Phantasos

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Fantasia
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Resumo
Índice

Por trás das roupas surradas que costumava vestir, um mundo incrivelmente estranho se escondia. Vanya sabia que sua cabeça não era um e que suas iias divergiam do que era normal. Apenas ela conseguia ver o que não istia. Apenas ela era capaz senhar perfeição um personagem visto em um sonho. Guitarrista, estudante, filho, cético, objeto sual quem o quisesse. Ainda assim, Dami não era feliz. Contudo, a vida monótona e libertina parecera ganhar um sentido especial quando estranhos sonhos se projetaram em sua mente e quando a missão aparentemente inimaginável lhe fora imposta: impedir que uma terminada garota chegasse ao Phantasos, o local proibido para hums.

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28 chapters
Prólogo
— Maldito! Por que fez isso?A raiva dele enegrecia o ambiente, enchendo-o de ódio. Seus olhos escarlates brilhavam furiosos, mostrando o que todo o seu corpo sentia. Seus dentes pontudos e afiados estavam prontos para atacar uma presa inexistente – embora nunca fossem capazes de atingir o seu adversário, o responsável por aquela raiva descontrolada. O causador da sua desgraça não se importava com o acesso de ódio que se desencadeava à sua frente. Mesmo que houvesse inúmeros ataques, nada o faria reverter a situação.— Se eu não o fizesse, você colocaria o mundo em risco! – proferiu firmemente. — Não percebe o mal que causaria? Não pode quebrar a ordem já existente!Nojento.— Pois saiba que, se preciso, irei até o inferno à procura do escolhido! – ameaçou o Maldito, col&ea
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1
As folhas secas e caídas no chão faziam um barulho ensurdecedor quando eram pisadas. Era estranho ainda existirem folhas naquele lugar quando o inverno já estava tão avançado e rigoroso. A neve não parava de cair, e o frio era tão intenso que a garota sentia cada parte do seu corpo congelar. Onde realmente estava?A única coisa que se via eram árvores secas, brancas por causa da neve e espalhadas por todo lado. O céu estava cinza devido à intensa névoa, e o lugar deserto. Estava com medo e confusa. O silêncio sepulcral era cortado unicamente pelo barulho do seu coração – não se ouvia nenhum outro ruído. Um súbito desespero se apoderou dela. “O que era tudo aquilo? Onde estava a saída?”Andar tornou-se uma difícil atividade naquele instante.
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2
Havia somente dois momentos em que a tonalidade do céu se tornava a mesma e era impossível determinar as horas. Estava amanhecendo ou anoitecendo? Ele não sabia. A única coisa da qual tinha certeza era que a parcial escuridão não cessava, como se o tempo houvesse congelado.Somente a fraca chama de uma vela iluminava o caminho por onde passava. A floresta era densa; as árvores, longas e negras; o trajeto, difícil, tortuoso; e a umidade local se fazia sentir com facilidade. Por quanto tempo estava andando? O que procurava? Por que estava ali? Não possuía a resposta para nenhuma dessas perguntas. Sentia apenas que deveria continuar caminhando.Por fim, encontrou a possível saída da floresta. Logo ele se viu em um campo aberto, ladeado por imensas árvores. E, no meio do campo, estava ela, sentada em cima de uma grande pedra, olhando fixamente para ele. Durante
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3
Berlim – Alemanha Só faltava mais uma semana e Vanya já entrava em desespero crônico. O prazo estava vencendo, tinha somente mais sete dias. Um mês não precisava passar tão depressa! Bem que um dia poderia ter trinta horas, ao invés de vinte e quatro – doze para manhã e dezoito para a noite. Essa sim deveria ser mais longa.— Desencane, ogrinha! Esse cara nunca vai sair do papel! É mais fácil esperar o Karl virar homem!A voz de Maik era irônica e provocativa – não valia a pena rebater a brincadeira. Desse modo, Vanya preferiu apenas lhe mostrar o dedo médio da sua mão esquerda, perfeito para ser usado em momentos como aquele. Ainda assim, escutou risinhos por parte dos amigos – Dieter havia se juntado ao outro rapaz. Crianças.Cansada, Vanya se levantou, limpando o jeans sujo pelos farelos da
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4
São Paulo – Brasil — Pois não?— Bom dia, senhora. Eu sou Damiano Guerra, o estudante universitário do curso de Letras que agendou uma entrevista com a professora Maria Adelaide para um seminário. Por gentileza, ela se encontra?— Ah, sim, o estudante universitário... Me perdoe por não o reconhecer logo. Entre, por favor.Damiano agradeceu e, pedindo licença, entrou na mansão da requisitada psicopedagoga. Sentiu-se envergonhado, demasiadamente humilde para estar em uma casa de tal elegância e dimensão. Havia sido muita sorte conseguir uma entrevista com a professora, sabia o quão ela era importante – fato percebido principalmente pela rica arquitetura do seu lar. Respirando fundo e expirando rapidamente, preferiu não ficar analisando maiores detalhes da casa. Mais um pouco e ficaria completamente desconcertado.— Po
