Erin ainda estava sentada na cama, processando a notícia de sua gravidez. Sua mente girava, e o peso da revelação deixava seu peito apertado.
Celeste e Isla estavam sentadas ao seu lado, enquanto Helena permanecia perto da porta, observando-a com carinho e paciência. — Então… — Celeste começou, inclinando-se para frente. — Como você conheceu o pai do bebê? Erin engoliu em seco, sentindo suas bochechas queimarem. — Bom… — Ela olhou para as irmãs, hesitante. — Foi em um bar… Isla arregalou os olhos, animada. — Um bar? Isso já está ficando interessante! Helena franziu levemente a testa, mas não disse nada. Erin sabia que sua mãe não a julgaria, mas ainda se sentia estranha contando aquela história. — Eu… — Erin respirou fundo. — Eu estava trabalhando no bar onde servia drinks e ele apareceu. Um homem alto, forte, de presença marcante. Eu juro, assim que bati os olhos nele, foi como se o ar tivesse ficado pesado. Celeste sorriu de canto. — Atração instantânea? Erin revirou os olhos. — Muito mais do que isso. Foi como se… como se ele tivesse um imã e eu fosse puxada sem conseguir evitar. Isla riu. — E como ele era? Erin passou a mão pelo rosto, ainda envergonhada. — Tinha um olhar intenso, daqueles que te fazem esquecer como se respira. Ele era incrivelmente bonito, mas tinha um ar perigoso… algo nele me atraía e assustava ao mesmo tempo. Celeste cruzou os braços, claramente intrigada. — E então? Erin mordeu o lábio. — Nós conversamos. A química era forte, impossível de ignorar. Ele era misterioso, sedutor… e antes que eu percebesse, estávamos… juntos. Ela abaixou a cabeça, o rosto pegando fogo. — Foi algo avassalador, como se eu estivesse em transe. Eu não conseguia pensar, não conseguia raciocinar. Se eu tivesse parado para refletir, talvez tivesse evitado ser apenas… um caso de uma noite. Isla e Celeste trocaram olhares, mas não pareciam convencidas. — Caso de uma noite? — Isla repetiu, arqueando a sobrancelha. — Eu não sei… — Exatamente — Celeste concordou. — Erin, você não acha estranho estar grávida dele? Erin franziu a testa. — Como assim? Celeste suspirou. — Lobas têm extrema dificuldade para engravidar de um parceiro que não seja o companheiro destinado. Isla completou: — E engravidar de um humano é praticamente impossível. Erin arregalou os olhos. — Mas… então como eu…? Helena, que estava ouvindo em silêncio, finalmente se aproximou. — Erin… você vem de uma linhagem alfa. Sua fertilidade é ainda mais rara do que a de uma loba comum. — O que isso significa? — Erin perguntou, a voz trêmula. Helena sorriu levemente. — Significa que esse homem, Lucian, não era apenas um estranho qualquer. Se você engravidou dele, as chances são de que ele é seu companheiro. O quarto ficou em silêncio. Erin sentiu o coração acelerar. — Meu… meu companheiro? Celeste assentiu. — Faz sentido. Se sua loba estivesse acordada naquela noite, você provavelmente teria sentido isso. Mas como você não sabia o que era, sua conexão ficou incompleta. Isla olhou para Erin com empolgação. — Você não quer descobrir quem ele realmente é? Erin passou a mão pelo rosto, confusa e assustada. — Eu… eu não sei… Helena segurou a mão da filha. — O que importa agora é que você não está sozinha. Estamos aqui para você. E naquele momento, Erin soube que, independentemente do que acontecesse, ela teria sua família ao seu lado. --- Lucian estava sentado em seu escritório, massageando as têmporas enquanto tentava ignorar a conversa ao seu redor. Rylan, seu beta, estava ao lado de sua companheira Alina, enquanto seu gama Damon discutia com sua companheira Lívia sobre os preparativos para o evento anual que Lucian desprezava: O Baile de Companheiros. — Precisamos definir o tema deste ano — Alina disse, empolgada. — No ano passado, foi um baile clássico, mas talvez devêssemos inovar desta vez. Lívia assentiu. — Algo mais dinâmico? Talvez uma caça sob a lua cheia antes do baile começar? Damon riu. — Isso faria alguns lobos ficarem mais interessados. Lucian suspirou pesadamente. — Vocês podem fazer o que quiserem. Apenas me deixem fora disso. Rylan revirou os olhos. — Você é o rei, Lucian. Sua presença não é opcional. Lucian bufou. — É sempre a mesma coisa. Lobas desesperadas tentando me seduzir, líderes tentando me empurrar suas filhas. Alina sorriu. — Talvez porque você já