O Ex-Marido que Não Desaparece
O Ex-Marido que Não Desaparece
Por: Luna Alves
Capítulo 1
Na saída do cartório, Grace Hughes segurava o recém-emitido certificado de divórcio.

— Sra. Perry... Ou melhor, Srta. Grace. — Disse Max, o mordomo, com um leve constrangimento no rosto. — O Sr. Otto me pediu para entregar isto a você.

Ele estendeu um cartão bancário, deixando claro o que significava.

Grace olhou para o cartão por um instante, surpreendida, antes de responder:

— Não precisa. Agradeça ao Sr. Otto por mim. Esses últimos dois anos, devo muito aos cuidados dele.

Dizendo isso, ela se dirigiu à rua e entrou no Maybach preto que já a aguardava.

Dentro do carro, Grace olhou para os dois homens e, com um sorriso de leve frustração, comentou:

— Gente, só porque eu me divorciei, vocês precisam ficar tão nervosos assim?

— Grace, você realmente se divorciou? — Billy Garcia, que estava no volante, virou-se para checar, ainda incrédulo.

Grace assentiu, rindo:

— Acabei de pegar o certificado de divórcio, fresquinho ainda.

Ela tirou o documento da bolsa e o balançou na frente deles.

— Finalmente! — Billy gargalhou. — Esse casamento já devia ter acabado faz tempo. Aliás, devia nem ter começado!

Grace lançou-lhe um olhar de canto de olho e disse:

— Billy, presta atenção na direção. Eu acabei de sair do "túmulo" do casamento, não quero ir parar no cemitério de verdade. E, além disso, divórcio não é motivo para tanta felicidade, né?

Afinal, não costumam dizer que é melhor manter o casamento do que se separar? Mas, pelo jeito, seus dois irmãos pareciam torcer para que ela se divorciasse o quanto antes.

— Claro que é motivo de alegria! — Billy insistiu, desviando o olhar para o homem no banco de trás, que permanecia em silêncio. — Não sou só eu que estou feliz. O Israel também está.

Sentindo o olhar de Grace sobre ele, Israel Alves apenas assentiu, sem contestar:

— Billy está certo. Esse casamento nunca deveria ter acontecido.

Grace suspirou, resignada:

— Vocês sabem que foi um desejo do vovô. Eu jamais poderia desrespeitar a última vontade dele.

Ao ouvir a menção ao avô, ambos ficaram em silêncio por um momento. Billy, com uma ponta de frustração, murmurou:

— Ainda não entendo o que o vovô estava pensando ao te fazer casar com aquele idiota do Edward. Vocês ficaram casados por dois anos, e ele te tratou como se você nem existisse. Um absurdo!

Se não fosse por Grace, ele já teria dado uma boa lição naquele sujeito.

Enquanto Billy expressava sua raiva, Grace manteve a calma:

— Não foi tão ruim. Esses dois anos, vivemos cada um no seu canto. Ele nunca pôs os pés na Alameda Serenata. Acredito que ele nem saiba como eu sou de verdade.

Era até meio cômico. Dois anos de casamento, e eles nunca se viram. Para muitas pessoas, isso seria inimaginável.

Mas Grace já havia aceitado. O casamento com Edward nunca foi por amor ou desejo. Ela o fez para cumprir o último desejo do avô, e Edward, por sua vez, também foi forçado pela própria família. Nenhum dos dois tinha escolha.

— Se soubesse que ele era um idiota desses, nunca teria deixado você se casar com ele. — Continuou Billy, ainda ressentido. — Se o vovô quisesse tanto te casar, você podia ter se casado comigo! Ou então com o Israel! Qualquer um de nós seria melhor que o Edward, aquele babaca.

Grace revirou os olhos, sentindo uma leve dor de cabeça.

— Billy, para de brincadeira, tá? Casar com meus irmãos? Isso não faz o menor sentido.

Billy, por outro lado, não parecia se incomodar:

— Que bobagem! Nós nem temos laços de sangue. Por que não seria possível?

Grace suspirou profundamente, lançando-lhe um olhar de reprovação. Embora Israel e Billy tivessem sido adotados por seu avô, os três cresceram juntos como irmãos. Para ela, eles sempre seriam sua família, e isso não tinha nada a ver com sangue.

— Para com isso, Billy. Para mim, vocês sempre serão meus irmãos.

Billy estava só brincando, e Grace sabia disso. Mas nenhum dos dois percebeu a leve mudança no olhar de Israel quando Billy mencionou a ideia de ela se casar com ele.

Israel, que sempre manteve seus sentimentos bem escondidos, desviou o olhar, mas não antes de Grace dizer que eles eram como irmãos. Aquela simples frase fez com que seu olhar perdesse o brilho por um momento, antes de ele voltar à sua postura habitual.

Ele sempre foi discreto com seus sentimentos. Nem Billy, nem Grace jamais desconfiaram de nada.

— Chega desse assunto. Agora você está divorciada. Quais são seus planos? — Israel perguntou, sua voz profunda e reconfortante, como um caloroso raio de sol em um dia frio. — Você se afastou de tudo por causa do casamento. Já faz dois anos. Todo mundo lá fora está louco para te encontrar.

Grace suspirou, sentindo uma pontada de nostalgia:

— Faz tanto tempo... Será que ainda se lembram de mim como Dra. Paisley?

— É claro que sim. — Israel respondeu, com um brilho indecifrável nos olhos. — Você é uma das neurocirurgiãs mais famosas do mundo. Não importa quanto tempo passe, você nunca será esquecida.

— Será? — Grace sorriu, e seus olhos brilharam com uma nova determinação. — Então, parabéns para mim. Estou voltando à sala de cirurgia.

No dia seguinte, no escritório da presidência do Grupo Perry.

Valdir, o assistente, desligou o telefone e se virou para o homem sentado à mesa, ocupado com os papéis à sua frente.

— Presidente Edward, acabaram de ligar de casa. O divórcio já foi oficializado.

Edward continuou trabalhando, sem levantar a cabeça:

— Quanto ela pediu?

— Max disse que ela não pediu nada.

Ao ouvir isso, Edward finalmente parou o que estava fazendo, franzindo a testa.

— Nada?

— Exato. Max confirmou que o Sr. Otto tentou oferecer uma quantia, mas ela recusou.

Até o próprio Valdir achou isso surpreendente. Afinal, ouviu dizer que a moça veio do interior, e sua situação financeira não deveria ser das melhores. Como ela pôde não aceitar nada?

Edward ficou em silêncio por alguns instantes, pensando, antes de falar:

— Encontre-a. Dê a ela a casa que temos na Zona Oeste.

Ela havia sido discreta durante os dois anos e não causou problemas. Também foi rápida em aceitar o divórcio. Ele não tinha motivos para ser mesquinho.

Valdir anotou o pedido, mas hesitou antes de sair.

— Mais alguma coisa? — Edward perguntou, erguendo os olhos cansados.

— Sim... — Valdir engoliu em seco, sentindo um leve calafrio sob o olhar penetrante do chefe. — Acabei de receber a notícia... Parece que a Dra. Paisley, que estava desaparecida há dois anos, reapareceu.
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