Passo através daquele homem rapidamente, ignorando totalmente sua presença e como meu coração acelera em meu peito. Paro em frente ao balcão onde consigo contatar o recepcionista daquele hotel. —Boa noite, como posso ajudar a senhorita?— um senhor de cabelos grisalhos e muito sorridente me pergunta. —Boa noite. O senhor poderia me informar algum número de táxi e onde posso pegá-lo por aqui?— minha voz está tão ofegante, que acredito ter assustado aquele senhor. Por isso, forço um sorriso logo em seguida. O recepcionista apenas dá uma pequena tossida fingida e em seguida olha para tela do computador e com um sorriso empático no rosto, me informa. —Eu sinto muito, minha querida. Mas nessa área do hotel, os únicos carros permitidos a fazer rota são os do próprio hotel. E receio que nesse momento, todos estejam ocupados. Solto uma respiração completamente cheia de exasperação. Eu realmente gostaria de saber em qual ponto da minha vida, toda a sorte resolveu simplesmente dissipar. —P
Quando acordei naquela manhã de domingo, eu realmente senti que havia descansado. Foi a primeira noite desde o dia em que toda minha vida mudou, que minha mente pareceu finalmente relaxar.Poderia culpar o álcool, mas a verdade é que no final da noite não existia mais nenhuma gota de álcool em minhas veias. Só as novas lembranças e perguntas que havia acabado de criar.O sol já estava pintando forte no alto, quando decidi sair do meu anexo.—Ayla, você está aqui?— a voz de Emma alcançou meus ouvidos logo que coloco os pés pra fora.Sorri quando encontrei a garota vestida completamente de rosa, os cabelos partidos ao meio e a sua inseparável boneca ao lado.—Pra onde você vai tão linda assim?— perguntei ao me aproximar.—Vou sair com o papai.— Ela disse empolgada e no mesmo momento, aquela noticia me empolgou do mesmo jeito. —Achei que você não fosse ficar comigo hoje.—Ah, não. Eu só passei a noite aqui, já estava saindo.— Expliquei.A garota baixou os olhos no mesmo instante, parecia
Não me intimidei nem por um segundo com a figura loira e arrogante em minha frente, pelo contrário, eu soube exatamente o que deveria fazer. Eu já havia percebido Bianca o suficiente na última vez, eu era ótima em observar pessoas. Ela claramente se prestava a um papel de querida e boa moça na frente do Juan, tudo pra ganhar admiração e respeito. Mas a verdade era que ela não passava de uma cobra, à espreita pra atacar. —Estou fazendo a mesma coisa que você, Bianca.— Respondo. —Estou em um aniversário. Vejo quando sua mandíbula fica rígida e ela parece se morder de raiva com a audácia em minhas palavras. —Mas você não deveria estar aqui fora. Deveria estar com a Emma.— Ela insiste, claramente incomodada pela minha presença junto ao seu adorável noivo. —Ah, a Emma está bem, não se preocupe.— Eu digo, sorrindo. Aquilo pareceu acender ainda mais a raiva presente dentro dela. Juan ao seu lado apenas fumava, como se tivesse alheio aquele cenário todo. Me perguntei o que Bianca poderia
Os olhos de Juan permanecem em Ax, dessa vez imparcial. Espero que ele fale qualquer coisa, que pergunte porque eu trabalharia com Ax, uma vez que ele não irá me demitir. Mas ele não faz isso. Seus olhos apenas procuram Emma e buscam sua mão, apenas desejando ir embora daquele local. Bom, eu também desejava aquilo profundamente. E como se minha prece fosse atendida: —Você vem?— ele resmunga de repente, mas sem olhar pra mim. Ele não precisa se esforçar mais que isso pra me ver saindo em disparada atrás dele. —Juan, eu...— eu começo a falar, a voz trêmula, mas sou interrompida. —Aqui não.— Ele me corta friamente assim que chegamos ao seu carro e ele dá partida em alta velocidade. Eu engulo em seco, sabendo que aquele momento era um daqueles em que eu arruinaria tudo se eu só falasse descontroladamente. No meu lado, Emma parece muito mais tranquila sentada em sua cadeirinha, mesmo que silenciosa. Mas também respeito esse seu espaço. Assim que o carro para em frente a mansão, Juan
