Livro 2 da Trilogia Jornadas do coração. Caleb Jones carrega no corpo cicatrizes de uma infância perturbada. Foi obrigado a encarar a dura realidade da rejeição desde muito jovem quando se viu abandonado pela própria mãe. Luta diariamente contra seus próprios demônios e em sua cabeça completamente perturbada não tem espaço para vida amorosa. O tão sonhado “Feliz para sempre” de muitos, não é o dele! A dor da perda o quebrará por completo, o transformando em sua pior versão, o fazendo libertar os demônios que ele tanto lutou para deixar encarcerados e trancados dentro de si. O controle é a única coisa que mantém sua mente sã e enraizada no mundo real. Ele tem tudo isso na palma da mão e abdicar disso não é uma opção a ele… Mas um par de olhos castanhos tirará seu mundo de órbita, o deixando de mãos atadas e coração entregue. Uma mulher doce e de língua afiada, mostrará o lado mais belo da vida, sem se importar com seu passado obscuro. Só resta saber se ele está pronto para enfim se entregar ao amor e aprender a conviver com as suas cicatrizes e demônios! “A cura não significa que a ferida nunca existiu. Significa que ela não controla mais nossa vida.”
Ler maisOito anos antes... A última coisa que eu vi, foram os olhos dele. Do meu irmão caçula, me agarrando e me implorando para não morrer. Senti suas lagrimas me molhando o rosto, conforme meu corpo se desligava de tudo e a escuridão me sugava para longe. Pensei que seria meu fim, que nunca mais veria meu irmão, ou a minha mãe e até mesmo o patife do meu pai. Mas, quando acordei num galpão, frio e úmido, jogado as traças pensei que estava no inferno. Que ali seria o meu purgatório. Mas estava muito longe de ser o meu próprio inferno. Seria pior do que isso, porque o inferno seria fichinha para o que me aguardava naquele lugar. A ferida da bala estava costurada de qualquer jeito e duvido muito que o cara que me costurou era médico. Até um açougueiro seria mais esperto que ele. — Você deve ter comprado a porra do seu diploma. — gemi, tentando não me mexer demais enquanto ele verificava a ferida. — Quieto. — o armário na minha frente falou. O médico deveria ter o tamanh
Acordei assustado, com algo sendo jogado na minha cara. — Acorda porra! — alguém gritou. Minha cabeça latejou e senti as têmporas doendo, devido à forte enxaqueca que me turvava a visão. Apertei os olhos, tentando enxergar onde eu estava, mas tudo que conseguia ver era a escuridão, há não ser por uma sombra, parada a alguns passos de mim. — A bela adormecida acordou. — a voz dele fez meus pelos se eriçarem, como o de um felino assustado. A voz do cara que eu mais admirava no mundo, agora, era a voz do meu algoz. Do meu agressor e do homem que tentou matar a mim e a mulher que eu amava. — Jason? — sussurrei, as palavras quase não saiam da minha boca. Tentei mexer os braços, mas foi em vão, balancei os punhos e ouvi o som de correntes. Só então a concepção de que estava algemado me assolou com força, o metal apertava ao redor tanto das minhas mãos, quanto dos meus pés, me impossibilitando de me mexer. Estava pendurado e além da voz dele, a única coisa que ouvia era um gote
— Não acho que seja uma boa ideia a senhorita ir. — Albert falou. — É muito perigoso e não sei ao certo o que vamos encontrar lá. — Ele coçou a cabeça, visivelmente preocupado. — Pelo que parece, é um lugar afastado e com seguranças. Apoiei as mãos no pescoço, olhando para o teto e pesando na balança se seria prudente eu ir. — Mesmo depois de você me ensinar tiro, defesa pessoal e eu ir com colete... — baixei os olhos para ele. — Mesmo assim, ainda seria perigoso? — Mordi a ponta da unha do meu indicador. Ele tombou a cabeça de lado, analisando. Começou a andar de um lado para o outro, sussurrando algo somente para ele, provavelmente pesando os prós e contras de tudo isso. — Iremos em cinco seguranças, além de você e alguns policiais que ficarão do lado de fora. — Ele parou de andar e se voltou para mim. — Você vai ter que seguir à risca todas as ordens que eu te der. — Ele me observava, o semblante sério. Albert levantou os dedos, enumerando cada coisa. — Um — Ele ergueu o
Já fazia 24 horas. Vinte e quatro horas desde o seu desaparecimento e não tínhamos a mínima noção do que havia acontecido com ele. A policia não conseguiu rastrear a picape preta, pois a placa era clonada e eles perderem o paradeiro dela assim que o irmão do Caleb entrou na avenida principal da cidade. Ele provavelmente trocou de carro. Estávamos num completo estado de choque. E o pior disso tudo, era que não podíamos ficar juntos. Albert conseguiu avisar a Scarlett, mas por segurança de todos, optamos em continuar separados. Por que claramente o foco deles era causar dor para o Caleb, não importa como. Albert ainda mantinha o Henrico — descobri o nome dele através do Albert — e mesmo após horas de violência, que eu preferi não ver, ele continuava não querendo falar. A única coisa que ele fez, foi cuspir na cara do Albert, mandá-lo se foder e dizer que a gente nunca mais veria o Caleb. Pelo menos, não com vida. E essa parte, acabou comigo. Ao ponto deu perder o cont
