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Capítulo 2 - O Rei e a Desaparecida

O sol ainda não havia surgido completamente quando Erin abriu os olhos.

Por um momento, ela não reconheceu onde estava. Lençóis macios, um colchão absurdamente confortável, um aroma amadeirado e masculino preenchendo o ar. Então, a memória da noite passada a atingiu como um raio.

Lucian.

Ela virou a cabeça devagar e viu o homem dormindo ao seu lado. Mesmo adormecido, ele exalava poder. O lençol cobria parte de seu corpo, mas ela podia ver os músculos definidos, os traços fortes, a pele quente contra a luz fraca do amanhecer.

Seu coração acelerou.

O que diabos ela tinha feito?

Uma onda de pânico tomou conta dela. Ela nunca tinha feito algo assim. Passara a vida toda se protegendo, construindo barreiras para que ninguém se aproximasse. E agora… havia se entregado a um estranho.

Um estranho que, claramente, era rico.

Seus olhos percorreram o quarto luxuoso. O lustre no teto, os móveis de design sofisticado, a vista imponente da cidade. Ele não era um lobo comum. Não era um cliente qualquer do bar.

E, se era rico e poderoso, o que ele realmente queria?

"Provavelmente só queria um sexo rápido," pensou amargamente. "E ao amanhecer, me dispensaria como se eu não fosse nada."

A ideia de esperar por isso era insuportável.

Silenciosamente, Erin deslizou para fora da cama. Pegou suas roupas espalhadas pelo chão e as vestiu o mais rápido possível, sem nem olhar para trás. Cada célula do seu corpo gritava para que fugisse antes que ele acordasse.

Ela abriu a porta do quarto e saiu apressada. O hotel estava silencioso, quase vazio naquele horário. Erin não se deu ao trabalho de esperar pelo elevador; desceu as escadas correndo, sentindo o coração disparado no peito.

Quando finalmente saiu pela porta principal, o ar frio da manhã a envolveu.

Ela cruzou a rua sem pensar, os pensamentos confusos demais para perceber o carro se aproximando.

O som do motor veio tarde demais.

Frenagem brusca. O impacto contra seu corpo.

O mundo girou antes que a escuridão a envolvesse.

A motorista saiu do carro em pânico.

— Meu Deus! — murmurou, correndo até a jovem caída no asfalto.

Erin respirava. Seu rosto estava pálido, os cabelos emaranhados sobre a pele. Algumas escoriações nos braços e pernas, mas nada grave. Ela parecia apenas… desacordada.

A mulher se abaixou, os olhos examinando cada detalhe da garota. E então, sua respiração falhou.

Era impossível.

Ela era a cópia exata de sua irmã mais velha.

O choque a paralisou por um segundo. Mas não havia tempo para perguntas. Não ali.

Olhou ao redor. A rua ainda estava vazia, o dia apenas começando.

Sem pensar duas vezes, abriu a porta do carro e cuidadosamente colocou Erin no banco traseiro. Com o coração disparado, entrou no veículo e acelerou, saindo dali antes que alguém pudesse ver.

Ela precisava de respostas.

E algo lhe dizia que essa garota as traria.

---

Lucian se virou na cama, ainda meio sonolento.

A mão procurou o corpo quente ao seu lado.

O vazio o despertou completamente.

Ele abriu os olhos e encontrou a cama vazia. O cheiro de Erin ainda impregnava os lençóis, mas ela… se foi.

Uma onda de raiva e frustração cresceu dentro dele.

Ela fugiu.

E isso não deveria ser possível.

Lucian era um rei. O alfa dos alfas. Ele nunca era deixado para trás.

Seu humor escureceu instantaneamente.

Pegou o celular e discou um número.

— Encontrem-me na sala de estar em dez minutos.

Ele não precisou dizer mais nada.

Do outro lado da linha, dois homens despertaram instantaneamente.

---

Na suíte ao lado, Rylan, o beta de Lucian, saiu da cama como se tivesse sido atingido por um choque. Sua companheira, Alina, resmungou sonolenta.

— O que houve?

— O rei está de mau humor. — Ele já estava vestindo a calça.

Ela suspirou, sentindo o cheiro da tensão no ar.

— Tome cuidado.

Ele lhe deu um beijo rápido antes de sair.

Em outro quarto, Caden, o gama, já estava de pé. Sua companheira, Livia, arqueou uma sobrancelha.

— Isso é sério?

Ele vestiu a camisa, os olhos sombrios.

— Se o rei nos chama a essa hora, é porque algo aconteceu.

Livia nada disse. Apenas assistiu enquanto ele deixava o quarto apressado.

Os dois lobos atravessaram os corredores do hotel, sentindo a aura carregada do alfa antes mesmo de chegarem à sala de estar.

Quando entraram, Lucian já os esperava.

Os olhos dourados estavam sombrios, um brilho predatório emanando dele.

— Ela fugiu. — Sua voz era fria como gelo.

Os dois lobos se entreolharam.

Rylan quebrou o silêncio primeiro.

— Erin?

Lucian rosnou.

— Quero que a encontrem. Agora.

Caden hesitou.

— Você acha que ela fugiu por medo?

Lucian passou uma mão pelos cabelos, frustrado.

— Não importa o motivo. Quero essa garota de volta.

Os dois assentiram.

O rei nunca exigia algo sem razão.

E se ele queria Erin, então encontrá-la se tornava prioridade máxima.

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