Após a reunião no salão principal, Helena e Isla se despediram das filhas com abraços longos e emocionados. A matriarca da Matilha da Lua Escarlate passou a mão carinhosamente pelo cabelo de Selena, como fazia quando ela era pequena.
— Você está pronta para isso, minha filha. E estamos todas muito orgulhosas de você — disse Helena com firmeza, mas os olhos marejados. Isla, a mais nova, foi quem tentou esconder a emoção com piadas. — Não se esqueçam da irmã caçula quando forem ricas e famosas, ok? E mandem fotos do bolo. Celeste riu e respondeu com um beijo na bochecha da irmã: — Só se você prometer não provocar a mamãe na viagem inteira de volta. — Sem promessas — Isla piscou, abraçando Selena em seguida. Após a despedida, Selena respirou fundo. Lucian apareceu ao seu lado e segurou sua mão. — Agora que você é oficialmente parte disso tudo... é hora de conhecer cada canto do que também é seu — disse ele, com aquele sorriso sereno que só ela conhecia. Celeste se juntou a eles, empolgada: — Por favor, me digam que esse tour envolve comida. Estou emocionalmente faminta. O castelo não era como os dos contos antigos — era uma estrutura imponente por fora, mas por dentro era moderno, funcional e cheio de vida. Os corredores eram largos, com painéis de vidro que deixavam a luz natural entrar, e móveis elegantes, misturando o clássico ao contemporâneo. Lucian guiava as duas pelas alas principais: a sala de reuniões, os escritórios da liderança, as áreas de lazer e os alojamentos da guarda. Tudo era limpo, organizado e cheio de pequenos detalhes que mostravam o cuidado com quem ali vivia. — A maioria das pessoas que trabalha aqui cresceu na alcatéia — explicou Lucian. — Então, o castelo é mais que sede do poder. É como uma segunda casa pra todos nós. Chegaram, por fim, à cozinha principal. O espaço era amplo, com eletrodomésticos modernos, bancadas impecáveis e um aroma irresistível de especiarias no ar. Uma mulher enérgica, de avental branco e cabelos presos em um coque prático, os aguardava com um sorriso. — Alteza — disse ela, dirigindo-se a Selena com naturalidade e respeito. — Sou Dana, chefe da cozinha. É um prazer enorme conhecê-la. Já estou planejando o jantar de coroação e prometo que vai ser inesquecível. Selena sorriu, encantada com a simpatia da mulher. — Obrigada, Dana. Mal posso esperar para ver o que está preparando. Dana então voltou seu olhar para Celeste, e o sorriso se alargou: — E você, parabéns por ser a segunda chance do nosso beta real. Vamos precisar de um bolo especial para esse casamento, e já tenho algumas ideias. Algo com morangos talvez? Celeste ficou sem reação por um segundo, surpresa. — Casamento...? — murmurou, olhando de soslaio para Rylan, que apenas ergueu as sobrancelhas e esboçou um sorriso. Dana riu. — Ah, não se preocupe, querida. Eu só gosto de estar preparada. Nunca é cedo demais pra pensar em bolos bonitos. Todos riram, inclusive Rylan, que se aproximou de Celeste e disse em tom baixo, mas cheio de carinho: — Pode demorar o tempo que quiser. Mas quando você estiver pronta... eu estarei também. Celeste corou, mas não desviou o olhar. Ao saírem da cozinha, Rylan e Celeste tomaram outro caminho, alegando que iriam explorar a biblioteca — ou talvez apenas fugir do assunto "casamento por bolo". Lucian e Selena seguiram juntos, deixando que seus sentidos guiassem o caminho. O aroma familiar e doce os levou ao jardim dos fundos. Ali, entre flores vibrantes e arbustos bem cuidados, as risadas infantis se espalhavam como música. Merla, a babá, estava sentada na grama observando os dois pequenos — filhos de Selena e Lucian — brincando entre as pétalas. O menino corria com um galho em forma de espada, fingindo enfrentar um dragão invisível, enquanto a menina dançava entre as flores, catando pétalas coloridas e oferecendo para a babá como se fossem joias