26 chapters
Capítulo 1
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
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Capítulo 2
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e
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Capítulo 3
—Alô, você está aí?— a voz daquele homem volta a encher os meus ouvidos.Ainda petrificada naquela calçada, respondo:—Desculpe, sim. Estou. E aceito o emprego.— digo rapidamente, sem parar para respirar, porque sinto que tudo aquilo poderia ser apenas um sonho no meio do pesadelo em que minha vida se encontrava.—Ok. Venha amanhã, às...— ele começa, mas eu o interrompo logo em seguida.—Ou posso começar de modo imediato.— digo com empolgação, morrendo de esperança que ele concorde. —Quer dizer, pouparia muito do seu tempo me falando tudo que preciso saber hoje. Sei que é um homem ocupado.Mordi o lábio em seguida, rezando para que ele não notasse a urgência em minha voz. Porque a verdade era que eu estava desesperada, porque eu não teria um teto para passar aquela noite. A minha única salvação era aquele emprego, e só em ter a condição de viver naquela casa enorme servia de um alívio de imediato, porque um lugar para viver era tudo que eu não tinha. Aquela proposta caiu como uma lu
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Capítulo 4
No dia seguinte, eu havia despertado cedo. Tinha dormido muito bem na última noite, mas a ansiedade que estava me consumindo se tornou maior assim que o sol deu as caras pelas persianas da minha janela.Saio do anexo e me dirijo até a casa. Ainda é muito cedo para que a garotinha esteja acordada, o sr. Barichello na última noite havia me enviado todos os horários da sua filha.Assim que entro na casa, a mansão está mergulhada em silêncio e eu me atrevo a bisbilhotar, procurando por porta-retratos de fotos de família. Procurando por ela. Pela mulher que o meu chefe estava aliviado que tenha morrido. Mas não existe nenhum resquício de sua existência ali.—O que está fazendo?— a voz masculina e firme me fez dá um sobressalto, as mãos no coração.Me viro, me afastando de uma mesinha no centro da sala e encaro os mais intensos pares de olhos negros em mim.—Eu só estava tentando me familiarizar com a casa.— Falo rapidamente e minha voz sai mais alta do que eu gostaria.Ele apenas me olha d
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Capítulo 5
Os olhos dele estavam presos em mim, como se fosse capaz de queimar a minha alma só com o poder daquele olhar. De repente, o escritório se tornou mais abafado, enquanto uma luta interna se travava dentro de mim.—Ela falou que sentia sua falta.— Volto a falar, um pouco mais calma. —Não acho que seja fácil pra ela, ter perdido a mãe e ver o próprio pai, tudo que sobrou pra ela, se afastando.Aquele homem franze a testa, como se as palavras da minha boca fossem uma espécie de enigma mal compreendido.—O que te faz acreditar que você sabe de algo da nossa vida?— ele pergunta rudemente. —Você é apenas alguém que trabalha para mim. E pelo o que posso notar, está desejando que isso mude.Não deixo sua provocação me distrair. Me recuso que ele mude de assunto daquela forma, porque a curiosidade sobre tudo aquilo que aquele homem poderia esconder me consome a cada segundo.—Sei o suficiente para saber que se sente aliviado pela morte da sua esposa.— Deixo as palavras saírem livremente, sem me
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Capítulo 6
Aquela informação paira no ar e eu ainda estou desnorteada demais para conseguir formar qualquer pensamento completo. —Noiva?— é tudo que consigo falar e aquela mulher apenas levanta uma sobrancelha sugestivamente, como se estivesse travando uma batalha individual em sua própria cabeça. —Algum problema com isso?— ela pergunta, um tom de superioridade em sua voz. —Problema algum.— Me recupero rapidamente. —Só fiquei meio surpresa com o fato de existir um noivado só apenas alguns dias desde que ele enterrou a sua mulher. As palavras saíram da minha boca antes mesmo que eu pudesse controlar, esse era um dos defeitos da minha longa lista. E aquela vez, minha língua havia voltado a me colocar em apuros. Bianca apenas me entrega um sorriso cínico e sei que está prestes a me responder da maneira mais humilhante que uma loira de classe alta poderia. No entanto, um barulho de passos surge logo na sala ao lado. Pressentindo que o sr. Barichello estava se aproximando, ela rapidamente traz d
