Capítulo 7
À noite, todo o pessoal da neurocirurgia estava reunido no Ritmo Saboroso para um jantar, e a protagonista da noite era Grace, que havia chegado há pouco tempo.

— Um brinde à nossa Dra. Paisley, que ela possa levar a neurocirurgia da Multicare a novos patamares! — Disse o chefe da neurocirurgia, um homem que, embora ocupasse um cargo de prestígio, não era exatamente conhecido por suas habilidades cirúrgicas. Ele havia subido de posição mais por conta da sua experiência do que por mérito técnico.

No início, ele não havia gostado nada de terem colocado um vice-chefe acima dele, mas logo percebeu que, se a neurocirurgia prosperasse, ele também ganharia prestígio como chefe da equipe. E, além disso, Grace era uma neurocirurgiã brilhante. Com esse pensamento, sua atitude em relação a ela rapidamente mudou para algo muito mais acolhedor.

— Dr. André, por favor, não exagere. — Grace levantou o copo e disse. — Eu não sou boa com álcool, então vou brindar com suco.

Ela completou a frase e, sem hesitar, tomou o copo de suco de uma só vez.

Todos aplaudiram, sem se importar que ela tivesse trocado o álcool por suco. Sabiam que, no dia seguinte, ela tinha uma cirurgia importante.

O jantar transcorreu com muita animação, e Grace também se divertiu bastante.

No banheiro, ela lavou o rosto para se refrescar.

— Dra. Paisley. — Alguém a chamou assim que ela saiu.

Grace se virou e viu que era o Dr. Noah, um dos médicos da equipe de neurocirurgia. Ela perguntou:

— Dr. Noah, precisa de algo?

— Agora que somos colegas, podemos deixar as formalidades de lado. Me chama só de Noah, por favor. — Ele sorriu, um tanto atrapalhado, o rosto ligeiramente vermelho, provavelmente devido à bebida.

Grace assentiu.

— Tudo bem.

Noah não disse mais nada, e o ambiente ficou um pouco desconfortável. Grace olhou para ele, intrigada.

— Se não for nada importante, acho melhor voltarmos. O pessoal está esperando.

— Na verdade, eu... Eu tenho uma perguntinha para te fazer. — Ele parecia extremamente nervoso.

— Pode perguntar. — Grace arqueou uma sobrancelha, já imaginando o que ele iria dizer.

— É que... — Ele gaguejou, até finalmente conseguir soltar a pergunta. — Você tem namorado?

Noah ficou parado, visivelmente constrangido, como um aluno esperando ser repreendido pelo professor.

— Tem? — Ele repetiu, ansioso.

Grace deu uma risadinha, balançou a cabeça e respondeu:

— Não tenho.

— Sério? Que ótimo...

— Mas sou divorciada. — Ela o interrompeu antes que ele pudesse terminar a frase.

— Di-divorciada? — Noah parecia não acreditar no que tinha ouvido, achando que fosse um erro.

Grace confirmou com a cabeça.

— Isso mesmo. Algum problema?

— N-não, nenhum. — Noah balançou a cabeça, claramente desapontado.

Ele tinha pensado que, apesar de ela ser uma doutora, ainda era jovem, e talvez ele tivesse uma chance se se esforçasse o bastante. Mas... Divorciada? Talvez fosse melhor reconsiderar. Afinal, havia aquela enfermeira que andava mostrando interesse por ele...

Noah se despediu e voltou para o jantar, e Grace sorriu de canto. Não estava surpresa. Usar o fato de ser divorciada certamente a ajudava a evitar muitas situações incômodas.

Ela estava prestes a sair quando, do banheiro masculino, uma figura conhecida apareceu.

Os dois se encararam por um momento, e Grace não resistiu à vontade de se perguntar no interior: “Edward, será que você está me seguindo? Como é que a gente se esbarra em todo lugar?”

— Dra. Paisley, você tem um jeito bem peculiar de rejeitar as pessoas. — Ele sorriu, com um toque de ironia na voz.

Grace revirou os olhos. “Isso é culpa sua”.

Ela passou por ele sem dar muita atenção. Fora do ambiente hospitalar, ela era uma pessoa comum. E, como qualquer pessoa comum, tinha o direito de ignorar Edward se quisesse.

— Você bebeu? — Edward franziu a testa e segurou o pulso dela, claramente irritado.

Grace puxou o braço de volta, aborrecida:

— Sr. Edward, você está se metendo demais na minha vida. Se eu bebi ou não, não tenho que te dar satisfação.

Ela o encarou com raiva, o rosto corado de frustração. Sua pele clara ficou ainda mais rosada, e seus olhos brilhavam com uma mistura de irritação e determinação. O nariz delicado e os lábios levemente curvados, como se estivesse pronta para uma resposta afiada, só a deixavam ainda mais bonita.

Por um momento, Edward ficou paralisado, meio perdido. Era a primeira vez que ele via Grace sem a máscara, e a visão o surpreendeu.

Mesmo com a máscara, ele já sabia que ela era bonita. Mas agora, sem ela, ele não esperava que fosse tão deslumbrante.

— Não quero colocar a vida da Sophia nas mãos de alguém que bebe. — Edward finalmente conseguiu reagir, falando com frieza.

Grace respirou fundo. Sua boa educação lhe dizia para não responder de forma grosseira. Ela conteve a raiva e respondeu o mais calmamente possível:

— Sua preocupação é desnecessária. Eu não bebi, e isso não afetará a cirurgia de amanhã.

O cheiro de álcool em sua roupa era dos outros. Ela mesma não gostava de beber.

Edward ainda parecia desconfiado, mas seu semblante suavizou um pouco.

— Que bom. Afinal, é uma vida em jogo. Sei que você tem consciência disso.

— Mais alguma coisa? — Grace perguntou, claramente ansiosa para encerrar a conversa.

— Você me odeia? — Edward perguntou de repente, percebendo a irritação e a expressão de desagrado no rosto dela.

Grace ficou surpresa. Será que tinha sido tão óbvia?

Ela deu uma leve tosse, tentando disfarçar.

— Você está imaginando coisas. Nós nem nos conhecemos direito. Como eu poderia te odiar?

Edward refletiu por um momento. Fazia sentido. Eles mal se conheciam, então não havia motivo para ela sentir ódio. Decidiu não dar muita importância ao assunto, achando que talvez fosse apenas uma impressão errada.
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