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Uma Nova Mãe para o Filho do Bilionário
Uma Nova Mãe para o Filho do Bilionário
Por: S.R.Silva
Capítulo 1 – O Abraço que Mudou Minha Vida

Meu nome é Jhulietta Duarte, mas todos me chamam de Ju. Leciono em uma escola pública no coração da cidade e, se aprendi algo nesses anos, é que a rotina simplesmente não existe. Por mais que eu planeje cada detalhe das minhas aulas, sempre surge uma criança com uma pergunta inesperada, um pequeno incidente ou um evento que vira o dia de cabeça para baixo.

Naquela tarde, porém, eu ansiava por uma exceção à regra. Após uma semana exaustiva, meu único desejo era chegar em casa, me livrar dos sapatos apertados, preparar uma xícara de chá quente e me afundar em um filme qualquer. Um final de semana tranquilo, sem sobressaltos.

O relógio se aproximava das seis e o céu se incendiava em tons de laranja e rosa, um espetáculo que sempre me lembrava da beleza nas pequenas coisas. O trajeto até o ponto de ônibus era uma trilha conhecida: ruas calmas onde crianças corriam e brincavam, cães latiam para o vento e o murmúrio distante do trânsito ecoava do centro.

Mas, naquela tarde, a atmosfera estava carregada de uma estranha quietude. Ao virar a esquina, meus olhos encontraram um menino sentado na sarjeta, os braços magros abraçando os joelhos. Ele parecia ter se perdido de tudo, pequeno demais para o abandono que exalava. Suas roupas estavam empoeiradas, os cabelos em desalinho, e seus olhos fixos no asfalto como se buscassem ali a resposta para um enigma indecifrável.

Meus pés pararam antes que minha mente pudesse sequer processar a cena. Talvez tenha sido o instinto materno que reside em toda professora, ou simplesmente a compaixão diante daquela figura tão frágil, mas me vi caminhando em sua direção.

— Oi, tudo bem? — perguntei, tentando transmitir segurança e afeto na voz.

Lentamente, o menino ergueu o rosto. Seus olhos, de um azul tão profundo que pareciam abismos, me atingiram como um choque. Eram olhos de quem já viu demais, carregados de uma tristeza antiga. Por um instante, ele apenas me encarou, como se tentasse decifrar se eu era real. Então, num movimento súbito, ele se levantou, correu e me envolveu em um abraço desesperado.

— Mamãe! — a palavra escapou de seus lábios como um grito silencioso, seu rosto enterrado em meu casaco.

Meu corpo inteiro congelou. *Mamãe?* A palavra reverberou em minha mente como um trovão. O que estava acontecendo? Meu coração disparou em um ritmo frenético enquanto a confusão tomava conta de mim.

— Ei, calma… — murmurei, acariciando seus cabelos emaranhados com a mão hesitante. — Acho que você está me confundindo com outra pessoa.

Ele se afastou minimamente para me fitar nos olhos, ainda agarrado ao meu casaco com uma força surpreendente.

— Você é a mamãe! Eu sabia que você ia voltar.

A dor em sua voz era tão palpável que meus próprios olhos começaram a arder. *Quem era essa criança? E por que ele tinha tanta certeza de que eu era sua mãe?*

— Qual o seu nome? — consegui perguntar, tentando manter a voz firme.

— Ethan — respondeu ele, com a convicção de quem oferece a única explicação necessária.

— Ethan, me desculpe, mas eu não sou sua mãe… — comecei, mas ele sacudiu a cabeça em negativa, interrompendo-me.

— Você é! O papai disse que você tinha ido embora, mas eu sabia que você ia voltar.

*Papai?* Um frio percorreu meu estômago. A possibilidade de ele estar perdido, ou pior, fugindo de casa, me atingiu como um soco. Ajoelhei-me para ficar à sua altura e segurei seus ombros pequenos.

— Ethan, onde está seu pai? Ele sabe que você está aqui?

Ele desviou o olhar, como se a simples menção do pai fosse dolorosa. Antes que eu pudesse insistir, uma voz grave e autoritária ecoou atrás de mim.

— Ethan!

Virei-me bruscamente e me deparei com um homem alto, vestido em um terno impecável, o rosto marcado por uma mistura de alívio e… fúria? Seus passos eram rápidos e determinados, os olhos fixos no menino.

— O que você pensa que está fazendo? — ele perguntou, sem sequer me dirigir um olhar.

Ethan se encolheu atrás de mim, apertando minha mão com força.

— Eu não quero voltar para casa, papai. Eu quero ficar com a mamãe.

— Ethan, chega! — o homem exclamou, a paciência claramente se esgotando. Finalmente, seus olhos se voltaram para mim, como se só então notasse minha presença. — Quem é você?

— Eu… eu sou Jhulietta. Eu o encontrei aqui na rua. Ele parecia perdido, então parei para ajudar.

O homem suspirou pesadamente, passando a mão pelo rosto em um gesto de exasperação.

— Me desculpe por esse comportamento. Ele… ele está confuso.

Antes que eu pudesse responder, Ethan gritou, com a voz embargada:

— Ela é a mamãe, papai! Eu sei que é!

Por um instante, o homem fechou os olhos, como se aquelas palavras tivessem atingido um ponto vulnerável. Quando os abriu novamente, sua expressão estava mais controlada, mas ainda fria e distante.

— Escute, senhorita… Jhulietta, certo? Agradeço por ter ajudado meu filho, mas eu posso cuidar dele agora.

Algo na forma como ele pronunciou essas palavras me causou um arrepio. Talvez fosse o tom cortante, a postura de quem está acostumado a dar ordens. Antes que eu pudesse protestar, Ethan apertou minha mão com ainda mais força.

— Não me deixa, mamãe! Por favor, não me deixa!

Meu coração se apertou diante daquele apelo desesperado. Havia algo naquele menino, uma dor profunda que me impedia de simplesmente ir embora.

— Eu só quero ter certeza de que ele está bem — respondi, encarando o homem diretamente nos olhos.

Ele pareceu surpreso com minha ousadia, mas assentiu lentamente.

— Muito bem. Se insiste, venha conosco até o carro.

Olhei para Ethan, que me agarrava como se eu fosse sua âncora, e soube que não tinha mais escolha. Um pressentimento sombrio me dizia que, de alguma forma inexplicável, minha vida acabava de tomar um rumo completamente novo.

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