Selena havia contado tudo. A dor, a fuga, os anos de ausência. Agora, era a vez de Lucian.
Ele ajeitou um dos bebês nos braços, olhando para os pequenos olhos sonolentos com um carinho silencioso. Então, com a voz baixa, começou a falar: — Foram dois anos longos demais sem você — ele começou, a voz baixa, quase rouca. — No início, eu me recusei a aceitar que você tinha partido. Passava dias e noites procurando rastros, tentando entender o que havia acontecido. Mas era como tentar tocar fumaça. Selena apertou os lábios, sentindo o coração se apertar ao ver a dor nos olhos dele. — Perdi Alina pouco depois — ele continuou. — Minha beta, minha amiga mais leal. Ela foi como uma irmã, especialmente depois que você desapareceu naquela manhã. Me ajudou a manter a cabeça no lugar… Lucian fez uma pausa, os olhos perdidos por um instante. — Me joguei no trabalho pra manter a sanidade. O reino precisava de estabilidade. A alcatéia, de liderança. Eu me tornei... alguém que respirava dever e sufocava qualquer esperança de te ver de novo. — Mas entre uma obrigação e outra… encontrei tempo. Encontrei tempo pra montar o quarto dos nossos filhos. Alina me ajudou no começo, e depois Lívia me deu apoio pra terminar. Cada detalhe foi pensando neles. E em você. Selena sentiu os olhos marejarem. Lucian olhou para ela com suavidade e disse: — Fiquem no palácio. Você, sua mãe, sua irmã. Descansem aqui… esse lugar é de vocês também. Helena se levantou logo em seguida, ajeitando o casaco. — Acho que vou procurar Isla… com toda a confusão, a deixamos no salão do baile. — E nós também vamos — disse Celeste, puxando Rylan pela mão. — Vocês merecem um momento só de vocês. Quando todos saíram, a sala ficou em silêncio. Apenas eles dois... e os dois bebês dormindo nos braços dos pais. Lucian olhou para Selena e segurou sua mão. — Quer conhecer o quarto deles? Ela assentiu com um sorriso, e os dois subiram com os pequenos no colo. O quarto dos bebês era um sonho. Suave, acolhedor, com tons claros e detalhes feitos à mão. Dois berços enfeitados com delicadeza ocupavam o centro do cômodo. Selena ficou sem palavras. — É… perfeito — murmurou. Ela ajudou Lucian a deitar as crianças nos berços. Ele mostrou cada cantinho: a estante de livros, os brinquedos, as almofadas bordadas com os nomes deles. Mas o que chamou atenção de Selena foi uma porta lateral. — É uma passagem para o quarto principal — disse Lucian, abrindo-a. Selena olhou a porta, depois para ele, compreendendo a implicação. Suas bochechas coraram. Lucian deu uma risada baixa, sincera e um tanto divertida. Aproximou-se, envolveu-a num abraço caloroso e disse em seu ouvido: — Só se você quiser… dormirmos juntos. Só dormir. — A última parte veio com um sorriso maroto. Ela riu, sem jeito, e deu um tapinha no braço dele. — Você não presta, Lucian. — Eu sei. — Ele piscou. — Mas você me ama assim mesmo. Eles atravessaram a porta até o quarto dele — ou melhor, o quarto deles. Era imenso, com uma sala de estar anexa decorada com tons sóbrios e elegantes. Uma porta adiante revelava um closet generoso, onde Selena entrou curiosa. De um lado, roupas masculinas impecáveis. Do outro, vestidos elegantes, trajes casuais refinados e... belas camisolas. Ela parou, surpresa. Tocou um dos vestidos com cuidado, como se fosse algo frágil. — Eu…? — começou a perguntar. Lucian entrou atrás dela e respondeu antes que ela terminasse: — Enquanto fazia compras pros bebês, vi algumas peças que me fizeram pensar em você. Só imaginei... que um dia você poderia usá-las. Ela se virou devagar, com os olhos brilhando, profundamente tocada pelo gesto. — Você pensou em tudo isso… mesmo sem saber se um dia eu voltaria? — Sim — ele respondeu, firme. — Porque parte de mim nunca acreditou que você realmente estivesse perdida pra sempre. Selena deu dois passos e o abraçou. Forte. Como se não quisesse mais soltar. E então, o beijo veio. Lento. Profundo. Como se os dois estivessem contando, sem palavras, tudo que não puderam dizer nos últimos dois anos. E naquele momento, no coração do palácio, o tempo pareceu finalmente se alinhar para eles.O castelo estava mais silencioso agora, como se respirasse aliviado por tantas verdades finalmente terem vindo à tona. Rylan guiava Celeste por um dos longos corredores da ala beta, o braço dela entrelaçado ao seu com naturalidade.