Não... Não! Não! Isso não podia estar acontecendo! Andava de um lado para o outro, dentro do maldito quarto do pânico. Mas sentia que era eu que estava em pânico. Sentia as paredes de titânio se fechando ao meu redor, meu peito doía, implorando por ar e sabia que estava tendo um ataque de pânico. Estava claustrofóbica ali dentro e tudo só piorou ainda mais, quando vi pelos monitores, eles pegando o Caleb. Lagrimas escorriam pelo meu rosto, embaçando minha visão, mas não bastante para me impedir de enxergar, enquanto eu os via carregando para fora. Totalmente desacordado. Pensei em sair do quarto, mas a ordem do mais alto me fez paralisar onde eu estava. — Revira a porra da casa inteira e a encontre! — Faço o que quando acha-la chefe? — o mais baixo perguntou. Na noite em que eles me esperavam ao lado do meu carro, o mais baixo usava um taco de beisebol, mas hoje ele vira muito bem armado. — Faz o que você quiser. — O mais alto deu de ombros. — Contanto que ela
Já haviam passado quase uma semana desde que levei um tiro. O lugar da bala ainda doía e os pontos ainda estavam lá. Mas aos poucos fui conseguindo voltar a fazer algumas coisas. Treinava tiro com o Albert todos os dias pela manhã e a tarde ensinávamos a Duda, com tiro e defesa pessoal. Ela era boa, aprenderá tudo muito rápido e se divertia com tudo. Claro, que não perdia a chance de me provocar. E a noite, aproveitávamos a companhia um do outro e sempre acabávamos transando no tapete, em frente a lareira. Ela dizia que a lembrava dos dias no chalé. Que nesses dias escuros, eram essas lembranças que a faziam manter a sanidade intacta e a esperança de que isso logo acabaria. Tínhamos um código nosso, toda vez que alguém entrava no chalé, depois de ter saído por algum tempo. — Delta entrando. — Albert falou, passando pela porta da frente. Usávamos o alfa, ômega ou delta, não tínhamos um codinome para cada um, mas tínhamos que falar uma das três palavras toda vez que en
Duda dormia ao meu lado, depois de ter retirado a bala do meu braço e suturado a ferida — muito bem, diga-se de passagem, — ela se negou a me deixar sozinho. Albert estava no andar debaixo, de tocaia, fazendo a guarda e as vezes subia aqui para ver se estávamos bem. Com uma pistola no coldre e uma automática no ombro. — Só por precaução. — ele disse na primeira vez que veio até o quarto, dando de ombros. Ele havia me explicado porque estava sem arma quando foi me pegar na casa da Andy. De alguma forma, ela havia sido furtada de dentro do seu carro, já que nem sempre ele saía com a arma na cintura. Meio que já tínhamos uma desconfiança de quem havia pego. O pessoal do meu pai. Enquanto a Duda suturava meu braço, ele foi fazer algumas pesquisas, depois deu ter falado do Henrico e ele descobriu que era o mesmo traficante que havia ido ao meu apartamento a alguns anos atrás. Faziam anos que eu não tinha noticias dele e agora sabia bem o motivo. Ele estava trabalhando junto co
— Calma senhorita Eduarda, sou eu. — Albert sussurrou contra o meu ouvido. E tive a certeza que naquele momento minha alma saiu do corpo, de tanto medo que eu estava sentindo. Meu corpo era pura gelatina. Desconfiava que nem conseguia andar direito. Albert tirou a mão da minha boca e com muita dificuldade, eu sussurrei. — Tem dois homens, para... — Respirei fundo, tentando me lembrar de como se falava. — Parados ao lado do meu carro. Me esforcei para terminar de formar aquela frase. Albert esticou o pescoço para frente e avaliou o local. Suas feições eram inexpressíveis, ele era um muro e não dava para ter a mínima ideia do que se passava em sua mente. — São os mesmos caras que perseguiram o senhor Caleb, hoje. — ele falou, como se fosse algo rotineiro. Parecia que estava dando bom dia, ao soltar aquela informação. — Como as-assim? — gaguejei de volta para ele. — Cadê o Caleb? Pensei ter visto uma breve expressão de tristeza em seu rosto, mas com a mesma rapidez qu
Faziam 24h que eu não tinha notícias dele. Tudo bem que eu também não procurei saber. Estava com raiva demais para isso e não conseguiria falar com ele sem desmoronar de novo. Mesmo mal, sentindo que meu coração havia sido arrancado do meu peito, eu me forcei a ir trabalhar. Precisava cumprir com as minhas responsabilidades, mesmo que a vontade fosse de sumir e nunca mais voltar. Não poderia deixar meus clientes na mão dessa forma. Tinha que separar o lado pessoal, do profissional. Afinal, são nessas horas que as pessoas avaliam se você é mesmo capaz, ou se só conseguiu o cargo porque dormia com o chefe. O dia havia passado a lentos passos de tartaruga, meus olhos ficaram pregados nos ponteiros do relógio, como se fosse possível acelerar o tempo só com o olhar. Ainda eram 15hrs e para mim pareceu que passou semanas. Tirei os óculos e os coloquei na mesa, massageando as têmporas que não paravam de latejar. Meu pai insistira para que eu ficasse em casa, que trabalhasse d