— Uma pintura do Sr. Jay?— Impossível! — Alguém exclamou em tom áspero. — Todo mundo sabe que o Sr. Jay há muito tempo não leiloa mais suas obras. Não pode ser uma pintura dele!— Isso mesmo! Quem tem a ousadia de trazer uma pintura falsa para o leilão? Acham que somos todos idiotas?Os convidados presentes no leilão eram figuras importantes da alta sociedade de Kissama. A indignação deles era algo que os organizadores não poderiam suportar.Francisco, suando frio, apressou-se a intervir:— Esta pintura do Sr. Jay foi doada por um patrocinador anônimo, que garantiu a autenticidade da obra.— Ele disse que é verdadeira e temos que acreditar? Quem vai confiar nisso? — Alguém rebateu de imediato. — Quem é esse anônimo? Se tem coragem, que se apresente e mostre provas de que a pintura é autêntica.Como todas as peças leiloadas naquela noite eram doações dos próprios convidados, era evidente que o doador anônimo estava no local. A questão agora era: quem teria a audácia de tentar leiloar u
No segundo andar, Edward e Patrício observavam toda a confusão que acontecia no andar de baixo.— Parece que a mulher que você deixou sair do controle está em apuros. Você não vai descer para ajudá-la? — Patrício perguntou com um sorriso no canto da boca, enquanto olhava para o homem ao seu lado.— Ajudar? — Edward soltou uma risada fria, com uma expressão de quem estava gostando do espetáculo. — Por que eu a ajudaria? Nem conheço ela direito.— Não conhece e deu a ela um par de brincos de sessenta milhões? — Patrício riu baixinho.A expressão de Edward mudou por um breve momento, mas logo ele respondeu:— Já falei, foi para agradecer por ela ter salvado a Sophia.Patrício não discutiu. No fundo, ele sabia que o verdadeiro motivo estava bem guardado na mente de Edward.Não demorou muito para que o perito que Francisco havia chamado chegasse ao local. Enquanto aguardavam o resultado da avaliação, as pessoas começaram a cochichar, e Sophia observava tudo com um sorriso de satisfação. Na
— Foi um mal-entendido, apenas um mal-entendido. — Francisco estava completamente frustrado. Como ele poderia saber que aquela mulher era aluna do Jay?— Deixa pra lá, Rodrigo. É normal que as pessoas tenham dúvidas. Afinal, faz muito tempo que nosso mestre não lança uma nova obra. — Grace entendia por que estavam desconfiados e não se sentia ofendida.O jeito calmo e tranquilo de Grace deixava Rodrigo sem palavras. Ele queria repreendê-la, mas no fim soltou um suspiro de resignação:— Eu já te disse várias vezes, você não precisa resolver tudo sozinha. Eu e o mestre sempre estaremos aqui para te apoiar.— Eu sei. — Grace sorriu, assentindo. — Se eu encontrar algo que realmente não consiga resolver, prometo que vou te procurar.Ela não havia pedido a ajuda dele justamente porque sabia que a autenticidade da pintura seria fácil de comprovar, sem a necessidade de fazer Rodrigo se deslocar até lá.— Então, ela é mesmo a última aluna do Sr. Jay? — Alguém murmurou, ainda incrédulo.Grace so
Depois que o leilão terminou, veio a parte entediante da noite: as interações sociais. Vários convidados estavam claramente interessados em Grace. Afinal, além de ser irmã de Israel, ela ainda era a última discípula do renomado mestre de pintura Jay. Muitos ali pensavam que, se conseguissem conquistar seu favor, suas ambições pessoais poderiam se realizar muito mais rápido.Grace, no entanto, não estava preocupada com as intenções alheias. Desde que soube que a pintura foi arrematada por Edward, ela ficou incomodada. Embora fosse uma obra doada para caridade, e teoricamente não importasse quem comprasse, o fato de ter sido ele a deixava insatisfeita.Será que aquele homem entendia algo de arte? Ou pior, será que ele tinha comprado a pintura para presentear Sophia?Por um momento, Grace se arrependeu de ter escolhido aquela obra para doar. Talvez devesse ter optado por outra.Com um copo de vinho na mão, ela se afastou do centro da festa e se refugiou em um canto, onde observou de long
