Capítulo 24
— Mas...

— Não tem problema, irmão. Eu nem gostei tanto assim. — Grace sorriu, como se os brincos fossem algo irrelevante para ela.

Israel não fez mais lances, deixando que o item fosse para Edward. As pessoas ao redor mal disfarçavam a surpresa: esse realmente tinha dinheiro para gastar de forma extravagante!

Sophia, por sua vez, estava visivelmente animada. Nunca imaginou que Edward fosse arrematar algo tão caro para presenteá-la. Embora estivesse nervosa, uma excitante expectativa crescia em seu coração.

No entanto, para sua surpresa, os brincos não foram entregues a ela.

Ela observou enquanto Edward pagava sem hesitar e, em seguida, sussurrava algumas palavras no ouvido do garçom. Logo depois, o mesmo garçom caminhou em direção a Grace e, em um tom suficientemente audível, disse:

— Com licença, senhorita. O Sr. Edward pediu que entregasse esses brincos como um presente de agradecimento para você.

O espanto foi geral. Sessenta milhões por um par de brincos, e Edward simplesmente os deu de presente? Qual era o relacionamento dele com essa mulher? Afinal, ela não era a irmã de Israel? Como Edward se envolvia nisso?

Ainda mais intrigante era o fato de ele não ter presenteado sua própria "irmã", Sophia, e sim a irmã de Israel. Todos ficaram confusos, e o burburinho sobre a complexidade das relações na alta sociedade só aumentava.

Grace, porém, não estendeu a mão para pegar os brincos. Em vez disso, franziu o cenho e olhou diretamente para Edward, como se quisesse entender o que ele estava tentando fazer.

— É só uma ninharia. Você salvou a vida de Sophia, e a vida dela vale muito mais do que esses brincos. — Edward explicou. O recado era claro: ele estava agradecendo Grace por ter salvado Sophia e, por isso, comprou o presente como sinal de gratidão.

Ele disse isso sem sequer olhar para Sophia, ignorando completamente o olhar pálido que tomou conta de seu rosto.

Sophia pensou: “Então, só porque ela me salvou, você está presenteando-a com algo tão valioso?”

Ela começava a perceber que o homem à sua frente era muito mais difícil de decifrar do que imaginava. E junto com essa percepção, uma sensação de perigo iminente começou a crescer dentro dela.

— Não precisa. — Grace interrompeu com firmeza, recusando a oferta sem qualquer hesitação. — Já recebi o pagamento que me era devido.

A expressão de Edward mudou imediatamente. Aquela não era a primeira vez que Grace o rejeitava, e isso o irritava profundamente.

— Você só vai ficar satisfeita quando me deixar furioso, é isso? — Ele perguntou, com o rosto começando a endurecer.

— Eu não entendi o que você quer dizer. — Grace respondeu friamente, fixando-o com um olhar distante. — Nós mal nos conhecemos. Eu preferiria que você evitasse gestos que possam ser mal interpretados.

Ela lançou um olhar ao redor, vendo as muitas faces curiosas e ávidas por fofocas. As pessoas pareciam prontas para correr até ela e perguntar que tipo de relação ela tinha com Edward.

As palavras de Grace, afirmando que não o conhecia bem, foram como gasolina jogada no fogo da raiva de Edward. Ele se levantou de repente, os olhos quase faiscando:

— Ótimo! Perfeito!

Fazia muito tempo que ninguém o irritava tanto. Sem dizer mais nada, Edward deixou o salão rapidamente, furioso.

A multidão, sem saber exatamente o que havia acontecido, apenas sentiu que algo sério tinha ocorrido. E todos pareciam chegar à mesma conclusão: provavelmente, aquela mulher tinha provocado a ira de Edward.

De repente, todos os olhares se voltaram para Grace. Alguns eram de curiosidade, outros de admiração, mas a maioria estava carregada de uma certa dose de pena. Ela havia irritado Edward... Agora, que Deus a ajudasse.

Mas Grace não parecia minimamente preocupada. Ela ignorou os olhares e voltou sua atenção para o palco, aguardando a próxima peça a ser leiloada.

No andar de cima, Edward estava sentado em uma sala privativa, com o rosto sombrio. Ele girava o copo de uísque em suas mãos, antes de virá-lo de uma vez, bebendo tudo.

— Você perdeu o controle. — A voz grave e fria do homem à sua frente soou, enquanto ele também segurava um copo de bebida.

— Sim. — Edward admitiu sem rodeios. Ele sabia que tinha perdido o controle.

Na verdade, sempre que estava perto de Grace, ele se sentia fora de si.

Patrício, o homem sentado à sua frente, levantou os olhos para observar o leilão lá embaixo.

— Quem é essa mulher? Sua atitude em relação a ela... — Ele deixou a frase no ar, um toque de curiosidade brilhando em seus olhos.

Patrício conhecia Edward há muitos anos, e era raro vê-lo tão perturbado, especialmente por causa de uma mulher. Aquilo o intrigava.

— Ela é a médica que operou Sophia. — Edward respondeu, com um brilho sombrio nos olhos. — Mas, por algum motivo, sinto que ela tem uma hostilidade inexplicável contra mim.

— Ah, é? — Patrício sorriu levemente, interessado. — Não há muitas mulheres que se sentem hostis em relação a você...

Talvez fosse exatamente por isso que Edward estava tão fixado nela.

— Quero que você investigue o passado dela. — Edward disse, depois de tomar mais um gole de uísque. — Há algo a mais. Não consigo acreditar que seja tão simples.

— Pode deixar. — Patrício assentiu. — Vale a pena descobrir. Quem sabe ela não foi enviada por alguém para se aproximar de você?

Enquanto conversavam, a atenção de ambos foi atraída para o andar de baixo. Algo parecia estar acontecendo no salão de leilões, e o ambiente havia se tornado mais agitado.
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