Capítulo 12
Edward, como ele poderia estar ali?

O silêncio tomou conta do ambiente. Grace e Greyce se sentiram presas sob o olhar penetrante de Edward, desejando, desesperadamente, desaparecer dali.

Com um leve ding, o elevador chegou. Grace, em um impulso, puxou Greyce para dentro, na esperança de escapar rapidamente. Mas, antes que as portas pudessem se fechar, Edward deu uma longa passada e entrou com elas.

— Fale, o que eu devo a ela? O que você acha que ela deveria ter pedido? — A voz de Edward era calma, mas o olhar, fixo em Greyce, carregava uma ameaça silenciosa que a fez engolir em seco.

Greyce sentiu um frio na espinha. Mas, em meio ao pânico, lembrou-se que, no fim das contas, Edward havia sido injusto com Grace no divórcio, então ela não estava errada.

Quando ia responder, Grace se adiantou:

— Sr. Edward, é o seguinte... Minha amiga, ao saber que eu operei a Srta. Sophia, achou que eu deveria ter pedido uma compensação maior. Foi por isso que ela disse aquilo.

— Quer dizer então que você acha que eu paguei pouco? — Edward virou-se para ela, a ameaça mais evidente em seu tom.

— De maneira nenhuma! — Grace sacudiu a cabeça, forçando um sorriso. — Foi culpa minha por não explicar direito para ela. Ela não sabia o quanto você já havia dado.

— Ah, é? — Edward estreitou os olhos, voltando a encarar Greyce. Ele não parecia convencido.

Greyce recebeu o olhar suplicante de Grace. Embora não entendesse o que estava acontecendo, assentiu rapidamente.

— Sim, sim, é exatamente isso.

— Então, só por isso, você achou que podia me dar uma surra? — Edward franziu a testa, seu tom gélido.

Greyce desviou o olhar, incapaz de encará-lo diretamente.

— Ela estava só brincando, não leve a sério. — Grace interveio, amaldiçoando sua falta de sorte por Edward ter aparecido justo quando estavam falando mal dele.

Edward a ignorou, mantendo o olhar fixo em Greyce por um longo momento antes de murmurar:

— Você é filha de Daniel Mendes?

— Ah... Sou. — Greyce respondeu, surpresa ao ser reconhecida por Edward.

— Muito bem, vou me lembrar disso. — Disse ele, saindo do elevador assim que chegaram ao térreo.

As pernas de Greyce fraquejaram. Se Grace não a tivesse segurado, ela teria caído.

— Tô ferrada! Será que ele vai se vingar da empresa do meu pai? — Greyce murmurou, pálida.

Grace observou Edward se afastar e balançou a cabeça.

— Acho que não. Edward não é tão mesquinho assim...

Greyce respirou fundo, se sentindo um pouco mais aliviada. Mas, logo, sua curiosidade voltou.

— E você e ele? O que está rolando? Ele nem parece te conhecer!

Durante o breve tempo no elevador, Edward não havia dado nenhum sinal de reconhecimento. Se não fosse pelo fato de serem completos estranhos, Greyce não conseguia entender a falta de reação dele.

— Nós nunca nos encontramos durante o casamento. — Grace assentiu, explicando. — Você não faz ideia de como foi surreal quando, um dia depois do divórcio, ele apareceu pedindo que eu operasse a amante dele.

— Amante? — Greyce se animou, curiosa. — Conta mais!

Grace narrou o que havia acontecido com Sophia e a cirurgia, terminando com um suspiro:

— Sinceramente, espero nunca mais ver esse homem.

— Acho que isso não vai acontecer. — Greyce riu, maliciosa. — Você não acha estranho ele ter aparecido aqui hoje?

Era muita coincidência que ela e Edward morassem no mesmo condomínio, no mesmo bloco e, pior, no mesmo andar. Que falta de sorte!

Greyce deu um tapinha no ombro de Grace, com um sorriso travesso.

— Acho que o destino de vocês ainda não terminou. Quem sabe, não rola até uma reconciliação? Eu adoraria ver a cara de Edward quando ele descobrir que você é a ex dele. Ah, como eu queria contar pra ele agora mesmo!

— Cala a boca! — Grace revirou os olhos, claramente de mau humor.

No dia seguinte, Grace voltou ao trabalho como de costume. Assim que chegou ao hospital, já foi direto para a sala de cirurgia, onde passou o dia inteiro ocupada.

Somente após o último procedimento ela conseguiu finalmente olhar o celular e viu que havia perdido mais de dez chamadas. Todas eram de Greyce.

Uma sensação de inquietação tomou conta dela, e Grace imediatamente retornou a ligação.

— Finalmente! Achei que você nunca fosse terminar! — Greyce atendeu, sua voz soando apressada e ansiosa.

— O que aconteceu? — Grace perguntou, já sentindo o drama.

— Aquele desgraçado do Edward! — Greyce soltou, claramente furiosa. Ela respirou fundo antes de continuar. — Ele suspendeu a parceria com a empresa do meu pai!

Grace ficou surpresa.

— Não pode ser...

— Acabei de falar com meu pai. Ele está desesperado, achando que fez algo para ofender Edward. Ele nem imagina que a culpa é minha! — Greyce parecia à beira de um colapso, com medo de contar a verdade ao pai.

Grace percebeu a gravidade da situação.

— Não se preocupe, eu vou até aí e a gente encontra uma solução.

— Não, não vem até aqui. Vamos nos encontrar na sede do Grupo Perry.

— Grupo Perry? — Grace repetiu, sem acreditar.

— Claro! Preciso ir lá pedir desculpas para aquele idiota. O Grupo Perry é o maior cliente da empresa do meu pai. Se perdermos essa parceria, a empresa pode falir!

Grace suspirou, ciente de que ver Edward era a última coisa que ela queria. Mas também sabia que, de certa forma, estava envolvida, e não podia simplesmente ignorar.

— Certo, estou indo.

Ela trocou de roupa e chamou um táxi para o Grupo Perry, onde se encontrou com Greyce na entrada.

As duas se dirigiram juntas ao prédio, mas foram rapidamente barradas na recepção.

— Bom dia, senhoritas. Vocês têm horário agendado? — A recepcionista perguntou com um sorriso educado.

— Não. — Greyce respondeu, balançando a cabeça. — Mas tenho uma urgência e preciso falar com o Presidente Edward. Pode nos ajudar?

— Sinto muito, mas sem agendamento, não posso deixá-las subir. — A recepcionista respondeu, mantendo o sorriso formal.

Sem escolha, as duas decidiram esperar no saguão. Não era possível que Edward não descesse em algum momento.

No escritório do presidente, Valdir recebeu uma ligação e olhou hesitante para Edward, que estava imerso em seu trabalho. Ele ponderou por um momento, mas acabou se dirigindo ao chefe:

— Presidente Edward, a filha de Daniel Mendes e a Dra. Paisley estão no saguão. Elas pediram para vê-lo. O senhor quer que eu...

Edward emitiu um som de aprovação, mas não levantou os olhos dos documentos que analisava.

Valdir, sem entender direito se aquilo era um consentimento ou não, hesitou.

— Presidente, o senhor realmente pretende encerrar a parceria com o Grupo Mendes? — Perguntou ele cuidadosamente.
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