— E se eu estiver te enfrentando? Acha que vou ter medo de você? — A expressão de Luiz mudou completamente. Em um piscar de olhos, ele parecia ter se transformado em um demônio saído do inferno, fazendo qualquer um que o olhasse sentir um frio na espinha.Grace inclinou a cabeça, observando-o de lado. Esse homem era interessante. Apesar de seu jeito despreocupado, quando ficava sério, era como se fosse outra pessoa.Enquanto os dois se encaravam, Edward e Patrício desceram do segundo andar. Quando viram Luiz, ambos ficaram surpresos.— Olha só, você chegou tarde. O seu momento de “herói salvador” foi roubado. — Patrício zombou, claramente se divertindo com a situação.Edward fechou a cara, seu olhar carregado de desconfiança:— Luiz, ser bonzinho e bancar o herói? Não parece o estilo dele.— Verdade. Aposto que ele está tramando alguma coisa. — Patrício concordou com um aceno, continuando. — Pena que a Dra. Paisley não sabe disso. Daqui a pouco, ela vai cair na armadilha.Edward não re
Grace e Luiz conversaram bem durante a festa. Ela percebeu que ele era um homem interessante, e pelo menos não a fazia se sentir desconfortável.Com o fim do evento, Grace saiu junto com Israel, mas antes de ir, Luiz olhou para ela com uma expressão de leve desapontamento e disse:— Paisley, até logo.— Até logo. — Grace respondeu com um aceno de mão e, em seguida, entrou no carro e partiu.Luiz ficou observando o carro desaparecer na noite, e só então relaxou o rosto, massageando as bochechas para aliviar os músculos faciais que tinham ficado rígidos com o sorriso prolongado.Quando ele se virou, deu de cara com Edward, que estava parado ali há algum tempo, sem que ele percebesse.— Edward, caramba! Você quer me matar de susto? — Luiz reclamou, dando alguns passos para trás. Afinal, ele sabia que não era páreo para Edward.Edward o encarou com uma expressão sombria e disse com voz fria:— Não envolva terceiros nos nossos assuntos.Luiz soltou uma risada, incrédulo, enquanto coçava o o
Na saída do cartório, Grace Hughes segurava o recém-emitido certificado de divórcio.— Sra. Perry... Ou melhor, Srta. Grace. — Disse Max, o mordomo, com um leve constrangimento no rosto. — O Sr. Otto me pediu para entregar isto a você.Ele estendeu um cartão bancário, deixando claro o que significava.Grace olhou para o cartão por um instante, surpreendida, antes de responder:— Não precisa. Agradeça ao Sr. Otto por mim. Esses últimos dois anos, devo muito aos cuidados dele.Dizendo isso, ela se dirigiu à rua e entrou no Maybach preto que já a aguardava.Dentro do carro, Grace olhou para os dois homens e, com um sorriso de leve frustração, comentou:— Gente, só porque eu me divorciei, vocês precisam ficar tão nervosos assim?— Grace, você realmente se divorciou? — Billy Garcia, que estava no volante, virou-se para checar, ainda incrédulo.Grace assentiu, rindo:— Acabei de pegar o certificado de divórcio, fresquinho ainda.Ela tirou o documento da bolsa e o balançou na frente deles.—
— Quando isso aconteceu? — Valdir finalmente percebeu a mudança no rosto de Edward.— A notícia chegou hoje de manhã.— Imediatamente mande alguém investigar. Desta vez, não importa onde ela esteja, você tem que encontrá-la! — Edward ordenou, sua voz carregada de determinação.Valdir rapidamente assentiu:— Sim, senhor presidente.No Multicare Hospital, logo cedo, a atmosfera estava agitada com diversos rumores.— Vocês sabem quem é o novo vice-diretor? Será homem ou mulher? Vai ser tranquilo de se lidar? — Alguém comentou.— Vai saber... De qualquer forma, para chegar direto como vice-diretor, ou é um gênio da área ou entrou por cima, com algum contato forte... — Disse outra, rindo com malícia.— Dizem que essa pessoa é bem jovem. A chance de ter entrado por influência é grande.— Concordo. — Outros acenaram com a cabeça.Afinal, na medicina, experiência é o que mais conta. Muitos passam décadas sem chegar a vice-diretor. Ter alguém tão jovem nessa posição inevitavelmente gerava conve