Depois que o leilão terminou, veio a parte entediante da noite: as interações sociais. Vários convidados estavam claramente interessados em Grace. Afinal, além de ser irmã de Israel, ela ainda era a última discípula do renomado mestre de pintura Jay. Muitos ali pensavam que, se conseguissem conquistar seu favor, suas ambições pessoais poderiam se realizar muito mais rápido.Grace, no entanto, não estava preocupada com as intenções alheias. Desde que soube que a pintura foi arrematada por Edward, ela ficou incomodada. Embora fosse uma obra doada para caridade, e teoricamente não importasse quem comprasse, o fato de ter sido ele a deixava insatisfeita.Será que aquele homem entendia algo de arte? Ou pior, será que ele tinha comprado a pintura para presentear Sophia?Por um momento, Grace se arrependeu de ter escolhido aquela obra para doar. Talvez devesse ter optado por outra.Com um copo de vinho na mão, ela se afastou do centro da festa e se refugiou em um canto, onde observou de long
— E se eu estiver te enfrentando? Acha que vou ter medo de você? — A expressão de Luiz mudou completamente. Em um piscar de olhos, ele parecia ter se transformado em um demônio saído do inferno, fazendo qualquer um que o olhasse sentir um frio na espinha.Grace inclinou a cabeça, observando-o de lado. Esse homem era interessante. Apesar de seu jeito despreocupado, quando ficava sério, era como se fosse outra pessoa.Enquanto os dois se encaravam, Edward e Patrício desceram do segundo andar. Quando viram Luiz, ambos ficaram surpresos.— Olha só, você chegou tarde. O seu momento de “herói salvador” foi roubado. — Patrício zombou, claramente se divertindo com a situação.Edward fechou a cara, seu olhar carregado de desconfiança:— Luiz, ser bonzinho e bancar o herói? Não parece o estilo dele.— Verdade. Aposto que ele está tramando alguma coisa. — Patrício concordou com um aceno, continuando. — Pena que a Dra. Paisley não sabe disso. Daqui a pouco, ela vai cair na armadilha.Edward não re
Grace e Luiz conversaram bem durante a festa. Ela percebeu que ele era um homem interessante, e pelo menos não a fazia se sentir desconfortável.Com o fim do evento, Grace saiu junto com Israel, mas antes de ir, Luiz olhou para ela com uma expressão de leve desapontamento e disse:— Paisley, até logo.— Até logo. — Grace respondeu com um aceno de mão e, em seguida, entrou no carro e partiu.Luiz ficou observando o carro desaparecer na noite, e só então relaxou o rosto, massageando as bochechas para aliviar os músculos faciais que tinham ficado rígidos com o sorriso prolongado.Quando ele se virou, deu de cara com Edward, que estava parado ali há algum tempo, sem que ele percebesse.— Edward, caramba! Você quer me matar de susto? — Luiz reclamou, dando alguns passos para trás. Afinal, ele sabia que não era páreo para Edward.Edward o encarou com uma expressão sombria e disse com voz fria:— Não envolva terceiros nos nossos assuntos.Luiz soltou uma risada, incrédulo, enquanto coçava o o
Na saída do cartório, Grace Hughes segurava o recém-emitido certificado de divórcio.— Sra. Perry... Ou melhor, Srta. Grace. — Disse Max, o mordomo, com um leve constrangimento no rosto. — O Sr. Otto me pediu para entregar isto a você.Ele estendeu um cartão bancário, deixando claro o que significava.Grace olhou para o cartão por um instante, surpreendida, antes de responder:— Não precisa. Agradeça ao Sr. Otto por mim. Esses últimos dois anos, devo muito aos cuidados dele.Dizendo isso, ela se dirigiu à rua e entrou no Maybach preto que já a aguardava.Dentro do carro, Grace olhou para os dois homens e, com um sorriso de leve frustração, comentou:— Gente, só porque eu me divorciei, vocês precisam ficar tão nervosos assim?— Grace, você realmente se divorciou? — Billy Garcia, que estava no volante, virou-se para checar, ainda incrédulo.Grace assentiu, rindo:— Acabei de pegar o certificado de divórcio, fresquinho ainda.Ela tirou o documento da bolsa e o balançou na frente deles.—
