O som suave da risada de Lucy encheu o quarto quando Selena a ergueu no colo, aninhando seu corpinho contra o peito. Luke, com seus olhos curiosos e atentos, já descansava nos braços de Lucian, observando tudo com a serenidade de quem parecia entender mais do que deveria para um bebê de dois anos.
Selena se sentou na beirada da cama, afagando os cabelos da filha com delicadeza. Era em momentos como aquele que o mundo parecia parar, e tudo se resumia ao calor de sua família. — Eles estão crescendo tão rápido... — ela murmurou, sorrindo para Lucian. Lucian se aproximou e se sentou ao lado dela, encostando a bochecha no topo da cabeça de Selena. — Estão mesmo. E hoje, por algumas horas... você vai ter um tempinho só pra você. — Ele se afastou um pouco, o olhar carregando um brilho misterioso. — Como assim? — Tenho uma surpresa. — Seus olhos se fixaram nos dela. — E essa noite, os pequenos vão ficar com a Celeste e o Rylan. Eles ficaram felizes em cuidar deles. Selena arqueou uma sobrancelha. — Surpresa? O que você está aprontando, Lucian? Ele apenas sorriu de lado, aquele sorriso que a deixava completamente intrigada e de coração acelerado. — Você vai descobrir logo. Confia em mim? Ela assentiu, ainda tentando conter a curiosidade. Lucian se levantou, ajeitou Luke nos braços e fez um sinal para que ela entregasse Lucy. Selena depositou a filha com um beijo demorado na testa e os observou sair do quarto. Assim que a porta se fechou, um silêncio confortável tomou conta do ambiente. Selena se espreguiçou e foi até o banheiro. Tomou um banho longo, deixando a água morna relaxar seus músculos e acalmar a ansiedade da surpresa misteriosa. Ao sair, com a toalha envolvendo o corpo, seus olhos se arregalaram. Sobre a cama, repousava um vestido longo, cor vinho profundo, feito de tecido leve e sofisticado que parecia flutuar. No chão, sapatos de salto delicados, combinando perfeitamente. E, ao lado do vestido, um colar prateado com uma pedra escarlate, brilhando como uma pequena chama. Ela sorriu, surpresa e encantada. — Lucian... Não perdeu tempo. Vestiu-se com cuidado, cada peça parecendo escolhida para fazê-la se sentir uma rainha. Quando se olhou no espelho, mal se reconheceu. Estava linda — e, mais do que isso, estava radiante. Uma batida suave na porta a tirou dos pensamentos. — Senhora Selena? — A voz de uma ômega do castelo soou do lado de fora. — Fui enviada para conduzi-la até o Alpha. Selena respirou fundo e abriu a porta. — Estou pronta. A jovem a guiou pelos corredores silenciosos do castelo até um corredor que dava em uma varanda ampla, iluminada apenas pela luz das velas espalhadas e pelo brilho prateado da lua cheia no céu. Havia uma mesa pequena, arrumada com flores brancas e taças de vinho, e uma música suave tocava ao fundo, quase como um sussurro. Na entrada da varanda, Lucian a esperava. Estava elegante, vestindo uma camisa preta bem ajustada e calça social escura, os cabelos presos com perfeição. Quando os olhos dele pousaram em Selena, ele parou por um momento, como se estivesse sem ar. — Você está... absolutamente deslumbrante — disse, estendendo a mão para ela. Selena caminhou até ele, a expressão de surpresa ainda em seu rosto. — Lucian, o que é tudo isso? Ele apenas sorriu, conduzindo-a com delicadeza até a cadeira. — Um jantar. Só nós dois. Achei que estávamos precisando. Ela olhou ao redor, absorvendo cada detalhe, o coração apertado de emoção. — Está tudo tão lindo... — Só tentei combinar com você. Eles jantaram devagar, conversando sobre o futuro, sobre os filhos, sobre o castelo e os planos de paz para a alcatéia. Lucian ouvia cada palavra com atenção, os olhos fixos nela como se nada mais existisse. Quando terminaram, ele se levantou e ofereceu a mão novamente. — Me concede essa dança? Ela riu, surpresa com a música suave que ainda preenchia o ar. — Vai me lembrar daquela noite no bar, quando você me tirou para dançar do nada... — E eu nunca mais consegui parar de pensar em você desde então. Enquanto dançavam, o mundo pareceu parar novamente. Só existia o toque de Lucian, a música, a noite estrelada. — Você está tão