A vida tranquila da professora Jhulietta Duarte vira de cabeça para baixo ao encontrar Ethan, um menino perdido que a chama de "mamãe". O que começa como um aparente engano a lança no mundo do bilionário Nicolas Santorini, um homem frio e marcado por traumas do passado. Determinada a ajudar o solitário Ethan, Jhulietta se vê cada vez mais envolvida na vida dos dois, descobrindo que o coração de Nicolas é um território difícil de conquistar. À medida que segredos do passado de Nicolas vêm à tona e desafios inesperados testam os limites de Jhulietta, um amor improvável floresce entre eles. Agora, ela precisa decidir se está pronta para assumir o papel que o destino lhe reservou: a peça que faltava para completar a família que Ethan tanto deseja.
Ler maisEthan SantoriniRespirei fundo, segurando a alça da mochila com força. A escola parecia enorme de novo, como se eu tivesse me esquecido do tamanho dela. Agradeci a tia Jujubinha e ao meu pai pelo apoio e entrei. O corredor estava cheio de alunos, conversando e rindo. Senti um frio na barriga, mas me forcei a continuar andando.Cheguei na minha sala e a professora, Dona Clotilde, me viu e abriu um sorriso.— Ethan! Que bom te ver de volta! Sente-se, por favor.A sala toda olhou para mim. Senti minhas bochechas corarem, mas fui até uma carteira vazia perto da janela e me sentei. Um menino de óculos redondos e uma menina numa cadeira de rodas me olharam com um sorriso.— Que bom que você voltou, Ethan! — disse o menino.— Sentimos sua falta! — completou a menina.— Obrigado — respondi, timidamente.A aula começou e, apesar de algumas matérias estarem um pouco atrasadas, consegui acompanhar a maior parte. A tia Jujubinha tinha me ajudado muito. Quando o sinal tocou para o lanche, Aurélia,
Nicolas Santorini A notícia que Jhulietta me dera sobre meu filho querer retornar à escola me animou profundamente. Ethan se recusava a ir desde o incidente com a mãe e o bullying e mesmo minhas ameaças veladas não surtiam efeito. Era dilacerante ver meu filho naquela situação, isolado do mundo, preso a uma dor que eu, em grande parte, havia causado. A perspectiva de vê-lo retomar a vida social, aprender, interagir com outras crianças, era como um bálsamo para minha alma atormentada.Gostaria de ter me sentado e conversado com Jhulietta sobre isso, expressar minha gratidão de forma mais eloquente, mas ela se retirou da cozinha rapidamente, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Quando terminei meu lanche, fui até o quarto de Ethan e o observei dormir tranquilamente. Na cabeceira da cama, repousava sua medalha, o símbolo tangível de sua conquista na feira de ciências. Passei a mão delicadamente pela superfície fria do metal, um sorriso involuntário brotando em meus lábios. Meu filh
Jhulietta DuarteA manhã da feira de ciências chegou com uma energia palpável. Ethan estava radiante, vestindo uma camisa xadrez e calças jeans, seus olhos brilhando de entusiasmo. Eu, por outro lado, sentia um misto de nervosismo e orgulho. Havia dedicado os últimos dias a ajudá-lo com o projeto do vulcão em miniatura, e agora era hora de ver o resultado do nosso trabalho.Chegamos à escola e o ginásio estava fervilhando de crianças, pais e professores. Os trabalhos estavam expostos em diversas mesas, cada um mais criativo que o outro. Ethan localizou sua mesa e, com cuidado, colocou o vulcão no centro. A cratera, pintada com tons de vermelho e laranja, parecia quase real.Enquanto Ethan ajustava os últimos detalhes, peguei meu celular e comecei a fotografá-lo. Ele sorria, concentrado, e cada clique capturava um pouco da sua alegria. Tirei diversas fotos, de diferentes ângulos, e então me lembrei de Nicolas. Achei que ele gostaria de ver o filho naquele momento especial. Sem hesitar,
Nicolas Santorini Estava sentado em meu escritório quando comecei a ouvir vozes e risadas vindas da piscina. Ao abrir a janela, vi Jhulietta e Ethan na água, os dois brincando e se divertindo. Uma pontada de inveja me atingiu. Senti um forte desejo de descer e me juntar a eles, compartilhar daquela alegria contagiante. Mas a imagem do desprezo no olhar de Jhulietta após a minha confissão me deteve. Preso à minha própria culpa, preferi permanecer ali, afogando-me no trabalho como um náufrago se agarra a um pedaço de madeira.O silêncio tomou conta da área da piscina pouco tempo depois. Ao olhar novamente pela janela, eles não estavam mais lá. Um alívio agridoce me invadiu. Pelo menos, não precisava mais testemunhar a felicidade que eu mesmo havia me privado de ter.No final da tarde, meu celular tocou. Era Eduardo, meu amigo de longa data, me convidando para sair. Hesitei por um instante. A última coisa que eu queria era socializar, mas a insistência de Eduardo e a necessidade de me d