tenha 29 anos e ainda não tenha encontrado sua companheira. Lucian rosnou baixo. — Não preciso de ninguém me lembrando disso. Rylan o observou por um momento antes de falar. — Você ainda pensa naquela mulher? Lucian olhou para o beta, seus olhos dourados brilhando por um instante. — Eu não penso. Eu sei. Damon franziu a testa. — Seu lobo nunca confirmou… Lucian cruzou os braços. — Alguma coisa estava errada com a loba dela. Eu senti. Era como se ela estivesse bloqueada de mim. Os outros ficaram em silêncio, trocando olhares. — Então o que pretende fazer? — Rylan perguntou. Lucian se levantou, a determinação queimando dentro dele. — Encontrá-la. E nada no mundo o impediria.O escritório de Helena era um espaço acolhedor, repleto de livros, documentos e o aroma de chá de ervas. Erin estava sentada em uma poltrona confortável, acariciando distraidamente sua barriga arredondada de seis meses. A porta se abriu de repente, e Celeste e Isla entraram em meio a uma discussão animada. — Eu aposto que Erin vai querer as frutas que eu trouxe — Celeste disse, segurando um pratinho com pedaços coloridos de morango, manga e mirtilo. — Ah, por favor! — Isla revirou os olhos, segurando uma tigela de mingau de aveia fumegante. — Mingau é muito mais nutritivo! Helena, que estava sentada atrás da mesa, riu da pequena disputa. — Vocês duas agem como se pudessem prever os desejos de uma grávida — brincou. Erin, com um sorriso divertido, olhou para as irmãs e pegou as duas porções sem dizer nada. Em seguida, despejou as frutas dentro da tigela de mingau, misturando tudo. Celeste e Isla fizeram expressões de puro espanto. — Eca! — Isla fez uma careta. — Isso parece er
A lua cheia pairava sobre o céu límpido, iluminando o castelo da matilha real. Dentro dos muros de pedra imponentes, os preparativos para o grande baile estavam finalizados. O evento era aguardado com ansiedade por muitas fêmeas em busca de seus companheiros, mas para o rei, Lucian, aquilo era apenas uma formalidade exaustiva. Ele já sabia o que esperar: uma noite longa, cheia de lobas tentando seduzi-lo, esperando que fossem a escolhida de seu lobo.Mas aquela noite seria diferente.A uma hora dali, na matilha da Lua Escarlate, Erin e suas irmãs estavam quase prontas para partir. Isla resmungava enquanto prendia um grampo nos cabelos escuros.— Não é justo! Celeste e Erin já foram quando eram crianças, e eu nunca tive essa chance.— Isso porque você ainda não tinha nascido, sua tonta — Celeste zombou, ajeitando o vestido azul-claro que realçava seus olhos.— Na verdade, não é bem assim — Erin interveio, lançando um olhar curioso para a irmã mais nova. — Mamãe não sabia que estava grá
O caminho de volta para casa foi silencioso, apenas o som da respiração tranquila dos bebês preenchia o carro. Erin manteve os olhos fixos na estrada, mas seu coração estava inquieto. Isla, sentada ao seu lado, mantinha uma das mãos sobre a dela, um gesto simples, mas que transmitia todo o apoio de que Erin precisava.Quando finalmente chegaram à alcatéia, o sol já havia começado a se pôr, banhando tudo em tons dourados. Assim que a porta da casa se abriu, a emoção no rosto de sua mãe foi imediata. Os olhos marejaram, e um soluço escapou de seus lábios antes que ela pudesse conter a emoção.— Me perdoe, Erin — a voz dela era embargada. — Eu não estive ao seu lado quando você mais precisou...Erin engoliu em seco. Parte dela queria lembrar a mãe de todas as vezes que se sentiu sozinha, mas agora, olhando nos olhos dela, viu apenas arrependimento e amor. E isso bastava.— Você estará em todos os próximos momentos — Erin respondeu suavemente, puxando-a para um abraço apertado.A casa da
Seis meses haviam se passado desde o nascimento de Luke e Lucy, e a vida de Erin havia mudado completamente. Seus dias eram uma mistura de mamadeiras, fraldas, treinamentos e estudos. Ela sabia que viver entre lobos significava estar sempre alerta, e, como mãe, a prioridade máxima era proteger seus filhos.Seus treinamentos eram intensos. Ela aprimorava suas habilidades de combate, fortalecia seu vínculo com sua loba e aprendia mais sobre a política entre as matilhas. No entanto, por mais ocupada que estivesse, sua mente, de vez em quando, a traía.Lucian.O nome dele ecoava em sua mente nos momentos mais silenciosos da noite, quando os bebês finalmente dormiam e ela se permitia deitar, exausta. Será que ele pensava nela? Será que imaginava reencontrá-la algum dia? Será que ele sentia a falta deles do mesmo jeito que ela sentia?Sua loba, sempre atenta às suas emoções, decidiu se manifestar."A Deusa da Lua tem seus planos, Erin. No momento certo, ela trará nosso companheiro de volta
