Beatriz é uma jovem desastrada e sem ambições que, em uma noite de azar, acaba testemunhando um crime. Ao invés de ser eliminada, ela é protegida por Leonardo, o carismático líder da máfia local, que vê em Beatriz algo inesperado: sinceridade em um mundo cheio de mentiras. Agora, presa entre o fascínio por um homem perigoso e sua vontade de voltar à vida normal, Beatriz precisa decidir se esse amor vale o risco.
Ler maisA mansão estava mais silenciosa do que o normal naquela noite. Um silêncio carregado de tensão, como a calma antes de uma tempestade. Sentada em um dos sofás da sala principal, eu observava Leonardo enquanto ele terminava de dar ordens a Lorenzo e Marco.Eles estavam planejando cada detalhe do contra-ataque, estudando os movimentos de Salvatore, tentando antecipar o próximo golpe. Mas, por mais que falassem de estratégias e vantagens, eu sabia a verdade: essa guerra não terminaria sem sangue.E eu já estava envolvida demais para sair.Leonardo desligou o telefone e passou a mão pelos cabelos, visivelmente tenso. Seu olhar encontrou o meu e, por um breve momento, ele pareceu hesitar antes de caminhar até mim.— Você está preocupada — disse ele, sentando-se ao meu lado.Cruzei os braços, encarando-o.— Você não?Ele soltou um suspiro pesado.— Claro que estou. Mas não tenho escolha.— Sempre há uma escolha, Leonardo.Ele soltou um riso curto, sem humor.— Não no meu mundo.Engoli em sec
O silêncio dentro da casa era denso, quebrado apenas pela respiração ritmada de Leonardo. Ele ainda estava desacordado, o peito subindo e descendo lentamente sob os cobertores que o cobriam. Eu observava cada movimento seu, cada mínima contração em sua expressão, procurando por qualquer sinal de que ele estava melhorando.O alívio de saber que ele estava vivo ainda pesava sobre mim, mas não conseguia me livrar do medo. Leonardo não era apenas um homem comum. Ele era um líder, um alvo constante. Sobreviver a um ataque significava apenas uma coisa: outro logo viria.Lorenzo entrou no quarto em silêncio, carregando duas xícaras de café fumegante. Ele estendeu uma para mim e eu aceitei sem dizer nada.— Você precisa descansar — disse ele, puxando uma cadeira e se sentando ao meu lado.Soltei uma risada curta e sem humor.— Acho que não consigo.Ele me estudou por um momento antes de suspirar.— Sei que está assustada.Balancei a cabeça, apertando a xícara entre os dedos frios.— Não estou
O cheiro metálico de sangue impregnava o interior do carro enquanto Marco dirigia em alta velocidade pelas ruas escuras da cidade. Meu coração ainda martelava no peito, o eco dos tiros ainda pulsando nos meus ouvidos. Eu olhava para Leonardo ao meu lado, pálido, sujo de sangue, a respiração irregular.— Aguente firme, Leo — murmurei, pressionando um pano improvisado contra o ferimento em seu abdômen.Ele abriu os olhos por um momento, fracos e enevoados, um meio sorriso brincando em seus lábios rachados.— Você... nunca me escuta, não é?Uma risada trêmula escapou da minha garganta.— Nunca.Lorenzo, sentado à frente, virou-se para olhar para nós, sua expressão uma mistura de frustração e preocupação.— Ele está perdendo muito sangue. Não temos tempo de levá-lo ao hospital.— Então para onde vamos? — perguntei, minha voz falhando com o desespero crescente.— Eu conheço alguém. Um médico que não faz perguntas.Assenti, sem questionar. Confiava em Lorenzo, pelo menos nisso.O carro derr
O silêncio antes da tempestade sempre foi o mais aterrorizante.A mansão, que antes fervilhava com a preparação para o ataque contra Massimo, agora estava mergulhada em uma quietude inquietante. Eu sentia no ar a tensão, o peso das decisões que estavam prestes a ser colocadas em prática. Cada homem que passava por mim carregava uma expressão severa, um destino selado por balas e vingança.Leonardo estava no centro de tudo, imponente como sempre. Seu olhar frio varria o ambiente como se estivesse calculando cada detalhe da operação. Ao seu lado, Lorenzo terminava de ajustar um colete à prova de balas, seu sorriso habitual substituído por um foco calculista.— Está tudo pronto — Lorenzo disse, lançando um olhar a Leonardo.— Ótimo. Saímos em dez minutos.Dez minutos. Dez minutos antes de tudo começar. Antes que o sangue fosse derramado.Minha garganta estava seca. Eu queria falar com Leonardo, queria dizer algo, qualquer coisa, mas o que eu poderia dizer? Não havia espaço para despedida
