Capítulo 15
— Edward, o que você quer dizer com isso... — Rian tentou argumentar, mas foi interrompido imediatamente por Edward.

— Davi e Sophia não foram adotados por vocês no orfanato? Desde pequenos vocês os forçaram a largar os estudos para trabalhar. Davi tinha acabado de fazer dezoito anos quando começou a trabalhar como meu segurança, e Sophia, com apenas dezasseis, já estava servindo mesas em um restaurante, certo? — Edward falou friamente, sem poupar Rian. — Você acha que eles não sabem sobre suas origens? Quer adivinhar por que Davi, antes de morrer, me pediu para cuidar da Sophia e não mencionou você e Magda nem uma vez?

Edward raramente era tão direto, mas o comportamento de Rian e Magda estava passando dos limites. Eles realmente achavam que eram os pais de Sophia?

Rian e Magda ficaram pálidos. Seus rostos mostravam uma mistura de incredulidade e pavor.

— Eles... Eles sabem sobre o passado deles? — Rian perguntou, ainda tentando se agarrar a alguma esperança.

Edward lançou um olhar para ele e depois para o andar de cima, onde ficava o quarto de Sophia.

— Sophia não sabe. Davi não queria que ela se machucasse, então manteve isso em segredo.

Rian suspirou aliviado. Enquanto Sophia não soubesse, ele ainda tinha o controle sobre sua “mina de ouro”.

— Estou te dizendo isso para que você entenda que eu posso contar toda a verdade para Sophia a qualquer momento. E, quando isso acontecer, ela vai cortar todos os laços com vocês. Entendeu? — Edward alertou, deixando claro que não toleraria mais abusos.

Os dois assentiram repetidamente, apavorados. Diante disso, Edward se mostrou um pouco mais satisfeito.

— Cuidem bem dela. — Com isso, ele se virou para sair.

— E quanto à parceria? — Rian perguntou, mordendo os lábios, sem querer perder a oportunidade.

Edward, já caminhando em direção à porta, respondeu:

— O contrato será entregue amanhã.

— Ótimo, ótimo, nós não vamos te decepcionar! — Rian sorriu, aliviado. Magda também parecia muito contente.

Mas Sophia, que tinha acabado de sair do quarto, os olhava com um misto de raiva e decepção.

— Por que vocês estão pedindo mais uma parceria para o Edward? O que ele já deu não é suficiente? — Ela os repreendeu, com os olhos marejados.

— Você não entende nada, Sophia. Uma buyout de uma vez só não é tão boa quanto uma parceria contínua. Com o Grupo Perry ao nosso lado, o dinheiro nunca vai parar de entrar. — Rian respondeu, com o mesmo tom de sempre, tentando esconder qualquer preocupação que pudesse levantar suspeitas.

Sophia, furiosa, quase chorava.

— Vocês sequer pensaram em como eu me sinto em relação a isso? Como vou conseguir encarar o Edward depois de tudo isso?

— Quem tem dinheiro não precisa se preocupar com o que os outros pensam! — Rian retrucou, mas logo suavizou o tom. — Filha, a gente sabe que você gosta do Edward, mas não adianta só falar. Você precisa fazer algo.

— Fazer o quê? — Sophia perguntou, com os olhos vermelhos. Ela estava desesperada exatamente porque se sentia impotente.

— Nenhum homem resiste a uma mulher que se oferece. Seja mais direta com ele. — A sugestão de Rian era clara.

Sophia ficou vermelha de vergonha, seus olhos faiscando de indignação.

— Eu não sou esse tipo de mulher! — Ela exclamou, furiosa, antes de se virar e bater a porta com força.

Quando Edward chegou à Alameda Serenata, Grace já tinha ido embora. Ele olhou para a sala vazia e franziu o cenho.

— Onde está o vovô? — Ele perguntou a Max, que estava por perto.

— O Sr. Otto está no escritório. — Max respondeu.

Edward já estava prestes a subir as escadas quando algo lhe ocorreu, e ele parou de repente.

— Vovô estava com uma visita? Ouvi vozes quando cheguei.

Aquela voz lhe parecia estranhamente familiar. Ele quase se lembrava de quem era, mas o telefonema da mãe de Sophia o havia distraído.

— Sim, era a Srta. Grace. — Max respondeu.

— Srta. Greyce? O que ela veio fazer aqui? — O rosto de Edward escureceu no mesmo instante. Ele não esperava que o Grupo Mendes procurasse seu avô.

Max, no entanto, não entendeu o mal-entendido. Ele não sabia que a Srta. Grace e a Srta. Greyce de quem Edward falava eram pessoas diferentes.

— Não sei ao certo. — Respondeu Max, confuso.

Edward não perguntou mais nada e subiu direto para o escritório.

Max não sabia o que Edward e Otto conversaram, mas logo pôde ouvir a discussão acalorada que vinha do escritório. Ele começou a se preocupar.

Pouco tempo depois, Edward saiu do escritório com uma expressão sombria. Estava claro para qualquer um que ele estava de péssimo humor.

— Senhor Jovem... — Max começou a falar. — O senhor vai sair agora?

— Sim. — Edward respondeu com um aceno de cabeça, mas ainda deu uma última olhada no escritório antes de sair. — Cuide do vovô.

— Pode deixar. — Max assentiu e se preparou para ir até Otto.

— E não deixe qualquer pessoa entrar para ver o vovô, especialmente a Greyce. — Edward advertiu, severo.

Ele não podia acreditar que seu avô realmente havia tentado interceder pelo Grupo Mendes. O que Greyce teria feito para convencer Otto?

Max ficou surpreso. Grace? Edward estava se referindo a ela? Ele não queria que Grace visse Otto?

Pelo jeito, Edward realmente desprezava Grace. Quando eles ainda eram casados, ele a ignorava completamente. E agora, depois do divórcio, ele nem sequer queria que ela visitasse Otto.

Edward saiu e, enquanto dirigia, ligou para Valdir, seu assistente.

— Avise ao Grupo Mendes que a colaboração está encerrada definitivamente, e que não voltaremos a trabalhar com eles. Nunca mais. — Edward ordenou com frieza.

Greyce ter procurado Otto foi a gota de água.

Antes, ele estava inclinado a apenas suspender temporariamente os negócios com o Grupo Mendes, deixando a porta aberta para uma possível retomada no futuro. Mas agora...

Grace, por sua vez, não fazia ideia do estrago que sua visita ao Otto tinha causado. Ao invés de ajudar o Grupo Mendes, ela havia piorado ainda mais a situação.

Quando chegou em casa, encontrou Greyce dormindo no sofá. Cobriu-a com um cobertor, mas isso logo a despertou.

— Grace, você voltou. — Greyce disse, esfregando os olhos, ainda sonolenta. — Você já jantou? Deixei comida pra você.

— Já comi. Vai para o quarto descansar. — Grace respondeu com um sorriso.

— Tá bom. — Greyce se levantou e começou a caminhar em direção ao quarto, mas então parou de repente, como se tivesse se lembrado de algo.

— E o Edward... — Perguntou ela, hesitante.

Grace se aproximou e lhe deu um leve tapinha no ombro.

— O Sr. Otto prometeu que vai ajudar. Em breve, teremos notícias.

— Sério? Que ótimo! — Greyce sorriu, aliviada. Para ela, se o avô de Edward estava envolvido, então tudo ficaria bem.

Mas Grace não estava tão otimista assim.
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