O castelo estava mais silencioso agora, como se respirasse aliviado por tantas verdades finalmente terem vindo à tona. Rylan guiava Celeste por um dos longos corredores da ala beta, o braço dela entrelaçado ao seu com naturalidade.
— Essa é a ala que Alina e eu ocupávamos — ele disse, com a voz baixa, enquanto caminhavam por entre portas e janelas envidraçadas que revelavam um jardim interno iluminado por pequenas lanternas mágicas. Celeste apertou levemente o braço dele, respeitando o silêncio que se seguiu. Rylan mostrou os cômodos com um sorriso discreto, apontando a sala de reuniões particular, a biblioteca da ala, o pequeno salão de chá, e por fim parou em frente a uma porta maior. — Esse… era o nosso quarto. Ele tocou a maçaneta, mas não girou. Ficou ali, parado. A mão firme, mas o olhar distante. Celeste sentiu o peso do momento e agiu com a delicadeza que o coração dela conhecia bem. Com ternura, ela segurou a mão dele e afastou-a da porta. — Você não precisa entrar aí agora, Rylan — ela disse suavemente. — Não por mim. E não por ninguém. Ele olhou para ela, os olhos um pouco úmidos, mas aliviados. — Celeste... — Vamos — ela sussurrou com um sorriso meigo, puxando-o para dentro da sala de estar da ala. Era um ambiente aconchegante, com sofás largos, almofadas felpudas e uma lareira crepitando. Ela o puxou até o sofá e, com firmeza doce, o empurrou para sentar, acomodando-se no colo dele logo em seguida. Os braços dela se enroscaram ao redor do pescoço dele, e o rosto se aninhou contra o ombro largo, enquanto sua voz vinha calma, mas cheia de emoção: — Eu não quero que você faça nada pelo simples fato de achar que é o certo. Quero que você siga seu tempo. Seu ritmo. Se precisar de espaço, eu vou respeitar. Se preferir dormir em outro quarto por um tempo, tudo bem. Eu não estou aqui pra substituir ninguém. Ele a abraçou com força naquele momento, sentindo-se envolvido por um calor sincero e reconfortante. — Você é perfeita — ele disse com a voz embargada. — Nunca pensei que encontraria alguém como você. — Então só... me deixe estar ao seu lado. Onde você precisar. Rylan ficou em silêncio por alguns segundos, os dedos acariciando devagar a cintura dela. — Tem algo que preciso contar — murmurou ele. Celeste levantou os olhos para ele, com atenção. — Na noite passada... eu tive um sonho com ela. Um daqueles sonhos tão vívidos que parece que você está realmente lá. Ela assentiu, com o coração apertado. — Alina me olhava com um sorriso... em paz. E ela me disse que havia cumprido seu papel ao meu lado. Que nossa ligação foi verdadeira, mas que eu teria uma segunda chance. Que outra alma estava destinada a caminhar comigo. E que eu devia permitir ser feliz de novo. Celeste sentiu os olhos marejarem. A dor e o amor que habitavam Rylan se misturavam numa delicadeza rara. Ele segurou o rosto dela entre as mãos, olhando-a com uma intensidade que fazia o mundo ao redor desaparecer. — Eu não sabia se algum dia essa segunda chance viria. Mas aí você apareceu, com esse jeito caótico, corajoso, apaixonado... e eu percebi que ela estava certa. Celeste sorriu, os olhos brilhando, e antes que pudesse responder, os lábios de Rylan tomaram os seus. O beijo começou doce, mas logo se intensificou, carregado de emoção, desejo e a urgência de dois corações finalmente se permitindo amar. Era como se o passado tivesse dado sua bênção, e o presente cobrasse seu lugar. O calor entre eles cresceu. As mãos buscavam contato, os corpos se moldavam com perfeição. Quando Rylan se levantou com ela no colo, os dois já estavam ofegantes. — O quarto de hóspedes mais próximo — ele murmurou contra a pele do pescoço dela, a voz grave e rouca. — Perfeito — ela respondeu, rindo com suavidade. Eles entraram no quarto e, assim que a porta se fechou, não havia mais espaço para hesitações. Roupas foram esquecidas no chão em meio a beijos intensos e carícias ansiosas. Ali, entre lençóis macios e suspiros ofegantes, eles se entregaram um ao outro. Com paixão, com intensidade, com fome de vida. Rylan traçava cada linha do corpo dela como quem grava um mapa sagrado, enquanto