linda, Selena — ele sussurrou ao pé do ouvido dela. Ela sorriu, mas então sentiu quando ele se afastou levemente. — Lucian? Ele ajoelhou-se, pegando algo do bolso. Uma pequena caixinha de veludo negro. Selena levou as mãos à boca quando ele abriu, revelando um anel prateado com uma pedra rubi no centro, cercada por pequenos diamantes que brilhavam sob a luz das velas. — Selena, meu amor... — Lucian começou, a voz firme, mas o olhar emocionado. — Você entrou na minha vida como uma tempestade e, sem perceber, trouxe a calmaria que eu nem sabia que precisava. Você me deu o presente mais precioso: Luke e Lucy... e deu sentido à minha existência. Ele a olhava com intensidade. — Então, agora, ajoelhado diante da mulher que amo... quero te perguntar: aceita se casar comigo? O silêncio durou apenas um segundo antes que Selena se jogasse nos braços dele, rindo e chorando ao mesmo tempo. — Sim! Mil vezes sim! Lucian a abraçou com força, escondendo o rosto no pescoço dela enquanto um sorriso largo tomava o rosto dos dois. Aquela noite, à luz das estrelas, seria para sempre lembrada como o começo de um novo capítulo — um onde o amor não era mais uma promessa distante, mas uma certeza viva, presente e real.O "sim" ainda vibrava nos lábios de Selena quando Lucian a puxou para um beijo faminto, como se aquele simples som tivesse rompido qualquer controle que ele ainda tinha. Seus corpos se colaram, e o mundo ao redor desapareceu. Agora, só existia o calor — dele, dela — e o desejo pulsando entre os dois como um chamado primal.Lucian a conduziu até o quarto, as mãos não se separando das curvas dela nem por um instante. Assim que a porta se fechou atrás deles, ele a encostou ali mesmo, contra a madeira fria, o contraste fazendo Selena arfar.— Você tem ideia do que faz comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, a voz rouca e baixa como um trovão prestes a explodir.— Mostra pra mim... — ela sussurrou, cravando os dedos nos cabelos dele.Ele não precisou de mais incentivo. A boca dele desceu para o colo dela enquanto as mãos desfaziam o fecho do vestido com precisão e urgência. A peça deslizou por seu corpo como seda, revelando sua pele aos poucos, d
Selena descia lentamente os degraus da escada principal, sua mão entrelaçada à de Lucian. A luz da manhã filtrava pelas janelas do grande salão, iluminando os cabelos dourados dela como uma coroa natural. Lucian a observava com aquele sorriso que ela já começava a conhecer como exclusivo — reservado apenas para ela.Quando chegaram ao térreo, o som suave de risadas infantis os guiou até a sala da frente. Celeste estava sentada no chão, cercada por almofadas e brinquedos espalhados, enquanto Rylan equilibrava com cuidado uma das crianças nos ombros.— Bom dia, majestades sonolentos — brincou Celeste, levantando uma sobrancelha para a irmã. — Dormiram bem… ou nem dormiram?Selena corou imediatamente, dando um leve tapa no ombro da irmã.— Celeste!Lucian apenas riu, abraçando Selena pela cintura.— Se serve de consolo, a surpresa foi ideia minha.— Ah, nós sabemos — disse Rylan, pegando o bebê que tentava agarrar o cabelo
O salão estava voltando ao seu ritmo festivo após o breve susto, mas a energia não era mais a mesma. A presença do grupo recém-chegado pairava como uma nuvem escura sobre todos.Lucian se manteve em pé, a mão de Selena ainda entrelaçada à sua. Seus olhos estavam fixos na mulher que liderava o grupo.Alta, com cabelos longos e escuros presos em um coque elegante, seus olhos cinzentos varriam o salão como se tudo aquilo lhe pertencesse. Estava vestida com roupas finas demais para alguém que não havia sido convidada — como se soubesse que teria atenção.— Maedra... — disse Lucian, com um tom controlado, mas carregado de desprezo.A mulher sorriu de lado, como se o nome na boca do rei fosse uma melodia nostálgica.— Sobrinho — respondeu, com um leve aceno de cabeça. — Que cerimônia encantadora... embora um pouco simples para algo tão grandioso quanto a coroação de uma rainha.— Não me lembro de ter enviado um convite — rebateu Lucian
