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Capítulo 8 - Encontros e Desencontros

A lua cheia pairava sobre o céu límpido, iluminando o castelo da matilha real. Dentro dos muros de pedra imponentes, os preparativos para o grande baile estavam finalizados. O evento era aguardado com ansiedade por muitas fêmeas em busca de seus companheiros, mas para o rei, Lucian, aquilo era apenas uma formalidade exaustiva. Ele já sabia o que esperar: uma noite longa, cheia de lobas tentando seduzi-lo, esperando que fossem a escolhida de seu lobo.

Mas aquela noite seria diferente.

A uma hora dali, na matilha da Lua Escarlate, Erin e suas irmãs estavam quase prontas para partir. Isla resmungava enquanto prendia um grampo nos cabelos escuros.

— Não é justo! Celeste e Erin já foram quando eram crianças, e eu nunca tive essa chance.

— Isso porque você ainda não tinha nascido, sua tonta — Celeste zombou, ajeitando o vestido azul-claro que realçava seus olhos.

— Na verdade, não é bem assim — Erin interveio, lançando um olhar curioso para a irmã mais nova. — Mamãe não sabia que estava grávida de você antes da guerra, e depois... bem, depois de tudo, nos isolamos.

Isla suspirou, cruzando os braços.

— É, eu sei. Mas agora que tenho a chance de conhecer o palácio, estou animada! Mesmo que eu ainda tenha dezesseis anos e não possa encontrar meu companheiro.

Helena, a mãe delas, entrou no quarto, os olhos carregando um misto de emoção e orgulho.

— Minhas meninas estão lindas — disse, sorrindo. — Mas antes de partirem, quero apresentar alguém a Erin.

Elas a seguiram até a sala principal, onde um homem alto de cabelos castanhos e olhos dourados as esperava. Assim que Erin entrou, ele a olhou fixamente e, sem conter a emoção, murmurou:

— Selena…

O nome antigo de Erin soou estranho aos seus ouvidos, mas algo nele lhe trouxe um calor no peito.

— Você me conhece? — ela perguntou hesitante.

O homem sorriu, abrindo os braços.

— Sou seu tio, irmão do seu pai. Era o beta dele.

A surpresa se estampou no rosto de Erin, e antes que pudesse reagir, ele a puxou para um abraço apertado.

— Me perdoe por não ter estado aqui antes. Quando voltei do exterior, soube que você estava viva, mas não consegui chegar antes para vê-la.

Ela o abraçou de volta, sentindo o peso do momento. Sua família estava crescendo.

— Você tem primos também — ele continuou. — Estão ansiosos para conhecê-la, mas ainda não puderam retornar devido ao trabalho e aos estudos.

Erin sorriu, tocando sua barriga arredondada.

— Mal posso esperar para conhecê-los.

Helena pigarreou, chamando a atenção delas.

— Eu não irei ao baile. Mas seu tio irá acompanhá-las esta noite.

As três assentiram, e pouco depois partiram em direção à cidade da matilha real.

---

O salão estava repleto de luz e música. Lobos e lobas dançavam, brindavam e se entregavam à alegria do evento. Mas o rei, Lucian, estava impaciente.

Ele se sentou em seu trono, observando a multidão sem real interesse. Seu beta se aproximou, percebendo sua expressão sombria.

— Pelo menos tente parecer animado — brincou.

Lucian suspirou, esfregando a têmpora.

— Você sabe que odeio esses bailes. São sempre a mesma coisa.

— E quem sabe este ano seja diferente?

Lucian bufou. Seu lobo estava inquieto aquela noite, algo dentro dele pulsava com uma energia diferente, mas ele não conseguia identificar o motivo.

— Apenas terminemos isso logo — murmurou.

Ele se levantou para fazer seu discurso de abertura. No exato momento em que sua voz ecoava pelo salão, alguém vagava pelo jardim do palácio, sem notar a importância daquele instante.

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Erin não suportava mais estar ali. O ambiente estava quente, o barulho da música e das vozes era sufocante. Precisava de ar.

Com passos lentos, caminhou até os jardins do palácio. O cheiro das rosas e do orvalho noturno a acalmavam, e ela fechou os olhos, respirando fundo. Mas, de repente, sua loba se agitou dentro dela.

Seu coração acelerou. Um calor percorreu seu corpo, e um desconforto começou a crescer.

— O que está acontecendo? — sussurrou para si mesma.

Então, a percepção a atingiu como um raio.

Os bebês estavam chegando.

Com dificuldade, ela ativou seu vínculo mental e chamou suas irmãs e seu tio.

"Estou no jardim. Os bebês estão vindo."

Em segundos, eles estavam lá. Celeste segurou sua mão, preocupada.

— Consegue andar?

— Acho que sim... mas precisamos sair daqui rápido! — Erin arfou.

Seu tio os guiou habilmente pelo palácio sem chamar atenção, levando Erin direto ao médico da alcateia.

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A dor era intensa, mas Erin se manteve forte. Com o apoio de suas irmãs, respirou fundo e se concentrou.

— Está indo bem — o médico disse. — Só mais um pouco.

Com um último esforço, um choro preencheu o quarto. O primeiro bebê nasceu.

Erin sorriu, lágrimas escorrendo de seus olhos quando colocaram o menino em seu peito.

— Luke... — sussurrou, acariciando a pequena cabeça coberta por fios escuros.

Mas logo outra onda de contrações veio, e minutos depois, outro choro encheu a sala.

— É uma menina — o médico anunciou, entregando-lhe o segundo bebê.

Erin olhou para sua filha e sorriu, os olhos brilhando com emoção.

— Lucy.

O médico sorriu.

— Eles estão saudáveis, e você também. Mas recomendo que fiquem aqui até o amanhecer para termos certeza.

Enquanto Celeste e Isla admiravam os pequenos, Erin olhou para sua filha e guardou um segredo em seu coração.

Lucy. Uma homenagem ao homem que, mesmo sem saber, era pai daqueles bebês.

---

Na manhã seguinte, Erin e sua família partiram, voltando para a matilha da Lua Escarlate.

Horas depois, Lucian foi informado de que uma mulher deu à luz no hospital da matilha real durante o baile. Sem interesse inicial, foi apenas para verificar se a família precisava de algo.

Mas assim que entrou no quarto onde o parto aconteceu, seu mundo desabou.

Um cheiro o atingiu com força, seu lobo rosnou dentro dele. Seu coração disparou.

— O que... que cheiro é esse? — ele perguntou, já em alerta.

O médico olhou confuso.

— É da mulher que teve os bebês. Ela partiu ao amanhecer.

Lucian sentiu seu lobo tomar controle por um instante, um rugido ecoou pelo quarto.

— Quem era ela?! Onde está agora?!

O médico hesitou, mas respondeu:

— Ela não deixou seu nome, mas os bebês... chamam-se Luke e Lucy.

O rei sentiu o ar fugir de seus pulmões.

Luke e Lucy.

Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Meus filhos...

A dor da perda tomou conta dele. Ele estivera tão perto e não percebeu. Agora, sua companheira e seus filhos estavam longe, e ele não sabia para onde.

Mas uma coisa era certa: ele os encontraria. E nada o impediria disso.

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