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Capítulo 25 - O Lugar Onde Pertencemos

Acordar com o calor de duas vidas tão pequenas e tão minhas aninhadas ao meu lado era um sentimento que eu jamais conseguiria descrever completamente.

Abri os olhos com a leve batida de Luke em meu braço. Ele mexia as mãozinhas e soltava sons quase inaudíveis, mas suficientes para me acordar. E, mesmo ainda meio sonolenta, um sorriso brotou no meu rosto antes mesmo de eu conseguir me sentar.

Ao meu lado, Lucian já estava acordado, me observando com aquele olhar… aquele olhar que fazia meu coração bater forte toda vez.

— Bom dia — sussurrei, tocando de leve o rosto dele.

— Bom dia, meu amor — respondeu ele, os olhos brilhando.

Lucy, como a princesinha cheia de personalidade que é, soltou um biquinho nada discreto, se remexendo entre os lençóis até encontrar meu colo. Peguei-a com cuidado, embalei devagar e beijei sua testa.

Meu coração se apertava e se expandia ao mesmo tempo.

Eu os tinha de volta. E agora eu também tinha Lucian.

Houve uma batida suave na porta e ele se levantou. Instantes depois, voltou com Merla e duas mamadeiras. Ela nos desejou um bom dia e disse que voltaria mais tarde para ajudar no que fosse preciso.

— Ela é um anjo — murmurei, pegando a mamadeira que Lucian me estendeu.

Enquanto dávamos as mamadeiras, dividimos olhares cheios de carinho e sorrisos silenciosos. Aquele momento íntimo, tão simples e ao mesmo tempo tão mágico, era tudo o que eu sonhei nos últimos dois anos.

Luke, sempre faminto, terminou primeiro, com os olhinhos brilhando e a barriguinha satisfeita.

Depois de nos arrumarmos com calma, descemos para a sala de jantar principal. O aroma de pães quentes e café fresco preenchia o ambiente. Era uma cena que exalava aconchego.

Caden e Lívia já estavam lá. Lucian nos apresentou com orgulho, e Lívia, com uma empolgação encantadora, praticamente arrancou Lucy dos braços dele.

— Que perfeição de bebê! — disse ela, encantada.

Rylan e Celeste chegaram logo em seguida, e ele não perdeu tempo em pegar Luke nos braços. O pequeno pareceu à vontade, como se já os conhecesse.

Tudo acontecia tão naturalmente… e eu me senti parte dali, de verdade. Pela primeira vez, não como uma hóspede. Mas como alguém que pertencia.

Lucian segurou minha mão e me conduziu até o lugar ao seu lado — o assento da rainha. Meu coração acelerou só de ver como ele fazia questão de deixar claro quem eu era para ele.

Minha mãe e Isla já estavam à mesa. Nos cumprimentamos com sorrisos sinceros e trocamos algumas palavras.

— Dormiram bem? — perguntei.

— Como uma rocha — respondeu minha mãe, sorrindo.

— Eu? Dormi como princesa. Aquele quarto é melhor que qualquer suíte de hotel cinco estrelas! — Isla exclamou.

Rimos, é claro. Ela sempre iluminava qualquer ambiente com seu bom humor. Lucian também se divertiu com as piadinhas, e até minha mãe — que costumava manter a postura — teve que esconder o riso.

— Em breve será você, Isla — disse minha mãe com um tom de esperança.

— A deusa da lua tá me ignorando — respondeu Isla, fazendo drama. — Tenho dezoito anos e nem sinal de companheiro.

— Talvez ela ainda esteja preparando alguém que aguente suas piadinhas — comentei, fazendo todos caírem na risada.

Naquele momento, enquanto todos riam ao redor da mesa, percebi que a vida tinha finalmente nos colocado no lugar certo.

Eu olhei para Lucian, que sorria ao ver os filhos recebendo carinho de todos.

E, ali, rodeada por minha família — de sangue e de coração — senti a paz que por tanto tempo me foi negada.

Após o café da manhã caloroso e cheio de risadas, minha mãe, com a serenidade de quem carrega anos de liderança nos ombros, pousou sua mão sobre a minha e da Celeste, e nos olhou com aquele jeito que só ela tem — sério, mas cheio de amor.

— Meninas, preciso conversar com vocês. Se quiserem, seus companheiros podem acompanhar — disse ela, a voz gentil, mas firme.

Olhei para Lucian e ele assentiu com um sorriso discreto. Rylan fez o mesmo com Celeste, e assim seguimos todos para o escritório de Lucian.

Antes de sairmos, Merla se ofereceu para levar os bebês ao jardim para tomar um pouco de sol, junto com dois guardas de confiança, cuidadosamente escolhidos e treinados por Caden. Saber que Luke e Lucy estariam protegidos me deu tranquilidade.

No escritório, o ambiente era calmo, e a presença de Lucian ao meu lado me dava força. Helena esperou todos se acomodarem antes de falar.

— Ver vocês aqui… com seus companheiros ao lado, me enche de alegria — começou ela, o olhar percorrendo o rosto de cada um de nós. — A deusa da lua foi generosa. Não apenas por unir vocês a homens honrados, mas por colocá-los em caminhos que se cruzam com amizade e respeito.

Meus olhos brilharam, e vi Celeste sorrir ao lado de Rylan, seu braço entrelaçado ao dele.

— Agora, como suas jornadas se definem… — continuou mamãe — Selena será rainha, e Celeste, é a companheira do beta real. Isso significa que Isla… será quem herdará a liderança da Alcateia da Lua Escarlate.

Isla arregalou os olhos, surpresa, e levou um segundo para reagir.

— Eu? Mas… — ela começou, e parou.

— Sim, minha filha — disse Helena com um sorriso. — Quando encontrar seu companheiro, vocês assumirão juntos. E até lá, começarei a te treinar. O sangue de alfas corre em você também.

Houve um instante de silêncio. E então Isla soltou um riso abafado, claramente nervosa.

— Bem… tomara que esse tal companheiro aguente meu jeito — brincou, e arrancou risadas suaves de todos na sala.

Mas eu… eu senti algo apertar em meu peito.

A ideia de minha mãe partir… novamente.

Ela percebeu antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa. Mãe sempre sabe.

Ela se levantou e caminhou até mim, ajoelhando-se ao meu lado, com aquele olhar cheio de força e ternura.

— Minha querida… — ela murmurou, segurando minhas mãos. — Eu sempre estarei com você. Sempre que precisar de mim, virei correndo. E saiba… o seu lugar à mesa da Lua Escarlate está guardado. Para sempre. Você é e sempre será minha filha, minha primogênita.

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas o sorriso em meu rosto cresceu. Eu sabia que mesmo com a distância, nosso laço jamais se quebraria.

Lucian tocou levemente minhas costas, como se me dissesse em silêncio que estava ali comigo — e sempre estaria.

— Obrigada, mãe — sussurrei, abraçando-a forte. — Por tudo.

Isla se juntou a nós, e ali, as três, por um instante, éramos apenas mãe e filhas, como nos velhos tempos. E mesmo com nossos caminhos se abrindo em direções diferentes, a essência da nossa união permanecia firme como a lua que nos guiava.

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