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Capítulo 30 – Laços de Sangue e Cicatrizes

O salão estava voltando ao seu ritmo festivo após o breve susto, mas a energia não era mais a mesma. A presença do grupo recém-chegado pairava como uma nuvem escura sobre todos.

Lucian se manteve em pé, a mão de Selena ainda entrelaçada à sua. Seus olhos estavam fixos na mulher que liderava o grupo.

Alta, com cabelos longos e escuros presos em um coque elegante, seus olhos cinzentos varriam o salão como se tudo aquilo lhe pertencesse. Estava vestida com roupas finas demais para alguém que não havia sido convidada — como se soubesse que teria atenção.

— Maedra... — disse Lucian, com um tom controlado, mas carregado de desprezo.

A mulher sorriu de lado, como se o nome na boca do rei fosse uma melodia nostálgica.

— Sobrinho — respondeu, com um leve aceno de cabeça. — Que cerimônia encantadora... embora um pouco simples para algo tão grandioso quanto a coroação de uma rainha.

— Não me lembro de ter enviado um convite — rebateu Lucian, estreitando os olhos. — Talvez tenha sido um erro do mensageiro.

— Oh, não — disse ela com falsa surpresa. — Nós não viemos por convite. Viemos por cortesia. A família deve estar presente em momentos como este, não acha?

Selena franziu levemente o cenho, olhando para Lucian.

— Depois te explico — ele sussurrou entre os dentes, mantendo o olhar firme em Maedra.

Atrás dela, os dois filhos pareciam ainda mais arrogantes. O mais velho, Darian, usava um manto escuro e um medalhão de prata pendurado no peito. Os olhos dourados analisavam o salão com tédio.

Selisse, sua irmã, parecia da mesma idade de Selena. Seu vestido vermelho sangue chamava atenção, e o sorriso que lançou à rainha recém-coroada foi mais uma provocação do que cortesia.

— Que pena não podermos ficar — disse Maedra com teatralidade. — Mas fizemos questão de vir pessoalmente desejar sorte ao novo casal real.

Lucian soltou um suspiro pesado, os músculos do maxilar contraídos.

— Agradecemos sua... presença — respondeu, a palavra forçada em sua boca. — E seus votos, embora tardios. Mas é uma pena que tenham que ir tão cedo. Ainda temos muito a celebrar — disse, já dando um passo para a frente, como quem conduz o visitante até a porta.

Maedra riu.

— Não queremos incomodar. Imagino que estejam... exaustos da noite passada.

O comentário arrancou uma risadinha debochada de Selisse, que lançou um olhar malicioso a Selena.

Celeste, sentada ao lado, ergueu uma sobrancelha.

— Que gente desagradável — murmurou, e Selena teve que conter uma risada nervosa.

Antes de se virar, Maedra olhou para Lucian uma última vez e, com uma voz suave, mas cheia de veneno, acrescentou:

— É só uma pena, não é... que sua escolha de rainha não tenha vindo de sangue real. Minha Selisse, por exemplo, tem um sangue antigo, nobre. Uma escolha mais... apropriada para um trono.

O salão congelou. Um rosnado ecoou no peito de Lucian antes que ele pudesse conter.

— Você ousa... — começou ele, a voz carregada da fúria do lobo.

— Lucian... — Selena o segurou pelo braço, firme. — Não. Não aqui. Eles não valem isso.

A mão dele tremia, mas ele cedeu ao toque da companheira. O olhar que lançou a Maedra foi puro aço.

— Cuidado com o que diz... tia. E com os lugares onde pisa. Esta não é mais a sua corte. Este é o meu reino.

Maedra manteve o sorriso. Darian fez menção de falar algo, mas o olhar de Rylan foi o suficiente para silenciá-lo. O beta não havia parado de rosnar desde o primeiro segundo, e Caden, do outro lado da mesa, estava pronto para saltar.

— Vamos, crianças — disse Maedra, girando nos calcanhares. — Já vimos o suficiente.

Selisse lançou um último olhar a Selena antes de virar com o vestido arrastando no chão.

O grupo deixou o salão como havia chegado — com arrogância, com veneno, com promessas veladas de conflitos por vir.

Lucian soltou o ar lentamente e voltou a se sentar. Os ombros ainda estavam tensos.

— Agora você vai me contar quem diabos eram eles — disse Selena, ainda com a mão sobre o braço dele.

Lucian assentiu.

— E eu vou contar tudo. Você merece saber o que essa família fez… e do que ainda pode ser capaz.

Todos à mesa estavam em silêncio. A noite ainda não tinha acabado — mas já tinha deixado suas marcas.

O salão, aos poucos, recuperou o brilho e os risos que haviam sido interrompidos. Os convidados retomaram suas conversas, brindes foram erguidos, e a música voltou a preencher o ambiente com alegria e orgulho.

Selena foi cercada por membros da alcatéia e aliados que queriam parabenizá-la pela coroação. Sorrisos sinceros, abraços apertados e palavras calorosas se sucederam, e, por um tempo, a lembrança amarga da visita indesejada ficou em segundo plano.

Lucian, ao lado da companheira, fazia o possível para acompanhar o ritmo da celebração. Ele sorria, acenava e agradecia, mas sua expressão denunciava que, por dentro, a tempestade ainda rugia.

Rylan se aproximou dele, com Celeste ao lado.

— Não vai me dizer que vai deixar aquilo passar em branco? — murmurou o beta, discreto.

Lucian respondeu com os olhos fixos em Selena, que conversava animada com Leora.

— Ainda não — disse, baixo. — Mas o dia dela não vai ser manchado por sangue. Eles não vão tirá-la da luz que merece.

— Eu confio em você — disse Celeste suavemente. — E ela também.

Lucian assentiu. Mesmo com o sangue em ebulição, respirava fundo, buscando forças onde antes havia apenas raiva. Aquela noite era sobre Selena. Sobre o futuro. E ele não deixaria ninguém tirar isso dela.

Horas depois, o salão já esvaziava. Os últimos convidados se despediam com sorrisos e olhares emocionados. O céu lá fora estava pintado de estrelas, e a brisa noturna trazia um frescor acolhedor pelas varandas.

Lucian e Selena caminhavam pelos corredores em direção aos aposentos reais, cada um com um bebê nos braços.

Luke estava aninhado no colo de Lucian, adormecido com um suspiro leve. Lucy, de olhos entreabertos, brincava com um dos fios soltos do cabelo de Selena.

— Ela está lutando contra o sono — comentou Selena, sorrindo cansada.

— Já é guerreira como a mãe — respondeu Lucian, com um pequeno sorriso, embora seus olhos ainda refletissem uma sombra.

Chegaram aos aposentos e, juntos, colocaram os pequenos em seus berços. Selena cobriu Lucy com uma manta leve e ajeitou os fios dourados sobre a testa da bebê. Lucian ajeitou Luke, que resmungou baixinho, e sussurrou algo carinhoso ao filho.

Quando se afastaram dos berços, Selena fechou as portas de vidro que davam para a varanda e puxou Lucian pela mão até o sofá perto da lareira.

— Agora sim — disse ela, sentando-se ao lado dele. — Quer me contar?

Lucian passou as mãos pelo rosto, como quem tentava afastar os últimos vestígios de controle.

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