu peito. Eu não conseguia acreditar na forma como Falcão me tratou. Frio, cruel e arrogante, como se eu fosse apenas mais uma qualquer tentando tirar proveito dele.Minha avó estava sentada no sofá, assistindo televisão, mas assim que me viu entrar daquele jeito, franziu a testa e abaixou o volume.- O que aconteceu, menina? - O tom dela era preocupado.Minha garganta secou. Eu precisava contar. Ela merecia saber a verdade. Respirei fundo e sentei ao lado dela.- Vó... eu preciso te contar uma coisa.Ela me olhou de cima a baixo, percebendo minha hesitação.- Fala logo, Lara. O que foi?Fechei os olhos por um segundo, tentando reunir forças.- Eu tô grávida.O silêncio na sala foi ensurdecedor. Minha avó me encarou, e, por um momento, achei que ela não tinha entendido. Mas então, ela suspirou fundo e passou
Nos dias seguintes, eu fiquei inquieta. O ódio de Falcão ainda queimava dentro de mim, mas eu também sentia um cansaço absurdo, como se toda aquela situação estivesse drenando minhas forças. Minha vó tentava me acalmar, mas eu sabia que ela estava preocupada.Eu queria resolver aquilo de uma vez. Fazer o teste de paternidade e esfregar na cara de Falcão que ele era o pai do meu filho. Mas, mais do que isso, eu queria seguir minha vida sem que ele tivesse qualquer influência nela.Na tarde seguinte, fui encontrar Ju, Lívia e Fê. Precisava desabafar. Elas me esperavam na praça, sentadas em um banco de concreto debaixo de uma árvore. Assim que me viram, Lívia foi a primeira a falar:— E aí? Como foi com a sua avó?Sentei ao lado dela, soltando um suspiro pesado.— Ela ficou assustada quando soube que era o Falcão. Disse que ele é perigoso e que eu não devia me envolver com ele de jeito nenhum.Lívia revirou os olhos.— Até sua avó sabe que esse cara não vale nada.— Mas pelo menos ela me
Os dias seguintes foram de pura ansiedade. Eu tentava me distrair, mas a verdade era que minha cabeça girava em torno do teste de paternidade e do que aconteceria depois.Minha avó percebeu o quanto eu estava inquieta.— Para de andar de um lado pro outro, menina — ela disse, enquanto sentava na poltrona da sala com uma xícara de chá nas mãos.— Não consigo, vó. Tô agoniada.Ela suspirou e bateu no sofá ao lado dela.— Senta aqui.Obedeci. Ela pegou minha mão e apertou de leve.— Eu sei que você tá preocupada. Mas independente do que aquele homem disser, você tem a mim e suas amigas. Esse bebê vai ser amado, com ou sem ele.Meus olhos se encheram de lágrimas.— Eu sei, vó… Mas eu quero esfregar isso na cara dele. Ele me tratou como se eu fosse qualquer uma. Como se eu tivesse mentindo pra cima dele.— Homens como ele são assim — ela resmungou. — Acham que podem pisar nos outros sem consequência.Fiquei em silêncio, encarando o chão.— Mas eu quero que você se prepare — minha avó conti
O dia começou como qualquer outro. Acordei cedo, tomei café com minha avó e fui trabalhar. Agora que Ju tinha conseguido um emprego na loja comigo, as coisas estavam mais leves. Ela era minha melhor amiga e, com ela por perto, o trabalho ficava menos cansativo.— Tá pronta pra encarar mais um dia de clientes folgados? — Ju brincou assim que chegamos.— Como se eu tivesse escolha — revirei os olhos.A manhã passou sem grandes problemas. Atendi alguns clientes, arrumei as prateleiras e ajudei Ju a organizar o estoque. Mas, depois do almoço, um enjoo forte me atingiu de repente.O cheiro de perfume na loja ficou insuportável. Meu estômago revirou, e antes que eu pudesse correr pro banheiro, senti a tontura tomar conta.— Lara! — Ju me segurou quando minhas pernas falharam.Fechei os olhos, tentando respirar fundo.— Tô bem — menti, engolindo em seco.— Bem uma ova! Você tá pálida! — Ju insistiu.Minha chefe, Dona Rita, se aproximou com uma expressão preocupada.— Lara, quer ir pra casa?
FalcãoFiquei encarando o papel jogado na mesa, sentindo um gosto amargo na boca.A porra do exame confirmava o que eu já desconfiava, mas que preferia negar. Aquela criança era minha.Passei a língua nos dentes, irritado.A vadia entrou aqui achando que ia ditar regra? Que ia me dizer que eu não teria nada a ver com meu próprio filho?Soltei uma risada seca.— Essa daí tem coragem, hein — comentou L7, largado no sofá, tragando um cigarro.Sombra riu de canto.— E tem mais: ela entrou aqui como se fosse dona do lugar. Nem hesitou.Me encostei na cadeira, respirando fundo pra não deixar a raiva me dominar.— Cês tão achando bonito, é?L7 deu de ombros.— Não é isso. Mas cê viu, né? Ela não abaixou a cabeça pra você. Diferente das outras.Fechei a cara.— E que porra isso muda?Ninguém respondeu. Ficaram só se olhando, como se soubessem de algo que eu não queria admitir.Levantei de supetão e empurrei a cadeira pra trás.— Essa mina tá achando que pode escolher como as coisas vão ser. T
Falcão Eu não estava brincando. Lara podia tentar o que fosse, mas não ia escapar de mim. O filho era meu, e isso mudava tudo. Ela podia tentar se esconder ou se convencer de que podia viver a vida dela do jeito que quisesse, mas eu sabia melhor. Essa criança, mesmo antes de nascer, já tinha me dado o direito de tomar controle da situação.Eu a vi resistir, eu vi o fogo nos olhos dela, mas não me importei. Se tivesse que forçar, eu faria. Eu não ia ser mais um desses pais ausentes, que só aparecem quando querem. Eu ia ser o pai dela, ia estar lá. Não ia deixar ela criar essa criança sozinha, e muito menos deixá-la decidir por si mesma.Quando a levei até o carro, ela não falou nada. Ficou calada, os dentes cerrados, provavelmente pensando que poderia me desafiar de novo, mas isso era besteira. Não ia ter outra opção. Ela sabia disso. Não ia conseguir ficar sozinha. Não ia ficar longe de mim.Ajeitei o retrovisor do carro e pisei no acelerador, sentindo o peso da situação. A casa dela
LaraEu não sabia o que estava acontecendo comigo. A cada segundo, as coisas pareciam mais fora de controle, e eu me sentia como se estivesse sendo arrastada para um lugar do qual não conseguiria sair. Falcão... aquele homem. Agora ele sabia que o filho era dele, e tudo que ele queria era que eu me subjugasse à sua vontade.Quando ele disse que eu teria que morar com ele, uma parte de mim queria gritar, correr e nunca mais olhar pra ele. Mas eu não podia. Eu já estava presa àquilo, àquelas circunstâncias que ele havia criado. Ele me fez sentir como se não tivesse escolha.E o pior, ele tinha razão.Eu olhei para aquele quarto, para aquela cama, e vi o quanto tudo tinha mudado em tão pouco tempo. Como eu passei de uma garota que queria ser livre, independente, a... prisioneira desse maldito jogo de poder. Falcão tinha um jeito de me fazer sentir pequenininha, impotente, como se toda a minha força tivesse sido drenada. E isso me irritava profundamente.A cama estava estranhamente silenc