raras. — Dois anos e já prontos pra dominar o mundo — murmurou Lucian, encantado. Selena se abaixou na grama, abrindo os braços para os filhos, que correram até ela com gritos animados. — Mamãe! Mamãe! Ela os envolveu em um abraço apertado, sentindo o coração transbordar. Lucian se juntou a eles, se ajoelhando ao lado da esposa e beijando a testa dos pequenos. Merla observava de perto, com um sorriso calmo. — Eles estavam esperando vocês. Não quiseram dormir depois do lanche — disse a babá com carinho. Selena olhou para Lucian, os olhos cheios de emoção. — Isso aqui... é tudo o que eu sempre sonhei. — E é só o começo — ele respondeu, apertando sua mão suavemente.O som suave da risada de Lucy encheu o quarto quando Selena a ergueu no colo, aninhando seu corpinho contra o peito. Luke, com seus olhos curiosos e atentos, já descansava nos braços de Lucian, observando tudo com a serenidade de quem parecia entender mais do que deveria para um bebê de dois anos.Selena se sentou na beirada da cama, afagando os cabelos da filha com delicadeza. Era em momentos como aquele que o mundo parecia parar, e tudo se resumia ao calor de sua família.— Eles estão crescendo tão rápido... — ela murmurou, sorrindo para Lucian.Lucian se aproximou e se sentou ao lado dela, encostando a bochecha no topo da cabeça de Selena.— Estão mesmo. E hoje, por algumas horas... você vai ter um tempinho só pra você. — Ele se afastou um pouco, o olhar carregando um brilho misterioso.— Como assim?— Tenho uma surpresa. — Seus olhos se fixaram nos dela. — E essa noite, os pequenos vão ficar com a Celeste e o Rylan. Eles ficaram felizes em cuidar deles.Selena arqueou uma sobrance
O "sim" ainda vibrava nos lábios de Selena quando Lucian a puxou para um beijo faminto, como se aquele simples som tivesse rompido qualquer controle que ele ainda tinha. Seus corpos se colaram, e o mundo ao redor desapareceu. Agora, só existia o calor — dele, dela — e o desejo pulsando entre os dois como um chamado primal.Lucian a conduziu até o quarto, as mãos não se separando das curvas dela nem por um instante. Assim que a porta se fechou atrás deles, ele a encostou ali mesmo, contra a madeira fria, o contraste fazendo Selena arfar.— Você tem ideia do que faz comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, a voz rouca e baixa como um trovão prestes a explodir.— Mostra pra mim... — ela sussurrou, cravando os dedos nos cabelos dele.Ele não precisou de mais incentivo. A boca dele desceu para o colo dela enquanto as mãos desfaziam o fecho do vestido com precisão e urgência. A peça deslizou por seu corpo como seda, revelando sua pele aos poucos, d
Selena descia lentamente os degraus da escada principal, sua mão entrelaçada à de Lucian. A luz da manhã filtrava pelas janelas do grande salão, iluminando os cabelos dourados dela como uma coroa natural. Lucian a observava com aquele sorriso que ela já começava a conhecer como exclusivo — reservado apenas para ela.Quando chegaram ao térreo, o som suave de risadas infantis os guiou até a sala da frente. Celeste estava sentada no chão, cercada por almofadas e brinquedos espalhados, enquanto Rylan equilibrava com cuidado uma das crianças nos ombros.— Bom dia, majestades sonolentos — brincou Celeste, levantando uma sobrancelha para a irmã. — Dormiram bem… ou nem dormiram?Selena corou imediatamente, dando um leve tapa no ombro da irmã.— Celeste!Lucian apenas riu, abraçando Selena pela cintura.— Se serve de consolo, a surpresa foi ideia minha.— Ah, nós sabemos — disse Rylan, pegando o bebê que tentava agarrar o cabelo
