Mikaela sempre sonhou alto, morar no pequeno vilarejo de Vale verde nunca lhe fez feliz; seu sonho é ser uma grande estilista e conhecer o mundo. Mas nem tudo na pequena cidade é ruim, ela tem o seu grande amor ao seu lado. Bruno é o homem a quem Mikaela entregou seu coração, seu corpo e seus sonhos. No dia do casamento, Mikaela tomou a decisão mais errada da sua vida, acreditou em uma promessa e pagou um preço muito alto por isso... Bruno nunca esqueceu a humilhação de ser abandonado no altar, foi a pior humilhação da sua vida. Ver todos olhando com pena e até mesmo rindo dele pelas costas, são memórias que ele nunca vai esquecer. Hoje anos depois, ele refez sua vida, e tem uma linda família, mas seu desejo de vingança contra a mulher que lhe jurou amor eterno enquanto planejava fugir com um homem rico é maior que qualquer coisa... Será que o tempo pode mesmo curar tudo? O amor pode superar o sofrimento do passado?
Ler maisBRUNO Eu não consegui pregar os olhos, fiquei a noite inteira pensando na Mikaela. Por mais que eu tenha sofrido no passado, e eu sofri muito; jurei esquecer o motivo do meu sofrimento e me esforcei ao máximo para entregar meu coração a Nora, eu cheguei a afirmar que tinha superado, mas a verdade é que eu ainda amo aquela mulher. Fico apavorado só de pensar que ela pode desistir de tudo e perder a batalha para a doença; ela não pode fazer isso, ela não pode! Eu estou com a minha cabeça explodindo, a ponto de enlouquecer com tudo isso. Entro no quarto e olho a Nora dormindo ali, mas não é ela que eu quero agora, não é nela que eu estou pensando; quando fecho os olhos só me vem a Mikaela na mente, ela me olhando com aqueles olhos cheios de dor por tudo que ouviu da minha mãe e de mim; depois lembro das palavras da Marisa, ela falando das vezes que a Mikaela chegou chorando em casa por ter sido humilhada pela minha mãe. Não consegui, tive que sair do quarto, fui terminar minha noite
— Não seja hipócrita, Bruno, você só quer continuar com as humilhações contra mim. Eu estou cansada, eu não quero mais ficar aqui e assistir sua vida feliz com a Nora enquanto eu sou pisada e humilhada repetidamente por vocês. Eu já esgotei minha cota de humilhações nessa vida. — falei, cansada. Tentei tirar sua mão do meu rosto, mas ele segurou meu braço com a outra mão. Quando abri minha boca para reclamar, ele aproximou-se e me beijou. Eu queria resistir, parar suas ações, negar o beijo, mas eu correspondi imediatamente; retribuí o beijo com a mesma intensidade que ele. Senti sua mão deslizando no meu pescoço e depois segurando firme minha nuca, seu beijo ficou mais ansioso e exigente. Sua língua explora minha boca com uma necessidade que me deixa maluca. Ele soltou minha mão quando percebeu que já venceu minha resistência e envolveu minha cintura com o braço.— Eu não vou deixar você ir embora, Mika... eu não posso perder você outra vez — fala entre os beijos, com a voz rouca c
— Me solta! — tento me libertar dos seus braços, mas ele me apertou mais forte contra seu corpo. — O que você quer agora, Bruno, vai me manter em cárcere privado? Ele suspirou profundamente quando ouviu minha pergunta, feita em tom de sarcasmo. Enterrou o rosto no meu pescoço, respirando pesado. — Mikaela, eu não quero prender você, eu só quero que você aceite minha ajuda, é só isso. — sua voz soou rouca e muito baixa — eu sei que o que aconteceu na loja te magoou muito, eu sinto muito por aquilo, sinto de verdade. Não queria chorar na frente dele, queria mostrar que sou forte, mas eu estou tão cansada de fingir ser uma fortaleza que nunca existiu que quando dei por mim já estava chorando. — Mika, por favor, aceite minha ajuda, se você quer voltar para Nova Iorque, tudo bem, eu levo você, e falo com o Doutor Douglas para transferir seu tratamento para lá, mas não rejeita minha ajuda, não deixe o tratamento, por favor, eu não quero perder você. — Sua voz soou até meio tremida. Eu
MIKAELA Eu não sei como conseguir sair daquele lugar sem mostrar meu estado completamente destruído. Todas as vezes em que aquela maldita velha me humilhou acabou comigo voltou com tudo, minhas memórias fizeram uma retrospectiva e a dor que senti foi lascerante. Quando minha família mudou-se para o sítio,a família do Bruno já morava lá, desde então nós sempre brincamos juntos, e com a idade, nossos sentimentos mudaram e acabamos nos apaixonando. A primeira vez que eu dormi com o Bruno, foi incrível, foi como se eu estivesse vivendo um sonho. Mas a mãe dele descobriu e o sonho acabou virando um pesadelo; a mulher acabou comigo, me ofendeu e exigiu que eu me afastasse do filho dela; eu estava apaixonada e não me afastei, ela, para se vingar fez de tudo para sujar minha imagem na cidade. Um dos motivos para as pessoas de Vale Verde não gostarem de mim, é por culpa das fofocas da Valéria, aquela mulher sempre estava inventando alguma mentira, garanto que as fofocas de que eu traí o Bru
