Seis meses haviam se passado desde o nascimento de Luke e Lucy, e a vida de Erin havia mudado completamente. Seus dias eram uma mistura de mamadeiras, fraldas, treinamentos e estudos. Ela sabia que viver entre lobos significava estar sempre alerta, e, como mãe, a prioridade máxima era proteger seus filhos.
Seus treinamentos eram intensos. Ela aprimorava suas habilidades de combate, fortalecia seu vínculo com sua loba e aprendia mais sobre a política entre as matilhas. No entanto, por mais ocupada que estivesse, sua mente, de vez em quando, a traía. Lucian. O nome dele ecoava em sua mente nos momentos mais silenciosos da noite, quando os bebês finalmente dormiam e ela se permitia deitar, exausta. Será que ele pensava nela? Será que imaginava reencontrá-la algum dia? Será que ele sentia a falta deles do mesmo jeito que ela sentia? Sua loba, sempre atenta às suas emoções, decidiu se manifestar. "A Deusa da Lua tem seus planos, Erin. No momento certo, ela trará nosso companheiro de volta para nós. E então, criaremos nossos filhotes juntos." Erin fechou os olhos e suspirou. — Espero que esteja certa… — murmurou. Felizmente, ela não estava sozinha. Sua mãe, Helena, sempre estava por perto para ajudá-la com os bebês. Celeste, sua irmã gêmea, era seu pilar, dividindo as responsabilidades sempre que podia. E Isla, sua irmã mais nova, se tornou uma tia dedicada, ajudando a cuidar dos sobrinhos com todo carinho do mundo. Mesmo com suas dúvidas, Erin seguia sua rotina, determinada a se tornar forte. --- Enquanto isso, no palácio, Lucian tentava ocupar sua mente com algo diferente. Ele não podia estar com seus filhos, mas isso não significava que não poderia fazer algo por eles. Por isso, passou os últimos dias montando um quarto perfeito para Luke e Lucy. Cada detalhe era escolhido com cuidado – desde as cores suaves até os móveis mais confortáveis. Ele se pegou sorrindo ao imaginar seus bebês dormindo ali, brincando entre os móveis que ele escolhera. Mas quando chegou a hora da decoração, percebeu que precisava de ajuda. — Alina, Lívia — chamou suas betas femininas. As duas lobas entraram no quarto e observaram os móveis e a disposição do espaço. — Parece que alguém está bem empenhado — Alina comentou, cruzando os braços e analisando a sala. — Queremos que os bebês se sintam confortáveis, não é? — Lívia sorriu. Lucian suspirou. — Eu quero que eles tenham um lugar aqui… para quando estiverem comigo. As duas trocaram um olhar rápido. Elas sabiam que ele sentia a ausência dos filhos mais do que demonstrava. — Vamos ajudá-lo a decorar. Mas aviso desde já, vai ter algo fofinho e colorido aqui. Nada de cores sóbrias — Alina brincou. Lucian apenas assentiu, sem energia para contestar. Elas começaram a discutir as opções, escolhendo tecidos macios, pequenos enfeites e detalhes que dariam um ar aconchegante ao quarto. Mas no meio do processo, uma conexão mental interrompeu tudo. "Alfa, uma matilha foi atacada por renegados. Precisamos de sua atenção imediatamente." Lucian fechou os olhos e apertou os punhos. Ele não queria lidar com isso agora. — Alina, vá chamar o beta e resolvam esse problema com os renegados. Ela hesitou por um momento, mas logo assentiu e saiu rapidamente para encontrar seu companheiro. Lucian passou a mão pelo rosto, exausto. Ele queria apenas terminar o quarto dos seus filhos. Mas o mundo ao seu redor insistia em puxá-lo de volta para a guerra e o caos. Ele olhou ao redor do quarto e sentiu um aperto no peito. "Onde vocês estão, Luke e Lucy? Será que algum dia vão dormir aqui?" O pensamento o atormentava. Mas se a Deusa tinha seus planos, então tudo que ele podia fazer era esperar. E lutar para que, quando o momento certo chegasse, estivesse pronto para ser o pai que seus filhos precisavam.A Alcatéia do Rio Sombrio sempre foi pequena, mas resistente. Localizada em uma região isolada, era o lar de lobos que preferiam a