"— Qual seu maldito problema?— grito. — Sua filha te venera e só sente sua falta e você a trata assim? Que tipo de monstro você é? No mesmo instante que aquelas palavras saem dos meus lábios, percebo que havia ido longe demais. Mas aquele homem... Por Deus, despertava o pior de mim. — Você desconhece a magnitude do monstro que reside em mim. Portanto, não o provoque.— Ele fala estridentes enquanto dá as costas para mim. Só que aquele aviso havia chegado tarde demais, porque eu iria até o fim. — Me mostra o tipo de monstro que você é, e eu garanto que nada me assustará. E naquele momento, aquele homem lança o olhar duro sobre mim e eu percebo então o arrependimento por ter me envolvido em tudo aquilo." Traída pelo noivo e pela própria irmã, Ayla decide recomeçar sua vida em uma cidade distante, determinada a reconstruir sua confiança e deixar o passado para trás. No entanto, sua chegada é marcada por um encontro inesperado e intenso com um homem misterioso e enigmático. Tentando esquecer o incidente, Ayla se concentra em seu novo emprego como babá de uma garotinha doce, apenas para descobrir que seu chefe é ninguém menos que o homem que cruzou seu caminho naquele primeiro dia. Viúvo, cercado por segredos e agora bilionário após ganhar na loteria, ele carrega uma dor que o tornou inacessível. Entre os desafios de cuidar de uma criança cheia de vida e de desvendar as camadas deste homem sombrio, Ayla se vê confrontada por sentimentos que jurou nunca mais deixar crescer. Entre mágoas, mistérios e um desejo proibido, Ayla precisa decidir: fugir outra vez ou arriscar seu coração por um homem que pode destruí-la?
Ler maisAssim que Ayla para o carro em frente a mansão, ela vê o dano que fez. Havia uma intensa fumaça saindo do lado esquerdo da casa, onde se encontrava a cozinha. E onde Ayla esperava que se mantivesse e o fogo só não tivesse tido tempo o suficiente de destruir tudo.—Por favorzinho, que nada de tão terrível tenha acontecido.— Ela ora consigo mesma enquanto atravessa a casa pelos fundos.E é questão de segundos até Ayla começar a tossir e tentar esconder o rosto da fumaça que saia de dentro daquele cômodo. Pelo pouco de vislumbre que ainda tinha sua visão, ela pôde perceber que o fogo parecia cessado, pois não enxergava nada flamejante e vermelho, apenas o cinza quente.—Oi, tem alguém aqui?— ela pergunta, incapaz de ver qualquer coisa e tenta segurar na pia ao seu lado, mas o inox está tão quente que queima sua mão e ela grita com o susto e dor. —Droga.— Ela leva sua mão aos lábios, sentindo aquela queimadura.—O que você está fazendo aqui?— era a voz de Juan preenchendo todo aquele loca
Ayla encara Juan, a surpresa e descrença a invadindo. Ela não consegue colocar em palavras como aquela noticia havia, literalmente, destruído o seu mundo.—Você conhece?— Juan insiste quando recebe apenas o silêncio de Ayla.—Não.— Ela diz rapidamente, sem precisar parar pra pensar.Juan franze as sobrancelhas, e percebe o comportamento incomum de Ayla. Não era do seu feitio responder qualquer coisa com uma palavra apenas. Ela sempre falava mais. Sempre mais do que podia.—Pensei que a conhecesse. Visto que até os sobrenomes são iguais.— Juan insiste, o que deixa Ayla extremamente irritada.—É apenas coincidência. Só isso.— Ela resmunga e antes que Juan pudesse falar qualquer coisa, ela desaparece mansão adentro.Enquanto Ayla tenta acalmar seus sentidos seguindo em direção a Emma, ela apenas alimenta a certeza de que jamais poderia deixar que Juan soubesse a verdade sobre Diana. Ayla sentia vergonha, sentia-se inferior. E agora, ao perceber que o destino de Juan poderia estar complet