— Marisa, eu não...— Eu sei que não tenho o direito de pedir isso, Bruno. Eu sei que você e sua família têm motivos para não gostar da minha filha, mas, por favor, minha filha não é nenhuma criminosa terrível para sofrer tanta perseguição. Ela não matou ninguém, só desistiu de casar. Você refez a sua vida e é feliz com sua família, fale com sua mãe para deixar minha filha em paz. Ela pede quase suplicando e isso me deixa muito incomodado, tanto que tenho a sensação de receber um soco no estômago. Eu já conversei com a Mikaela, sei tudo que ela passou e, mesmo assim, a tratei muito mal. A Marisa me contou sobre as mudanças que notou na filha. A Mikaela a ajuda na limpeza do sitio, coisa que antes ela odiava; ela também come qualquer tipo de comida, antes ela era muito seletiva; Marisa deveria gostar dessas mudanças, mas eu vi nos seus olhos que isso a incomoda muito. — Mas, se a Mika mudou para melhor, por que você não está feliz? — Porque eu sei que o que causou essas mudanças
Eu cheguei à entrada do sítio e, mais uma vez, olhei o telefone, nada da Mikaela vizualizar a mensagem. Soquei com força o volante do carro, acabei buzinando sem querer, minha raiva pela Mikaela só aumenta, ela não pode me ignorar assim. Mas ela vai me ouvir, ah, se vai! Eu já estava pronto para ligar no número da Mikaela, quando a lâmpada da varanda do sítio acendeu. — Bruno? — Marisa olhou na direção do meu carro com um misto de surpresa e desconfiança. — Desculpe aparecer aqui a essa hora, mas é que eu preciso falar com a Mikaela. Ela está? — falei o mais normal que consegui. Estacionei o carro próximo à porta e segui a Marisa até a varanda. A primeira coisa que fiz foi verificar, disfarçadamente, o interior da casa à procura da Mikaela. Mas, pela visão limitada que a porta me oferecia, não vi nenhum sinal da pessoa que resolveu testar todos os meus limites. Eu não acredito que ela já está dormindo, ainda é cedo. — A Mikaela não está em casa? — perguntei diretamente.— Não. El
Olho na direção da Nora e vejo que ela está muito incomodada com a presença da Mikaela, incomodada e desconfiada. Volto minha atenção a Mikaela, ela se mantém plena e com o sorrisinho debochado que eu odeio.— Eu não faço ideia do que essa mulher está falando, meu amor! — as palavras saíram com raiva. — Nora, ão entre na pilha dessa vadia, você não vê que essa mulher quer causar confusão entre vocês? — Minha mãe se coloca na frente da Mikaela — Sua puta sem vergonha, saia da minha loja! Pessoas do seu baixo nível não são bem vindas aqui. — Meu baixo nível? — A Mikaela rebateu com sarcasmo — Se olha no espelho, velha bruxa, nível é algo que você não tem!— Sua vadia do caralho, eu vou... — Chega! Já deu esse escândalo. Mãe, por favor, vá tratar esses ferimentos! — falei, preocupado, depois virei-me para Mikaela — quanto a você, vá embora daqui! — Claro que sim, vou só pagar minhas compras. — respondeu, indo em direção ao caixa. — Chega, porra! Você por acaso não me ouviu dizer par
— Você ainda acha que vai conseguir alguma coisa aqui, sua vadia dos infernos ! — A mulher continuou gritando feito uma louca. Eu olhei bem na cara de bruxa velha dela e soltei uma gargalhada. Eu não consigo entender como um homem lindo como o Bruno pôde sair de uma mulher horrorosa dessa, pior é que nem o dinheiro deu jeito na sua cara feia. — Você ainda está rindo, sua vagabunda! — gritou e veio me dar outro tapa, mas dessa vez eu segurei seu braço. — Eu estou rindo sim, é incrível que nem todo o dinheiro que seu filho ganhou serviu para consertar sua cara feia. A cara e o coração, né! — falei com desdém e a mulher ficou mais louca ainda. — Eu arrancar seu couro, sua puta desgraçada, veremos se você vai rir sem dente! — A mulher gritou, enquanto tenta soltar o braço que ainda estou segurando. Eu a empurrei com toda força que tenho e a velha não conseguiu se equilibrar por causa dos enormes saltos e acabou caindo sobre uma prateleira de potes. — Vovó! — A menina saiu gritando
— O que é isso, Mika? — Brenda perguntou, quando me viu olhando meu passaporte. — É o meu passaporte — mostrei a ela — estou separando alguns documentos. — Você está pensando em ir embora outra vez, Mika?— Eu não sei. Eu voltei ao Brasil apenas para o velório do meu pai, não estava nos meus planos ficar aqui. — Você ficou só por causa do chefe, né! — É, eu só fiquei porque eu quebrei uma obra de arte cara dele e não tinha dinheiro para cobrir vo valor, por isso tive que trabalhar para pagar. — Mika, você está bem agora. O chefe nem te colocou mais no salão, ainda te deu um apartamento caro para morar, não precisa ir embora outra vez. — Brenda, eu não decidi ainda, mas eu não posso continuar assim. O Bruno está fazendo isso porque tem pena de mim, eu não quero continuar dependendo dele, isso só vai me deixar pior psicologicamente. — Mika, eu já disse que eu acho que o Bruno não faz isso só por pena; tenho certeza que tem algo mais. — Você está errada, não tem nada mais. — Ela