Só lembrando que este livro é a continuação de Até a última folha que também está no meu perfil.
O relógio já está quase marcando meia-noite quando enfim entramos no quarto privativo, com pouco mais de 40² metros. Ele possui 2 camas king size com dorsais, um divã erótico e um sofá de pouco mais de 2 metros de comprimento. Os móveis em cor preta, contrata bem com as paredes vermelhas. Caminho em direção à cama, me sentando na beirada e puxo Melissa pela guia da coleira, sentando-a entre minhas pernas, no carpete. Ela se senta com os joelhos no chão e as mãos apoiadas nas coxas, recostando as costas na cama. Deslizo as mãos por seus cabelos enquanto observo os rapazes se acomodando na suíte. Cada um em um canto.— Então?Matteo questiona enquanto se agacha próximo à mesa de centro e abre a pequena capsula de cocaína, jogando o conteúdo por completo em cima da mesa. — Quem vai ser o primeiro? — pergunta enquanto retira um cartão qualquer de dentro da carteira e separa o pó branco em pequenas fileiras.Se abaixa em seguida, tampa um lado da narina e com o outro lado aspira o pó co
Melissa está deitada do meu lado e mesmo que seus olhos estejam fechados, sei que não está dormindo, dado que ao me levantar consigo sentir seu olhar me queimando a nuca.Não me dou o trabalho de vestir o resto das minhas roupas, por isso, ando em direção ao Matteo usando apenas a cueca boxer preta. Me sento no sofá do seu lado e viro a cabeça em sua direção. Ele está com a cabeça recostada no encosto do sofá e com um charuto aceso entre os dedos.— Está em cima da mesa — fala, antes que eu mal abra a boca para perguntar.Ele já me conhece.Não me dou ao trabalho de rebater, apenas me viro para a mesa de centro e não preciso procurar muito para achar a capsula de cocaína, ao lado do cartão dele. Me agachei, apoiando os joelhos no chão e me reclino em direção à mesa, abro a capsula e jogo um pouco do pó em cima do vidro, formando com o cartão uma fileira da grossura do meu dedo mindinho e aspiro de uma única vez só.Tombo para trás, me recostando no sofá e aperto os olhos, respirando
Após trocados, resolvemos descer para o bar da casa. Olho o relógio em meu pulso e nem me preocupo quando vejo que já passa das 3h, mesmo sabendo que terei aula no dia seguinte.Pego novamente a guia e a afivelo em sua coleira, entregando o sobretudo que pego com o barman, ela veste e se coloca atrás de mim. Antes de me sentar no bar, entrelaço as mãos em seus cabelos e a puxo com força até mim, chocando meus lábios nos dela num beijo ávido.Tenho ciência de que ela prefere o Caleb sob efeito de drogas e álcool, sei que fico muito mais receptivo para o mundo, mesmo ficando devastado depois que o efeito passa. Não posso julgar, também me prefiro assim. Não ligo para o efeito que o famoso “demônio da droga” me causava depois. A droga adormece o peso que carrego há muitos anos em meus ombros, agarrado a culpa que me atormenta. Dia após dia.Afundo os demônios novamente para dentro do baú, trancando-os e jogando a chave fora. Me acomodo na banco do bar e peço uma garrafa de whisky para o
Abro o pino e jogo todo o conteúdo dele na mesa, uso novamente o dedo para alinhar o pó numa linha reta, sem me importar que tenha despejado o dobro da quantidade que estou habituado a ingerir. Preciso inalar duas vezes para conseguir acabar com tudo, fecho os olhos enquanto sinto minhas narinas arderem e tombo a cabeça para trás, no encosto da cadeira enquanto sinto pó se misturando com a saliva e descendo pela garganta. Puxo a carteira do bolso e retiro algumas notas de alto valor, entregando-as para Matteo que agradece com um sorriso no rosto e enfia o dinheiro no bolso da calça. — Pode dobrar a quantidade na próxima semana — falo, estico o braço e dou alguns tapinhas em suas costas. Seu sorriso aumenta e ele apenas confirma com a cabeça, então, foco minha atenção na dançarina que caminha para o centro da pista e se aproxima do pole dance. A morena começa a se esfregar na barra de ferro, ao som da música que toca ao fundo, a dança totalmente sincronizada com a melodia. Meus ol
