Capítulo 28
Depois que o leilão terminou, veio a parte entediante da noite: as interações sociais.

Vários convidados estavam claramente interessados em Grace. Afinal, além de ser irmã de Israel, ela ainda era a última discípula do renomado mestre de pintura Jay. Muitos ali pensavam que, se conseguissem conquistar seu favor, suas ambições pessoais poderiam se realizar muito mais rápido.

Grace, no entanto, não estava preocupada com as intenções alheias. Desde que soube que a pintura foi arrematada por Edward, ela ficou incomodada. Embora fosse uma obra doada para caridade, e teoricamente não importasse quem comprasse, o fato de ter sido ele a deixava insatisfeita.

Será que aquele homem entendia algo de arte? Ou pior, será que ele tinha comprado a pintura para presentear Sophia?

Por um momento, Grace se arrependeu de ter escolhido aquela obra para doar. Talvez devesse ter optado por outra.

Com um copo de vinho na mão, ela se afastou do centro da festa e se refugiou em um canto, onde observou de longe Israel, que se movimentava com facilidade entre os convidados. Um leve sorriso surgiu em seu rosto. Israel estava cada vez mais parecido com um homem de negócios bem-sucedido.

Ela estava perdida em seus pensamentos quando alguém se aproximou.

— Boa noite, senhorita. Sou Cláudio Fernandes. Podemos nos conhecer melhor? — Disse o homem.

Ela levantou os olhos e o analisou rapidamente. Cláudio era um homem corpulento, com uma aparência ligeiramente repulsiva. Seus olhos, especialmente, a incomodaram, pois ele a encarava de forma invasiva e desrespeitosa.

Grace se levantou e respondeu de forma direta:

— Desculpe, mas eu não gosto de fazer amigos.

Sem esperar por mais nada, ela se virou para sair. Não queria prolongar a conversa.

Mas Cláudio não parecia disposto a deixá-la ir. Ele rapidamente bloqueou seu caminho.

— Senhorita, Kissama é grande. O Israel não vai estar sempre por perto para te proteger. Melhor pensar duas vezes antes de falar. — Sua voz trazia um tom ameaçador.

Grace olhou em volta e percebeu que alguns homens pareciam ter cercado o local discretamente. Era claro que Cláudio havia planejado isso.

Grace colocou sua taça de vinho de lado e deu uma rápida olhada pelo salão. Israel não estava à vista, provavelmente alguém já havia encontrado uma desculpa para tirá-lo de lá. Mas ela não estava preocupada com ele; o status de Israel agora era tão alto que ninguém ousaria atacá-lo.

Voltando seu olhar para Cláudio, Grace não demonstrou um pingo de nervosismo. Pelo contrário, com uma calma assustadora, ela o advertiu:

— Sr. Cláudio, eu não estou com vontade de brigar hoje. Mande seus homens se afastarem, ou não seja por isso, eu não vou pegar leve.

Ela queria evitar confusão, já que aquela era uma noite de caridade. Era sua última tentativa de resolver as coisas pacificamente.

Mas Cláudio apenas riu e, ao ouvir suas palavras, pareceu mais animado.

— Gosto de mulher com temperamento forte. Quero ver se você vai continuar assim quando estiver na cama. — Ele disse, com um sorriso malicioso.

O rosto de Grace escureceu no mesmo instante. Ela apertou os punhos, e em um segundo estava pronta para dar um soco e mandar Cláudio pelos ares.

— Isso aqui é uma festa de caridade. Você não acha que está indo longe demais?

Uma voz calma, porém ligeiramente provocadora, soou por perto. Antes que Grace pudesse reagir, um homem se colocou entre ela e Cláudio.

Mesmo Grace, que já havia conhecido muitos homens atraentes, ficou impressionada com a beleza daquele que acabara de chegar. Ele era incrivelmente bonito, talvez o único que poderia rivalizar com Edward em termos de aparência. Mas, ao contrário de Edward, que tinha uma frieza quase inatingível, esse homem irradiava uma certa gentileza e charme.

— Luiz Costa! — Cláudio rosnou, cerrando os dentes. — Desde quando você se mete em assuntos que não te dizem respeito?

— Como assim “não me dizem respeito”? Eu estou apenas fazendo o que qualquer cavalheiro faria: salvando uma dama em perigo. — Luiz respondeu com um sorriso travesso, piscando para Grace.

Ao ouvir isso, Grace ficou um pouco constrangida, afinal, ela não precisava de ajuda. Para ela, Cláudio e suas capangas não representavam ameaça alguma.

— E se eu insistir em levá-la comigo hoje à noite? Vai querer me enfrentar por causa dela? — Cláudio disse, olhando para Grace com olhos cheios de intenções perversas.

Ele pouco se importava com quem ela era. Para ele, o importante era que ela fosse bonita e, por isso, ele a queria para si a qualquer custo.
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