Sophia percebeu a mudança no comportamento de Edward, e uma forte inquietação tomou conta dela.Enquanto isso, Grace ignorava Edward e Sophia ao lado e, em voz baixa, disse a Israel:— Será que já vão leiloar o item que eu doei?Ela estava curiosa para saber qual valor sua doação alcançaria.— Vai demorar um pouco. O Sr. Jay não lança novas obras no mercado há anos. Sua pintura com certeza será o destaque da noite. — Israel respondeu, dando de ombros com um leve sorriso. — Mas você tem certeza de que foi uma boa ideia doar a pintura do Sr. Jay?— Ele é meu mestre, né? Não vai me bater por isso. — Grace deu um sorriso despreocupado e acrescentou. — Além disso, ele me deu a pintura de presente. Eu tenho o direito de decidir o que fazer.— É verdade. Sendo sua última aluna, ele não deve se importar.— Com certeza! Meu mestre sempre teve um carinho especial por mim.Os dois conversavam em tom baixo, e Edward, sentado próximo, não conseguia ouvir o que diziam, mas ver os sorrisos e a leveza
— Mas...— Não tem problema, irmão. Eu nem gostei tanto assim. — Grace sorriu, como se os brincos fossem algo irrelevante para ela.Israel não fez mais lances, deixando que o item fosse para Edward. As pessoas ao redor mal disfarçavam a surpresa: esse realmente tinha dinheiro para gastar de forma extravagante!Sophia, por sua vez, estava visivelmente animada. Nunca imaginou que Edward fosse arrematar algo tão caro para presenteá-la. Embora estivesse nervosa, uma excitante expectativa crescia em seu coração. No entanto, para sua surpresa, os brincos não foram entregues a ela.Ela observou enquanto Edward pagava sem hesitar e, em seguida, sussurrava algumas palavras no ouvido do garçom. Logo depois, o mesmo garçom caminhou em direção a Grace e, em um tom suficientemente audível, disse:— Com licença, senhorita. O Sr. Edward pediu que entregasse esses brincos como um presente de agradecimento para você.O espanto foi geral. Sessenta milhões por um par de brincos, e Edward simplesmente os
— Uma pintura do Sr. Jay?— Impossível! — Alguém exclamou em tom áspero. — Todo mundo sabe que o Sr. Jay há muito tempo não leiloa mais suas obras. Não pode ser uma pintura dele!— Isso mesmo! Quem tem a ousadia de trazer uma pintura falsa para o leilão? Acham que somos todos idiotas?Os convidados presentes no leilão eram figuras importantes da alta sociedade de Kissama. A indignação deles era algo que os organizadores não poderiam suportar.Francisco, suando frio, apressou-se a intervir:— Esta pintura do Sr. Jay foi doada por um patrocinador anônimo, que garantiu a autenticidade da obra.— Ele disse que é verdadeira e temos que acreditar? Quem vai confiar nisso? — Alguém rebateu de imediato. — Quem é esse anônimo? Se tem coragem, que se apresente e mostre provas de que a pintura é autêntica.Como todas as peças leiloadas naquela noite eram doações dos próprios convidados, era evidente que o doador anônimo estava no local. A questão agora era: quem teria a audácia de tentar leiloar u
No segundo andar, Edward e Patrício observavam toda a confusão que acontecia no andar de baixo.— Parece que a mulher que você deixou sair do controle está em apuros. Você não vai descer para ajudá-la? — Patrício perguntou com um sorriso no canto da boca, enquanto olhava para o homem ao seu lado.— Ajudar? — Edward soltou uma risada fria, com uma expressão de quem estava gostando do espetáculo. — Por que eu a ajudaria? Nem conheço ela direito.— Não conhece e deu a ela um par de brincos de sessenta milhões? — Patrício riu baixinho.A expressão de Edward mudou por um breve momento, mas logo ele respondeu:— Já falei, foi para agradecer por ela ter salvado a Sophia.Patrício não discutiu. No fundo, ele sabia que o verdadeiro motivo estava bem guardado na mente de Edward.Não demorou muito para que o perito que Francisco havia chamado chegasse ao local. Enquanto aguardavam o resultado da avaliação, as pessoas começaram a cochichar, e Sophia observava tudo com um sorriso de satisfação. Na