Permaneci mais alguns dias no hospital, em observação e sendo monitorado a todo momento como se fosse um maldito criminoso.— É sério isso? — questiono incrédulo ao mesmo tempo em que sigo até o banheiro.O segurança permanece recostado na porta, me encarando, de braços cruzados e em silêncio.— Não confiamos em você ao ponto de te deixar sozinho!A rispidez em sua voz já me é familiar.— E você alguma vez já confiou? — murmuro — Ao menos sabe o que significa confiança?David cerra os punhos e trinca a mandibula, se afastando da janela e caminha em minha direção.— Não me teste, Caleb! O olhar que me direciona é tão gélido que até o inverno do Alasca deve ser mais caloroso que isso. — Nesse jogo só existe um ganhador… — provoca, a voz tão baixa que se torna dificultoso de entender.Ele aproxima o rosto do meu de tal maneira que sinto seu hálito em minha pele arrepiando cada célula em meu corpo. Ele sorri, mas não chega aos olhos, é um sorriso diabólico.— E você sabe bem quem é!É
Só percebo que estou puxando os fios soltos da toalha quando sinto o calor das mãos dela sob as minhas e foi o ápice para mim. Foi como abrir a porta e deixar sair todos os sentimentos que estavam presos dentro de mim por tanto tempo, e com apenas esse mísero toque, eles foram libertos e não foi bonito. As lágrimas escorriam em abundância, como se fizessem anos que não chorava de verdade e me senti novamente uma criança abandonada, outra vez com apenas três anos, indefeso em uma casa.— Sério que… — David começa a falar, mas é interrompido pela minha mãe.— Cala a boca, David! — o tom firme não deixa brechas para objeções da parte dele.Só percebo que está saindo do quarto porque ouço o barulho dos sapatos sob o piso. Ele sai do quarto, pisando forte e soltando palavrões pelo caminho. Às vezes, parece adolescente. Não que eu seja a pessoa mais sensata para falar isso. Não possuo moral alguma para reclamar do comportamento dele.— Vai ficar tudo bem. — diz, me puxando para mais perto.
Já é noite quando acordo e por mais tarde que possa ser, a luz da lua adentrando a janela me ajuda a visualizar o ambiente. Olho em volta e avisto minha mãe na poltrona, com a cabeça no recosto. Seus olhos estão fechados e seu peito sobe e desce com tranquilidade, a feição calma me tranquiliza. Ao menos ela conseguiu descansar um pouco.Ela não sai do meu lado por nada e isso me dói. Ela não merecia passar por isso.Desvio os olhos dela, já sentindo as lágrimas arderem em minhas pupilas e foco a atenção para a luz da lua. Questiono-me se algum dia tudo isso terá fim e acabo adormecendo novamente enquanto me perco em meus devaneios.Um barulho me desperta e ao abrir os olhos constato serem meus pais discutindo próximos à porta. Antes que consiga identificar sobre o que estão falando, minha mãe vira a atenção para mim, como se percebesse meu despertar. Mas, não preciso ser muito inteligente para saber o motivo da discussão.— Bom dia, meu amor. — Ela se aproxima de mim e para ao meu lad
Doutor Thomas me observava, impassível e sem esboçar nenhuma reação, afinal, ele deve passar por isso todos os dias. Calmamente ele veio até mim, colocando uma mão em meu ombro e esticando a outra mão para mim, pedindo a mala, sem precisar verbalizar nada. — Eu sei que tudo isso é difícil… — Sua voz era calma e ele falava tranquilamente, com um pequeno sorriso. — Ver sua mãe sofrendo por isso deve ser avassalador para você. — Aquiesci, olhando em seus olhos, devido a sua estatura ser menor do que a minha, tive que olhar para baixo. — Mas pense que é para o bem de todos! Você, infelizmente, nesse momento apresenta o risco para si caso permaneça em sociedade sem o devido tratamento para o seu vício e consequentemente um risco para todos que lhe amam. Só então notei que ele me levava para dentro da clínica enquanto conversava comigo, me tranquilizando e informando como seria o tratamento. Teria que passar por consultas com psicólogo, psiquiatra, dentre outros médicos, conforme o trat