O beijo ainda pairava no ar, quente e suave, quando uma batida leve na porta os fez se afastar devagar. Selena sorriu timidamente, os lábios ainda entreabertos e o coração acelerado. Lucian riu baixinho, sua testa encostando brevemente na dela antes de virar-se em direção à porta.
— Pode entrar — disse ele, recuperando a postura, mas mantendo sua mão entrelaçada à de Selena. A porta se abriu revelando uma senhora de cabelos grisalhos cuidadosamente presos em um coque. Seus olhos eram de um azul profundo e bondoso, e seu sorriso era caloroso como o de uma avó que reencontra netos há muito perdidos. — Alteza — disse ela, com uma leve reverência. — Perdoe-me por interromper. Lucian se aproximou dela com carinho visível no olhar. — Selena, essa é Merla. Ela trabalha no castelo desde antes de eu nascer. Foi uma figura constante na minha infância. E ficou muito feliz em saber que poderia ajudar com as crianças. Merla curvou-se levemente para Selena. — É uma honra conhecer a senhora, companheira do rei. E será um prazer cuidar dos pequenos. Eles são adoráveis. Selena sorriu com doçura, encantada com o modo afetuoso da ômega. — Obrigada, Merla. Saber que eles ficarão com alguém de confiança me tranquiliza muito. Lucian assentiu. — Ela vai tomar conta de Luke e Lucy por algumas horas enquanto descemos ao salão de baile. Ainda precisamos encerrar a comemoração... e procurar Helena e Isla para levá-las aos seus quartos. Selena respirou fundo, ajeitou um pouco os cabelos e olhou para Lucian com um sorriso confiante. — Pronta. Lucian tomou sua mão com naturalidade, e os dois caminharam de volta ao grande salão. À medida que desciam as escadarias, os olhares se voltavam para eles — curiosos, surpresos, especulativos. No centro do palco, Lucian subiu com Selena ao seu lado, erguendo a mão pedindo silêncio. — Boa noite a todos — começou ele, com a voz forte e segura. — Agradeço imensamente a presença de cada um de vocês nesta noite especial. Que os laços formados sob a bênção da lua cheia floresçam com amor e força. Alguns aplausos suaves foram ouvidos, mas a atenção geral permaneceu nele. Então, Lucian continuou, com um leve aperto na mão de Selena. — Quero também compartilhar algo pessoal: esta noite eu reencontrei minha companheira. Um murmúrio imediato tomou conta do salão. Os sussurros aumentavam, olhares se viravam para Selena com surpresa — alguns de alegria, outros carregados de desapontamento. Lucian ergueu a mão mais uma vez. — Sei que muitos de vocês não sabiam que eu tinha uma companheira. Há dois anos, nós nos encontramos. E por circunstâncias adversas, nos separamos. Mas esta noite, ela retornou... com nossos filhos. O burburinho se intensificou por um momento. Algumas lobas que alimentavam esperanças em relação ao rei abaixaram os olhos, visivelmente desanimadas. Outras aplaudiram, sorrindo sinceramente. Lucian, firme, concluiu: — E é só isso que precisam saber. O resto... é entre nós. Ele então desceu com Selena do palco, ambos rodeados por olhares mistos, até encontrarem Helena e Isla perto da saída do salão. — Aí estão vocês! — Isla exclamou, abraçando Selena e Lucian com um sorriso largo. — Parabéns por se reencontrarem. E bem-vindo à família, Lucian! Lucian sorriu, sinceramente tocado. — Obrigado, Isla. — Agora só falta me contarem onde a Celeste se meteu — ela comentou com um sorrisinho travesso. — Aposto que sumiu com aquele beta bonitão... Todos riram baixo, e Helena deu um leve tapa no braço da filha. — Isla! Comporte-se! — O quê? Eu só disse o óbvio! — Isla defendeu-se com uma piscadela. — Mas, ó... espero que em breve seja minha vez também. A Deusa da Lua tá me deixando de castigo, viu? Já tenho 18 e nada! Selena riu, afagando de leve o braço da garota. — A deusa ainda tá preparando alguém