— Foi um mal-entendido, apenas um mal-entendido. — Francisco estava completamente frustrado. Como ele poderia saber que aquela mulher era aluna do Jay?— Deixa pra lá, Rodrigo. É normal que as pessoas tenham dúvidas. Afinal, faz muito tempo que nosso mestre não lança uma nova obra. — Grace entendia por que estavam desconfiados e não se sentia ofendida.O jeito calmo e tranquilo de Grace deixava Rodrigo sem palavras. Ele queria repreendê-la, mas no fim soltou um suspiro de resignação:— Eu já te disse várias vezes, você não precisa resolver tudo sozinha. Eu e o mestre sempre estaremos aqui para te apoiar.— Eu sei. — Grace sorriu, assentindo. — Se eu encontrar algo que realmente não consiga resolver, prometo que vou te procurar.Ela não havia pedido a ajuda dele justamente porque sabia que a autenticidade da pintura seria fácil de comprovar, sem a necessidade de fazer Rodrigo se deslocar até lá.— Então, ela é mesmo a última aluna do Sr. Jay? — Alguém murmurou, ainda incrédulo.Grace so
Depois que o leilão terminou, veio a parte entediante da noite: as interações sociais. Vários convidados estavam claramente interessados em Grace. Afinal, além de ser irmã de Israel, ela ainda era a última discípula do renomado mestre de pintura Jay. Muitos ali pensavam que, se conseguissem conquistar seu favor, suas ambições pessoais poderiam se realizar muito mais rápido.Grace, no entanto, não estava preocupada com as intenções alheias. Desde que soube que a pintura foi arrematada por Edward, ela ficou incomodada. Embora fosse uma obra doada para caridade, e teoricamente não importasse quem comprasse, o fato de ter sido ele a deixava insatisfeita.Será que aquele homem entendia algo de arte? Ou pior, será que ele tinha comprado a pintura para presentear Sophia?Por um momento, Grace se arrependeu de ter escolhido aquela obra para doar. Talvez devesse ter optado por outra.Com um copo de vinho na mão, ela se afastou do centro da festa e se refugiou em um canto, onde observou de long
— E se eu estiver te enfrentando? Acha que vou ter medo de você? — A expressão de Luiz mudou completamente. Em um piscar de olhos, ele parecia ter se transformado em um demônio saído do inferno, fazendo qualquer um que o olhasse sentir um frio na espinha.Grace inclinou a cabeça, observando-o de lado. Esse homem era interessante. Apesar de seu jeito despreocupado, quando ficava sério, era como se fosse outra pessoa.Enquanto os dois se encaravam, Edward e Patrício desceram do segundo andar. Quando viram Luiz, ambos ficaram surpresos.— Olha só, você chegou tarde. O seu momento de “herói salvador” foi roubado. — Patrício zombou, claramente se divertindo com a situação.Edward fechou a cara, seu olhar carregado de desconfiança:— Luiz, ser bonzinho e bancar o herói? Não parece o estilo dele.— Verdade. Aposto que ele está tramando alguma coisa. — Patrício concordou com um aceno, continuando. — Pena que a Dra. Paisley não sabe disso. Daqui a pouco, ela vai cair na armadilha.Edward não re
Grace e Luiz conversaram bem durante a festa. Ela percebeu que ele era um homem interessante, e pelo menos não a fazia se sentir desconfortável.Com o fim do evento, Grace saiu junto com Israel, mas antes de ir, Luiz olhou para ela com uma expressão de leve desapontamento e disse:— Paisley, até logo.— Até logo. — Grace respondeu com um aceno de mão e, em seguida, entrou no carro e partiu.Luiz ficou observando o carro desaparecer na noite, e só então relaxou o rosto, massageando as bochechas para aliviar os músculos faciais que tinham ficado rígidos com o sorriso prolongado.Quando ele se virou, deu de cara com Edward, que estava parado ali há algum tempo, sem que ele percebesse.— Edward, caramba! Você quer me matar de susto? — Luiz reclamou, dando alguns passos para trás. Afinal, ele sabia que não era páreo para Edward.Edward o encarou com uma expressão sombria e disse com voz fria:— Não envolva terceiros nos nossos assuntos.Luiz soltou uma risada, incrédulo, enquanto coçava o o