Capítulo 6
— Eu nunca brinco. — Grace esboçou um leve sorriso, deixando transparecer uma confiança inabalável.

Talvez fosse o destino de Sophia não encontrar o fim tão cedo. Se Grace não tivesse se divorciado de Edward, a Dra. Paisley ainda estaria afastada da carreira médica e não teria a chance de salvar sua vida. Talvez fosse isso que chamam de destino.

Depois de uma breve avaliação do estado de saúde de Sophia, Grace e Edward saíram do quarto. Foi só então que o sorriso dela desapareceu, dando lugar a uma expressão séria:

— Você deveria tê-la levado para cirurgia há mais tempo.

— Eu sei. — Edward concordou, balançando a cabeça. — Mas só recentemente soube onde você estava.

— Não sou a única capaz de fazer essa cirurgia no país. — Grace o encarou, sem entender por que ele insistia tanto para que fosse ela a realizar o procedimento.

— Sim, talvez outros médicos consigam... Mas. — Edward fez uma pausa, antes de continuar. — Eu não posso arriscar.

O nome da Dra. Paisley era conhecido mundialmente. Ela havia sido treinada por um dos maiores neurocirurgiões internacionais, e era amplamente considerada a melhor em sua área. Edward preferiu esperar até encontrá-la, a fim de evitar qualquer risco para Sophia.

Grace entendeu o que ele queria dizer. Sentiu um aperto no peito.

Ah, Edward realmente estava disposto a mover montanhas por sua amante. Mas será que, em algum momento, enquanto ele fazia esses esforços, ele pensou em sua esposa? Ou melhor, sua ex-esposa, que ele nunca sequer se deu o trabalho de conhecer?

Ela tinha um ressentimento guardado, não porque ainda gostasse de Edward, mas porque não conseguia engolir essa humilhação.

Grace sempre fora determinada, sempre lutara para ser a melhor em tudo, e nunca aceitara ser desprezada. Mas, em seu casamento com Edward, sentiu-se desrespeitada de uma forma que nunca havia experimentado antes.

Edward poderia não amá-la, mas o fato de nunca ter sequer se dado ao trabalho de vê-la pessoalmente foi algo que Grace jamais perdoaria. O divórcio já tinha sido uma solução para ela, um alívio. Cada um seguiria seu caminho, sem interferir na vida do outro. Mas agora, ele voltava a procurá-la, e o motivo era salvar a vida de sua amante.

Como ela poderia aceitar isso de bom grado? Contudo, como médica, ela não conseguia ignorar o sofrimento de uma paciente, o que a deixava ainda mais frustrada.

— Sr. Edward, não fique tão contente. Embora eu tenha aceitado operar Srta. Sophia, isso não vem sem condições. — Disse Grace, decidida a fazer Edward pagar um preço. Afinal, ela não queria sair no prejuízo.

— Diga o que você quer. — Edward respondeu de imediato. Na verdade, o que ele mais temia era que ela não impusesse condições. Com condições, tudo seria mais fácil de resolver.

Grace pensou por um momento antes de responder:

— Estou montando um laboratório e preciso de financiamento e equipamentos.

— Sem problemas. O Grupo Perry fornecerá tudo. — Edward respondeu rápido.

— O Hospital Multicare está precisando de equipamentos cirúrgicos mais modernos. — Continuou ela.

— O Grupo Perry também ficará encarregado disso. — Ele concordou, sem hesitar. Mesmo que Grace não tivesse mencionado, ele já planejava providenciar os melhores equipamentos. Afinal, não queria que Sophia enfrentasse nenhum risco.

Vendo o quão rapidamente ele concordava com tudo, Grace o encarou por alguns segundos. Havia algo em seu coração que não conseguia nomear, mas não era uma sensação agradável.

— O senhor realmente está disposto a qualquer coisa por Srta. Sophia. — Comentou ela, com um leve tom de ironia.

— Sim, porque ela é muito importante para mim. — Edward respondeu sem hesitar. Sophia era a pessoa que o amigo Davi, em seu leito de morte, havia confiado a ele. Como poderia não ser importante?

Então ele não era tão insensível como todos diziam. Só era insensível com ela.

Grace deu um leve suspiro, tentando afastar os pensamentos. Por que ela estava se importando com isso? Eles já haviam se divorciado. Assim que essa cirurgia terminasse, provavelmente nunca mais se veriam.

— Já que é assim, Sr. Edward, por que não doa um prédio ao hospital? O Multicare está precisando de um novo bloco de internação. — Sugeriu Grace, sem rodeios.

As condições do Multicare eram muito precárias. Havia poucos leitos, e muitos pacientes não conseguiam ser internados. Se Edward doasse um prédio, isso seria um grande benefício para os pacientes e para toda a equipe do hospital.

A expressão de Edward mudou imediatamente, uma sombra de irritação cruzou seu rosto.

— Dra. Paisley, você realmente está se importando muito com o seu hospital.

Só o custo dos equipamentos e do financiamento já seria de milhões de reais. Agora ela ainda estava pedindo um prédio? Isso não sairia por menos de alguns milhões a mais.

Percebendo sua irritação, Grace permaneceu impassível.

— Sr. Edward, parece que o senhor não está muito disposto. Se realmente não quiser, eu não vou insistir. Mas quanto à Srta. Sophia...

— Eu vou doar! — Edward interrompeu, rangendo os dentes. Era óbvio que ela estava contando com essa resposta.

E, de fato, Grace não estava preocupada. Para salvar alguém que ele amava, Edward não pouparia despesas.

— Dra. Paisley, você tem mais alguma condição? Diga logo todas de uma vez. — Falou ele, com o rosto sombrio. Seu tom deixava claro que, se ela ousasse pedir mais, ele não hesitaria em estrangulá-la ali mesmo.

Grace sabia o momento de parar. Além disso, mesmo que Edward não quisesse dar nada, ela ainda realizaria a cirurgia. Mas, com esse acordo, ela já estava mais do que satisfeita.

— Não, não tenho mais nada a pedir. — Respondeu ela, balançando a cabeça.

— E quanto à cirurgia? — Perguntou Edward.

— Assim que os equipamentos estiverem aqui, podemos começar. — Respondeu ela.

— Os equipamentos estarão aqui amanhã de manhã. — Ele disse, com um olhar sério. — A vida de Sophia está em suas mãos.
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