05

O silêncio no carro era pesado enquanto voltávamos para casa. Eu não conseguia parar de pensar no teste. Estava grávida. A palavra soava como um eco na minha cabeça, sem fazer muito sentido, mas ao mesmo tempo, parecia tão real quanto a sensação de dor que estava se instalando no meu peito. As meninas tentavam me animar, mas eu sabia que nada mudaria a verdade que eu acabara de descobrir.

Fê foi a primeira a quebrar o silêncio, tentando me puxar para a realidade.

— Lara, você precisa pensar em tudo, calma. Não adianta ficar pirando, agora a gente tem que ver o que fazer. O que você quer, no fundo? Você tem um futuro pela frente, tem que se decidir.

Eu estava tão confusa que nem sabia o que responder. Como decidir alguma coisa com uma bomba dessas caindo sobre a minha vida? Eu só queria que o mundo parasse de girar por um momento, para eu conseguir respirar.

— Eu não sei… Eu realmente não sei o que fazer. Não me vejo cuidando de uma criança sozinha, mas também não sei se consigo tirar isso… – minha voz saiu trêmula, e as palavras ficaram presas na garganta.

Lívia, que sempre parecia mais calma, olhou para mim com uma expressão preocupada, mas também séria.

— A gente vai te ajudar, Lara. Não se preocupa com isso. A decisão é sua, mas não quer dizer que você precisa fazer tudo sozinha. Lembra disso.

Eu a olhei, grata pelas palavras, mas ainda com um peso enorme nos ombros. Eu sabia que não tinha certeza do que fazer, mas não queria que minhas amigas tivessem que carregar a responsabilidade por mim. Eu era a única que poderia decidir o que fazer.

O carro parou em frente à minha casa, e eu saí devagar, as pernas ainda trêmulas. O peso da novidade era como uma âncora em meu peito. A casa parecia mais silenciosa do que nunca. Eu me senti sozinha, mesmo com todas as pessoas ao meu redor.

Quando entrei, minha avó me olhou, mas não disse nada. Ela sempre soube que algo estava diferente, mas nunca teve coragem de perguntar diretamente. Eu, por outro lado, não tinha coragem de contar a ela o que havia acontecido.

— Lara, você está bem? – perguntou minha avó com uma expressão preocupada. Ela me observava com um olhar que parecia ler minhas emoções, como se ela soubesse de algo, mas não sabia o que exatamente.

Eu forcei um sorriso e tentei esconder o que estava sentindo, mas a minha voz não saiu tão convincente quanto eu gostaria.

— Só estou um pouco cansada, vovó. Não se preocupa.

Minha avó me olhou desconfiada, mas não insistiu. Ela sabia que eu estava passando por algo, mas parecia entender que era melhor não perguntar mais naquele momento.

A noite caiu, e a pressão sobre mim só aumentava. Eu não conseguia dormir, os pensamentos invadindo minha mente a todo momento. O que fazer com a gravidez? Como Falcão reagiria se soubesse? Ele, o homem que eu mal conhecia, o homem que me envolveu em tudo isso… Como eu ia enfrentar ele e tudo o que ele representava?

No dia seguinte, as meninas estavam decididas a me ajudar a tomar uma atitude. Fê me ligou logo cedo.

— Vamos dar um jeito nesse cara, Lara. Não é hora de pensar em ser a "boa moça" aqui. A gente tem que ser firme. E, claro, você tem que fazer a sua escolha em relação à gravidez, mas primeiro a gente resolve a parte do Falcão.

Eu não sabia o que esperar de Falcão, e, honestamente, estava com medo. Mas ao mesmo tempo, o medo de ser forçada a fazer algo que não queria era maior. Eu não queria que ele tivesse controle sobre a minha vida, mas eu sabia que seria difícil fugir dele, considerando quem ele era.

A voz de Ju, que estava sempre pronta para dar uma opinião, ecoou no meu ouvido:

— Lara, não deixa esse homem te intimidar. Mesmo que ele seja o dono do morro, como a Lívia disse, é ainda mais motivo para você não se deixar levar por ele. Você tem que ser mais esperta do que ele, tem que fazer com que ele entenda que não vai controlar a sua vida.

Eu sabia que ela tinha razão, mas algo dentro de mim ainda estava em dúvida. E se eu tomasse a decisão errada? E se Falcão não fosse alguém que aceitasse ser "desafrontado"?

As meninas, vendo que eu estava ainda dividida, me convenceram a ir até o morro. Não para enfrentar Falcão, mas para entender o que ele significava. O que ele representava dentro desse jogo que eu nem ao menos sabia como jogar.

— Vai ser importante você saber com quem está lidando – disse Lívia, como quem sabe as consequências de cada passo que eu daria. – E, além disso, você vai ver que, com a gente, tudo vai ficar mais claro.

Eu não sabia o que esperar de Falcão ou de tudo isso. Mas, por alguma razão, eu confiava nelas. E se alguma coisa fosse mudar, começaria por ali, naquele momento.

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