— Eu nunca brinco. — Grace esboçou um leve sorriso, deixando transparecer uma confiança inabalável.Talvez fosse o destino de Sophia não encontrar o fim tão cedo. Se Grace não tivesse se divorciado de Edward, a Dra. Paisley ainda estaria afastada da carreira médica e não teria a chance de salvar sua vida. Talvez fosse isso que chamam de destino.Depois de uma breve avaliação do estado de saúde de Sophia, Grace e Edward saíram do quarto. Foi só então que o sorriso dela desapareceu, dando lugar a uma expressão séria:— Você deveria tê-la levado para cirurgia há mais tempo.— Eu sei. — Edward concordou, balançando a cabeça. — Mas só recentemente soube onde você estava.— Não sou a única capaz de fazer essa cirurgia no país. — Grace o encarou, sem entender por que ele insistia tanto para que fosse ela a realizar o procedimento.— Sim, talvez outros médicos consigam... Mas. — Edward fez uma pausa, antes de continuar. — Eu não posso arriscar.O nome da Dra. Paisley era conhecido mundialmente
À noite, todo o pessoal da neurocirurgia estava reunido no Ritmo Saboroso para um jantar, e a protagonista da noite era Grace, que havia chegado há pouco tempo.— Um brinde à nossa Dra. Paisley, que ela possa levar a neurocirurgia da Multicare a novos patamares! — Disse o chefe da neurocirurgia, um homem que, embora ocupasse um cargo de prestígio, não era exatamente conhecido por suas habilidades cirúrgicas. Ele havia subido de posição mais por conta da sua experiência do que por mérito técnico.No início, ele não havia gostado nada de terem colocado um vice-chefe acima dele, mas logo percebeu que, se a neurocirurgia prosperasse, ele também ganharia prestígio como chefe da equipe. E, além disso, Grace era uma neurocirurgiã brilhante. Com esse pensamento, sua atitude em relação a ela rapidamente mudou para algo muito mais acolhedor.— Dr. André, por favor, não exagere. — Grace levantou o copo e disse. — Eu não sou boa com álcool, então vou brindar com suco.Ela completou a frase e, sem
Na manhã seguinte, os equipamentos doados por Edward chegaram ao hospital. O diretor veio pessoalmente recebê-los, demonstrando o quanto a instituição valorizava aquela nova aquisição.Grace não se envolveu muito com a chegada dos aparelhos. Ela estava concentrada nos exames recentes de Sophia, discutindo com outros médicos sobre possíveis complicações que poderiam surgir durante a cirurgia.Duas horas depois, os equipamentos já estavam instalados. Grace liderou sua equipe até a sala de cirurgia.Na porta do centro cirúrgico, Edward a aguardava. Ao vê-la se aproximar, ele se levantou rapidamente e foi até ela.— Você está confiante? — Perguntou, com o rosto tenso.Grace, com a máscara cobrindo parte do rosto, ergueu o olhar e, com um tom ligeiramente irônico, respondeu:— E se eu dissesse que não estou? Vai tirar a paciente daqui?Edward ficou sem palavras por um momento. Não havia muito que ele pudesse dizer. Naquele ponto, independentemente de sua confiança, a cirurgia de Sophia era
Aquela pergunta deixou Valdir completamente sem reação. Ele pensou por um momento e então disse:— Acho que... Não, né? Talvez a Dra. Paisley só não queira te ver...Nem tinha terminado de falar quando um calafrio percorreu seu corpo. De repente, o clima ficou muito mais frio. Ele levantou os olhos e viu o chefe com uma expressão sombria, o que o fez gelar por dentro. Valdir percebeu que tinha dito algo errado...— Isso é claro que é impossível! — Ele logo corrigiu, com firmeza. — Com o seu charme, não existe mulher que não goste de você. A Dra. Paisley está, sem dúvida, tentando chamar sua atenção.Na verdade, Valdir não estava completamente mentindo. Afinal, Edward era o sonho de consumo de muitas mulheres em Kissama. Uma mulher que o tratasse como Grace o fazia era uma raridade, o que explicava por que ele achava que ela estava apenas tentando atrair sua atenção de maneira diferente.“Será que ela está fazendo isso de propósito?” Pensou Edward.…Uma semana depois, Sophia foi transf
