Jhulietta Duarte Os três dias que passei no hospital pareciam ter sido uma eternidade. Eu não conseguia tirar da cabeça o susto que levei quando os médicos me disseram que minha gestação estava em risco. A princípio, foi tudo um caos. Eu mal conseguia processar o que estava acontecendo, com a preocupação constante com o bebê e com minha saúde. Mas agora, ao sair do hospital, havia uma sensação de alívio que começava a se formar dentro de mim. O pior parecia ter passado.Nicolas estava ao meu lado, como sempre. Podia sentir o peso de sua preocupação, que nunca o abandonava, mas agora havia uma nova energia entre nós, algo que nos unia ainda mais. Ele me olhou com um sorriso suave, o tipo de sorriso que me dizia que ele estava aliviado também. Eu sabia que ele sentia o mesmo, e isso me fazia querer ser forte para nós dois.— Vai ficar tudo bem, Jhulietta. Só precisamos tomar cuidado, ok? — Ele disse, com a voz carregada de ternura, enquanto segurava minha mão firmemente.Sorri, acenand
Olívia MarquesEstava sozinha em meu apartamento, sentada no sofá, tentando processar tudo o que aconteceu nas últimas semanas. Meu coração ainda doía por tudo o que havia acontecido, especialmente por como minha vida havia se tornado um turbilhão de descontrole. O casamento de Jhulietta e Nicolas, aquele escândalo, a humilhação diante de todos, e a forma como eu acabei me expondo, tudo isso estava me consumindo. E ainda havia o fato de que, pela primeira vez, eu me vi sem apoio, sem a proteção de minha família. Meu pai estava tão distante de mim agora, me julgando, me desprezando. Eu sabia que estava sozinha.Estava em um lugar que sempre considerei meu refúgio, mas, agora, parecia uma prisão. Olhei para as paredes do meu apartamento e, de repente, tudo parecia mais apertado, mais sufocante. A campainha tocou, e meu estômago revirou. Não esperava visita alguma, muito menos uma visita que pudesse me trazer mais problemas. Levantei-me de forma automática, com uma sensação estranha, com
Jhulietta DuarteA brisa suave que tocava meu rosto me fazia sentir que tudo estava prestes a ser perfeito. O voo foi tranquilo, sem grandes turbulências, e agora, enquanto o avião se aproximava da pista do aeroporto no Caribe, minha mente estava agitada, mas em um bom sentido. Não conseguia deixar de pensar em tudo o que o destino nos reservava nessa viagem. Uma lua de mel. Nossa lua de mel. E, depois de tudo o que passamos, finalmente estaríamos sozinhos, sem pressões externas, para aproveitar o que parecia ser um pedacinho do paraíso.Olhei para o lado, onde Ethan dormia tranquilamente ao meu lado. Ele estava exausto, após o longo voo, e seus olhos estavam fechados, com as bochechas rosadas pela luz suave que entrava pela janela. Ele estava tão calmo, tão tranquilo, e isso me dava uma sensação de paz imensa. Não poderia pedir mais do que vê-lo bem, sem aquele peso de preocupação que carregamos nos últimos tempos. E, com a viagem, parecia que a tensão estava começando a se dissipar
Dois anos se passaram desde nossa lua de mel no Caribe, e eu posso dizer com certeza: minha vida não poderia estar melhor.Nicolas se tornou um homem ainda mais realizado. Sua rede de resorts e hotéis cresceu consideravelmente, e ele já inaugurou várias novas unidades pelo mundo. É impressionante ver como ele continua apaixonado pelo que faz, sempre buscando inovar e trazer experiências inesquecíveis para seus hóspedes. Eu me orgulho tanto dele!Ethan agora tem doze anos, e continua sendo o menino maravilhoso e carinhoso de sempre. Ele é muito leal aos seus amigos, e eu adoro ver como eles fazem tudo juntos. Mesmo assim, confesso que fiquei um pouco triste quando ele decidiu que não queria mais jogar futebol. Sempre achei que ele tinha talento, mas o importante é que ele esteja feliz. E se tem uma coisa que eu aprendi sendo mãe, é que o bem-estar dele está acima de qualquer expectativa minha.Renata e Eduardo não estão juntos. Eles tentaram por um tempo, mas acabaram percebendo que o