Celeste respondia com o coração aberto, com todo amor que guardava para alguém que pudesse vê-la por completo. Foi uma noite marcada por gemidos abafados, sorrisos cúmplices e promessas mudas de recomeços verdadeiros. E quando a madrugada caiu, envolta pelo luar que banhava o quarto silencioso, Rylan adormeceu com Celeste em seus braços — e pela primeira vez em muito tempo, o peito dele estava leve.O beijo ainda pairava no ar, quente e suave, quando uma batida leve na porta os fez se afastar devagar. Selena sorriu timidamente, os lábios ainda entreabertos e o coração acelerado. Lucian riu baixinho, sua testa encostando brevemente na dela antes de virar-se em direção à porta.— Pode entrar — disse ele, recuperando a postura, mas mantendo sua mão entrelaçada à de Selena.A porta se abriu revelando uma senhora de cabelos grisalhos cuidadosamente presos em um coque. Seus olhos eram de um azul profundo e bondoso, e seu sorriso era caloroso como o de uma avó que reencontra netos há muito perdidos.— Alteza — disse ela, com uma leve reverência. — Perdoe-me por interromper.Lucian se aproximou dela com carinho visível no olhar.— Selena, essa é Merla. Ela trabalha no castelo desde antes de eu nascer. Foi uma figura constante na minha infância. E ficou muito feliz em saber que poderia ajudar com as crianças.Merla curvou-se levemente para Selena.— É uma honra conhecer a senhora, companh
luz da manhã começou a tocar as cortinas do nosso quarto, filtrando-se em feixes dourados que pareciam abençoar tudo o que alcançavam. Acordei primeiro, como sempre. Ainda meio deitado, apoiei meu corpo sobre o braço esquerdo e me permiti observar minha família. Meu mundo. Selena dormia com um dos braços estendido por cima de Lucy, o rosto sereno, os cabelos bagunçados pela noite, espalhados sobre o travesseiro. Os lábios entreabertos e a expressão tranquila a faziam parecer ainda mais bonita do que qualquer lembrança que eu guardei. Se eu já não estivesse perdido de amor por ela, tenho certeza que nesse exato momento, observando esse sorriso suave mesmo dormindo… eu teria me apaixonado de novo. Ao meu lado, Luke começou a se remexer, os olhinhos piscando devagar até que as mãozinhas começaram a se mover no ar, como se ele quisesse pegar a luz. Um de seus bracinhos bateu levemente em Selena. Ela resmungou baixinho antes de abrir os olhos com lentidão. E quando o fez… aquele sorri
Acordar com o calor de duas vidas tão pequenas e tão minhas aninhadas ao meu lado era um sentimento que eu jamais conseguiria descrever completamente.Abri os olhos com a leve batida de Luke em meu braço. Ele mexia as mãozinhas e soltava sons quase inaudíveis, mas suficientes para me acordar. E, mesmo ainda meio sonolenta, um sorriso brotou no meu rosto antes mesmo de eu conseguir me sentar.Ao meu lado, Lucian já estava acordado, me observando com aquele olhar… aquele olhar que fazia meu coração bater forte toda vez.— Bom dia — sussurrei, tocando de leve o rosto dele.— Bom dia, meu amor — respondeu ele, os olhos brilhando.Lucy, como a princesinha cheia de personalidade que é, soltou um biquinho nada discreto, se remexendo entre os lençóis até encontrar meu colo. Peguei-a com cuidado, embalei devagar e beijei sua testa.Meu coração se apertava e se expandia ao mesmo tempo.Eu os tinha de volta. E agora eu também tinha Lucian.Houve uma batida suave na porta e ele se levantou. Insta
Após a reunião no salão principal, Helena e Isla se despediram das filhas com abraços longos e emocionados. A matriarca da Matilha da Lua Escarlate passou a mão carinhosamente pelo cabelo de Selena, como fazia quando ela era pequena.— Você está pronta para isso, minha filha. E estamos todas muito orgulhosas de você — disse Helena com firmeza, mas os olhos marejados.Isla, a mais nova, foi quem tentou esconder a emoção com piadas.— Não se esqueçam da irmã caçula quando forem ricas e famosas, ok? E mandem fotos do bolo.Celeste riu e respondeu com um beijo na bochecha da irmã:— Só se você prometer não provocar a mamãe na viagem inteira de volta.— Sem promessas — Isla piscou, abraçando Selena em seguida.Após a despedida, Selena respirou fundo. Lucian apareceu ao seu lado e segurou sua mão.— Agora que você é oficialmente parte disso tudo... é hora de conhecer cada canto do que também é seu — disse ele, com aquele sorriso sereno que só ela conhecia.Celeste se juntou a eles, empolgad