O clima na mansão mudou desde a chegada de Lorenzo. Era como se uma tempestade silenciosa estivesse pairando sobre todos, aguardando o momento certo para desabar.Leonardo mantinha a expressão impassível, mas eu sabia que ele estava em alerta. Ele não confiava em Lorenzo — e, sinceramente, eu também não. Algo no jeito dele, na forma como sorria sempre que falava algo importante, me fazia sentir que havia mais segredos do que ele deixava transparecer.Os dias passaram, e eu percebi que a presença de Lorenzo dividia a casa. Alguns homens pareciam aliviados em vê-lo de volta, outros ficavam inquietos sempre que ele estava por perto.Mas a coisa piorou de verdade naquela noite.★Acordei com um barulho estranho vindo do corredor.Olhei ao redor, tentando entender se havia sonhado, mas então ouvi de novo — passos apressados, sussurros, um clique metálico que me fez gelar.Meu coração disparou.Levantei-me da cama e me aproximei da porta, abrindo-a com cuidado. O corredor estava escuro, ape
O silêncio que se seguiu foi quase tão cortante quanto as lâminas escondidas sob os paletós dos homens ao redor. Leonardo e Lorenzo se encaravam como se o tempo tivesse congelado, como se cada segundo que passaram longe um do outro tivesse sido substituído por desconfiança e mágoa.Eu não sabia o que esperar. Por tudo o que ouvi, Lorenzo deveria estar morto. E, no entanto, ali estava ele — um fantasma de carne e osso, um mistério que precisava ser desvendado.— Você não tem ideia do inferno que eu passei — Lorenzo disse, quebrando o silêncio. Sua voz era grave, marcada por algo que parecia cansaço, mas também raiva contida.Leonardo não respondeu de imediato. Apenas cruzou os braços, estudando o irmão como um predador que avalia se a presa vale o esforço da caçada.— Eu achei que você estava morto.— Não foi por falta de tentativa — Lorenzo riu de maneira amarga. — Mas eu sobrevivi. Como sempre.Meu coração batia acelerado.Eu não fazia ideia da história entre aqueles dois, mas algo m
O silêncio da noite se espalhava pelos corredores da mansão, mas dentro de mim, tudo era um caos. As palavras de Enzo ainda ecoavam na minha cabeça, me forçando a encarar a verdade que eu estava tentando negar: eu tinha feito uma escolha. E agora, precisava lidar com as consequências dela.Mas será que eu realmente tinha escolha?Joguei as cobertas para o lado e me sentei na cama. O quarto parecia pequeno demais para conter todas as emoções que me sufocavam. Minhas mãos ainda tremiam levemente, como se meu corpo se recusasse a esquecer o que aconteceu naquela noite.A porta do quarto se abriu sem aviso, e minha respiração falhou por um instante antes de reconhecer Leonardo. Ele não pediu permissão para entrar, apenas cruzou a porta como se soubesse que eu não o mandaria embora.Seus olhos escuros se fixaram nos meus.— Você dormiu?— Parece que sim, né? — minha voz saiu carregada de ironia.Ele suspirou, mas não rebateu.— Preciso conversar com você.— Sobre o quê? Sobre como eu agora
O som do tiro ainda ressoava na minha cabeça, como um eco interminável que se recusava a desaparecer. Meus dedos ainda estavam trêmulos ao redor da arma, e meu coração martelava tão forte que eu sentia cada batida reverberando pelo meu corpo.O homem à minha frente estava morto.Eu o matei.Minha respiração ficou irregular. O mundo ao meu redor parecia embaçado, como se tudo estivesse acontecendo embaixo d’água. O olhar de Leonardo estava sobre mim, mas eu não conseguia encará-lo. Nem a ele, nem a mais ninguém.O que eu havia feito?Minha mente tentava justificar, tentava me convencer de que aquele homem era um traidor, um criminoso, alguém que teria me matado sem hesitar se as posições estivessem invertidas. Mas nada disso importava.Eu cruzei uma linha da qual não havia volta.— Respire, Beatriz. — A voz de Leonardo era baixa, firme.Mas como ele esperava que eu simplesmente respirasse? Como se fosse algo natural, como se eu não tivesse acabado de tirar uma vida?Meu estômago se rev
Os dias de treinamento estavam cobrando seu preço. Meu corpo doía em lugares que eu nem sabia que existiam, e cada movimento parecia um lembrete de que minha vida nunca mais voltaria a ser a mesma. Mas, apesar do cansaço, algo dentro de mim crescia. Uma resistência. Uma força que eu não imaginava ter.Era assustador admitir que eu estava começando a gostar disso.Naquela manhã, fui despertada antes do amanhecer por uma batida insistente na porta.— Beatriz, acorde. — A voz de Enzo ecoou do outro lado.Minha cabeça ainda estava pesada de sono, mas me levantei rapidamente e vesti a primeira roupa confortável que encontrei. Quando abri a porta, Enzo já estava de braços cruzados, seu semblante carregado de urgência.— O que foi? — perguntei, ainda tentando afastar o sono.— Leonardo quer você lá fora. Agora.Aquilo era incomum. Nos últimos dias, ele vinha mantendo certa distância, deixando que seus homens me treinassem sem interferir muito. Algo estava diferente.Acelerei meus passos, seg