Jhulietta Duarte Ethie era uma criança incrível, e saber sobre sua história me fazia me sentir muito mais conectada a ele, pois, por culpa do meu genitor, cresci sem a minha mãe.Enquanto fazíamos o trabalho de ciências para a feira, Ethie sorriu para mim.— Isso é divertido! — Ele ria enquanto cortava mais um molde que eu havia feito.— Será que vai ficar bonito?— Claro que vai, mas tem que cortar direitinho, para não dar ruim.— Pode deixar, capitã. Você quem manda, tia Jujubinha.— Então, mãos à obra, marujo.Ethie reclamou que estava com fome, então descemos para a cozinha para fazermos um lanchinho rápido. Assim que descemos, dei de cara com Nicolas. Fui bastante cordial com ele, afinal, ele era meu chefe. Inventei uma desculpa e deixei Ethan lá na cozinha, subindo rapidamente para o meu quarto. As lembranças da conversa da noite anterior me invadiram, e fiquei pensando em como um pai pode fazer algo assim com o filho e com a mulher que diz amar. Se bem que não posso julgar Nic
Nicolas SantoriniO frio da noite invadiu meus ossos enquanto eu permanecia parado no jardim, observando Jhulietta se afastar. Cada passo dela me feria como uma punhalada. O desprezo em seus olhos, a frieza em sua voz… aquilo era pior do que qualquer grito ou acusação. Ela não me odiava, não sentia raiva. Ela simplesmente… não sentia nada por mim. E isso era devastador.As palavras dela ecoavam em minha mente como um mantra cruel: “Não tenho o que dizer… Não sinto nada… Você destruiu a sua própria família…” A verdade contida em cada sílaba me atingia como um soco no estômago. Eu havia destruído minha família. Eu havia traído a confiança de Laura, mentido para meu filho e, agora, afastava a única mulher que havia despertado em mim a esperança de um novo começo.Sentei-me no banco, a cabeça entre as mãos. A culpa me consumia como um incêndio incontrolável. A imagem de Laura, sorrindo, feliz, antes de tudo acontecer, surgiu em minha mente. Lembrei-me do dia em que nos casamos, das promes
Jhulietta Duarte Nicolas nos conduziu até o jardim. Ele me pediu para sentar no banco, mas preferi a grama mesmo. Minha mão ainda doía e eu estava muito arrependida por ter falado tantos palavrões na frente dele, afinal, ele é meu chefe.— Gostaria que me escutasse com a mente aberta — ele começou, com a voz grave. — Não estou pedindo para que me entenda, apenas que não fique com raiva de mim.— Pode falar, Nicolas. Prometo manter a mente aberta.Ele suspirou e iniciou a dolorosa narrativa.— Laura e eu éramos amigos de infância, nos conhecemos a vida inteira. Como nossas famílias eram amigas, foi inevitável não sermos amigos também. Antes de me casar com Laura, namorei Olivia por um curto período.— E quem é Olivia?— A loira que você viu no meu colo. Olivia era… vida louca. Gostava de curtir adoidado, e eu estava começando a trabalhar com meu pai para assumir os negócios no futuro. Meu pai estava animado com isso e, com o tempo, disse que eu precisava me casar e constituir uma famí
Depois de algum tempo em silêncio, meu amigo, do nada, soltou uma gargalhada.— Meu Deus, Nicolas! Que confusão! Mas me diga uma coisa… você gosta dela, não é?Assenti, sem conseguir encarar meu amigo.— Estou começando a gostar, Eduardo.— Então não deixe essa vadia estragar tudo para você de novo! — Eduardo disse com firmeza. — Você não pode deixar que o passado te controle. Você tem que lutar pelo que você quer, Nicolas. E, pelo que me parece, você quer a Jhulietta.As palavras de Eduardo me atingiram como um raio. Ele tinha razão. Eu não podia deixar que Olivia, ou qualquer fantasma do passado, me impedisse de ser feliz.— Você tem razão — murmurei, com um novo ânimo. — Eu preciso falar com ela.— É isso aí! — Eduardo sorriu, dando um tapa no meu ombro. — Diga a ela que você não é o mesmo homem de antes. Diga que mudou, que aprendeu com seus erros. E, acima de tudo, mostre a ela o quanto você a quer.— Até que, para um idiota de marca maior, você tem bons conselhos.— Pode me cham
Nicolas Santorini Eu estava em meu escritório em casa, debruçado sobre uma pilha de documentos importantes que exigiam minha assinatura. A luz da tarde entrava pela janela, iluminando a poeira que dançava no ar. Dona Bruna bateu na porta, anunciando uma visita. Imaginei que fosse meu amigo, então pedi que o deixasse entrar. Para minha surpresa, era Olivia.— Oi, meu benzinho! — Olivia disse, com aquele tom de voz meloso que sempre me dava arrepios.— Olivia, eu não tinha deixado claro que você não era bem-vinda aqui? — Minha voz saiu fria, cortante.— Ah, qual é, Nick? — Ela sorriu, como se estivesse tudo bem. — Eu entendi que era no seu escritório da empresa, não na sua casa. — Ela enfatizou as palavras, com um brilho malicioso nos olhos. — Estava morrendo de saudades, chuchu… Daquelas nossas noites… você sabe.Um calafrio percorreu meu corpo. A lembrança daqueles momentos me causava repulsa.— Olivia, aquilo foi há muito tempo. Acabou. E, sinceramente, me arrependo profundamente.—