— Essa é a ala que Alina e eu ocupávamos — ele disse, com a voz baixa, enquanto caminhavam por entre portas e janelas envidraçadas que revelavam um jardim interno iluminado por pequenas lanternas mágicas.Celeste apertou levemente o braço dele, respeitando o silêncio que se seguiu.Rylan mostrou os cômodos com um sorriso discreto, apontando a sala de reuniões particular, a biblioteca da ala, o pequeno salão de chá, e por fim parou em frente a uma porta maior.— Esse… era o nosso quarto.Ele tocou a maçaneta, mas não girou. Ficou ali, parado. A mão firme, mas o olhar distante. Celeste sentiu o peso do momento e agiu com a delicadeza que o coração dela conhecia bem.Com ternura, ela segurou a mão dele e afastou-a da porta.— Você não precisa entrar aí agora,
O beijo ainda pairava no ar, quente e suave, quando uma batida leve na porta os fez se afastar devagar. Selena sorriu timidamente, os lábios ainda entreabertos e o coração acelerado. Lucian riu baixinho, sua testa encostando brevemente na dela antes de virar-se em direção à porta.— Pode entrar — disse ele, recuperando a postura, mas mantendo sua mão entrelaçada à de Selena.A porta se abriu revelando uma senhora de cabelos grisalhos cuidadosamente presos em um coque. Seus olhos eram de um azul profundo e bondoso, e seu sorriso era caloroso como o de uma avó que reencontra netos há muito perdidos.— Alteza — disse ela, com uma leve reverência. — Perdoe-me por interromper.Lucian se aproximou dela com carinho visível no olhar.— Selena, essa é Merla. Ela trabalha no castelo desde antes de eu nascer. Foi uma figura constante na minha infância. E ficou muito feliz em saber que poderia ajudar com as crianças.Merla curvou-se levemente para Selena.— É uma honra conhecer a senhora, companh
luz da manhã começou a tocar as cortinas do nosso quarto, filtrando-se em feixes dourados que pareciam abençoar tudo o que alcançavam. Acordei primeiro, como sempre. Ainda meio deitado, apoiei meu corpo sobre o braço esquerdo e me permiti observar minha família. Meu mundo. Selena dormia com um dos braços estendido por cima de Lucy, o rosto sereno, os cabelos bagunçados pela noite, espalhados sobre o travesseiro. Os lábios entreabertos e a expressão tranquila a faziam parecer ainda mais bonita do que qualquer lembrança que eu guardei. Se eu já não estivesse perdido de amor por ela, tenho certeza que nesse exato momento, observando esse sorriso suave mesmo dormindo… eu teria me apaixonado de novo. Ao meu lado, Luke começou a se remexer, os olhinhos piscando devagar até que as mãozinhas começaram a se mover no ar, como se ele quisesse pegar a luz. Um de seus bracinhos bateu levemente em Selena. Ela resmungou baixinho antes de abrir os olhos com lentidão. E quando o fez… aquele sorri
Acordar com o calor de duas vidas tão pequenas e tão minhas aninhadas ao meu lado era um sentimento que eu jamais conseguiria descrever completamente.Abri os olhos com a leve batida de Luke em meu braço. Ele mexia as mãozinhas e soltava sons quase inaudíveis, mas suficientes para me acordar. E, mesmo ainda meio sonolenta, um sorriso brotou no meu rosto antes mesmo de eu conseguir me sentar.Ao meu lado, Lucian já estava acordado, me observando com aquele olhar… aquele olhar que fazia meu coração bater forte toda vez.— Bom dia — sussurrei, tocando de leve o rosto dele.— Bom dia, meu amor — respondeu ele, os olhos brilhando.Lucy, como a princesinha cheia de personalidade que é, soltou um biquinho nada discreto, se remexendo entre os lençóis até encontrar meu colo. Peguei-a com cuidado, embalei devagar e beijei sua testa.Meu coração se apertava e se expandia ao mesmo tempo.Eu os tinha de volta. E agora eu também tinha Lucian.Houve uma batida suave na porta e ele se levantou. Insta
