Capítulo 11
Sentado no carro enquanto deixava o hospital, Edward ainda pensava na pergunta que Sophia lhe fizera: Por que ele parecia se importar tanto com a Dra. Paisley?

Ele não tinha uma resposta clara.

Talvez fosse apenas curiosidade. Algo naquela mulher o intrigava, e ele queria entender melhor. Nada além disso.

O som do celular interrompeu seus pensamentos. Sentindo-se um pouco irritado, ele esfregou as têmporas antes de atender:

— Fala.

— Presidente Edward, eu verifiquei sua agenda dos últimos cinco anos e não encontrei nenhum momento em que o senhor tenha cruzado com a Dra. Paisley. No entanto, o curioso é que, dois anos atrás, ela se afastou da medicina, e ninguém sabe onde ela esteve. Por isso, é difícil rastrear seus passos nesse período. O senhor quer que eu peça ao Sr. Patrício para investigar?

Patrício Egídio era o chefe da máfia. Se algo não podia ser descoberto publicamente, ele certamente encontraria. Por isso Valdir fez a sugestão.

Edward ficou em silêncio por alguns segundos. Valdir achou que ele aceitaria a proposta, mas ficou surpreso ao ouvir a resposta:

— Não precisa. Ela é só uma médica, não há necessidade de exagerar.

Valdir ficou perplexo. Então ele não iria investigar?

Antes que pudesse perguntar algo mais, a ligação foi encerrada abruptamente. Valdir suspirou, sabendo que algumas perguntas não deveriam ser feitas.

Dias depois, Sophia recebeu alta, e Grace fez questão de cuidar pessoalmente dos trâmites.

— Embora o tumor tenha sido removido com sucesso, há sempre o risco de recorrência. Então, é importante que você faça exames regulares e cuide bem da sua saúde. Nada de excessos no dia a dia, entendeu? — Grace a lembrou enquanto estavam na porta do hospital.

— Entendido. Obrigada, Dra. Paisley. — Sophia assentiu, agradecida.

— Como você vai voltar para casa? Vai de táxi? — Grace perguntou, estranhando não ver ninguém para buscá-la.

Ela não via Edward há alguns dias. Pensou que, pelo menos no dia em que Sophia recebesse alta, ele estaria presente. Mas, para sua surpresa, ele não apareceu. Isso a fez questionar se Edward realmente se importava com Sophia ou não.

Antes que ela pudesse refletir mais sobre a questão, Sophia apontou para um carro que se aproximava:

— Edward veio me buscar.

Grace olhou na direção indicada. O carro parou ao lado delas, e Edward saiu. Ele estava exatamente igual a como se lembrava: com o rosto impassível, sem demonstrar qualquer emoção.

— Está tudo resolvido? — Ele perguntou, dirigindo seu olhar para Sophia.

— Sim, graças à Dra. Paisley, que cuidou de tudo. — Respondeu Sophia, seu olhar alternando entre Edward e Grace.

Ela se lembrou da pergunta que havia feito a Edward alguns dias antes. Naquela ocasião, ele não respondeu, mas Sophia ainda tinha uma sensação incômoda. Será que havia algo entre eles?

No entanto, ao observar a interação agora, ela começou a duvidar de sua própria intuição. Talvez estivesse imaginando coisas. Edward parecia totalmente indiferente à Dra. Paisley.

Edward abriu a porta do carro para Sophia.

— Vamos?

— Vamos. — Respondeu ela, acenando para Grace. — Até logo, Dra. Paisley.

— Espero que não haja necessidade de nos vermos de novo. — Grace sorriu, acenando de volta. Afinal, ela era uma médica, e se voltassem a se encontrar, não seria um bom sinal.

Porém, Edward não entendeu a piada dela. Achou que aquelas palavras eram dirigidas a ele de forma intencional, e sua expressão imediatamente ficou sombria.

Sophia entrou no carro, e Edward caminhou até o lado do motorista, sem trocar uma palavra com Grace. Nem mesmo olhou em sua direção.

Grace não se importou. Esse era o Edward que ela conhecia. Para ele, pessoas como ela, meros “mortais”, sequer mereciam sua atenção.

Dentro do carro, a caminho de casa, Sophia olhou várias vezes para Edward, que dirigia em silêncio. Ela não sabia se era apenas impressão sua, mas ele parecia de mau humor.

— Edward, sobre o que eu disse antes, não leve a sério. Só falei por falar. — Ela não conseguiu evitar e decidiu esclarecer.

— Hum. — Ele resmungou, sem desviar os olhos da estrada.

Pouco depois, Edward estacionou em frente à casa de Sophia.

— Descanse bem. Qualquer coisa, me ligue. — Ele disse, sem emoção.

— Você vai trabalhar? — Sophia perguntou, desapontada. Ela realmente esperava que ele ficasse com ela.

— Sim, tem muita coisa para resolver na empresa. — Edward assentiu e, sem mais palavras, voltou para o carro e logo desapareceu de sua vista.

Sophia ficou parada, olhando para a direção em que o carro sumiu. Seus lábios se apertaram em frustração, mas, logo em seguida, ela controlou suas emoções.

Ela precisava se concentrar em sua recuperação. O tempo traria novas oportunidades. Não era hora de se desesperar.

Na Chácara da Liberdade, Grace estava de pé, observando sua amiga Greyce Mendes entrar na casa arrastando uma mala. Ela suspirou, exasperada:

— Querida, você fugiu de casa de novo?

— Haha, parabéns, você acertou! — Respondeu Greyce, com um sorriso travesso, enquanto puxava a mala para dentro da sala.

— O que foi dessa vez? — Grace fechou a porta, perguntando com curiosidade.

— Meu pai não quis me comprar a nova bolsa que eu queria, e ainda teve a audácia de me mandar trabalhar na empresa! Você acha que eu ia aguentar isso? — Greyce respondeu, enquanto escolhia um quarto para se instalar.

Grace levou a mão à testa, já imaginando o tamanho da encrenca.

— Mas você não estava viajando pelo exterior? Quando foi que voltou?

Assim que Grace terminou de falar, Greyce se aproximou com uma expressão séria.

— Quando eu soube que você se divorciou, voltei correndo! Vamos conversando, estou morrendo de fome. — Disse Greyce, puxando Grace para fora da casa em direção a um restaurante.

Enquanto comiam, Grace contou o que havia acontecido de forma resumida. Quando acabou, Greyce a encarou com uma expressão de descrença:

— Você foi muito boazinha com aquele idiota do Edward! Como assim você não pediu nada no divórcio? Eu te digo, Grace, com esse tipo de homem, você tinha que arrancar até o último centavo. Eu sempre disse que não ia com a cara dele. Se ele não fosse o Edward, eu mesma teria dado uma surra nele por você.

Enquanto esperavam o elevador, Greyce desabafava com raiva. Sua voz era alta e carregada de indignação, e ela estava tão envolvida em sua fala que nem percebeu alguém se aproximando por trás delas.

— Aquele cretino do Edward merece mesmo uma boa surra para aprender. — Disse Greyce, ainda irritada com a situação de Grace.

— É mesmo? Pois então, fique à vontade. Vou ver do que você é capaz.

Uma voz fria e sombria soou atrás delas. Grace e Greyce congelaram, e, incrédulas, se viraram devagar.

Edward estava bem ali.
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