O som suave da risada de Lucy encheu o quarto quando Selena a ergueu no colo, aninhando seu corpinho contra o peito. Luke, com seus olhos curiosos e atentos, já descansava nos braços de Lucian, observando tudo com a serenidade de quem parecia entender mais do que deveria para um bebê de dois anos.Selena se sentou na beirada da cama, afagando os cabelos da filha com delicadeza. Era em momentos como aquele que o mundo parecia parar, e tudo se resumia ao calor de sua família.— Eles estão crescendo tão rápido... — ela murmurou, sorrindo para Lucian.Lucian se aproximou e se sentou ao lado dela, encostando a bochecha no topo da cabeça de Selena.— Estão mesmo. E hoje, por algumas horas... você vai ter um tempinho só pra você. — Ele se afastou um pouco, o olhar carregando um brilho misterioso.— Como assim?— Tenho uma surpresa. — Seus olhos se fixaram nos dela. — E essa noite, os pequenos vão ficar com a Celeste e o Rylan. Eles ficaram felizes em cuidar deles.Selena arqueou uma sobrance
O "sim" ainda vibrava nos lábios de Selena quando Lucian a puxou para um beijo faminto, como se aquele simples som tivesse rompido qualquer controle que ele ainda tinha. Seus corpos se colaram, e o mundo ao redor desapareceu. Agora, só existia o calor — dele, dela — e o desejo pulsando entre os dois como um chamado primal.Lucian a conduziu até o quarto, as mãos não se separando das curvas dela nem por um instante. Assim que a porta se fechou atrás deles, ele a encostou ali mesmo, contra a madeira fria, o contraste fazendo Selena arfar.— Você tem ideia do que faz comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, a voz rouca e baixa como um trovão prestes a explodir.— Mostra pra mim... — ela sussurrou, cravando os dedos nos cabelos dele.Ele não precisou de mais incentivo. A boca dele desceu para o colo dela enquanto as mãos desfaziam o fecho do vestido com precisão e urgência. A peça deslizou por seu corpo como seda, revelando sua pele aos poucos, d
Selena descia lentamente os degraus da escada principal, sua mão entrelaçada à de Lucian. A luz da manhã filtrava pelas janelas do grande salão, iluminando os cabelos dourados dela como uma coroa natural. Lucian a observava com aquele sorriso que ela já começava a conhecer como exclusivo — reservado apenas para ela.Quando chegaram ao térreo, o som suave de risadas infantis os guiou até a sala da frente. Celeste estava sentada no chão, cercada por almofadas e brinquedos espalhados, enquanto Rylan equilibrava com cuidado uma das crianças nos ombros.— Bom dia, majestades sonolentos — brincou Celeste, levantando uma sobrancelha para a irmã. — Dormiram bem… ou nem dormiram?Selena corou imediatamente, dando um leve tapa no ombro da irmã.— Celeste!Lucian apenas riu, abraçando Selena pela cintura.— Se serve de consolo, a surpresa foi ideia minha.— Ah, nós sabemos — disse Rylan, pegando o bebê que tentava agarrar o cabelo
O salão estava voltando ao seu ritmo festivo após o breve susto, mas a energia não era mais a mesma. A presença do grupo recém-chegado pairava como uma nuvem escura sobre todos.Lucian se manteve em pé, a mão de Selena ainda entrelaçada à sua. Seus olhos estavam fixos na mulher que liderava o grupo.Alta, com cabelos longos e escuros presos em um coque elegante, seus olhos cinzentos varriam o salão como se tudo aquilo lhe pertencesse. Estava vestida com roupas finas demais para alguém que não havia sido convidada — como se soubesse que teria atenção.— Maedra... — disse Lucian, com um tom controlado, mas carregado de desprezo.A mulher sorriu de lado, como se o nome na boca do rei fosse uma melodia nostálgica.— Sobrinho — respondeu, com um leve aceno de cabeça. — Que cerimônia encantadora... embora um pouco simples para algo tão grandioso quanto a coroação de uma rainha.— Não me lembro de ter enviado um convite — rebateu Lucian