O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.Então, ela sentiu.O olhar.Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.Mas ele só olhava para ela.Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.Na terc
O sol ainda não havia surgido completamente quando Erin abriu os olhos.Por um momento, ela não reconheceu onde estava. Lençóis macios, um colchão absurdamente confortável, um aroma amadeirado e masculino preenchendo o ar. Então, a memória da noite passada a atingiu como um raio.Lucian.Ela virou a cabeça devagar e viu o homem dormindo ao seu lado. Mesmo adormecido, ele exalava poder. O lençol cobria parte de seu corpo, mas ela podia ver os músculos definidos, os traços fortes, a pele quente contra a luz fraca do amanhecer.Seu coração acelerou.O que diabos ela tinha feito?Uma onda de pânico tomou conta dela. Ela nunca tinha feito algo assim. Passara a vida toda se protegendo, construindo barreiras para que ninguém se aproximasse. E agora… havia se entregado a um estranho.Um estranho que, claramente, era rico.Seus olhos percorreram o quarto luxuoso. O lustre no teto, os móveis de design sofisticado, a vista imponente da cidade. Ele não era um lobo comum. Não era um cliente qualqu
Rylan e Caden estavam sentados na luxuosa sala de estar da suíte do hotel, observando o rei com cautela.Lucian andava de um lado para o outro, visivelmente irritado.— Então… — Rylan começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Quem é Erin?Lucian parou e lançou um olhar afiado para ele.— Isso não é da sua conta.Caden trocou um olhar rápido com Rylan antes de tentar outra abordagem.— Certo, mas… você quer que a encontremos. Isso significa que ela é importante. Só precisamos entender o quão importante.Lucian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, controlando a frustração.— Eu não sei quem ela é. Mas… ela é minha.Rylan e Caden franziram a testa ao mesmo tempo.— Sua… como? — Rylan perguntou, cruzando os braços.Lucian não respondeu de imediato. O silêncio prolongado apenas aumentou a tensão no ar.— Apenas encontrem-na — ele ordenou, a voz firme, deixando claro que não havia mais espaço para perguntas.Os dois assentiram, sabendo que o rei raramente ficava tão perturbado
Erin sentia sua mente girar.O silêncio no quarto era quase palpável enquanto ela absorvia o que acabara de ouvir.— Você… está dizendo que sou sua irmã? — sua voz saiu hesitante, como se o simples ato de falar as palavras tornasse tudo mais real.Celeste assentiu, seus olhos brilhando com emoção.— Não apenas minha irmã… minha irmã gêmea.O coração de Erin martelava em seu peito.— E você é minha mãe? — Ela olhou para Helena, que sorriu suavemente, com os olhos marejados.— Sim, minha querida. Você é minha filha.Isla, a mais nova, se aproximou com um sorriso caloroso.— E eu sou sua irmã caçula.Erin piscou algumas vezes, tentando processar tudo. Por anos, ela se perguntou quem eram seus pais, de onde veio… e agora, a verdade estava bem diante dela.Helena suspirou e pegou a mão de Erin com delicadeza.— Vou te contar tudo.Ela respirou fundo antes de continuar.— Quando você e Celeste tinham quatro anos, houve uma guerra. Nossa matilha, a Matilha da Lua Escarlate, foi chamada para
Lucian sentou-se na cabeceira da grande mesa do conselho, entediado antes mesmo da reunião começar.O salão da Matilha Real estava repleto de anciões e líderes de matilhas menores que vieram para a reunião anual. Ele já sabia quais seriam os assuntos: Segurança das fronteiras, Alianças com outras matilhas e O futuro do trono – esse era o tema que ele mais odiava.— Majestade — começou o ancião Alaric, um dos mais velhos e respeitados do conselho. — Já está com 29 anos. A linhagem real precisa ser assegurada.Lucian bufou, sem esconder sua irritação.— Já falamos sobre isso antes. Não vou escolher uma parceira aleatoriamente.— Mas precisa haver um plano! — insistiu outro ancião. — Se não encontrar sua companheira, deve escolher uma loba adequada para acasalar e garantir a continuidade da linhagem real.Lucian cruzou os braços.— Eu vou encontrar minha companheira.— Tem certeza de que ela existe? — um ancião perguntou com cautela.Lucian rosnou, sua paciência se esgotando.Ele não tin