Capítulo 3 – O Passado

Rylan e Caden estavam sentados na luxuosa sala de estar da suíte do hotel, observando o rei com cautela.

Lucian andava de um lado para o outro, visivelmente irritado.

— Então… — Rylan começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Quem é Erin?

Lucian parou e lançou um olhar afiado para ele.

— Isso não é da sua conta.

Caden trocou um olhar rápido com Rylan antes de tentar outra abordagem.

— Certo, mas… você quer que a encontremos. Isso significa que ela é importante. Só precisamos entender o quão importante.

Lucian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, controlando a frustração.

— Eu não sei quem ela é. Mas… ela é minha.

Rylan e Caden franziram a testa ao mesmo tempo.

— Sua… como? — Rylan perguntou, cruzando os braços.

Lucian não respondeu de imediato. O silêncio prolongado apenas aumentou a tensão no ar.

— Apenas encontrem-na — ele ordenou, a voz firme, deixando claro que não havia mais espaço para perguntas.

Os dois assentiram, sabendo que o rei raramente ficava tão perturbado com alguém. Erin definitivamente não era apenas mais uma mulher.

Mas quem ela realmente era?

---

A consciência retornou lentamente para Erin.

Primeiro, ela sentiu a maciez do colchão sob seu corpo. Depois, percebeu o aroma no ar, uma mistura de lavanda e madeira.

Abriu os olhos, piscando contra a luz suave que iluminava o quarto.

O lugar era lindo, com móveis elegantes e janelas enormes que deixavam a luz do amanhecer entrar. Certamente não era um hospital, mas também não era seu pequeno quarto apertado nos fundos do bar.

Ela tentou se mover e gemeu ao sentir um leve desconforto nas pernas e braços. Sua mente começou a juntar os pedaços…

O hotel. A fuga. O carro.

Ela foi atropelada.

Antes que pudesse processar tudo, a porta do quarto se abriu, e três mulheres entraram, todas sorrindo.

A mais nova, com olhos brilhantes e cabelo longo, foi a primeira a se aproximar.

— Você acordou! Graças à Deusa, fiquei com tanto medo!

A mulher mais velha, de cabelos escuros salpicados de fios grisalhos, também sorriu, mas havia algo melancólico em seu olhar.

A terceira mulher, que parecia estar na faixa dos vinte e poucos anos, apenas observava Erin atentamente, como se tentasse memorizar cada detalhe de sua aparência.

A mais nova continuou animada:

— Eu sou Isla, e, antes de mais nada, preciso pedir desculpas. Eu… eu fui a idiota que te atropelou. Mas, por favor, acredite em mim, foi sem intenção! Você simplesmente apareceu no meio da rua, do nada!

Erin piscou algumas vezes, confusa com a energia da garota.

— Bom… — ela suspirou, tentando ignorar o incômodo no corpo. — Já tive uma aparência melhor quando não sou atropelada.

As três mulheres riram, e por um instante, o clima tenso se desfez.

A mulher mais velha se aproximou um pouco mais.

— Você está se sentindo bem, querida?

Erin olhou para ela e notou a preocupação genuína em seus olhos.

— Estou bem. Só um pouco dolorida. Mas não se preocupe, eu não culpo sua filha pelo acidente.

O sorriso da mulher se suavizou, mas seu olhar continuou intenso.

— Meu nome é Helena — ela disse, a voz firme, mas gentil. — E sou a Luna desta alcateia.

Alcateia?

O coração de Erin deu um salto.

Ela sabia que lobisomens existiam — afinal, trabalhava em um bar frequentado por eles — mas nunca tinha se envolvido com nenhum.

Helena continuou, sua voz carregada de emoção.

— E, minha querida, eu não estou preocupada com a culpa da minha filha pelo atropelamento. Estou feliz por você estar aqui.

Erin franziu a testa.

— Hum… eu… não quero incomodar ninguém — disse hesitante.

Helena trocou um olhar significativo com a filha mais velha, cujo olhar intenso sobre Erin permaneceu firme.

— Você não tem ideia, tem? — a mulher mais velha finalmente falou.

— Ideia do quê? — Erin perguntou, cruzando os braços.

— De como você é idêntica a minha irmã.

Erin congelou.

— O quê?

A mulher mais velha se sentou na beira da cama, ainda estudando-a.

— Eu sou Celeste. E eu nunca vi ninguém tão parecida comigo.

O silêncio caiu sobre o quarto. Erin sentiu um nó apertar em seu estômago.

— Você… tem família, Erin? — Celeste perguntou, agora com um tom mais suave.

Erin desviou o olhar. Essa era sempre a pergunta que mais odiava responder.

— Não.

Celeste esperou, mas quando Erin não continuou, ela insistiu.

— O que aconteceu com você?

Erin suspirou, sentindo uma estranha onda de confiança naquelas mulheres.

— Eu cresci em orfanatos — começou. — Nunca soube quem eram meus pais. Aos dezesseis, fugi e passei a viver na rua. Aos dezoito, consegui um emprego no bar onde trabalhei nos últimos dois anos e aluguei um quartinho pequeno. E… nunca descobri de onde vim.

Helena levou a mão à boca, como se estivesse segurando uma emoção forte. Celeste parecia pálida, Isla piscava rápido, tentando absorver tudo.

— Então você não sabe… — Celeste murmurou.

— Não sei o quê? — Erin perguntou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

Helena respirou fundo e sorriu suavemente.

— Você está segura agora, Erin. E, se quiser, podemos ajudá-la a descobrir de onde realmente veio.

O coração de Erin bateu mais rápido.

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