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5
Berlim – Alemanha O comunicado chegou seco, frio e inesperado.— Precisamos conversar, Vanya.Vanya sabia que algo estava errado. Uma semana se passara desde a venda do desenho e Laura ainda não havia encontrado o dinheiro. Além disso, andava estranha, triste, com uma expressão aflita que nunca lhe pertencera e agindo de modo igualmente sem nexo. Costumava passar o dia fora e voltava para casa quase de madrugada. Vanya já havia perguntado várias vezes o que estava acontecendo de anormal, mas a mãe nunca respondia. Dizia que tudo estava bem, sorria e logo mudava de assunto. Porém, Laura não convencia e tampouco enganava a filha. Vanya ainda tentou, várias vezes, descobrir a anomalia, porém não conseguiu nenhuma desculpa, por mais absurda que fosse. A solução era ter de se contentar com o silêncio – insu
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6
Berlim – Alemanha — Acho melhor você ir atrás dele, Vanya.Vanya olhou mais uma vez os rostos presentes na pequena e fúnebre sala. Otto tinha os olhos fixos em sua figura, tentando lhe transmitir força; os de Dieter, ao contrário, estavam molhados e sem foco – e seu nariz, vermelho. Maik, com a cabeça baixa, escondia a tristeza por detrás dos fios negros do seu cabelo liso. Nunca pudera imaginar encontrá-los em tão intensa melancolia.— Acho que ele não está a fim de falar comigo. – falou, mordendo o lábio, tentando recuar da tarefa.— É agora que ele mais te quer perto. – Otto pousou a mão gigante no ombro da amiga.Ela lançou o último olhar e, ainda incerta, saiu do pequenino cômodo, rumo à noite fria. Fora da casa, viu pessoas conversa
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7
Não teve dúvidas quando avistou a menina de longas e pseudovermelhas tranças sentada no banco da ala de desembarque. Embora a placa indicasse que era realmente ela, nada seria mais confirmador do que as roupas masculinas e surradas que vestia – uma calça jeans recheada por bolsos e uma blusa listrada escondida por um casaco negro, o conjunto incrivelmente maior que o seu aparente corpo franzino. Pegou a foto que guardava no bolso da jaqueta, gostava de ter certeza sobre tudo. De fato, era ela – mesmo que em uma versão mais crescida do que aquela apresentada na fotografia. Aproximou-se, ela não o notou – estava entretida olhando desenhos. Chamou-a, sendo prontamente respondido pelo gesto com a cabeça.Era tão bonitinha! Mesmo vestida com roupas que não condiziam com o seu rosto delicado, ainda possuía uma fisionomia angelical. Tal e qual Laura quando mais jovem.— Willkomme
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8
Observando o panfleto, Vanya tentava pronunciar o nome do bairro para o qual se encaminhavam: LIBERDADE. Não se incomodava com os olhares curiosos e repreensivos que alguns dos presentes no metrô lotado lhe jogavam – ninguém ali participava da sua vida ou conhecia as suas necessidades para repreendê-la de algo. Yooki a observava, divertindo-se com o seu sotaque cômico e com a sua dificuldade em falar o português. Nada dizia sobre a atitude da prima, nem mesmo a ajudava a falar a palavra. Limitava-se apenas a dar um largo sorriso, a menina era empenhada. Preferiu continuar quieto. Acreditava ser importante Vanya ir treinando, sozinha, a nova língua.— Não consigo falar. – disse a menina, exausta.— Calma, tudo é questão de prática. Você chegou ontem, esqueceu? Não dá para aprender português da noite para o dia.— Isso é
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9
Esfregou os olhos e acendeu mais um cigarro – o terceiro em uma hora e meia. O papel estava em uma das mãos, o cigarro na outra, mas seus olhos estavam voltados unicamente para a letra garranchada que sujava a brancura da folha. Releu, em voz alta.Continuava na estaca zero, não havia nenhuma melodia que ficasse boa naquela letra. Por que o poema estava incompleto? Kazuo não deixou nada que o ajudasse nessa tarefa, dizendo apenas um Termina aí a nossa balada. Como se fosse fácil! Além de obrigá-lo a construir a sonoridade melódica, ainda lhe impunha terminar a letra. Aquele maldito sabia o quão difícil era para ele escrever uma música de amor – já que Damiano não o conhecera como deveria.Pousou o papel sobre a mesa e foi para a minúscula varanda, observar a noite – um dos raros sábados em que ficava em casa àquela hora. Deu uma lon
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