Rylan e Caden estavam sentados na luxuosa sala de estar da suíte do hotel, observando o rei com cautela.
Lucian andava de um lado para o outro, visivelmente irritado. — Então… — Rylan começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Quem é Erin? Lucian parou e lançou um olhar afiado para ele. — Isso não é da sua conta. Caden trocou um olhar rápido com Rylan antes de tentar outra abordagem. — Certo, mas… você quer que a encontremos. Isso significa que ela é importante. Só precisamos entender o quão importante. Lucian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, controlando a frustração. — Eu não sei quem ela é. Mas… ela é minha. Rylan e Caden franziram a testa ao mesmo tempo. — Sua… como? — Rylan perguntou, cruzando os braços. Lucian não respondeu de imediato. O silêncio prolongado apenas aumentou a tensão no ar. — Apenas encontrem-na — ele ordenou, a voz firme, deixando claro que não havia mais espaço para perguntas. Os dois assentiram, sabendo que o rei raramente ficava tão perturbado com alguém. Erin definitivamente não era apenas mais uma mulher. Mas quem ela realmente era? --- A consciência retornou lentamente para Erin. Primeiro, ela sentiu a maciez do colchão sob seu corpo. Depois, percebeu o aroma no ar, uma mistura de lavanda e madeira. Abriu os olhos, piscando contra a luz suave que iluminava o quarto. O lugar era lindo, com móveis elegantes e janelas enormes que deixavam a luz do amanhecer entrar. Certamente não era um hospital, mas também não era seu pequeno quarto apertado nos fundos do bar. Ela tentou se mover e gemeu ao sentir um leve desconforto nas pernas e braços. Sua mente começou a juntar os pedaços… O hotel. A fuga. O carro. Ela foi atropelada. Antes que pudesse processar tudo, a porta do quarto se abriu, e três mulheres entraram, todas sorrindo. A mais nova, com olhos brilhantes e cabelo longo, foi a primeira a se aproximar. — Você acordou! Graças à Deusa, fiquei com tanto medo! A mulher mais velha, de cabelos escuros salpicados de fios grisalhos, também sorriu, mas havia algo melancólico em seu olhar. A terceira mulher, que parecia estar na faixa dos vinte e poucos anos, apenas observava Erin atentamente, como se tentasse memorizar cada detalhe de sua aparência. A mais nova continuou animada: — Eu sou Isla, e, antes de mais nada, preciso pedir desculpas. Eu… eu fui a idiota que te atropelou. Mas, por favor, acredite em mim, foi sem intenção! Você simplesmente apareceu no meio da rua, do nada! Erin piscou algumas vezes, confusa com a energia da garota. — Bom… — ela suspirou, tentando ignorar o incômodo no corpo. — Já tive uma aparência melhor quando não sou atropelada. As três mulheres riram, e por um instante, o clima tenso se desfez. A mulher mais velha se aproximou um pouco mais. — Você está se sentindo bem, querida? Erin olhou para ela e notou a preocupação genuína em seus olhos. — Estou bem. Só um pouco dolorida. Mas não se preocupe, eu não culpo sua filha pelo acidente. O sorriso da mulher se suavizou, mas seu olhar continuou intenso. — Meu nome é Helena — ela disse, a voz firme, mas gentil. — E sou a Luna desta alcateia. Alcateia? O coração de Erin deu um salto. Ela sabia que lobisomens existiam — afinal, trabalhava em um bar frequentado por eles — mas nunca tinha se envolvido com nenhum. Helena continuou, sua voz carregada de emoção. — E, minha querida, eu não estou preocupada com a culpa da minha filha pelo atropelamento. Estou feliz por você estar aqui. Erin franziu a testa. — Hum… eu… não quero incomodar ninguém — disse hesitante. Helena trocou um olhar significativo com a filha mais velha, cujo olhar intenso sobre Erin permaneceu firme. — Você não tem ideia, tem? — a mulher mais velha finalmente falou. — Ideia do quê? — Erin perguntou, cruzando os braços. — De como você é idêntica a minha irmã. Erin congelou. — O quê? A mulher mais velha se sentou na beira da cama, ainda estudando-a. — Eu sou Celeste. E eu nunca vi ninguém tão parecida comigo. O silêncio caiu sobre o quarto. Erin sentiu um nó apertar em seu estômago. — Você… tem família, Erin? — Celeste perguntou, agora com um tom mais suave. Erin desviou o olhar. Essa era sempre a pergunta que mais odiava responder. — Não. Celeste esperou, mas quando Erin não continuou, ela insistiu. — O que aconteceu com você? Erin suspirou, sentindo uma estranha