A Alcatéia do Rio Sombrio sempre foi pequena, mas resistente. Localizada em uma região isolada, era o lar de lobos que preferiam a tranquilidade ao caos político das grandes alcatéias. No entanto, a paz havia sido perturbada por ataques de renegados misteriosos.

Alina e seu companheiro, o beta Rylan, haviam passado uma semana investigando, patrulhando dia e noite ao lado do alfa local, Darius, e seus guerreiros. Nenhum sinal dos invasores… até o último dia.

O vento cortava a mata escura, farfalhando as folhas. Alina caminhava ao lado de Rylan, sentindo o cheiro úmido da floresta após a chuva da tarde.

— Acho que voltaremos para o palácio sem respostas — comentou Alina, seu tom carregado de frustração.

Rylan suspirou.

— Se os renegados quiserem atacar, eles fazem isso de forma imprevisível. Pode ser que só estejamos um passo atrás deles.

Alina assentiu, mas sua loba estava inquieta.

Foi então que um estalo ecoou na floresta.

Rylan parou de imediato, os olhos dourados brilhando na escuridão.

— Você ouviu isso?

Alina já estava em posição de luta.

— Sim. Algo está nos observando.

De repente, tudo aconteceu rápido demais.

Lobos renegados surgiram das sombras, atacando com precisão mortal. Eles eram selvagens, sem marca de alcatéia, cobertos de cicatrizes e fúria.

— Ataque! — rugiu Alina, chamando reforços da alcatéia.

O som dos uivos de alarme ecoou pela floresta. Em segundos, os guerreiros locais chegaram, engajando-se na batalha.

Alina se moveu com destreza, desviando de um golpe e contra-atacando com suas garras. Rylan lutava ao seu lado, feroz como sempre, protegendo sua companheira enquanto atacava qualquer renegado que se aproximasse.

Mas então, um uivo de dor rasgou o ar.

Rylan sentiu uma dor cortante em seu peito, uma dor que não era física, mas vinha do vínculo de alma. Ele se virou a tempo de ver Alina cambaleando, os olhos arregalados de surpresa e dor.

Um renegado estava atrás dela, suas garras manchadas de sangue.

— ALINA! — Rylan gritou, movendo-se rápido demais, mas não o suficiente.

O renegado cravou suas garras na garganta de Alina e a dilacerou antes que ela pudesse reagir.

Seus olhos encontraram os de Rylan por um instante.

Havia dor. Havia um pedido de desculpas silencioso.

E então, sua luz se apagou.

O mundo de Rylan desmoronou.

O lobo dentro dele rugiu de fúria e desespero. Ele se lançou sobre o assassino de sua companheira, suas garras rasgando carne e ossos sem misericórdia. O renegado nem teve tempo de reagir antes de ser destroçado.

Mas era tarde demais.

O alfa Darius chegou junto com mais guerreiros. Ele viu o corpo de Alina caído ao chão e o olhar selvagem de Rylan, que respirava pesadamente, coberto de sangue.

— Rylan… — Darius se aproximou, seu tom mais suave agora.

O beta não respondeu. Seu corpo tremia, e de repente, a dor o atingiu como uma lâmina.

Ele caiu de joelhos ao lado de Alina, segurando sua mão já sem vida.

— Alina… — sussurrou, antes de tudo escurecer.

Ele desmaiou, consumido pela dor da perda.

Lucian estava no salão, analisando estratégias de defesa com seu gama, Caden quando um uivo de luto ecoou pelo ar.

Era um som que paralisava qualquer lobo.

Um chamado de tristeza. De perda.

Caden congelou ao lado de Lucian.

— Não… — murmurou, já sentindo o nó na garganta.

Lucian se levantou de imediato. Seu olhar estava sombrio, seu peito pesado. Ele reconhecia aquele som. Era o uivo que anunciava a morte da companheira de um lobo.

— Quem foi? — sua voz era um rosnado contido.

A porta se abriu com violência, e uma guerreira entrou apressada.

— Alina, alfa… Ela se foi.

O silêncio caiu sobre a sala.

Lucian fechou os olhos por um momento. Sua beta, sua guerreira leal… morta.

Caden engoliu em seco.

— E Rylan?

— Desmaiado. O alfa da Alcatéia do Rio Sombrio está cuidando dele, mas… ele está destruído.

Lucian socou a mesa.

— Preparem os guerreiros. Vamos para lá imediatamente.

Ele não deixaria a morte de Alina ser em vão.

E os renegados pagariam caro por isso.