Capítulo 10
Edward não entendeu o motivo do sorriso sarcástico no canto dos lábios de Grace, mas ainda assim falou com seriedade:

— Eu e ela realmente não éramos compatíveis. O divórcio foi a melhor escolha.

Não Compatíveis?

Grace riu friamente por dentro. Casados por dois anos, sem nunca terem se visto, e ele já sabia que não eram compatíveis? Era óbvio que ele nunca teve a intenção de levar aquele casamento a sério desde o início.

Pensando bem, fazia sentido. Para Edward, ela era apenas uma mulher do interior, alguém que jamais estaria à altura de um homem como ele, nascido em berço de ouro e acostumado ao topo da sociedade.

Ela lançou um olhar rápido para os dois e soltou uma risada curta e desdenhosa.

— Sinto pena da sua ex-esposa.

Com essas palavras, Grace virou as costas e saiu do quarto, sem a menor intenção de continuar na companhia deles.

No fundo, eles eram mesmo perfeitos um para o outro, duas aberrações feitas sob medida.

Assim que saiu, ouviu passos apressados atrás de si. Um vulto alto e imponente a alcançou, bloqueando seu caminho. Edward a encarava.

— Você está irritada? É por eu ter sido casado?

— Sr. Edward, você está imaginando coisas. — Respondeu ela, já sem paciência. — Se você foi ou não casado, isso não me interessa. Acho que quem realmente se importa com isso é a pessoa que ficou lá no quarto.

— O que Sophia tem a ver com isso? Por que você está trazendo ela para essa conversa? — Edward franziu a testa, sem entender aonde Grace queria chegar.

Para Grace, no entanto, estava claro que ele se irritava por ela ter mencionado Sophia. Ela deu de ombros e falou com indiferença:

— Tá bom, tá bom. Não tem nada a ver com a Srta. Sophia, não devia ter falado dela.

Que proteção ele dava à amante! Nem uma palavra sobre ela podia ser dita.

— Não mude de assunto. Por que você está irritada? — Edward insistiu, seus olhos fixos em Grace, como se tentasse enxergar além da superfície.

Mas Grace sempre foi boa em esconder seus sentimentos.

— Eu não estou irritada. Só acho lamentável que sua ex-esposa ainda seja alvo de fofocas pelas suas costas, mesmo depois do divórcio. É de dar pena.

Na verdade, o que a incomodava era o fato de ter sido ela a vítima dessa situação. Quem gostaria de ser mal falada assim, sem motivo?

— Eu só me casei porque fui pressionado. Sophia só estava tentando me defender. Não há nada além disso. — Edward tentou se justificar.

Antes que Grace pudesse responder, ele continuou:

— Mesmo que eu nunca tenha visto minha ex-esposa, acho que ela deve ser uma boa pessoa. Só que não combinávamos.

Afinal, ela não lhe causou nenhum problema durante esses dois anos. Se fosse outra mulher, mais esperta ou maliciosa, ele provavelmente não teria tido tanta paz.

Grace, no entanto, não ficou nem um pouco satisfeita com a explicação. Pelo contrário, seu rosto escureceu ainda mais.

Boa pessoa? Era isso que ele achava dela depois de dois anos de casamento?

“Que piada. Quem é você para me julgar?” Pensou ela.

O rosto dela estava fechado, e sua voz saiu fria como gelo:

— Sr. Edward, não precisa me contar essas coisas. Eu não me interesso pela sua vida pessoal.

Ela tentou seguir em frente, mas Edward não saiu do caminho.

— Com licença, estou ocupada. — Ela o encarou, visivelmente irritada.

A paciência de Edward também estava se esgotando. Ele tinha feito um esforço raro para se justificar, mas a forma como Grace o olhava, como se ele fosse um criminoso, estava começando a mexer com seus nervos.

— Dra. Paisley, esse joguinho de “fingir desprezo” tem limite. Se continuar assim, só vai me irritar. — Ele disse friamente, deixando claro que já tinha sido paciente o suficiente. Ele estava dando a ela uma chance, mas não iria insistir se ela continuasse a desprezar isso.

“Fingir desprezo?”

Grace ficou sem palavras por um momento. Será que ela não tinha demonstrado sua repulsa de maneira clara? Ou será que o problema era com a cabeça de Edward?

Logo, ela concluiu que o problema era com Edward mesmo.

— Sr. Edward, talvez você devesse procurar um médico para a cabeça. — Disse ela, olhando para ele com desdém. — Se preferir, posso providenciar um exame agora mesmo. Problemas no cérebro não devem ser subestimados.

— Dra. Paisley! — Edward rangeu os dentes. — Você jura que não está jogando esse jogo de “fingir desprezo”?

— Eu não estou. — Ela respondeu com a maior convicção.

— Eu não tenho o menor interesse em você. Como eu disse no quarto, eu não gosto de homens chamados Edward.

Dito isso, Grace contornou Edward e foi embora, sem a menor hesitação.

Edward ficou parado, uma tempestade de emoções se formando dentro dele: raiva, humilhação, e, acima de tudo, confusão.

Ele tinha certeza de que Grace realmente não estava interessada nele. Então, o que explicava o comportamento dela? Só havia uma conclusão possível: ela o odiava.

Mas por quê?

Desde a primeira vez que se encontraram, Grace parecia não esconder sua aversão por ele. Edward não conseguia lembrar de ter cruzado o caminho dela antes. Será que, de alguma forma, ele a ofendeu e simplesmente não se lembrava?

Com isso em mente, ele pegou o celular e ligou para Valdir.

— Quero que você investigue os últimos anos da Dra. Paisley, especialmente se nossos caminhos se cruzaram em algum momento. Preciso saber se já nos encontramos antes.

Após desligar, Edward voltou para o quarto.

— Edward, a Dra. Paisley... — Sophia começou, ao notar a expressão nada amigável no rosto dele. Sentindo-se nervosa, ela mordeu o lábio.

— Por que você mencionou meu divórcio de propósito? — Ele a encarou, começando a questionar se não tinha sido condescendente demais com ela nos últimos dois anos. Talvez isso a tivesse feito perder o senso de limite.

Sophia ficou momentaneamente surpresa e mordeu o lábio com mais força, sentindo-se injustiçada.

— Eu só estava preocupada que a Dra. Paisley pudesse ter uma impressão errada de você por causa disso.

— É mesmo? Ou será que você quis que ela soubesse que eu fui casado? — Edward falou com um tom de voz afiado, como se já tivesse desvendado as intenções dela.

— Edward, eu... — Sophia começou a se explicar, mas ao cruzar o olhar com ele, percebeu que não adiantava mentir. Edward já tinha visto através dela.

— Não quero que isso se repita. Entendeu? — Sua voz fria não deixava espaço para objeções.

Sophia assentiu rapidamente. Quando ele se virou para sair, ela mordeu o lábio mais uma vez, reunindo coragem para perguntar:

— Edward, você parece se importar muito com a Dra. Paisley. Por quê?
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