tranquilidade ao caos político das grandes alcatéias. No entanto, a paz havia sido perturbada por ataques de renegados misteriosos. Alina e seu companheiro, o beta Rylan, haviam passado uma semana investigando, patrulhando dia e noite ao lado do alfa local, Darius, e seus guerreiros. Nenhum sinal dos invasores… até o último dia. O vento cortava a mata escura, farfalhando as folhas. Alina caminhava ao lado de Rylan, sentindo o cheiro úmido da floresta após a chuva da tarde. — Acho que voltaremos para o palácio sem respostas — comentou Alina, seu tom carregado de frustração. Rylan suspirou. — Se os renegados quiserem atacar, eles fazem isso de forma imprevisível. Pode ser que só estejamos um passo atrás deles. Alina assentiu, mas sua loba estava inquieta. Foi então que um estalo ecoou na floresta. Rylan parou de imediato, os olhos dourados br
A lua cheia pairava sobre a Alcatéia do Rio Sombrio quando Lucian e Caden chegaram com um grupo de guerreiros. A viagem foi silenciosa, pesada. Todos sabiam que não estavam apenas ali para exterminar renegados, mas para trazer Alina de volta para casa—mesmo que apenas seu corpo.O cheiro de sangue impregnava o ar. Corpos de renegados estavam espalhados pelo campo de batalha, suas carcaças dilaceradas sem piedade. Não havia sobreviventes.Lucian olhou para o caos ao redor, os olhos brilhando em fúria. Ele não precisou perguntar o que aconteceu.Rylan estava de pé no centro do massacre, coberto de sangue, a respiração pesada. Seus olhos, antes vivos, agora estavam vazios.Caden foi o primeiro a se aproximar, colocando a mão no ombro do beta.— Rylan…O lobo apenas fechou os olhos e soltou um suspiro trêmulo.— Eles se foram. Todos eles.— Você… os matou sozinho? — Lucian perguntou, cruzando os braços.Rylan assentiu lentamente.— Eles não mereciam viver.Nenhum dos guerreiros questionou
O sol matinal lançava raios dourados sobre a casa principal da Alcatéia da Lua Escarlate quando Helena abriu seu e-mail e seus olhos pousaram no convite oficial para o Baile dos Companheiros. O evento anual que tantas jovens lobas esperavam havia sido cancelado no ano anterior devido ao luto da matilha real, mas agora, depois de um período difícil, ele voltaria a acontecer.Seu coração acelerou. Sem hesitar, confirmou a presença da família e fechou o laptop.Respirando fundo, ela sorriu ao pensar na reação de suas filhas.Saindo apressada da sala, Helena percorreu a casa em busca das meninas, até encontrá-las no jardim. Erin estava sentada na grama brincando com Luke e Lucy, enquanto suas irmãs, Celeste e Isla, observavam, trocando risadas.— Meninas! — Helena chamou, sua voz carregada de emoção.Elas se viraram de imediato, notando o brilho nos olhos da mãe.— O que foi, mãe? — Celeste perguntou, curiosa.Sem dizer nada, Helena levantou o tablet e mostrou a tela.— Este ano, o Baile
Erin / SelenaO sol mal havia tocado a janela do meu quarto quando os primeiros resmungos de Luke me despertaram. Sorri. Dois anos. Meus pequenos estavam completando dois anos hoje, e parecia que foi ontem que os segurei pela primeira vez nos braços, sem saber o que fazer, sem saber se conseguiria... mas aqui estávamos nós.Levantei e peguei Luke no colo, beijando sua bochecha quente e bagunçando seu cabelo escuro. Logo depois, Lucy também acordou, e com aquele jeitinho doce e esperto, estendeu os bracinhos pedindo colo. Nossa rotina matinal começou com mamadeiras, trocas de fraldas, roupinhas limpas e brinquedos espalhados. Eu fazia tudo isso com o coração cheio. Era exaustivo, sim. Mas era nosso.Assim que consegui deixar os dois felizes brincando com seus bichinhos, desci até a cozinha onde minha mãe, Helena, já preparava o café da manhã. A mesa estava posta, e o cheiro de pão assado e chá de hortelã preenchia o ar. Sentei-me ao seu lado com um suspiro de alívio.— Hoje... além do