Edward não entendeu o motivo do sorriso sarcástico no canto dos lábios de Grace, mas ainda assim falou com seriedade:— Eu e ela realmente não éramos compatíveis. O divórcio foi a melhor escolha.Não Compatíveis?Grace riu friamente por dentro. Casados por dois anos, sem nunca terem se visto, e ele já sabia que não eram compatíveis? Era óbvio que ele nunca teve a intenção de levar aquele casamento a sério desde o início.Pensando bem, fazia sentido. Para Edward, ela era apenas uma mulher do interior, alguém que jamais estaria à altura de um homem como ele, nascido em berço de ouro e acostumado ao topo da sociedade.Ela lançou um olhar rápido para os dois e soltou uma risada curta e desdenhosa.— Sinto pena da sua ex-esposa.Com essas palavras, Grace virou as costas e saiu do quarto, sem a menor intenção de continuar na companhia deles.No fundo, eles eram mesmo perfeitos um para o outro, duas aberrações feitas sob medida.Assim que saiu, ouviu passos apressados atrás de si. Um vulto al
Sentado no carro enquanto deixava o hospital, Edward ainda pensava na pergunta que Sophia lhe fizera: Por que ele parecia se importar tanto com a Dra. Paisley?Ele não tinha uma resposta clara.Talvez fosse apenas curiosidade. Algo naquela mulher o intrigava, e ele queria entender melhor. Nada além disso.O som do celular interrompeu seus pensamentos. Sentindo-se um pouco irritado, ele esfregou as têmporas antes de atender:— Fala.— Presidente Edward, eu verifiquei sua agenda dos últimos cinco anos e não encontrei nenhum momento em que o senhor tenha cruzado com a Dra. Paisley. No entanto, o curioso é que, dois anos atrás, ela se afastou da medicina, e ninguém sabe onde ela esteve. Por isso, é difícil rastrear seus passos nesse período. O senhor quer que eu peça ao Sr. Patrício para investigar?Patrício Egídio era o chefe da máfia. Se algo não podia ser descoberto publicamente, ele certamente encontraria. Por isso Valdir fez a sugestão.Edward ficou em silêncio por alguns segundos. Va
Edward, como ele poderia estar ali?O silêncio tomou conta do ambiente. Grace e Greyce se sentiram presas sob o olhar penetrante de Edward, desejando, desesperadamente, desaparecer dali.Com um leve ding, o elevador chegou. Grace, em um impulso, puxou Greyce para dentro, na esperança de escapar rapidamente. Mas, antes que as portas pudessem se fechar, Edward deu uma longa passada e entrou com elas.— Fale, o que eu devo a ela? O que você acha que ela deveria ter pedido? — A voz de Edward era calma, mas o olhar, fixo em Greyce, carregava uma ameaça silenciosa que a fez engolir em seco.Greyce sentiu um frio na espinha. Mas, em meio ao pânico, lembrou-se que, no fim das contas, Edward havia sido injusto com Grace no divórcio, então ela não estava errada.Quando ia responder, Grace se adiantou:— Sr. Edward, é o seguinte... Minha amiga, ao saber que eu operei a Srta. Sophia, achou que eu deveria ter pedido uma compensação maior. Foi por isso que ela disse aquilo.— Quer dizer então que vo
A parceria entre o Grupo Mendes e o Grupo Perry sempre correu bem. Valdir não conseguia entender como, de repente, tudo havia mudado.— Hum. — Edward assentiu, jogando um documento para Valdir. — A partir de agora, vamos trabalhar com o Grupo Torres.Grupo Torres? Valdir franziu o cenho ao pegar o documento e, ao revisar, logo entendeu o que estava acontecendo: a família de Sophia havia solicitado essa parceria. Pelo visto, o Grupo Mendes havia se tornado um simples bode expiatório.— E quanto às duas lá embaixo... — Valdir perguntou, ainda incerto.— Despache-as. Não tenho tempo para vê-las.— Certo.O tempo passou, e a noite começou a cair. Os funcionários do Grupo Perry já haviam ido embora, mas Edward continuava sem dar sinais de aparecer.— Grace, você acha que o Edward está mesmo decidido a quebrar a empresa do meu pai? — Greyce estava visivelmente preocupada, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.— Vamos descobrir uma solução. — Grace tentava manter a calma, ap