Capítulo 8
Na manhã seguinte, os equipamentos doados por Edward chegaram ao hospital. O diretor veio pessoalmente recebê-los, demonstrando o quanto a instituição valorizava aquela nova aquisição.

Grace não se envolveu muito com a chegada dos aparelhos. Ela estava concentrada nos exames recentes de Sophia, discutindo com outros médicos sobre possíveis complicações que poderiam surgir durante a cirurgia.

Duas horas depois, os equipamentos já estavam instalados. Grace liderou sua equipe até a sala de cirurgia.

Na porta do centro cirúrgico, Edward a aguardava. Ao vê-la se aproximar, ele se levantou rapidamente e foi até ela.

— Você está confiante? — Perguntou, com o rosto tenso.

Grace, com a máscara cobrindo parte do rosto, ergueu o olhar e, com um tom ligeiramente irônico, respondeu:

— E se eu dissesse que não estou? Vai tirar a paciente daqui?

Edward ficou sem palavras por um momento. Não havia muito que ele pudesse dizer. Naquele ponto, independentemente de sua confiança, a cirurgia de Sophia era inevitável. A situação já estava em andamento, sem volta.

— Fique tranquilo, Sr. Edward. Vou fazer o melhor possível. — Grace garantiu, com firmeza. Ela não permitiria que Sophia morresse, muito menos em sua mesa de cirurgia.

A equipe entrou na sala, e com o acender das luzes cirúrgicas, o ambiente ficou carregado de tensão.

O tempo passou lentamente. Seis horas de cirurgia se arrastaram, e as luzes ainda brilhavam no centro cirúrgico.

— Presidente Edward, por que o senhor não descansa um pouco? Eu posso ficar aqui de plantão. — Sugeriu Valdir, preocupado. O homem estava ali o dia todo, sem comer ou beber nada.

Edward balançou a cabeça, recusando a sugestão, sua voz carregada de preocupação:

— Os médicos que estão operando não descansaram, por que eu descansaria?

Ele realmente não esperava que a cirurgia durasse tanto tempo. A preocupação estava crescendo, e ele não conseguia evitar o pensamento de que aquela mulher, tão pequena e aparentemente frágil, estava liderando uma operação tão longa e delicada.

— Vá providenciar comida. Quero que todos tenham algo para comer assim que a cirurgia terminar. — Ordenou a Valdir, de repente.

Valdir ficou surpreso. Nunca tinha visto um familiar de paciente tão preocupado com os médicos ao ponto de encomendar comida para eles. Desde quando o chefe se tornara tão atencioso?

Olhando para a sala de cirurgia, Valdir compreendeu. Edward estava fazendo isso por Sophia, claro. Afinal, ele havia prometido ao irmão dela que cuidaria bem dela. Era natural que agora quisesse demonstrar sua gratidão aos médicos que estavam salvando a vida dela.

Meia hora depois, as luzes da sala de cirurgia finalmente se apagaram, e a porta se abriu. Uma enfermeira saiu primeiro.

— A família de Sophia está aqui?

Edward levantou-se imediatamente.

— A cirurgia foi bem-sucedida?

— Sim, a Dra. Paisley disse que correu tudo bem. A paciente será transferida para a UTI agora. O senhor pode vir comigo para assinar alguns papéis.

Edward assentiu e fez um sinal para Valdir ir com a enfermeira cuidar da burocracia.

Pouco depois, Grace e sua equipe saíram da sala de cirurgia. Todos estavam visivelmente exaustos, com rostos pálidos, resultado de horas de concentração e esforço.

— Foi um trabalho duro. — Edward se aproximou de Grace, seu olhar carregado de sentimentos conflitantes.

Por mais que a atitude dela o irritasse, ele não podia negar que ela havia salvado Sophia. E, por isso, decidiu deixar de lado suas queixas por enquanto.

Grace estava no limite de suas forças. Ver Edward à sua frente só aumentou seu cansaço mental. Ela respondeu, com um suspiro carregado de ironia:

— Duro? Minha vida é que é dura.

Afinal, Sophia era alguém importante para Edward, e ela não tinha escolha a não ser salvar a mulher. Não era essa a verdadeira definição de azar?

— Vocês devem estar com fome. Eu providenciei comida para todos. Podem ir à sala de descanso comer. — Edward disse, se dirigindo à equipe.

— Sr. Edward, o senhor é muito gentil. Esse é o nosso dever. — Disse um dos médicos, claramente surpreso com a generosidade.

— É verdade! Ajudar o senhor é uma honra para nós. — Outro comentou, buscando uma oportunidade de agradar.

Afinal, não é todo dia que se tem a chance de auxiliar o poderoso Presidente Edward. A equipe estava visivelmente satisfeita.

Exceto Grace.

Ela ouviu os elogios e suspirou internamente. "Honra? Quem quiser, pode ficar com essa honra. Eu estou fora."

Valdir levou a equipe para a sala de descanso, enquanto Sophia era transferida para a UTI. Grace massageou as têmporas, sentindo o peso da exaustão, e se preparou para ir para casa descansar.

Fazia tempo que não realizava uma cirurgia tão longa, e seu corpo estava realmente sentindo os efeitos.

— Você não vai comer? — Edward perguntou, ao vê-la se afastando. Instintivamente, ele segurou seu pulso.

A mão de Grace era delicada e macia. Provavelmente ela havia acabado de lavar as mãos, pois estavam frias ao toque, o que fez um arrepio involuntário correr pela espinha de Edward.

Mas o momento durou apenas um segundo. Grace rapidamente deu três passos para trás, olhando para ele com uma expressão defensiva.

— Sr. Edward, por favor, mantenha a distância.

Dito isso, ela esfregou a mão, como se quisesse se livrar de qualquer traço de contato. O desdém estava escrito em seu rosto, sem nenhum esforço para disfarçar.

Edward sentiu a raiva subir. Ele cerrou os dentes. O que ele fez para merecer tanta desconfiança?

— Dra. Paisley! — Ele pronunciou seu nome com firmeza, a voz grave e carregada de frustração.

Grace ergueu o olhar e o encarou. Seus olhos claros e brilhantes não mostravam nenhum sinal de fraqueza. Pelo contrário, havia um desafio implícito ali. A tensão entre os dois era palpável.

— Não pense que só porque salvou Sophia pode fazer o que quiser. Estou avisando: minha paciência tem limite.

Grace soltou uma risada irônica. Ele estava sem paciência? Ela é que estava sem paciência!

— É mesmo? — Respondeu ela, mantendo a voz controlada e esboçando um sorriso forçado. — Então espero que esta tenha sido a última vez que nos vemos.

— Você…

Ela não lhe deu tempo para responder. Virou-se e foi embora, sem olhar para trás.

Edward ficou parado, observando-a sumir pelo corredor. Uma raiva abafada tomava conta dele. Não conseguia entender por que estava tão incomodado.

— Presidente Edward, a Srta. Sophia já foi transferida para a UTI. Tudo está em ordem. — Valdir apareceu atrás dele, falando com cautela.

Na verdade, ele já estava por perto havia algum tempo. Mas ao sentir a tensão entre o chefe e a Dra. Paisley, preferiu manter distância até o momento certo.

— Você acha que ela me odeia? — Edward perguntou de repente, ainda olhando na direção em que Grace havia ido.
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