que consiga aguentar suas piadinhas, Isla. O grupo explodiu em risos, até mesmo Helena não conteve o sorriso. — Agora, vamos — Lucian disse, retomando o tom de anfitrião. — Vou mostrar os quartos de vocês. Subiram novamente as escadas, e Lucian conduziu Helena e Isla aos quartos preparados com esmero. Cada uma se despediu com um abraço caloroso antes de entrarem em seus respectivos aposentos. No corredor, restaram apenas Lucian e Selena. Ele a guiou até o quarto dos bebês, abrindo a porta com cuidado. A luz suave da luminária noturna deixava o ambiente ainda mais acolhedor. Merla estava sentada em uma poltrona ao lado dos berços, com um cobertor nos ombros e um olhar sereno de quem havia acabado de colocar dois anjinhos para dormir. Ela levantou-se assim que os viu entrar. — Alteza, Senhora Selena — disse com um sorriso caloroso. — Eles já estão nos braços da Deusa. Tomaram a mamadeira direitinho e adormeceram com um sorrisinho no rosto... como se soubessem que estavam protegidos. Selena se aproximou e olhou para os berços, sentindo o coração se derreter. Lucy dormia com as mãozinhas abertas e a expressão tranquila. Luke roncava baixinho, com os lábios entreabertos. — Obrigada, Merla. Não sei como agradecer por estar aqui essa noite — disse Selena com sinceridade. Merla pousou a mão sobre o ombro dela, com um carinho quase maternal. — Minha querida, só de ver essa família reunida, meu coração já se preencheu. Vi o rei nascer, vi-o crescer... e agora, ver que ele tem vocês... Ah, é mais do que eu poderia pedir. Estou onde devo estar. Lucian se aproximou, apertando levemente a mão de Merla. — Descanse, Merla. A senhora já fez muito por hoje. — Boa noite, meus queridos — disse ela, antes de sair silenciosamente do quarto. Lucian virou-se para Selena, seus olhos suaves sob a luz tênue do ambiente. — Vou tomar um banho rápido. Mas antes... — Ele sorriu de canto, puxando a porta do banheiro com delicadeza. — Preparei algo especial pra você também. Selena arqueou a sobrancelha com curiosidade, mas seguiu atrás dele e espiou por cima do ombro do rei. A banheira estava cheia, com água morna fumegando suavemente, pétalas flutuando sobre a superfície perfumada. Havia velas acesas espalhadas e uma toalha macia dobrada ao lado de um roupão. Ela se virou para ele, tocada pela delicadeza do gesto. — Você fez isso pra mim? Lucian assentiu, a expressão gentil. — Sei que o dia foi cheio... intenso. Achei que merecia um momento só seu. Enquanto você relaxa, vou ficar com os pequenos. Selena se aproximou e lhe deu um beijo leve nos lábios, com um sorriso grato. — Você está me estragando, majestade. Ele riu baixo, a voz rouca. — Ainda nem comecei. Selena fechou a porta com um sorriso nos lábios e se entregou ao banho. A água morna envolveu seu corpo como um abraço, e o aroma das pétalas a fez fechar os olhos e relaxar profundamente. Ali, sozinha, pensou em tudo que havia mudado. Em como o reencontro com Lucian e seus filhos estava reconstruindo um lar que ela jamais pensou ter novamente. Quando finalmente saiu do banho, vestindo uma das camisolas de seda que havia encontrado no closet, ela caminhou descalça até o quarto, o vapor ainda envolvendo seus ombros. Mas assim que cruzou a porta, seu coração se apertou de ternura. Lucian estava deitado na cama, com o tronco levemente inclinado. Lucy dormia sobre o peito nu dele, a cabecinha aninhada sob o queixo dele. Ao lado, Luke estava estirado de lado, uma das mãos tocando o braço do pai, como se buscasse segurança mesmo em sonho. Selena se aproximou devagar, sorrindo emocionada. A imagem era linda demais para ser real. Seu rei, seus filhos… sua família. Com cuidado, ela pegou Lucy do peito de Lucian, que nem se mexeu, tão profundamente adormecido estava. A menina resmungou