Capítulo 4
As expressões das pessoas ao redor mudaram imediatamente, variando entre medo, curiosidade e, em sua maioria, incredulidade.

Eles não conheciam a Dra. Paisley, mas era impossível não reconhecer Edward.

Ao ver o homem que aparecia frequentemente na televisão, a esposa do paciente finalmente assentiu. Com alguém tão poderoso garantindo, o mínimo que ela podia fazer era confiar que a médica também fosse competente.

O paciente foi levado para a sala de cirurgia. Grace deu uma rápida olhada para Edward, acenou com a cabeça em agradecimento e se virou para entrar na sala.

Apesar de sua curiosidade sobre o motivo da presença repentina de Edward e por que ele havia se oferecido como fiador, não havia tempo para perguntas — salvar a vida do paciente era a prioridade.

A luz da sala de cirurgia acendeu, e todos aguardavam ansiosos do lado de fora, inclusive Edward.

Três horas depois, a luz se apagou. A porta se abriu, e uma enfermeira saiu primeiro. Os familiares, aflitos, correram para perguntar:

— Enfermeira, como está meu marido? A cirurgia foi bem-sucedida?

— A cirurgia foi um sucesso. O paciente está fora de perigo. — Respondeu a enfermeira.

Com essa notícia, todos suspiraram de alívio. Somente Edward, que estava ao lado, não pareceu se surpreender com o resultado.

Logo, o paciente foi levado para fora, seguido por seus familiares. No entanto, Edward permaneceu na porta da sala de cirurgia, aguardando.

Quando Grace saiu, ela o viu imediatamente, e ele também a notou. Aproximou-se dela rapidamente.

— Olá, Dra. Paisley.

— Olá, Sr. Edward. — Ela respondeu, com a voz um pouco fraca após a longa cirurgia de três horas.

Edward pretendia ir direto ao ponto, afinal, a situação de Sophia era grave. Porém, ao ouvir sua voz cansada, ele reprimiu sua urgência por um momento e disse:

— Gostaria de convidá-la para jantar. A senhora aceitaria?

Grace franziu a testa e, instintivamente, recusou:

— Sr. Edward, se há algo a dizer, pode falar agora.

Eles estiveram casados por dois anos, e ele nunca a convidara para jantar. Agora, recém-divorciados, ele vinha com esse convite? Era até cômico.

Embora ela soubesse que Edward não a reconhecia, ele sequer fazia ideia de que a Dra. Paisley à sua frente era sua ex-esposa, Grace não podia evitar o desconforto. Não queria ter nenhum tipo de envolvimento com ele.

— Certo. — Edward não era de enrolar. Foi direto ao ponto. — Gostaria de pedir que realizasse uma cirurgia.

Ele entregou a ela um dossiê de paciente que já havia preparado.

Grace pegou o documento, abriu e, logo na primeira página, viu uma foto sorridente: uma mulher de rosto bonito, com grandes olhos azuis.

Então, era por causa dessa mulher que Edward não a havia procurado nenhuma vez nos últimos dois anos? Bem, isso não era mais problema dela. Afinal, eles estavam divorciados. Ele podia gostar de quem quisesse.

Conforme lia o histórico médico de Sophia Torres, o semblante de Grace foi ficando cada vez mais sério. Agora entendia por que Edward a havia procurado.

Após um longo silêncio, ela devolveu o dossiê e disse:

— O quadro dela é muito grave, imagino que você esteja ciente disso.

— Sim. — Edward assentiu, sua expressão mais pesada do que o normal. — Ela já passou por uma cirurgia antes. Não esperávamos que o tumor retornasse, mas agora todos dizem que não há mais chances.

Edward não queria desistir. Se o fizesse, como poderia honrar o sacrifício de Davi, que havia morrido para salvá-lo?

Um tumor cerebral... A cirurgia seria extremamente difícil, ainda mais com o tumor tendo voltado. A segunda cirurgia seria muito mais complicada que a primeira.

Percebendo sua hesitação, Edward se apressou em dizer:

— Pode pedir o que quiser. Se estiver ao meu alcance, farei o possível para atender.

Grace o encarou por um momento. Não esperava que o Edward, conhecido por sua frieza implacável, fosse capaz de fazer qualquer coisa por alguém que amava.

— Onde ela está? Preciso ver a paciente primeiro. — Disse Grace. Embora quisesse evitar qualquer contato com Edward, como médica, ela não podia ignorar uma vida em risco.

Mesmo que essa vida fosse a da amante de Edward.

— Ela está no hospital particular do Grupo Perry. Posso levá-la até lá agora, se desejar. — Respondeu Edward, surpreso com a rapidez com que Grace aceitou. Ele havia presumido que ela faria algumas exigências.

Grace, no entanto, franziu a testa ao ouvir isso.

— Ela não está no Multicare Hospital?

— Não, ela está no hospital particular, onde as condições são melhores. Se você fizer a cirurgia lá, as chances de sucesso serão maiores. — Edward explicou. O hospital particular tinha os melhores equipamentos e as melhores condições. Ele jamais deixaria Sophia em outro lugar.

Grace, contudo, balançou a cabeça e respondeu com um tom de desculpas:

— Lamento, mas não poderei realizar a cirurgia da Srta. Sophia.

— Por quê? — Edward perguntou, confuso. Ela havia acabado de aceitar.

Grace suspirou, prestes a explicar, quando Edward, sem dizer nada, tirou do bolso uma folha de cheque e a estendeu para ela.

— Dinheiro não é problema.

Grace deu uma rápida olhada no cheque. Embora o valor fosse suficiente para enlouquecer qualquer um, ela apenas sorriu levemente e respondeu:

— O dinheiro pode ser muito, mas há coisas que ele não pode resolver.

— Então, o que você quer? — Edward perguntou, contendo a frustração. Achava que a oferta não havia sido boa o suficiente.
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