Capítulo 9
Aquela pergunta deixou Valdir completamente sem reação. Ele pensou por um momento e então disse:

— Acho que... Não, né? Talvez a Dra. Paisley só não queira te ver...

Nem tinha terminado de falar quando um calafrio percorreu seu corpo. De repente, o clima ficou muito mais frio. Ele levantou os olhos e viu o chefe com uma expressão sombria, o que o fez gelar por dentro. Valdir percebeu que tinha dito algo errado...

— Isso é claro que é impossível! — Ele logo corrigiu, com firmeza. — Com o seu charme, não existe mulher que não goste de você. A Dra. Paisley está, sem dúvida, tentando chamar sua atenção.

Na verdade, Valdir não estava completamente mentindo. Afinal, Edward era o sonho de consumo de muitas mulheres em Kissama. Uma mulher que o tratasse como Grace o fazia era uma raridade, o que explicava por que ele achava que ela estava apenas tentando atrair sua atenção de maneira diferente.

“Será que ela está fazendo isso de propósito?” Pensou Edward.

Uma semana depois, Sophia foi transferida com sucesso da UTI para um quarto comum. Quando Grace chegou com sua equipe para fazer a visita, a paciente estava apoiada na cama, mexendo no celular. Seu rosto parecia muito melhor do que antes.

— Como está se sentindo hoje? Algum desconforto? — Grace perguntou, como de costume.

Ao vê-la, Sophia sorriu e balançou a cabeça.

— Não, estou me sentindo muito bem.

Grace assentiu, sem surpresa.

— Ótimo. Mais alguns dias de internação e você poderá se recuperar em casa.

Ela então se preparou para sair, mas Sophia a chamou:

— Dra. Paisley, você tem um tempinho?

Grace franziu a testa.

— O que foi?

— Nada demais, só queria conversar um pouquinho. — Sophia falou com uma voz suave, quase inocente.

Claro que Grace não sentiu nada por ela. Para ela, Sophia era apenas mais uma paciente como qualquer outra.

— Desculpe, estou muito ocupada. — Recusou ela com firmeza.

— É só um minutinho. — Sophia a olhou com expectativa.

Antes que Grace pudesse recusar novamente, um dos médicos que a acompanhava na visita se adiantou.

— Dra. Paisley, pode ficar e conversar com a paciente. Nós continuamos a visita.

Sophia, afinal, era alguém ligada a Edward. Eles não ousariam desagradar a paciente e, talvez, Grace não soubesse o quão poderosa era a figura de Edward. Por isso, sugeriram que ela ficasse.

Logo, todos saíram, deixando Grace sozinha no quarto. Ela suspirou internamente, achando aquilo tudo muito inconveniente.

Observou Sophia deitada na cama com interesse. Seu instinto feminino lhe dizia que aquela mulher não tinha boas intenções.

Grace se aproximou e se sentou na cadeira ao lado da cama.

— Então, o que quer conversar?

— Na verdade, não é nada demais. Só queria te agradecer. Se não fosse por você, eu talvez nem estivesse viva agora. — Sophia sorriu, com uma expressão de fragilidade quase angelical.

Grace manteve o rosto impassível, sem se deixar comover.

— Não precisa me agradecer. Eu só fiz meu trabalho. E, de qualquer forma, Sr. Edward pagou pelas despesas médicas, e não foi barato.

— Eu sei. Edward fez muito por mim. Mas, independentemente disso, você ainda é minha salvadora. — Ela falou com tanta sinceridade que, por um momento, quase fez Grace duvidar de si mesma. Será que ela estava sendo injusta?

Mas logo as palavras de Sophia a fizeram perceber que sua intuição estava certa.

— Dra. Paisley, você é tão jovem. Você tem namorado? — Perguntou ela, com um olhar curioso.

Grace balançou a cabeça, sem dizer uma palavra, apenas observando até onde isso iria.

— E que tipo de homem você gosta? Eu conheço muitos rapazes interessantes. Posso te apresentar alguns. — Sophia continuou.

Grace permaneceu em silêncio, mas seu olhar ficou visivelmente mais frio.

Sophia rapidamente tentou se justificar:

— Não me entenda mal! Eu só queria encontrar uma forma de te retribuir.

De repente, ela mudou o tom com uma pergunta direta:

— O que acha de Edward?

Ela olhou fixamente para Grace, tentando ler suas reações.

Grace não conseguiu segurar a risada. Então era disso que ela estava com medo?

— Srta. Sophia, você não precisa se preocupar. Eu não tenho o menor interesse em Edward. — Respondeu ela, deixando claro. Pelo visto, Edward não estava fornecendo muita segurança para essa pobre mulher. Caso contrário, ela não estaria tão ansiosa.

— Dra. Paisley, eu... Eu não quis dizer isso. — Sophia disse, com uma expressão de tristeza, como se tivesse sido mal interpretada.

Antes que Grace pudesse responder, a porta do quarto foi aberta e Edward entrou.

— Sobre o que estão conversando?

— Edward, que bom que você veio. — Sophia logo sorriu ao ver o homem. — Estava perguntando à Dra. Paisley que tipo de homem ela gosta. Estava pensando em apresentar alguns amigos para ela.

Ao ouvir isso, o rosto de Edward ficou sério. Algo naquela conversa o incomodava, mesmo sem entender bem o porquê.

— A Dra. Paisley é tão competente que certamente não precisa da sua ajuda para isso. — Respondeu ele, de forma seca.

— É verdade. — Sophia concordou, mas não desistiu tão facilmente. Virou-se para Grace mais uma vez. — Dra. Paisley, talvez você ainda não saiba o que gosta, mas deve saber o que não gosta, certo? Me diga, assim eu evito te apresentar esse tipo de pessoa.

Grace olhou para Edward e respondeu, com uma expressão neutra:

— Eu não gosto de homens chamados Edward.

O clima no quarto imediatamente esfriou.

Edward encarou Grace com um olhar intenso, quase ameaçador.

— Razão? O que o nome Edward fez para te ofender?

— Um vidente me disse que eu não me dou bem com homens chamados Edward. — Grace respondeu, o sarcasmo evidente em sua voz. E não era para menos. Afinal, casar-se com um homem chamado Edward e nem vê-lo durante dois anos já era motivo suficiente para acreditar que havia algo de errado.

O ar no quarto ficou pesado, e Sophia começou a sentir dificuldade até para respirar.

— Dra. Paisley, você tem algum mal-entendido com Edward? — Sophia perguntou, com uma mistura de confusão e preocupação.

Mesmo sendo ingênua, até ela podia perceber que havia algo de errado na maneira como Grace tratava Edward. Mas por quê?

— Você está exagerando. Eu só não gosto do nome Edward.

— Dra. Paisley, você ouviu alguma coisa? — Sophia insistiu, tentando defender Edward. — É verdade que Edward já foi casado, mas isso não foi culpa dele. A ex-mulher dele era uma mulher do interior, sem nenhuma classe. Eles nunca combinariam, então o divórcio era inevitável. Por favor, não tenha uma má impressão de Edward por causa disso.

Ela falou com tanto desprezo pela ex-esposa de Edward que jamais poderia imaginar que essa mesma mulher estava diante dela, e que foi quem acabara de salvar sua vida.

Grace soltou uma risada fria e levantou o olhar para Edward.

— Sr. Edward, é assim que você vê sua ex-esposa?
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