baixinho, mas logo suspirou e se ajeitou quando Selena a colocou ao lado do irmão. Em seguida, puxou Luke um pouco mais para perto de si e cobriu os três com o edredom leve. Deitou-se ao lado deles, observando por alguns segundos os rostos serenos, o ritmo das respirações calmas, a quietude do momento. Seu peito se encheu de uma paz profunda, uma certeza que a invadiu por completo. Ela estava exatamente onde deveria estar. Fechou os olhos com um sorriso leve e se deixou levar pelo sono, abraçada à sua nova vida.luz da manhã começou a tocar as cortinas do nosso quarto, filtrando-se em feixes dourados que pareciam abençoar tudo o que alcançavam. Acordei primeiro, como sempre. Ainda meio deitado, apoiei meu corpo sobre o braço esquerdo e me permiti observar minha família. Meu mundo. Selena dormia com um dos braços estendido por cima de Lucy, o rosto sereno, os cabelos bagunçados pela noite, espalhados sobre o travesseiro. Os lábios entreabertos e a expressão tranquila a faziam parecer ainda mais bonita do que qualquer lembrança que eu guardei. Se eu já não estivesse perdido de amor por ela, tenho certeza que nesse exato momento, observando esse sorriso suave mesmo dormindo… eu teria me apaixonado de novo. Ao meu lado, Luke começou a se remexer, os olhinhos piscando devagar até que as mãozinhas começaram a se mover no ar, como se ele quisesse pegar a luz. Um de seus bracinhos bateu levemente em Selena. Ela resmungou baixinho antes de abrir os olhos com lentidão. E quando o fez… aquele sorri
Acordar com o calor de duas vidas tão pequenas e tão minhas aninhadas ao meu lado era um sentimento que eu jamais conseguiria descrever completamente.Abri os olhos com a leve batida de Luke em meu braço. Ele mexia as mãozinhas e soltava sons quase inaudíveis, mas suficientes para me acordar. E, mesmo ainda meio sonolenta, um sorriso brotou no meu rosto antes mesmo de eu conseguir me sentar.Ao meu lado, Lucian já estava acordado, me observando com aquele olhar… aquele olhar que fazia meu coração bater forte toda vez.— Bom dia — sussurrei, tocando de leve o rosto dele.— Bom dia, meu amor — respondeu ele, os olhos brilhando.Lucy, como a princesinha cheia de personalidade que é, soltou um biquinho nada discreto, se remexendo entre os lençóis até encontrar meu colo. Peguei-a com cuidado, embalei devagar e beijei sua testa.Meu coração se apertava e se expandia ao mesmo tempo.Eu os tinha de volta. E agora eu também tinha Lucian.Houve uma batida suave na porta e ele se levantou. Insta
Após a reunião no salão principal, Helena e Isla se despediram das filhas com abraços longos e emocionados. A matriarca da Matilha da Lua Escarlate passou a mão carinhosamente pelo cabelo de Selena, como fazia quando ela era pequena.— Você está pronta para isso, minha filha. E estamos todas muito orgulhosas de você — disse Helena com firmeza, mas os olhos marejados.Isla, a mais nova, foi quem tentou esconder a emoção com piadas.— Não se esqueçam da irmã caçula quando forem ricas e famosas, ok? E mandem fotos do bolo.Celeste riu e respondeu com um beijo na bochecha da irmã:— Só se você prometer não provocar a mamãe na viagem inteira de volta.— Sem promessas — Isla piscou, abraçando Selena em seguida.Após a despedida, Selena respirou fundo. Lucian apareceu ao seu lado e segurou sua mão.— Agora que você é oficialmente parte disso tudo... é hora de conhecer cada canto do que também é seu — disse ele, com aquele sorriso sereno que só ela conhecia.Celeste se juntou a eles, empolgad