Assim que Ayla sai daquela sala, ela sente o peso de toda pressão que estava ao seu redor. Tem dificuldade pra respirar, e sobretudo, parece ter dificuldade de deixar Juan ali. Mesmo que ele já tivesse deixado claro que não precisava de ajuda, e muito menos a dela.—Senhorita, bom dia!— Ayla de repente foi abordada do lado de fora daquela sala.—Sim, bom dia.— Ela responde, ainda que desconfiada e percebe que se tratava do mesmo detetive que havia parado o Juan mais cedo.—A senhorita poderia me acompanhar por um instante?— ele sugere, mas Ayla conhece o suficiente de hierarquia pra saber que ela não tem opção além de segui-lo.Eles entram numa sala, um pouco parecida com a que Juan estava. No entanto, havia outro detetive lá dentro e eles a encaravam como se ela fosse suspeita de algo.—Por que estou aqui?— ela pergunta assim que se senta, quando sente o nervosismo correndo em sua veia.—Só queremos fazer algumas perguntas.— O outro detetive é quem responde.—Há quanto tempo, você tr
Capítulo 21Naquela madrugada, assim que Juan atravessou aquelas portas atrás de Ayla, Ryan teve um vislumbre. Algo em sua mente acendeu que deixa-la ir foi a coisa mais inteligente a se fazer, porque o destino dela seria outro e estava em sua frente o tempo todo.—Quem era aquela?— Amanda pergunta assim que ficam a sós.Aaron percebe o drama que está prestes a se instalar ali e decide ir pra outro cômodo.—É a babá da Emma. Eu a conheci há duas semanas, e estávamos tendo algo.— Ryan explica o mais resumidamente e honesto possível.Os olhos de Amanda vacilam por um instante, porque ouvir aquilo ainda doía.—E você...— ela estava prestes a perguntar algo, quando Ryan a interrompeu, porque ele sabia exatamente o que falaria.—Não.— Ele corta no mesmo instante. —Não a amo e acabei de dispensá-la.Amanda tenta disfarçar a alegria iminente que cobriu o seu coração, mas seus olhos apenas brilhavam o suficiente.—E por quê?— ela quer saber.—Porque ela não é você. Ninguém é você. E olha que
O ar parece mais pesado naquele instante. O coração de Ayla se acelera e o de Ryan se aperta em seu peito. Juan percebe a intensidade daquele momento e ele só quer que toda aquela confusão se dissipe, porque a sensação de impotência o fazia se sentir ainda pior, principalmente ao notar o olhar ansioso de Ayla para o seu irmão. Amanda assistia toda aquela cena que parecia ter sido congelada no tempo, e Juan interviu. —Amanda.— Ele falou ao se aproximar dela. Fazia meses que Juan não falava com sua cunhada, mas ao perceber a proximidade que Ryan e ela estavam novamente, ele concluiu que, de alguma maneira, havia existido uma explicação pra tudo que aconteceu. Então se Ryan pôde perdoá-la, ele poderia ao menos tentar. Isso deu abertura para que Ryan se aproximasse de Ayla do outro lado da sala. —Oi.— É tudo que ele fala, com uma frieza que Ayla jamais vira saindo dele. —Oi.— Ela responde nervosa e tenta brincar com suas mãos. Seu coração se acelera e ela começa a suar, mesmo que e
