Capítulo 5
— Presidente Edward, você não entende a Lei do Exercício da Medicina, e eu não te culpo por isso, mas preciso te informar que, de acordo com essa lei, um médico só pode atuar no local onde está registrado. Meu registro é no Hospital Multicare, então... Você entende o que estou dizendo, certo? — Grace raramente explicava tanto, mas fez questão de ser clara por consideração à paciente.

— Então, você não pode fazer a cirurgia no hospital particular? — Perguntou ele.

— Exatamente. — Respondeu ela, sem a menor intenção de comprometer sua carreira médica.

Edward ficou em silêncio, evidentemente surpreso com o fato de que a lei impunha esse tipo de restrição. Isso o deixou claramente hesitante.

— Se não há mais nada, vou voltar ao trabalho. Sugiro que decida logo o que vai fazer. — Disse Grace, percebendo a hesitação de Edward.

Ficou claro para ela que ele não queria transferir Sophia para o Multicare Hospital, provavelmente por não confiar nas condições e nos equipamentos da instituição. Se esse era o caso, ela não tinha mais nada a acrescentar.

Grace então se afastou, desaparecendo do campo de visão de Edward. Pouco depois, o assistente Valdir se aproximou.

— Presidente Edward, a Dra. Paisley aceitou fazer a cirurgia da Srta. Sophia?

Edward balançou a cabeça negativamente. Na verdade, ela nem aceitou nem recusou, era ele quem estava indeciso.

Valdir, sem compreender o dilema interno de Edward, ficou surpreso.

— Dizem que os grandes médicos têm personalidades cada vez mais difíceis de lidar. Parece que isso é mesmo verdade. — Comentou Valdir, impressionado. Se nem o presidente conseguia resolver a situação, essa Dra. Paisley certamente não era uma pessoa fácil de lidar. E, claro, mulheres sempre eram mais difíceis de convencer.

Depois do episódio do dia anterior, a atitude dos colegas de hospital em relação a Grace havia mudado. Agora, quando os pacientes sabiam que era ela quem realizaria a cirurgia, já não demonstravam tanta resistência.

Em apenas um dia, Grace realizou três cirurgias. Seus colegas de plantão já estavam exaustos, mas ela continuava com a mesma energia de sempre, como se não soubesse o que era cansaço.

— Temos mais alguma cirurgia para hoje? — Perguntou ela a Carla, sua assistente.

— Não, Dra. Paisley. — Carla respondeu, balançando a cabeça. — A neurocirurgia no Multicare nunca teve um grande desenvolvimento, por isso não temos muitos pacientes.

Mas Carla tinha um pressentimento de que isso mudaria com a chegada da Dra. Paisley.

— Dra. Paisley, peço desculpas por ter te subestimado no início. Você é, sem dúvida, a melhor neurocirurgiã que já vi. — Disse um dos médicos, com admiração nos olhos.

— E a mais incansável também. — Comentou outro, rindo de leve.

Grace apenas sorriu e os olhou.

— Já estão cansados? Em um dia, já fiz seis cirurgias, da manhã até a noite, sem parar.

Todos ficaram boquiabertos e ergueram os polegares em sua direção. Cirurgias neurológicas eram famosas por serem longas e complexas, e exigiam concentração máxima o tempo todo devido à delicadeza dos nervos cerebrais. Uma cirurgia já era suficiente para exaurir qualquer médico. Seis? Era inimaginável.

— Agora vocês entendem o quanto a Dra. Paisley é incrível, né? — Carla disse, orgulhosa. Sabia que sua ídola era especial.

— Sim, sim, estamos convencidos.

— Bom, pessoal, todos trabalharam duro hoje. Esta noite, o jantar é por minha conta. Vou pagar uma refeição para todos da equipe. — Grace anunciou. Fazia tempo que ela havia chegado e achava que já era hora de estreitar os laços com a equipe.

— Não precisa, o chefe já avisou que vai pagar. Ele quer te dar as boas-vindas oficialmente. — Disse um dos colegas, com um sorriso.

Entre risadas, todos começaram a caminhar em direção ao escritório do chefe. Mas, de repente, uma figura imponente apareceu no corredor, e todos pararam surpresos.

Edward? Ele apareceu de novo?

Todos olharam para Grace. Ouviam boatos de que Edward estava tentando convencer a Dra. Paisley a realizar uma cirurgia. Só o fato de um homem tão poderoso vir pessoalmente já era o suficiente para aumentar o respeito que tinham por Grace.

— Pessoal, podem ir indo. Nos falamos à noite. — Disse Grace, como se não tivesse notado a presença de Edward à sua frente.

Os colegas rapidamente entenderam o recado e se afastaram, deixando o corredor vazio, exceto por Edward e Grace.

Ela ergueu os olhos para ele e disse:

— Sr. Edward, imagino que desta vez o senhor já tenha tomado uma decisão.

Edward assentiu:

— Já transferi Sophia para cá. Ela está no setor de internação neste momento. Quando você poderia vê-la?

Grace assentiu levemente. Não era surpresa que Edward fosse rápido em tomar decisões. Sua capacidade de execução era notável.

— Posso vê-la agora. — Respondeu ela. Não tinha mais nada urgente no momento, e seria bom avaliar logo o estado de Sophia. Afinal, se fosse realizar a cirurgia, havia muitos preparativos a serem feitos.

Sem dizer mais nada, os dois caminharam juntos em direção ao setor de internação. Durante o trajeto, Grace não trocou uma palavra com Edward, agindo como se ele fosse invisível.

No quarto do hospital, Grace finalmente viu Sophia. A condição da mulher era claramente grave. Seu rosto estava pálido, e sua aparência frágil dava a impressão de que um vento mais forte poderia derrubá-la.

Ao ouvir a porta abrir, Sophia levantou a cabeça e imediatamente notou a presença de uma mulher extremamente bonita à sua frente.

— Edward, quem é ela?

— Esta é sua cirurgiã, Dra. Paisley. — Ele respondeu, apresentando.

Sophia ficou visivelmente surpresa. Não esperava que a médica fosse tão jovem. Se não conhecesse o caráter sério de Edward, teria pensado que ele estava brincando.

— Dra. Paisley, muito obrigada por aceitar realizar minha cirurgia. — Disse Sophia, sorrindo levemente. Sua fraqueza era evidente; seu rosto estava sem cor, e ela parecia prestes a desmaiar.

Grace assentiu e disse:

— Eu já analisei seu prontuário. Não se preocupe, a situação não é tão grave.

— Sério... Sério mesmo? — Sophia mal conseguia acreditar. No hospital particular, haviam praticamente dado a ela uma sentença de morte.
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