onda de confiança naquelas mulheres. — Eu cresci em orfanatos — começou. — Nunca soube quem eram meus pais. Aos dezesseis, fugi e passei a viver na rua. Aos dezoito, consegui um emprego no bar onde trabalhei nos últimos dois anos e aluguei um quartinho pequeno. E… nunca descobri de onde vim. Helena levou a mão à boca, como se estivesse segurando uma emoção forte. Celeste parecia pálida, Isla piscava rápido, tentando absorver tudo. — Então você não sabe… — Celeste murmurou. — Não sei o quê? — Erin perguntou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Helena respirou fundo e sorriu suavemente. — Você está segura agora, Erin. E, se quiser, podemos ajudá-la a descobrir de onde realmente veio. O coração de Erin bateu mais rápido.Erin sentia sua mente girar.O silêncio no quarto era quase palpável enquanto ela absorvia o que acabara de ouvir.— Você… está dizendo que sou sua irmã? — sua voz saiu hesitante, como se o simples ato de falar as palavras tornasse tudo mais real.Celeste assentiu, seus olhos brilhando com emoção.— Não apenas minha irmã… minha irmã gêmea.O coração de Erin martelava em seu peito.— E você é minha mãe? — Ela olhou para Helena, que sorriu suavemente, com os olhos marejados.— Sim, minha querida. Você é minha filha.Isla, a mais nova, se aproximou com um sorriso caloroso.— E eu sou sua irmã caçula.Erin piscou algumas vezes, tentando processar tudo. Por anos, ela se perguntou quem eram seus pais, de onde veio… e agora, a verdade estava bem diante dela.Helena suspirou e pegou a mão de Erin com delicadeza.— Vou te contar tudo.Ela respirou fundo antes de continuar.— Quando você e Celeste tinham quatro anos, houve uma guerra. Nossa matilha, a Matilha da Lua Escarlate, foi chamada para
Lucian sentou-se na cabeceira da grande mesa do conselho, entediado antes mesmo da reunião começar.O salão da Matilha Real estava repleto de anciões e líderes de matilhas menores que vieram para a reunião anual. Ele já sabia quais seriam os assuntos: Segurança das fronteiras, Alianças com outras matilhas e O futuro do trono – esse era o tema que ele mais odiava.— Majestade — começou o ancião Alaric, um dos mais velhos e respeitados do conselho. — Já está com 29 anos. A linhagem real precisa ser assegurada.Lucian bufou, sem esconder sua irritação.— Já falamos sobre isso antes. Não vou escolher uma parceira aleatoriamente.— Mas precisa haver um plano! — insistiu outro ancião. — Se não encontrar sua companheira, deve escolher uma loba adequada para acasalar e garantir a continuidade da linhagem real.Lucian cruzou os braços.— Eu vou encontrar minha companheira.— Tem certeza de que ela existe? — um ancião perguntou com cautela.Lucian rosnou, sua paciência se esgotando.Ele não tin
Erin ainda estava sentada na cama, processando a notícia de sua gravidez. Sua mente girava, e o peso da revelação deixava seu peito apertado.Celeste e Isla estavam sentadas ao seu lado, enquanto Helena permanecia perto da porta, observando-a com carinho e paciência.— Então… — Celeste começou, inclinando-se para frente. — Como você conheceu o pai do bebê?Erin engoliu em seco, sentindo suas bochechas queimarem.— Bom… — Ela olhou para as irmãs, hesitante. — Foi em um bar…Isla arregalou os olhos, animada.— Um bar? Isso já está ficando interessante!Helena franziu levemente a testa, mas não disse nada. Erin sabia que sua mãe não a julgaria, mas ainda se sentia estranha contando aquela história.— Eu… — Erin respirou fundo. — Eu estava trabalhando no bar onde servia drinks e ele apareceu. Um homem alto, forte, de presença marcante. Eu juro, assim que bati os olhos nele, foi como se o ar tivesse ficado pesado.Celeste sorriu de canto.— Atração instantânea?Erin revirou os olhos.— Mui
O escritório de Helena era um espaço acolhedor, repleto de livros, documentos e o aroma de chá de ervas. Erin estava sentada em uma poltrona confortável, acariciando distraidamente sua barriga arredondada de seis meses. A porta se abriu de repente, e Celeste e Isla entraram em meio a uma discussão animada. — Eu aposto que Erin vai querer as frutas que eu trouxe — Celeste disse, segurando um pratinho com pedaços coloridos de morango, manga e mirtilo. — Ah, por favor! — Isla revirou os olhos, segurando uma tigela de mingau de aveia fumegante. — Mingau é muito mais nutritivo! Helena, que estava sentada atrás da mesa, riu da pequena disputa. — Vocês duas agem como se pudessem prever os desejos de uma grávida — brincou. Erin, com um sorriso divertido, olhou para as irmãs e pegou as duas porções sem dizer nada. Em seguida, despejou as frutas dentro da tigela de mingau, misturando tudo. Celeste e Isla fizeram expressões de puro espanto. — Eca! — Isla fez uma careta. — Isso parece er