— Quando isso aconteceu? — Valdir finalmente percebeu a mudança no rosto de Edward.— A notícia chegou hoje de manhã.— Imediatamente mande alguém investigar. Desta vez, não importa onde ela esteja, você tem que encontrá-la! — Edward ordenou, sua voz carregada de determinação.Valdir rapidamente assentiu:— Sim, senhor presidente.No Multicare Hospital, logo cedo, a atmosfera estava agitada com diversos rumores.— Vocês sabem quem é o novo vice-diretor? Será homem ou mulher? Vai ser tranquilo de se lidar? — Alguém comentou.— Vai saber... De qualquer forma, para chegar direto como vice-diretor, ou é um gênio da área ou entrou por cima, com algum contato forte... — Disse outra, rindo com malícia.— Dizem que essa pessoa é bem jovem. A chance de ter entrado por influência é grande.— Concordo. — Outros acenaram com a cabeça.Afinal, na medicina, experiência é o que mais conta. Muitos passam décadas sem chegar a vice-diretor. Ter alguém tão jovem nessa posição inevitavelmente gerava conve
Assim que Carla terminou de falar, Grace já havia saído do escritório, caminhando rapidamente em direção ao setor de emergências.As duas chegaram à porta da emergência em poucos minutos.Uma multidão cercava o local, e era possível ouvir choros abafados entre as vozes.— Doutor, por favor, salve meu marido! Ele só tem 45 anos! Se ele morrer, como vou viver? — A esposa do paciente clamava, desesperada.— Por favor, mantenha a calma. Estamos fazendo todos os exames necessários. Só com os resultados poderemos entender melhor a situação. — Disse um dos médicos, tentando acalmá-la.Carla viu a situação e, sem perder tempo, puxou Dra. Paisley, abrindo caminho entre as pessoas.— Com licença, doutora chegando! — Anunciou Carla.Imediatamente, os familiares se afastaram, permitindo que Grace entrasse na emergência.— Qual é a situação? — Perguntou Grace, sem rodeios.— Acidente de carro, hemorragia cerebral. Ainda estamos avaliando a quantidade de sangramento, mas a situação não parece nada b
As expressões das pessoas ao redor mudaram imediatamente, variando entre medo, curiosidade e, em sua maioria, incredulidade. Eles não conheciam a Dra. Paisley, mas era impossível não reconhecer Edward.Ao ver o homem que aparecia frequentemente na televisão, a esposa do paciente finalmente assentiu. Com alguém tão poderoso garantindo, o mínimo que ela podia fazer era confiar que a médica também fosse competente.O paciente foi levado para a sala de cirurgia. Grace deu uma rápida olhada para Edward, acenou com a cabeça em agradecimento e se virou para entrar na sala. Apesar de sua curiosidade sobre o motivo da presença repentina de Edward e por que ele havia se oferecido como fiador, não havia tempo para perguntas — salvar a vida do paciente era a prioridade.A luz da sala de cirurgia acendeu, e todos aguardavam ansiosos do lado de fora, inclusive Edward.Três horas depois, a luz se apagou. A porta se abriu, e uma enfermeira saiu primeiro. Os familiares, aflitos, correram para pergunt
— Presidente Edward, você não entende a Lei do Exercício da Medicina, e eu não te culpo por isso, mas preciso te informar que, de acordo com essa lei, um médico só pode atuar no local onde está registrado. Meu registro é no Hospital Multicare, então... Você entende o que estou dizendo, certo? — Grace raramente explicava tanto, mas fez questão de ser clara por consideração à paciente.— Então, você não pode fazer a cirurgia no hospital particular? — Perguntou ele.— Exatamente. — Respondeu ela, sem a menor intenção de comprometer sua carreira médica.Edward ficou em silêncio, evidentemente surpreso com o fato de que a lei impunha esse tipo de restrição. Isso o deixou claramente hesitante.— Se não há mais nada, vou voltar ao trabalho. Sugiro que decida logo o que vai fazer. — Disse Grace, percebendo a hesitação de Edward. Ficou claro para ela que ele não queria transferir Sophia para o Multicare Hospital, provavelmente por não confiar nas condições e nos equipamentos da instituição. Se