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Capítulo 7
O ar naquela atmosfera pareceu denso demais, enquanto eu assistia a troca de olhares selvagens e ameaçadores entre Erlon e o meu chefe. —Quem você pensa quem é?— Erlon pergunta exasperado, e tenta se afastar da figura potente e alta em sua frente. Sr. Barichello apenas dá um passo em frente e só aquele simples ato parece ser ameaçador o suficiente. —Essa será a segunda e última vez que sugiro que deixe a moça em paz.— Ouço a voz do meu chefe soar baixa o suficiente, estridentes. —E eu vou perguntar pela segunda vez: quem diabos é você?— Erlon insiste, também se aproximando. Sinto meu coração acelerar rapidamente. Eu não fazia ideia sobre tudo que poderia acontecer naquela situação, mas eu tinha a absoluta certeza que eu não gostaria do que quer que fosse. Por isso, soube que precisava intervir. Mesmo que isso me forçasse a agir do modo mais estupido possível. —Erlon, tudo que a Diana te contou é verdade.— Eu falei rapidamente, entrando no meio dos dois. —E esse é ele. É o cara q
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Capítulo 8
Passo através daquele homem rapidamente, ignorando totalmente sua presença e como meu coração acelera em meu peito. Paro em frente ao balcão onde consigo contatar o recepcionista daquele hotel. —Boa noite, como posso ajudar a senhorita?— um senhor de cabelos grisalhos e muito sorridente me pergunta. —Boa noite. O senhor poderia me informar algum número de táxi e onde posso pegá-lo por aqui?— minha voz está tão ofegante, que acredito ter assustado aquele senhor. Por isso, forço um sorriso logo em seguida. O recepcionista apenas dá uma pequena tossida fingida e em seguida olha para tela do computador e com um sorriso empático no rosto, me informa. —Eu sinto muito, minha querida. Mas nessa área do hotel, os únicos carros permitidos a fazer rota são os do próprio hotel. E receio que nesse momento, todos estejam ocupados. Solto uma respiração completamente cheia de exasperação. Eu realmente gostaria de saber em qual ponto da minha vida, toda a sorte resolveu simplesmente dissipar. —P
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Capítulo 9
Quando acordei naquela manhã de domingo, eu realmente senti que havia descansado. Foi a primeira noite desde o dia em que toda minha vida mudou, que minha mente pareceu finalmente relaxar.Poderia culpar o álcool, mas a verdade é que no final da noite não existia mais nenhuma gota de álcool em minhas veias. Só as novas lembranças e perguntas que havia acabado de criar.O sol já estava pintando forte no alto, quando decidi sair do meu anexo.—Ayla, você está aqui?— a voz de Emma alcançou meus ouvidos logo que coloco os pés pra fora.Sorri quando encontrei a garota vestida completamente de rosa, os cabelos partidos ao meio e a sua inseparável boneca ao lado.—Pra onde você vai tão linda assim?— perguntei ao me aproximar.—Vou sair com o papai.— Ela disse empolgada e no mesmo momento, aquela noticia me empolgou do mesmo jeito. —Achei que você não fosse ficar comigo hoje.—Ah, não. Eu só passei a noite aqui, já estava saindo.— Expliquei.A garota baixou os olhos no mesmo instante, parecia
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Capítulo 10
Não me intimidei nem por um segundo com a figura loira e arrogante em minha frente, pelo contrário, eu soube exatamente o que deveria fazer. Eu já havia percebido Bianca o suficiente na última vez, eu era ótima em observar pessoas. Ela claramente se prestava a um papel de querida e boa moça na frente do Juan, tudo pra ganhar admiração e respeito. Mas a verdade era que ela não passava de uma cobra, à espreita pra atacar. —Estou fazendo a mesma coisa que você, Bianca.— Respondo. —Estou em um aniversário. Vejo quando sua mandíbula fica rígida e ela parece se morder de raiva com a audácia em minhas palavras. —Mas você não deveria estar aqui fora. Deveria estar com a Emma.— Ela insiste, claramente incomodada pela minha presença junto ao seu adorável noivo. —Ah, a Emma está bem, não se preocupe.— Eu digo, sorrindo. Aquilo pareceu acender ainda mais a raiva presente dentro dela. Juan ao seu lado apenas fumava, como se tivesse alheio aquele cenário todo. Me perguntei o que Bianca poderia
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