Capítulo 50—Poupei tempo.— Juan diz simplesmente. —Se eu passasse mais um minuto com aquela mulher, eu iria enlouquecer.Ayla dá um risinho, porque ela entende aquilo perfeitamente.—Espero que você saiba que amanhã a cidade estará cheia que eu dividi o quarto com um ‘bonitão da cidade grande’—. Ayla se refere a como Martha chamou Juan e ele faz uma careta.—Você se incomoda?— Juan perguntou de repente, assim que eles param em frente ao quarto em que Ayla estavam. —Porque eu posso ir embora. Eu aluguei um carro e posso ir pra alguma cidade vizinha.Antes que Juan pudesse continuar com aquela sugestão absurda, Ayla levou suas mãos até o peito dele e em seguida até os seus lábios, o silenciando.—Você pode ficar aqui. Você poder passar a noite no meu quarto.— Ela diz, a voz mais baixa. —Isso se você não se incomodar com o fato de que ainda estou um pouco bêbada.Ayla sorriu enquanto abria a porta e Juan a acompanhou. O quarto era pequeno e não contava com muitos moveis além de uma cama
A claridade de uma manhã já atravessava as frestas da janela quando Ayla se remexeu na cama. Assim que o faz, um sorriso tímido e involuntário sai dos seus lábios ao sentir que o seu lado na cama estava perfeitamente preenchido.Ela se vira para o lado ao despertar, e assiste Juan dormindo perfeitamente ao seu lado, e naquele momento, ela se viu completamente rendida à sua beleza. Mais presa a ele do que achou que seria capaz. E aquilo foi mais que suficiente para fazer sua mente sair mundo a fora e ela se permitiu se entregar aos seus devaneios.Desde a primeira vez, sempre houve alguma coisa em Juan, que sempre fascinara a Ayla. Algo como a curiosidade desperta pelo passado dele, tanto quanto o anseio para saber qual seria o futuro dele. Com quem seria.Porque a verdade era que existia bilhões de pessoas ao redor do globo, mas era apenas ele quem Ayla queria. Porque sempre houve alguma coisa nele, ou tudo nele, que a enlouquecia.Fazia muito tempo desde que, nada daquele jeito, naqu
Ayla se recompõe e dando a volta, retorna ao seu quarto e ela observa a cama vazia. Juan já estava de pé, e completamente vestido, os cabelos negros em desordem e um sorriso tão magnifico que fizera o coração de Ayla errar uma batida.—Bom dia!— ele diz, olhando para ela e para o relógio em seu pulso. —Sabe quanto tempo eu não dormia assim?Ayla sorri enquanto dá voltas no quarto, retirando as bagunças jogadas no meio do quarto. Ela não quer encarar Juan, tem medo de fazê-lo. De encarar todos seus medos personificados ali.—Nunca o vi acordando depois das sete da manhã. E já são quase meio-dia.— Ela comenta.—Estava finalmente em paz.— Ele diz. —Onde você estava?Ayla morde o próprio lábio com força quando ouve aquela pergunta e só tem certeza que não quer explicar ou começar mais nenhum conflito. Não além do que está dentro dela.—Ah, eu fui apenas ver se tínhamos serviço de quarto; café da manhã ou almoço.— Ela fala a primeira coisa que vem a sua mente. —E não temos.Juan sorri, ape
Ayla assiste aquela cena como se fosse uma figurante em uma tragédia de sua própria família. Ela assiste sua irmã, desesperada, enquanto pede ajuda a quem quer que seja naquele restaurante.Ayla quer se mover, quer reagir, mas está grudada no chão, sentindo-se congelada no tempo e em um fato que ela claramente não quer enxergar, não quer enfrentar. Mas sabe que precisa.Juan ao seu lado, assiste toda aquela cena, confuso e se encontra completamente perturbado ao ver o modo que Ayla está petrificada, os olhos brilhando de terror e dor.Ele se sente imponente, então, apenas coloca os braços em volta dos seus ombros, quando pergunta:—Aquela é a sua irmã, Ayla? Você quer saber o que aconteceu?A verdade é que diante daquela situação, Juan estava completamente confuso. Ele já estava assim, desde a última noite quando se perguntava como Ayla, ao retornar para sua cidade natal, havia preferido ficar em uma pousada irreal a ficar na casa dos seus pais.E agora, ela parecia completamente alhe
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e
—Alô, você está aí?— a voz daquele homem volta a encher os meus ouvidos.Ainda petrificada naquela calçada, respondo:—Desculpe, sim. Estou. E aceito o emprego.— digo rapidamente, sem parar para respirar, porque sinto que tudo aquilo poderia ser apenas um sonho no meio do pesadelo em que minha vida se encontrava.—Ok. Venha amanhã, às...— ele começa, mas eu o interrompo logo em seguida.—Ou posso começar de modo imediato.— digo com empolgação, morrendo de esperança que ele concorde. —Quer dizer, pouparia muito do seu tempo me falando tudo que preciso saber hoje. Sei que é um homem ocupado.Mordi o lábio em seguida, rezando para que ele não notasse a urgência em minha voz. Porque a verdade era que eu estava desesperada, porque eu não teria um teto para passar aquela noite. A minha única salvação era aquele emprego, e só em ter a condição de viver naquela casa enorme servia de um alívio de imediato, porque um lugar para viver era tudo que eu não tinha. Aquela proposta caiu como uma lu
No dia seguinte, eu havia despertado cedo. Tinha dormido muito bem na última noite, mas a ansiedade que estava me consumindo se tornou maior assim que o sol deu as caras pelas persianas da minha janela.Saio do anexo e me dirijo até a casa. Ainda é muito cedo para que a garotinha esteja acordada, o sr. Barichello na última noite havia me enviado todos os horários da sua filha.Assim que entro na casa, a mansão está mergulhada em silêncio e eu me atrevo a bisbilhotar, procurando por porta-retratos de fotos de família. Procurando por ela. Pela mulher que o meu chefe estava aliviado que tenha morrido. Mas não existe nenhum resquício de sua existência ali.—O que está fazendo?— a voz masculina e firme me fez dá um sobressalto, as mãos no coração.Me viro, me afastando de uma mesinha no centro da sala e encaro os mais intensos pares de olhos negros em mim.—Eu só estava tentando me familiarizar com a casa.— Falo rapidamente e minha voz sai mais alta do que eu gostaria.Ele apenas me olha d