O salão estava impecável. As enormes portas douradas se abriram, e fomos conduzidas para dentro por um dos organizadores do baile. Lustres majestosos iluminavam o espaço, enquanto uma orquestra tocava uma melodia suave e elegante. Cada detalhe da decoração exalava sofisticação — flores brancas e douradas enfeitavam as mesas, e um tapete aveludado percorria o centro do salão até o trono real, onde em breve o rei alfa faria sua entrada.Ao nosso lado, Isla soltou um assobio baixo.— Isso é muito mais bonito do que eu imaginava. Vocês têm certeza que a gente pertence a esse lugar? — brincou, com um sorriso malicioso.— Isla, comporte-se. — Celeste revirou os olhos, tentando conter o riso.Seguimos até nossa mesa, localizada em uma posição de destaque, bem próxima da mesa real. Isso chamou nossa atenção. Por que estávamos sentadas ali? Antes que pudéssemos comentar, os murmúrios começaram ao nosso redor.— Olhe, são elas!— A filha perdida da Luna Helena e do Alfa Luke… eu achava que ela
(Perspectiva de Lucian)O dia começou como qualquer outro. Acordei cedo, treinei um pouco antes do café da manhã e segui para a sala de refeições do palácio. Como de costume, Caden e sua companheira já estavam lá, e, para minha surpresa, Rylan também. Ele parecia um pouco melhor do que nos dias anteriores.— Bom dia. — Cumprimentei, sentando-me à mesa.— Bom dia, Majestade. — Caden respondeu com um leve sorriso.— Lucian. — Corrigi, sem paciência para formalidades entre amigos.Rylan apenas assentiu, pegando um pedaço de pão.— Você está melhor hoje. — Observei, pegando minha xícara de café.Ele suspirou, olhando para a bebida quente à sua frente.— Alguns dias são mais fáceis que outros.Ninguém o pressionou. Era bom vê-lo participando, mesmo que com poucas palavras. Caden e sua companheira conversavam sobre os preparativos para o baile, enquanto Rylan apenas ouvia, de vez em quando fazendo algum comentário breve. Era um começo.O restante do dia passou com as responsabilidades de se
(Perspectiva de Lucian)O salão do baile estava iluminado com lustres dourados, refletindo um brilho quente sobre os convidados que conversavam e brindavam. O cheiro de perfumes caros e especiarias se misturava ao ar, enquanto a música suave tocava ao fundo.Ao lado de Rylan, entrei no salão com a postura ereta, como um rei deveria. Mas no momento em que meus olhos percorreram a multidão, senti algo diferente.Meu lobo rugiu dentro de mim.Era um chamado primitivo, uma necessidade que quase me fez perder o fôlego.E então, eu a vi.No instante em que nossos olhares se cruzaram, tudo ao meu redor desapareceu. A música, as vozes, as luzes, nada mais existia. Apenas ela.O tempo não havia apagado sua beleza. Pelo contrário, parecia que a lua havia banhado cada traço seu, tornando-a ainda mais deslumbrante. Seu vestido realçava suas curvas, e seus olhos brilhavam com algo que eu não sabia decifrar.Depois de quase três anos.Depois de noites em claro, me perguntando onde ela estava.Depoi
(Perspectiva de Rylan e Celeste) O salão de baile fervilhava com murmúrios e olhares curiosos. O retorno da filha perdida da Luna Helena já era um evento marcante, mas outra cena chamava a atenção de alguns convidados. Rylan parou no meio do caminho para sua mesa, o coração acelerado como se tivesse levado um golpe invisível. Seus olhos haviam se fixado na mulher sentada à mesa próxima, e algo dentro dele rugiu em reconhecimento. A mulher o encarava de volta, a incerteza dançando em seus olhos castanhos. Sem perceber que havia prendido a respiração, ele viu quando ela se levantou hesitante e caminhou em sua direção. Rylan não precisou perguntar. Seu lobo já sabia. Companheira. A palavra ecoou em sua mente como um trovão. Ela parou diante dele, os lábios se entreabrindo, como se quisesse falar algo, mas não soubesse por onde começar. Tomando cuidado para não assustá-la, Rylan estendeu a mão e tocou seu braço levemente. — Gostaria de conversar? A sós? — Sua voz saiu baixa, sua