Você acredita que o nosso destino já está traçado de alguma forma?Eu nunca acreditei muito nisso... até meu caminho se cruzar com o de um lindo menino de olhos azuis. Através dele, encontrei mais do que buscava na vida. E tudo começou naquele final de tarde…Sou Jhulietta Duarte, professora em uma escola pública no coração da cidade. Sabe o que essa profissão me ensinou? Que a rotina simplesmente não existe. Crianças são imprevisíveis. Uma pergunta inesperada, um pequeno acidente ou um olhar carregado de uma tempestade silenciosa podem transformar um dia comum em um verdadeiro enigma.Depois de uma semana exaustiva, tudo o que eu queria era chegar em casa, tirar os sapatos, preparar um chá quente e me perder em um filme qualquer. Nada de surpresas.O relógio se aproximava das seis e meu trajeto até o ponto de ônibus era sempre o mesmo: ruas calmas, crianças rindo ao longe, um cachorro latindo, o murmúrio do trânsito ao fundo.Mas hoje… havia algo diferente.O silêncio parecia pesado,
A situação era tão irreal que parecia um sonho distorcido. Eu, uma professora de escola pública, estava agora enclausurada no banco de trás de um carro luxuoso, a mão pequena de Ethan apertando a minha com uma força quase desesperada. O homem a nossa frente emanava uma aura de tensão palpável. Sua postura rígida, os olhos fixos na estrada como se fugisse de algo, denunciavam uma batalha interna, um turbilhão de emoções contido a duras penas. — Senhor… — tentei quebrar o silêncio denso que nos envolvia como uma mortalha. — Santorini. Nicolas Santorini — respondeu ele, sem desviar o olhar da estrada. A voz grave e autoritária ecoou no interior do carro, revelando um homem acostumado a comandar. Engoli em seco. O sobrenome soava familiar, uma vaga lembrança que dançava à margem da minha memória, sem se concretizar. — Senhor Santorini, não quero me intrometer, mas… acho que precisamos conversar sobre o que aconteceu. Um suspiro impaciente escapou de seus lábios, como se minha ten
Nicolas Santorini Chegar em casa sempre me proporcionava uma trégua efêmera. Um breve alívio antes da exaustão inevitável. Meu dia, como tantos outros, fora uma maratona de reuniões intermináveis, a frieza dos contratos e o peso das decisões cruciais. Tudo o que ansiava era o silêncio reconfortante do meu lar e a presença de Ethan, mesmo que nossos encontros, desde a partida de Laura, fossem permeados por uma melancolia persistente. Assim que cheguei minha casa estava silenciosa. Normalmente, a essa hora, Ethan jogando ou brincando. Fechei a porta atrás de mim, um pressentimento incômodo se instalando em meu peito. — Ethan? — chamei, a voz ecoando no vazio. O silêncio respondeu. A calma que eu tanto buscava se esvaiu, dando lugar a uma crescente apreensão. Caminhei pela casa e cada passo aumentava a angústia. O quarto de Ethan estava impecável, um péssimo sinal. Meu filho era a personificação da desordem infantil. Inspecionei embaixo da cama, dentro do closet, vasculhei cada
Jhulietta Duarte O dia na escola transcorreu entre a sinfonia usual de vozes infantis, risadas contagiantes e os desafios inerentes ao desenvolvimento. Ensinar era mais do que uma profissão, era a minha paixão, a força motriz que me impelia adiante. No entanto, mesmo em meio à rotina, a imagem de Ethan e o eco de sua voz me chamando de “mamãe” persistiam em minha mente. Aquele gesto, apesar de toda a sua estranheza, havia plantado uma semente de afeto em meu coração.Enquanto organizava meus materiais após o expediente, uma mensagem inesperada vibrou em meu celular. Era de Nicolas Santorini. A mensagem, concisa e direta, contrastava com a imagem fria que eu tinha dele."Ethan insiste em vê-la. Se estiver disponível, venha até minha casa. Ele parece mais tranquilo com sua presença."Relendo a mensagem, tentei decifrar o que motivara aquele convite. Desespero? Pragmatismo? Ou algo mais? A mera possibilidade de rever Ethan me trouxe um calor reconfortante. Aos poucos, as visitas foram s