O salão estava voltando ao seu ritmo festivo após o breve susto, mas a energia não era mais a mesma. A presença do grupo recém-chegado pairava como uma nuvem escura sobre todos.Lucian se manteve em pé, a mão de Selena ainda entrelaçada à sua. Seus olhos estavam fixos na mulher que liderava o grupo.Alta, com cabelos longos e escuros presos em um coque elegante, seus olhos cinzentos varriam o salão como se tudo aquilo lhe pertencesse. Estava vestida com roupas finas demais para alguém que não havia sido convidada — como se soubesse que teria atenção.— Maedra... — disse Lucian, com um tom controlado, mas carregado de desprezo.A mulher sorriu de lado, como se o nome na boca do rei fosse uma melodia nostálgica.— Sobrinho — respondeu, com um leve aceno de cabeça. — Que cerimônia encantadora... embora um pouco simples para algo tão grandioso quanto a coroação de uma rainha.— Não me lembro de ter enviado um convite — rebateu Lucian
O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.Então, ela sentiu.O olhar.Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.Mas ele só olhava para ela.Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.Na terc
O sol ainda não havia surgido completamente quando Erin abriu os olhos.Por um momento, ela não reconheceu onde estava. Lençóis macios, um colchão absurdamente confortável, um aroma amadeirado e masculino preenchendo o ar. Então, a memória da noite passada a atingiu como um raio.Lucian.Ela virou a cabeça devagar e viu o homem dormindo ao seu lado. Mesmo adormecido, ele exalava poder. O lençol cobria parte de seu corpo, mas ela podia ver os músculos definidos, os traços fortes, a pele quente contra a luz fraca do amanhecer.Seu coração acelerou.O que diabos ela tinha feito?Uma onda de pânico tomou conta dela. Ela nunca tinha feito algo assim. Passara a vida toda se protegendo, construindo barreiras para que ninguém se aproximasse. E agora… havia se entregado a um estranho.Um estranho que, claramente, era rico.Seus olhos percorreram o quarto luxuoso. O lustre no teto, os móveis de design sofisticado, a vista imponente da cidade. Ele não era um lobo comum. Não era um cliente qualqu
Rylan e Caden estavam sentados na luxuosa sala de estar da suíte do hotel, observando o rei com cautela.Lucian andava de um lado para o outro, visivelmente irritado.— Então… — Rylan começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Quem é Erin?Lucian parou e lançou um olhar afiado para ele.— Isso não é da sua conta.Caden trocou um olhar rápido com Rylan antes de tentar outra abordagem.— Certo, mas… você quer que a encontremos. Isso significa que ela é importante. Só precisamos entender o quão importante.Lucian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, controlando a frustração.— Eu não sei quem ela é. Mas… ela é minha.Rylan e Caden franziram a testa ao mesmo tempo.— Sua… como? — Rylan perguntou, cruzando os braços.Lucian não respondeu de imediato. O silêncio prolongado apenas aumentou a tensão no ar.— Apenas encontrem-na — ele ordenou, a voz firme, deixando claro que não havia mais espaço para perguntas.Os dois assentiram, sabendo que o rei raramente ficava tão perturbado
Erin sentia sua mente girar.O silêncio no quarto era quase palpável enquanto ela absorvia o que acabara de ouvir.— Você… está dizendo que sou sua irmã? — sua voz saiu hesitante, como se o simples ato de falar as palavras tornasse tudo mais real.Celeste assentiu, seus olhos brilhando com emoção.— Não apenas minha irmã… minha irmã gêmea.O coração de Erin martelava em seu peito.— E você é minha mãe? — Ela olhou para Helena, que sorriu suavemente, com os olhos marejados.— Sim, minha querida. Você é minha filha.Isla, a mais nova, se aproximou com um sorriso caloroso.— E eu sou sua irmã caçula.Erin piscou algumas vezes, tentando processar tudo. Por anos, ela se perguntou quem eram seus pais, de onde veio… e agora, a verdade estava bem diante dela.Helena suspirou e pegou a mão de Erin com delicadeza.— Vou te contar tudo.Ela respirou fundo antes de continuar.— Quando você e Celeste tinham quatro anos, houve uma guerra. Nossa matilha, a Matilha da Lua Escarlate, foi chamada para