BRUNO
Quando o Ricardo voltou da casa da Marisa, ele estava com uma cara estranha, eu logo desconfiei que algo havia acontecido. No início ele não queria contar, eu até entendo porque, o Ricardo não é só meu braço direito nos meus negócios, mas ele é também um grande amigo, um irmão para mim. Nós estudamos na mesma universidade e ele me ajudou muito, sempre me deu conselhos, bons conselhos, e nos momentos difíceis me deu até ajuda financeira. O Ricardo sabe do que eu passei quinze anos atrás, aliás todos nessa cidade sabem. Depois que eu insisti bastante, ele finalmente me falou o porquê de voltar tão estranho. Eu rir quando ouvi suas palavras. Quer dizer que aquela vadia desgraçada realmente teve coragem de voltar? —Bruno, você não vai fazer nada com ela, ou vai? — Ricardo pergunta com preocupação. —Eu não vou fazer nada, cara, o que você acha que eu posso fazer? — olho para ele, sorrindo. —Eu conheço você, Bruno, eu sei quanto ódio você tem daquela mulher e seu desejo de vingança contra ela. Eu sei que você não vai deixar isso passar. —Diz, preocupado. —Eu reconstruí minha vida, Ricardo; tenho a Nora, a Amanda... —Bruno, você pode enganar a elas com essa historinha de reconstruir minha minha, mas eu sei que você vem esperando uma chance para se vingar há muito tempo. —Eu dou uma risada quando ele fala. O Ricardo me conhece bem, ele sabe o quanto eu desejo essa vingança, não que eu seja ruim, mas é que aquela m*****a teve todas as oportunidades para desistir daquele maldito casamento, eu nunca a prendi, ou fiz algo ruim com ela, mas ela, ela me levou na conversa enquanto dormia com aquele maldito velho. Ela me fazia promessas de amor enquanto estava na minha cama e pelas minhas costas ria de mim enquanto planejava sua fulga. Aquela desgraçada me fez passar o maior vexame. Mas o Ricardo tem razão, eu esperei muito por esse momento e aquela m*****a vai sofrer! A vadia é tão cínica, que teve coragem de vir no lugar onde nós nos encontrávamos antes, eu sabia que ela não tinha vergonha, essa m*****a não sente nenhuma culpa pelo que me fez. Pior é que a desgraçada continua linda, esses anos no exterior fizeram muito bem a ela. —Bru-Bruno? —ela me olha com um misto de surpresa, susto e medo. Eu dou risada da sua cara. —É, sou eu, Mikaela — respondo com sarcasmo. —Você não deveria vir aqui. —Bruno, você... você está bem? Quero dizer você e a Nora, eu soube que vocês se casaram. —Ela se levanta e fala, sua voz soou embargada. Eu tenho vontade de rir mais. —Você está sabendo muito sobre mim e minha família. —falo com ironia. —Para quem mora em outro país, você sabe demais a respeito das fofocas daqui. —As redes sociais. Eu posso morar em Nova Iorque mas eu sou daqui, então não é nada demais saber sobre meus amigos. Minha risada soa alta quando ela nos chama de amigos, essa mulher é muito hipócrita. —Quer dizer que você fica vigiando nossa vida? Eu achei que você tivesse ido embora porque estava cansada da vida aqui, das pessoas — Ela abaixa a cabeça quando eu falo, fingindo-se de triste. —Bruno, eu sinto muito por tudo que eu fiz no passado, eu... —Não me interessa o que você pensa — a interrompo, com raiva —saia daqui, eu não quero saber de você nas minhas terras. — Suas? Até onde eu sei, isso aqui pertence à nós. —Ela responde com confiança e eu rio mais. —Você não sabe mesmo o que aconteceu com sua família depois que você saiu? Mikaela, quando você foi embora, você criou uma grande confusão e quem pagou o preço mais alto foi justamente a sua família —ela abaixa a cabeça — Você deveria estar ciente que quando você saiu, sua família recebeu todos os julgamentos que deveriam ser para você, assim poucos queriam fazer negócios com seu pai, aí você pode imaginar o que aconteceu. —Você está dizendo que eles precisaram vender as terras? —Seu pai estava doente e sua mãe não tinha condições de cuidar da lavoura, do gado e nada mais, você não estava aqui para ajudar financeiramente, então. —Você comprou as terras depois disso? Depois que você ficou rico? —Sua pergunta saiu quase um sussurro.—Sim, eu comprei, então saia das minhas terras, ou eu chamo a polícia! — falei friamente. Virei-me para sair, mas ela segurou meu braço. Eu olhei bem para sua cara, ela está com os olhos vermelhos. Quando percebe meu olhar de nojo, sua cara fica pior. —Bruno, eu sinto... eu sinto muito de verdade. Eu sinto por tudo que eu fiz naquela época, eu...