A lua cheia pairava sobre o céu límpido, iluminando o castelo da matilha real. Dentro dos muros de pedra imponentes, os preparativos para o grande baile estavam finalizados. O evento era aguardado com ansiedade por muitas fêmeas em busca de seus companheiros, mas para o rei, Lucian, aquilo era apenas uma formalidade exaustiva. Ele já sabia o que esperar: uma noite longa, cheia de lobas tentando seduzi-lo, esperando que fossem a escolhida de seu lobo.Mas aquela noite seria diferente.A uma hora dali, na matilha da Lua Escarlate, Erin e suas irmãs estavam quase prontas para partir. Isla resmungava enquanto prendia um grampo nos cabelos escuros.— Não é justo! Celeste e Erin já foram quando eram crianças, e eu nunca tive essa chance.— Isso porque você ainda não tinha nascido, sua tonta — Celeste zombou, ajeitando o vestido azul-claro que realçava seus olhos.— Na verdade, não é bem assim — Erin interveio, lançando um olhar curioso para a irmã mais nova. — Mamãe não sabia que estava grá
O caminho de volta para casa foi silencioso, apenas o som da respiração tranquila dos bebês preenchia o carro. Erin manteve os olhos fixos na estrada, mas seu coração estava inquieto. Isla, sentada ao seu lado, mantinha uma das mãos sobre a dela, um gesto simples, mas que transmitia todo o apoio de que Erin precisava.Quando finalmente chegaram à alcatéia, o sol já havia começado a se pôr, banhando tudo em tons dourados. Assim que a porta da casa se abriu, a emoção no rosto de sua mãe foi imediata. Os olhos marejaram, e um soluço escapou de seus lábios antes que ela pudesse conter a emoção.— Me perdoe, Erin — a voz dela era embargada. — Eu não estive ao seu lado quando você mais precisou...Erin engoliu em seco. Parte dela queria lembrar a mãe de todas as vezes que se sentiu sozinha, mas agora, olhando nos olhos dela, viu apenas arrependimento e amor. E isso bastava.— Você estará em todos os próximos momentos — Erin respondeu suavemente, puxando-a para um abraço apertado.A casa da
Seis meses haviam se passado desde o nascimento de Luke e Lucy, e a vida de Erin havia mudado completamente. Seus dias eram uma mistura de mamadeiras, fraldas, treinamentos e estudos. Ela sabia que viver entre lobos significava estar sempre alerta, e, como mãe, a prioridade máxima era proteger seus filhos.Seus treinamentos eram intensos. Ela aprimorava suas habilidades de combate, fortalecia seu vínculo com sua loba e aprendia mais sobre a política entre as matilhas. No entanto, por mais ocupada que estivesse, sua mente, de vez em quando, a traía.Lucian.O nome dele ecoava em sua mente nos momentos mais silenciosos da noite, quando os bebês finalmente dormiam e ela se permitia deitar, exausta. Será que ele pensava nela? Será que imaginava reencontrá-la algum dia? Será que ele sentia a falta deles do mesmo jeito que ela sentia?Sua loba, sempre atenta às suas emoções, decidiu se manifestar."A Deusa da Lua tem seus planos, Erin. No momento certo, ela trará nosso companheiro de volta
A Alcatéia do Rio Sombrio sempre foi pequena, mas resistente. Localizada em uma região isolada, era o lar de lobos que preferiam a tranquilidade ao caos político das grandes alcatéias. No entanto, a paz havia sido perturbada por ataques de renegados misteriosos. Alina e seu companheiro, o beta Rylan, haviam passado uma semana investigando, patrulhando dia e noite ao lado do alfa local, Darius, e seus guerreiros. Nenhum sinal dos invasores… até o último dia. O vento cortava a mata escura, farfalhando as folhas. Alina caminhava ao lado de Rylan, sentindo o cheiro úmido da floresta após a chuva da tarde. — Acho que voltaremos para o palácio sem respostas — comentou Alina, seu tom carregado de frustração. Rylan suspirou. — Se os renegados quiserem atacar, eles fazem isso de forma imprevisível. Pode ser que só estejamos um passo atrás deles. Alina assentiu, mas sua loba estava inquieta. Foi então que um estalo ecoou na floresta. Rylan parou de imediato, os olhos dourados br