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Capítulo 7 - Escolhas e Destinos

O escritório de Helena era um espaço acolhedor, repleto de livros, documentos e o aroma de chá de ervas. Erin estava sentada em uma poltrona confortável, acariciando distraidamente sua barriga arredondada de seis meses.

A porta se abriu de repente, e Celeste e Isla entraram em meio a uma discussão animada.

— Eu aposto que Erin vai querer as frutas que eu trouxe — Celeste disse, segurando um pratinho com pedaços coloridos de morango, manga e mirtilo.

— Ah, por favor! — Isla revirou os olhos, segurando uma tigela de mingau de aveia fumegante. — Mingau é muito mais nutritivo!

Helena, que estava sentada atrás da mesa, riu da pequena disputa.

— Vocês duas agem como se pudessem prever os desejos de uma grávida — brincou.

Erin, com um sorriso divertido, olhou para as irmãs e pegou as duas porções sem dizer nada. Em seguida, despejou as frutas dentro da tigela de mingau, misturando tudo.

Celeste e Isla fizeram expressões de puro espanto.

— Eca! — Isla fez uma careta.

— Isso parece errado em tantos níveis… — Celeste acrescentou.

Helena riu ainda mais alto ao ver os rostos das filhas.

— Aproveitem para rir agora — disse, divertida. — Porque quando for a vez de vocês, vão ter os mesmos desejos estranhos.

Erin saboreou a mistura e olhou para as irmãs com um sorriso maroto.

— Vocês não sabem o que estão perdendo.

Depois que terminaram de rir e Erin limpou as mãos com um guardanapo, seu semblante ficou sério.

— Tem algo que preciso contar para vocês.

Celeste e Isla pararam imediatamente de brincar.

— O que foi? — Celeste perguntou, preocupada.

Erin respirou fundo.

— Como acontece todos os anos, recebi um convite do palácio para o Baile de Companheiros. Ele vai acontecer em dois meses.

Celeste e Isla trocaram olhares.

— E como todos os anos, vamos recusar, certo? — Isla disse, esperando a confirmação.

Helena suspirou e se levantou da cadeira.

— Na verdade, não. Desta vez, acho que devemos ir.

O silêncio tomou conta do escritório.

Celeste e Isla pareciam ter ouvido errado.

— O quê? — Celeste arregalou os olhos.

— Mãe, você recusa esse convite há anos! — Isla exclamou.

Helena cruzou os braços e olhou para as três filhas com seriedade.

— Por muitos anos, usamos nosso luto como justificativa para nos afastarmos do mundo. Perdemos nosso alfa, Erin desapareceu, e a Matilha da Lua Escarlate se isolou. Mas não estamos mais de luto. Erin voltou para nós. E, por mais que tenhamos nos fechado para o mundo, ele ainda continua girando.

Celeste e Isla ouviram em silêncio, absorvendo as palavras.

— Vocês duas precisam estar abertas para encontrar seus companheiros — Helena continuou. — E Erin… você tem uma chance de reencontrar o seu.

Os olhos de Erin se arregalaram.

— Você realmente acha que ele vai estar lá?

Helena deu um pequeno sorriso.

— Se ele for realmente seu companheiro, o destino vai dar um jeito de colocar vocês frente a frente novamente.

Celeste e Isla não tinham argumentos contra isso. A mãe delas estava certa. O isolamento não podia durar para sempre.

— Então está decidido? — Erin perguntou.

Helena assentiu.

— Sim. Este ano, a Matilha da Lua Escarlate comparecerá ao baile.

---

O grande salão do palácio estava em constante movimento. Criados, organizadores e conselheiros circulavam, discutindo os detalhes do evento mais importante do ano: o Baile de Companheiros.

Lucian estava sentado à mesa de seu escritório, revendo uma longa lista de convidados ao lado de seu beta, Rylan, e seu gama, Damon.

— O convite para a Matilha da Lua Escarlate foi enviado? — Lucian perguntou sem tirar os olhos do papel.

Rylan assentiu.

— Sim, eu mesmo cuidei disso.

Lucian largou a caneta sobre a mesa e se recostou na cadeira.

O nome daquela matilha trazia lembranças amargas.

A Guerra.

Depois da traição do meio-irmão de seu pai, o reino mergulhou no caos. Seu pai e sua mãe foram assassinados. A guerra devastou inúmeras matilhas, mas nenhuma sofreu tanto quanto a Matilha da Lua Escarlate.

Seu alfa, um homem de honra, deu a vida para salvar Lucian em batalha.

E, junto com ele, sua pequena filha desapareceu.

Lucian fechou os olhos por um momento, recordando os dias antes da guerra. Lembrava-se de duas meninas correndo pelo palácio sempre que seus pais vinham tratar de assuntos com o rei.

Celeste e Selena.

Desde aquele dia fatídico, nunca mais as viu. Nem a mãe delas, nem ninguém da matilha. A Lua Escarlate se isolou completamente do mundo.

Lucian abriu os olhos, sua expressão sombria.

— Eles responderam ao convite?

Damon verificou a correspondência recém-chegada. Ele folheou os e-mails até encontrar a resposta da Matilha da Lua Escarlate.

Ele leu em silêncio antes de erguer os olhos para Lucian.

— Sim. Eles confirmaram presença.

Lucian sentiu um frio na espinha.

Depois de tantos anos, os sobreviventes da matilha voltariam ao palácio.

Rylan percebeu a tensão no ar.

— Você acha que ela…

Lucian o interrompeu com um olhar severo.

— Não vamos criar expectativas. Muitas coisas mudaram.

Rylan apertou os lábios.

— Você não deve se culpar pelo que aconteceu.

Lucian respirou fundo.

— Eu sei. Mas isso não impede que eu lembre.

Damon pigarreou e colocou alguns papéis de lado.

— Bem, então temos algo novo para nos preparar. A Matilha da Lua Escarlate estará no baile.

Lucian assentiu lentamente.

E, pela primeira vez em anos, sentiu que algo estava prestes a mudar.

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