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Capítulo 8 – Fragmentos de Memórias

A chuva começou a cair assim que saí da mansão Santorini, grossos pingos molhando meu rosto e lavando, momentaneamente, a sensação opressora que me acompanhava. O vento uivava entre os prédios, como se carregasse consigo os ecos de um passado que eu tanto me esforçava para manter adormecido. A conversa com Nicolas, a revelação sobre a pesquisa de Pedro, a vaga e perturbadora semelhança entre mim e Laura… tudo se somava a um turbilhão de pensamentos que me deixavam inquieta.

Dentro do ônibus, enquanto observava as luzes da cidade se refletirem nas janelas molhadas, tentei organizar minhas ideias. Nicolas havia sido surpreendentemente aberto sobre a situação de Ethan, demonstrando uma preocupação genuína com o bem-estar do filho. A oferta de ser tutora de Ethan, embora inesperada, me parecia uma oportunidade de fazer a diferença na vida daquele menino tão fragilizado. Mas a menção à pesquisa de Pedro… isso me perturbava profundamente.

Sempre fui muito reservada sobre meu passado. As cicatrizes da minha infância, a dor da perda da minha mãe, a violência e a negligência que sofri… eram feridas que eu me recusava a expor. A ideia de que alguém, especialmente Nicolas Santorini, tivesse acesso a esses detalhes tão íntimos me causava um profundo desconforto.

Chegando ao meu pequeno apartamento, a atmosfera era ainda mais sufocante. As paredes pareciam se estreitar ao meu redor, e as sombras dançavam nos cantos, evocando lembranças que eu lutava para reprimir. Preparei um chá quente, na vã tentativa de acalmar os nervos, e me sentei à mesa, com o olhar perdido no vazio.

De repente, um pequeno detalhe me veio à mente: um antigo álbum de fotos que eu guardava em uma caixa no fundo do armário. Fotos da minha mãe, fragmentos de uma vida que me parecia tão distante, quase como um sonho. Hesitei por um instante, mas a curiosidade e uma necessidade inexplicável de revisitar aquelas memórias me impulsionaram a levantar.

Abri o armário e vasculhei entre as caixas até encontrar o álbum empoeirado. Com as mãos trêmulas, abri a primeira página. Ali estava ela: minha mãe. Linda, com um sorriso radiante e os olhos brilhando de alegria. A semelhança entre nós era inegável, especialmente o formato do rosto e o olhar expressivo.

Folheei as páginas, absorvendo cada imagem, cada detalhe. Lembrei-me de sua voz suave, de seu abraço acolhedor, do cheiro de seus perfumes. As lembranças, antes adormecidas, agora floresciam em minha mente, trazendo consigo uma mistura de saudade e dor.

Em uma das fotos, minha mãe estava em um palco, vestida com um traje de bailarina. Ao fundo, era possível ver um cenário que me pareceu familiar. Forcei a memória, tentando identificar o local. De repente, uma imagem nítida surgiu em minha mente: o teatro municipal da minha cidade natal. Um lugar que eu não visitava há anos.

Uma onda de compreensão me atingiu. A anotação de Pedro! “Investigar possível conexão com…” Conexão com o quê? Com quem? Com o passado da minha mãe? Com o teatro? Com algo que ligasse minha história à família Santorini?

A ideia me pareceu absurda a princípio, mas quanto mais eu pensava nisso, mais uma sensação inquietante se instalava em meu peito. A semelhança física com Laura, a conexão imediata de Ethan comigo, a pesquisa de Pedro… tudo parecia apontar para algo mais profundo, algo que eu precisava descobrir.

Decidi que precisava ir ao teatro municipal. Precisava revisitar aquele lugar, buscar respostas em meio às lembranças do passado. Talvez encontrasse ali a peça que faltava para completar o quebra-cabeça.

Na manhã seguinte, antes de ir para a escola, peguei um ônibus para o centro da cidade. Ao chegar em frente ao teatro, senti um arrepio percorrer meu corpo. A fachada imponente, com suas colunas e esculturas, parecia ter parado no tempo.

Entrei no saguão, o silêncio sendo quebrado apenas pelo eco dos meus passos. Caminhei até o balcão de informações e perguntei sobre a programação antiga do teatro. A atendente, uma senhora simpática, me informou que o arquivo estava disponível para consulta.

Passei horas folheando cadernos empoeirados, procurando por qualquer registro da minha mãe. Finalmente, encontrei um programa de um espetáculo de balé que ela havia apresentado anos atrás. O nome da companhia me era familiar, mas não consegui me lembrar de onde o conhecia.

Ao virar a página, meu coração parou. Ali estava uma foto do elenco, e ao lado da minha mãe, uma moça que me pareceu incrivelmente familiar. Seus traços… eram muito parecidos com os de Nicolas Santorini. Uma legenda discreta abaixo da foto revelou o nome dela: Isabella J. Santorini.

A ficha caiu como um raio. Isabella J. Santorini… a mãe de Nicolas. A conexão que Pedro investigava não era com um lugar, mas com uma pessoa. Uma pessoa que, aparentemente, conhecia minha mãe. Uma pessoa que poderia ser a chave para desvendar os mistérios do meu passado e, talvez, explicar a minha inexplicável ligação com Ethan. Um frio percorreu meu corpo. O que tudo aquilo significava? Que segredos obscuros ligavam nossas famílias? E o que tudo isso significava para o futuro de Ethan?

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