Era tarde da noite, a cidade estava adormecida. E Ryan acelerava com o carro sem respeitar nenhum limite de velocidade daquela rodovia. Toda a certeza que estava em sua mente, era que ele não poderia mais perder tempo. Tempo era o que o faltava, tempo foi tudo que ele perdeu por causa do seu orgulho e estupidez. —Tem certeza que ela está lá?— Ryan pergunta a Aaron, a respiração ofegante. —Não posso imaginá-la em mais nenhum outro lugar.— Aaron disse, o que fez Ryan acelerar ainda mais com o carro, fazendo aquele carro ser apenas um vulto naquela pista. Ryan segurava o volante com força, enquanto ainda podia ouvir todas as palavras que Aaron o revelou horas antes. Ele não podia aceitar que a verdade que Aaron havia falado poderia ser ainda mais dolorosa do que a falsa verdade que ele tanto acreditou por meses. —Chegamos.— Aaron diz assim que Ryan para o carro. No entanto, Ryan não sai do automóvel. Ele apenas fica imóvel encarando a casa que um dia foi seu lar. Ele havia ido embo
Nunca se ouviu um silêncio tão alto. —Como diabos você entrou aqui?— Juan foi o primeiro que falou, assim que se afastou do seu irmão. Juan outra vez deixou a raiva o consumir enquanto assistia aquela figura parada em sua frente, mas Ryan estava impassível. Observava toda aquela cena com a incredulidade e a frieza de rever a pessoa que destruiu sua vida. —Eu te fiz a droga de uma pergunta.— Juan volta a gritar e tenta avançar, claramente tomando as dores do seu irmão, como sempre fizera um pelo outro. Antes que Juan avance e deixe sua raiva o consumir outra vez, Ryan dá um passo à frente e outra vez segura o pulso do seu irmão mais novo, o controlando. E apenas com toda tranquilidade que Ryan tinha, ele olha em frente e pergunta: —O que está fazendo aqui, Aaron? Se está procurando a Amanda, eu não sei onde ela está. Ryan é frio ao falar com seu amigo de longa data, do qual ele não via há meses. O mesmo amigo que fugiu em uma viagem com a sua esposa, enquanto ele tentava lidar com
Ayla está com toda atenção focada nas próximas palavras que saem da boca de Ryan: —Tudo começou uns dezoito meses antes. Comecei a sentir um cansaço extremo e uma fadiga quase insuportável. Assim que Ryan começa aquela narração, Ayla fecha os olhos, já prevendo tudo que estaria por sair dos seus lábios. Seu corpo treme, a ansiedade e coração se esmagam dentro do peito, principalmente quando Ryan diz as seguintes palavras: —E depois de uma série de exames que a companhia aérea me obrigou a fazer, eu fui diagnosticado com Linfoma de Hodgkin. Enquanto Ryan falava tudo aquilo, em nenhum momento, ele dirigiu seu olhar a Ayla. Sua atenção estava nas ondas em sua frente, e assim como elas estavam revoltas no mar, tudo dentro dele também estava revolto, bagunçado. —Ryan, eu... Me desculpe por minha ignorância, mas o que seria esse linfoma?— Ayla finalmente pergunta, a voz trêmula e tão baixa que se ela não estivesse tão próxima de Ryan, dificilmente ele ouviria. —É um câncer do sistema i
Eu tentei pensar o mais rápido que podia, tentando reaver tudo que poderia ter dado de errado naquele momento. Encarei de Ryan para Juan rapidamente. Confusa pela insinuação sem fundamentos de Ryan e temendo que Juan pudesse ter ouvido aquilo e ter compreendido tudo equivocadamente. Sabendo do meu dom natural de falar demais e arruinar tudo ao meu redor, eu optei pelo silêncio para poder analisar o que de fato Juan ouviu ou não. —Do que Ryan está falando, Ayla? O que vocês têm em comum para estarem falando sobre mim?— Juan volta a perguntar. Eu engoli em seco, sabendo que deveria tentar o máximo desconversar daquele assunto, porque aparentemente ele estava alheio ao conteúdo completo que Ryan e eu falávamos. —Eu estava sem sono e desci para tomar alguma coisa.— Começo a explicar e trato de agir de modo mais indiferente possível. —Encontrei seu irmão aqui embaixo e estávamos conversando. Juan olha pra Ryan, como se buscasse confirmação de que eu estava falando a verdade. Ryan não