Após a reunião no salão principal, Helena e Isla se despediram das filhas com abraços longos e emocionados. A matriarca da Matilha da Lua Escarlate passou a mão carinhosamente pelo cabelo de Selena, como fazia quando ela era pequena.— Você está pronta para isso, minha filha. E estamos todas muito orgulhosas de você — disse Helena com firmeza, mas os olhos marejados.Isla, a mais nova, foi quem tentou esconder a emoção com piadas.— Não se esqueçam da irmã caçula quando forem ricas e famosas, ok? E mandem fotos do bolo.Celeste riu e respondeu com um beijo na bochecha da irmã:— Só se você prometer não provocar a mamãe na viagem inteira de volta.— Sem promessas — Isla piscou, abraçando Selena em seguida.Após a despedida, Selena respirou fundo. Lucian apareceu ao seu lado e segurou sua mão.— Agora que você é oficialmente parte disso tudo... é hora de conhecer cada canto do que também é seu — disse ele, com aquele sorriso sereno que só ela conhecia.Celeste se juntou a eles, empolgad
O som suave da risada de Lucy encheu o quarto quando Selena a ergueu no colo, aninhando seu corpinho contra o peito. Luke, com seus olhos curiosos e atentos, já descansava nos braços de Lucian, observando tudo com a serenidade de quem parecia entender mais do que deveria para um bebê de dois anos.Selena se sentou na beirada da cama, afagando os cabelos da filha com delicadeza. Era em momentos como aquele que o mundo parecia parar, e tudo se resumia ao calor de sua família.— Eles estão crescendo tão rápido... — ela murmurou, sorrindo para Lucian.Lucian se aproximou e se sentou ao lado dela, encostando a bochecha no topo da cabeça de Selena.— Estão mesmo. E hoje, por algumas horas... você vai ter um tempinho só pra você. — Ele se afastou um pouco, o olhar carregando um brilho misterioso.— Como assim?— Tenho uma surpresa. — Seus olhos se fixaram nos dela. — E essa noite, os pequenos vão ficar com a Celeste e o Rylan. Eles ficaram felizes em cuidar deles.Selena arqueou uma sobrance
O "sim" ainda vibrava nos lábios de Selena quando Lucian a puxou para um beijo faminto, como se aquele simples som tivesse rompido qualquer controle que ele ainda tinha. Seus corpos se colaram, e o mundo ao redor desapareceu. Agora, só existia o calor — dele, dela — e o desejo pulsando entre os dois como um chamado primal.Lucian a conduziu até o quarto, as mãos não se separando das curvas dela nem por um instante. Assim que a porta se fechou atrás deles, ele a encostou ali mesmo, contra a madeira fria, o contraste fazendo Selena arfar.— Você tem ideia do que faz comigo? — ele murmurou contra o pescoço dela, a voz rouca e baixa como um trovão prestes a explodir.— Mostra pra mim... — ela sussurrou, cravando os dedos nos cabelos dele.Ele não precisou de mais incentivo. A boca dele desceu para o colo dela enquanto as mãos desfaziam o fecho do vestido com precisão e urgência. A peça deslizou por seu corpo como seda, revelando sua pele aos poucos, d
Selena descia lentamente os degraus da escada principal, sua mão entrelaçada à de Lucian. A luz da manhã filtrava pelas janelas do grande salão, iluminando os cabelos dourados dela como uma coroa natural. Lucian a observava com aquele sorriso que ela já começava a conhecer como exclusivo — reservado apenas para ela.Quando chegaram ao térreo, o som suave de risadas infantis os guiou até a sala da frente. Celeste estava sentada no chão, cercada por almofadas e brinquedos espalhados, enquanto Rylan equilibrava com cuidado uma das crianças nos ombros.— Bom dia, majestades sonolentos — brincou Celeste, levantando uma sobrancelha para a irmã. — Dormiram bem… ou nem dormiram?Selena corou imediatamente, dando um leve tapa no ombro da irmã.— Celeste!Lucian apenas riu, abraçando Selena pela cintura.— Se serve de consolo, a surpresa foi ideia minha.— Ah, nós sabemos — disse Rylan, pegando o bebê que tentava agarrar o cabelo