O som suave da risada de Lucy encheu o quarto quando Selena a ergueu no colo, aninhando seu corpinho contra o peito. Luke, com seus olhos curiosos e atentos, já descansava nos braços de Lucian, observando tudo com a serenidade de quem parecia entender mais do que deveria para um bebê de dois anos.Selena se sentou na beirada da cama, afagando os cabelos da filha com delicadeza. Era em momentos como aquele que o mundo parecia parar, e tudo se resumia ao calor de sua família.— Eles estão crescendo tão rápido... — ela murmurou, sorrindo para Lucian.Lucian se aproximou e se sentou ao lado dela, encostando a bochecha no topo da cabeça de Selena.— Estão mesmo. E hoje, por algumas horas... você vai ter um tempinho só pra você. — Ele se afastou um pouco, o olhar carregando um brilho misterioso.— Como assim?— Tenho uma surpresa. — Seus olhos se fixaram nos dela. — E essa noite, os pequenos vão ficar com a Celeste e o Rylan. Eles ficaram felizes em cuidar deles.Selena arqueou uma sobrance
O "sim" ainda vibrava nos lábios de Selena quando Lucian a puxou para um beijo faminto, como se aquele simples som tivesse rompido qualquer controle que ele ainda tinha. Seus corpos se colaram, e o mundo ao redor desapareceu. Agora, só existia o calor — dele, dela — e o desejo pulsando entre os dois como um chamado primal.Lucian a conduziu até o quarto, as mãos não se separando das curvas dela nem por um instante. Assim que a porta se fechou atrás deles, ele a encostou ali mesmo, contra a madeira fria, o contraste fazendo Selena arfar.— Você tem ideia do que faz comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, a voz rouca e baixa como um trovão prestes a explodir.— Mostra pra mim... — ela sussurrou, cravando os dedos nos cabelos dele.Ele não precisou de mais incentivo. A boca dele desceu para o colo dela enquanto as mãos desfaziam o fecho do vestido com precisão e urgência. A peça deslizou por seu corpo como seda, revelando sua pele aos poucos, d
Selena descia lentamente os degraus da escada principal, sua mão entrelaçada à de Lucian. A luz da manhã filtrava pelas janelas do grande salão, iluminando os cabelos dourados dela como uma coroa natural. Lucian a observava com aquele sorriso que ela já começava a conhecer como exclusivo — reservado apenas para ela.Quando chegaram ao térreo, o som suave de risadas infantis os guiou até a sala da frente. Celeste estava sentada no chão, cercada por almofadas e brinquedos espalhados, enquanto Rylan equilibrava com cuidado uma das crianças nos ombros.— Bom dia, majestades sonolentos — brincou Celeste, levantando uma sobrancelha para a irmã. — Dormiram bem… ou nem dormiram?Selena corou imediatamente, dando um leve tapa no ombro da irmã.— Celeste!Lucian apenas riu, abraçando Selena pela cintura.— Se serve de consolo, a surpresa foi ideia minha.— Ah, nós sabemos — disse Rylan, pegando o bebê que tentava agarrar o cabelo
O salão estava voltando ao seu ritmo festivo após o breve susto, mas a energia não era mais a mesma. A presença do grupo recém-chegado pairava como uma nuvem escura sobre todos.Lucian se manteve em pé, a mão de Selena ainda entrelaçada à sua. Seus olhos estavam fixos na mulher que liderava o grupo.Alta, com cabelos longos e escuros presos em um coque elegante, seus olhos cinzentos varriam o salão como se tudo aquilo lhe pertencesse. Estava vestida com roupas finas demais para alguém que não havia sido convidada — como se soubesse que teria atenção.— Maedra... — disse Lucian, com um tom controlado, mas carregado de desprezo.A mulher sorriu de lado, como se o nome na boca do rei fosse uma melodia nostálgica.— Sobrinho — respondeu, com um leve aceno de cabeça. — Que cerimônia encantadora... embora um pouco simples para algo tão grandioso quanto a coroação de uma rainha.— Não me lembro de ter enviado um convite — rebateu Lucian
O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.Então, ela sentiu.O olhar.Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.Mas ele só olhava para ela.Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.Na terc