A Alcatéia do Rio Sombrio sempre foi pequena, mas resistente. Localizada em uma região isolada, era o lar de lobos que preferiam a tranquilidade ao caos político das grandes alcatéias. No entanto, a paz havia sido perturbada por ataques de renegados misteriosos. Alina e seu companheiro, o beta Rylan, haviam passado uma semana investigando, patrulhando dia e noite ao lado do alfa local, Darius, e seus guerreiros. Nenhum sinal dos invasores… até o último dia. O vento cortava a mata escura, farfalhando as folhas. Alina caminhava ao lado de Rylan, sentindo o cheiro úmido da floresta após a chuva da tarde. — Acho que voltaremos para o palácio sem respostas — comentou Alina, seu tom carregado de frustração. Rylan suspirou. — Se os renegados quiserem atacar, eles fazem isso de forma imprevisível. Pode ser que só estejamos um passo atrás deles. Alina assentiu, mas sua loba estava inquieta. Foi então que um estalo ecoou na floresta. Rylan parou de imediato, os olhos dourados br
A lua cheia pairava sobre a Alcatéia do Rio Sombrio quando Lucian e Caden chegaram com um grupo de guerreiros. A viagem foi silenciosa, pesada. Todos sabiam que não estavam apenas ali para exterminar renegados, mas para trazer Alina de volta para casa—mesmo que apenas seu corpo.O cheiro de sangue impregnava o ar. Corpos de renegados estavam espalhados pelo campo de batalha, suas carcaças dilaceradas sem piedade. Não havia sobreviventes.Lucian olhou para o caos ao redor, os olhos brilhando em fúria. Ele não precisou perguntar o que aconteceu.Rylan estava de pé no centro do massacre, coberto de sangue, a respiração pesada. Seus olhos, antes vivos, agora estavam vazios.Caden foi o primeiro a se aproximar, colocando a mão no ombro do beta.— Rylan…O lobo apenas fechou os olhos e soltou um suspiro trêmulo.— Eles se foram. Todos eles.— Você… os matou sozinho? — Lucian perguntou, cruzando os braços.Rylan assentiu lentamente.— Eles não mereciam viver.Nenhum dos guerreiros questionou
O sol matinal lançava raios dourados sobre a casa principal da Alcatéia da Lua Escarlate quando Helena abriu seu e-mail e seus olhos pousaram no convite oficial para o Baile dos Companheiros. O evento anual que tantas jovens lobas esperavam havia sido cancelado no ano anterior devido ao luto da matilha real, mas agora, depois de um período difícil, ele voltaria a acontecer.Seu coração acelerou. Sem hesitar, confirmou a presença da família e fechou o laptop.Respirando fundo, ela sorriu ao pensar na reação de suas filhas.Saindo apressada da sala, Helena percorreu a casa em busca das meninas, até encontrá-las no jardim. Erin estava sentada na grama brincando com Luke e Lucy, enquanto suas irmãs, Celeste e Isla, observavam, trocando risadas.— Meninas! — Helena chamou, sua voz carregada de emoção.Elas se viraram de imediato, notando o brilho nos olhos da mãe.— O que foi, mãe? — Celeste perguntou, curiosa.Sem dizer nada, Helena levantou o tablet e mostrou a tela.— Este ano, o Baile
Erin / SelenaO sol mal havia tocado a janela do meu quarto quando os primeiros resmungos de Luke me despertaram. Sorri. Dois anos. Meus pequenos estavam completando dois anos hoje, e parecia que foi ontem que os segurei pela primeira vez nos braços, sem saber o que fazer, sem saber se conseguiria... mas aqui estávamos nós.Levantei e peguei Luke no colo, beijando sua bochecha quente e bagunçando seu cabelo escuro. Logo depois, Lucy também acordou, e com aquele jeitinho doce e esperto, estendeu os bracinhos pedindo colo. Nossa rotina matinal começou com mamadeiras, trocas de fraldas, roupinhas limpas e brinquedos espalhados. Eu fazia tudo isso com o coração cheio. Era exaustivo, sim. Mas era nosso.Assim que consegui deixar os dois felizes brincando com seus bichinhos, desci até a cozinha onde minha mãe, Helena, já preparava o café da manhã. A mesa estava posta, e o cheiro de pão assado e chá de hortelã preenchia o ar. Sentei-me ao seu lado com um suspiro de alívio.— Hoje... além do