Aquele dia completamente intenso já estava chegando ao fim, e em breve, eu iniciaria mais uma outra semana de trabalho. A ideia de um final de semana relaxante e sem estresse já havia caído por terra há um bom tempo. É por isso que assim que o sol começa a desaparecer no céu pintado de rosa e laranja, eu apenas decido que iria continuar no meu anexo, juntando as tantas peças de um quebra-cabeça sem fim que minha vida se tornou desde o dia em que apareci por ali. No entanto, as novidades daquele dia, todavia não havia terminado. —Encontrei você aqui!— a voz masculina me parou antes mesmo que eu pudesse atravessar o jardim. —Ax, o que você está fazendo aqui?— pergunto confusa e olhando para todos os lados. —Eu só precisava ver você. Saber se tudo ficou bem.— Ele sorriu, enquanto enfiava as mãos no bolso da calça. —Ah, ficou tudo bem, sim. Obrigada.— Eu respondo de modo direto, porque por alguma razão, eu me sentia um pouco invadida pela sua presença ali. —Que bom, Ayla. Eu realmen
—Você não me tem para que algo me tire de você.— Cuspo com raiva, logo após o choque de sua confissão se esvair. Para minha surpresa, Juan se afasta de mim e eu fico livre entre ele e a parede. Sei que naquele instante, eu só poderia ir embora, me afastar rapidamente dele, com toda a dignidade que um pé machucado me daria. No entanto, havia algo em seu olhar que me deixou parada exatamente no mesmo lugar. —É impossível manter qualquer conversa com você.— Juan resmunga em seguida e vejo sua testa franzida de insatisfação. Não posso evitar sorrir. —E desde quando você sabe conversar com alguém?— rebato. —Você só saber mandar, e usar três ou quatro palavras cheia de enigmas. Mas acabei descobrindo que o que você gosta mesmo de fazer, é comentar sobre a personalidade e aparência alheia. Vejo quando Juan solta um longo suspiro de exasperação e já parece exausto com meus comentários. O que era uma pena, porque eu só estava começando. —Eu adoraria ficar aqui e te explicar a mesma coisa
Aquela proposta fica ressoando em meu ouvido, em ecos por aquele quarto inteiro. Porque nada daquilo fazia o menor sentido! —Por que precisaria da minha ajuda pra encontrar alguém? E por que diabos você acha que a Emma precisa disso? Juan apenas bufou, levou as mãos pra cima, como se minhas perguntas só fossem tediosas o suficiente. —Se você quer conhecer outra pessoa, está fazendo isso pela maneira e pelas razões erradas.— Eu insisto, tentando colocar qualquer juízo em sua cabeça. Mas eu já o conhecia bem o bastante para saber da sua teimosia e saber que nada daquilo adiantaria. —Não quero que entenda minhas razões, Ayla. Não estou pedindo sequer pra concordar com elas. Porque você jamais compreenderia.— Ele diz por fim, e parece decepcionado quando desce mais uma dose de uísque em seus lábios. —Então tenta. Estou de mente aberta pra entender e ajudar você.— Eu insisto. —Ajudar!— Juan repete, coberto de ironia. —Qual a graça?— perguntei, já sentindo a irritabilidade me agarrar
—Vocês se conhecem?— Juan pergunta, assim que me vê encarando o seu irmão estaticamente. —Eu...— Ryan começa a falar, mas eu o interrompo instantaneamente. —Eu li o seu nome pelo crachá de identificação.— Eu digo, evitando todo possível drama. Ryan me olha, parece confuso e eu engulo em seco, orando para que ele apenas concorde com o que falei. Ele apenas assente e eu quase solto um suspiro de alivio. —Vamos, Ayla. Vamos arrumar suas coisas.— Emma ao meu lado me recorda a verdadeira razão para eu estar ali. Eu olho pra garota, e eu me arrependo no mesmo instante de ter afirmado que iria junto com ela, porque naquele instante, se eu apenas dissesse que não poderia mais, iria apagar o brilho dos seus olhos e eu jamais faria algo assim. —Tudo bem.— Foi tudo que disse e saí em disparada daquela mansão. Ao menos eu tive uma razão pra fugir daquele lugar e poder gritar bem alto no meu anexo. —Meu Deus, pra onde foi minha sorte? —Ayla, está pronta?— ouço Juan me chamando em frente ao