Os olhares dos três se voltaram para Edward. Grace silenciosamente rezava para que ele recusasse, pois realmente não queria que aquele homem estragasse seu jantar.

— Você decide. — Ele respondeu, mas não era a resposta que Grace esperava.

— Dra. Paisley, o Edward não se importa. E você, o que acha? — Sophia sorriu para Grace, claramente animada com a ideia.

Por dentro, Grace estava completamente contrariada. Sem alternativa, olhou para Israel do outro lado da mesa:

— E você, o que acha?

Ela lançou um olhar de súplica, na esperança de que ele a ajudasse a escapar dessa situação. Mas, para sua surpresa, Israel respondeu:

— Por mim, tudo bem.

“Tudo bem? Israel, o que você está pensando?”

Sophia e Grace acabaram sentadas juntas, enquanto Edward e Israel se acomodaram do outro lado da mesa. Agora, cada vez que Grace levantava os olhos, dava de cara com Edward, o que a deixava profundamente desconfortável.

— Dra. Paisley, esse é seu namorado? Ele parece ser um homem incrível. Agora entendo por que você não quis que eu te apresentasse ninguém. — Sophia comentou, com um leve toque de inveja enquanto olhava para o elegante Israel.

Edward soltou uma risada curta, com um sorriso enviesado nos lábios:

— Sr. Israel, o novo destaque de Kissama. Naturalmente, ele é um homem de sucesso.

— Sr. Edward, você é muito gentil. Comparado a você, ainda estou muito atrás. Tenho muito o que aprender. — Israel respondeu com um sorriso modesto, sem dar muita importância.

O rosto de Edward escureceu ligeiramente. Aquele comentário... Israel estava realmente sugerindo que seu objetivo era superá-lo?

“Superar o Grupo Perry? Pode continuar tentando por mais cem anos, e ainda não chegará lá.”

— Você é muito talentoso. Combina perfeitamente com a Dra. Paisley. — Sophia acrescentou, embora por dentro sentisse um leve amargor.

Grace ouviu toda aquela conversa e não pôde deixar de revirar os olhos internamente. Sem papas na língua, respondeu:

— Srta. Sophia, acho que não preciso te explicar qual é minha relação com ele, certo? Não somos tão íntimas assim.

Grace não via motivo para prolongar aquela conversa. Ela havia apenas operado Sophia uma vez, e não achava que isso fosse suficiente para que discutissem sua vida pessoal. Além disso, ela não tinha nenhuma simpatia por Sophia.

Quanto a Edward, era ainda pior. Simplesmente o detestava.

— Desculpe, Dra. Paisley, não queria ser intrometida. — Sophia disse, visivelmente desconcertada, com os olhos quase marejados. Ela mordeu o lábio, parecendo extremamente magoada. — Eu pensei que já éramos amigas...

Grace riu por dentro. Amigas? Quem dera.

Edward então interveio, com um olhar firme sobre Grace:

— Você não acha que foi um pouco grosseira? A Sophia só fez uma pergunta casual, sem nenhuma má intenção.

Antes que Grace pudesse responder com seu típico sarcasmo, Israel entrou na conversa:

— Ouvi dizer que você se divorciou, Sr. Edward. É verdade?

O semblante de Edward se fechou imediatamente. A irritação era evidente em seu rosto.

— Sr. Israel, desde quando você se interessa por fofocas?

— Ora, não fique zangado. Só fiz uma pergunta casual, sem nenhuma má intenção. — Israel devolveu as palavras que Edward acabara de usar.

O clima na mesa ficou pesado de repente. Grace, por outro lado, teve que segurar o riso, se divertindo com a situação.

Ela então repousou os talheres e limpou a boca com o guardanapo.

— Irmão, vamos embora. Sr. Edward, Srta. Sophia, aproveitem o jantar.

— Claro. — Israel concordou prontamente.

Os dois se levantaram e já estavam prontos para sair. Edward não disse nada, mas seus olhos frios os seguiram enquanto eles se afastavam.

“Irmão? Então ele não é o namorado dela?”

— Dra. Paisley... — Sophia tentou chamá-la.

Mas Grace apenas acenou com a mão, sem olhar para trás, e saiu do restaurante com Israel.

Depois que os dois partiram, o clima na mesa continuou tenso. Sophia lançou um olhar para Edward, que permaneceu em silêncio, com um semblante pensativo. Ela não pôde evitar a preocupação.

— Edward, o que você está pensando? — Ela perguntou suavemente.

Edward voltou à realidade, mas seu olhar se fixou do lado de fora da janela, onde Grace estava prestes a entrar no carro, com um sorriso no rosto.

De repente, ele se lembrou do que havia ouvido aquela vez na casa do avô. O som daquela voz sempre lhe pareceu familiar, mas ele nunca conseguia lembrar de onde vinha, até agora, quando ouviu Grace falar.

A voz dela era incrivelmente parecida com aquela!

Mas como isso seria possível?

Ele não conseguia entender, mas tinha a sensação de que estava deixando algo importante escapar.