—Tire essas mãos sujas de mim! —A interrompi e empurrei sua mão. —Você não pode nem falar comigo, Bruno, nem uma única vez? —O que eu teria para falar com você? —Pergunto entredentes. Meu ódio por essa mulher é muito grande. —Bruno, eu só queria que você me...—O quê?! Você quer que eu te perdoe? — perguntei rindo com deboche. —Bruno, não fala assim, eu fiz aquilo sem pensar, eu não...—Por favor, Mikaela, não seja hipócrita! Você fez sua escolha, você escolheu o dinheiro, viagens, eu só tenho que agradecer àquele homem, porque foi através dele que pude enxergar o tipo de mulher que você é.—Bruno, eu sinto muito —diz de cabeça baixa e
Como eu imaginava, assistir ao funeral do meu pai foi um verdadeiro inferno. Alem da dor de perder uma pessoa tão importante, ainda tive que aguentar todos olhando para mim, uns com raiva, outros com nojo, mas nenhum deles estava com pena porme ver chorando ali. Eles deram os pêsames para minha mãe, que estava ao meu lado, mas ninguém se importou com minha dor. O ar estava pesado naquele lugar, eu já estava me sentindo sufocada, só queria sair o mais longe possível de todas aquelas pessoas. Eu fiquei realmente impressionada, tudo na cidade mudou muito, e para melhor. Tem tudo aqui, antes mal tinha supermercados e, mesmo assim, estavam caindo aos pedaços, hoje não, hoje tem tudo que uma cidade grande tem; prédios de escritórios, auto escolas, agências bancárias, até uma agência de modelos. olha só. É impressionante. Quando estava passando m frente à porta de um prédio, uma garota, muito bonita por sinal, esbarrou em mim.—Me desculpa, moça —ela olhou para mim e seus olhos verdes bri
—É, eu resolvi mudar um pouco — sorrio, tentando esconder a tristeza. Ele se senta no balanço ao lado do meu e começamos a conversar. Me senti um pouco melhor por encontrar alguém que não seja minha mãe para conversar.—Sua volta agitou a cidade. — falou com uma leve ironia. —Agitou é? Isso quer dizer que eu ainda sou famosa por aqui? —Faço uma careta divertida. —É, você ainda é a mais famosa. Ninguém mais fugiu do casamento deixando o noivo com cara de idiota depois de você. — Ele fala rindo.—Foi uma escolha muito burra, eu não deveria ter feito aquilo. Se eu tivesse me casado teria evitado tanto sofrimento. —Seu e dele, né! As pessoas aqui acham que apenas o Bruno e seus pais sofreram, mas eu tenho certeza que você sofreu muito também. —Eu olho no rosto dele e vejo pena nos seus olhos. —Você não imagina o quanto. Eu sei que a maioria, ou melhor, todos aqui, principalmente o Bruno não acreditam, mas eu sofri muito com toda essa história.—Você ainda o ama, Mika? —Sim. Charles
BRUNO Ver aquela mulher pessoalmente só me provou o quanto ela é fria, ela não sofreu, não sentiu nada, nem mesmo remorso, por tudo que fez naquela época, ao contrário, ela continua impecável. Eu não posso negar que os anos fizeram muito bem a ela, está ainda mais linda hoje. Ela é tão cínica que teve coragem de falar que acompanha nossa vida de longe, que se interessa pela vida dos amigos. Essa maldita não mudou nada, continua com aquela cara de pau, agora eu tenho ainda mais certeza que vou fazê-la pagar caro pela humilhação que me fez passar.Pelo motivo da Mikaela estar de volta, eu e a Nora decidimos não ir ao velório do Marcos, iria render muito falatório nossa presença, dividindo o mesmo espaço com a Mikaela; seria um prato cheio para os fofoqueiros de plantão, o que resultaria numa confusão. A Nora trouxe a Amanda aqui no escritório antes da escola, ela ama vir me visitar no escritório. Nesse dia, à noite, quando voltei para casa, a Amanda veio com um papo de que viu uma mo
—Eu não armei nada, Bruno, foi um acidente, mesmo porque eu nem sabia que este prédio é seu —Ela é muito cínica, tem coragem de negar bem na minha frente. —Não sabia? Você acha mesmo que eu sou idiota?! Mikaela, todos nesta cidade sabem que este prédio é meu, sua mãe sabe, tanto que veio falar com o advogado da minha empresa.—Bruno, eu não quero problemas, eu vou pagar sua estátua, ok?! —Ela responde com arrogância. —Tudo bem. —Eu escrevo alguns números no papel e entrego à ela, que fica pálida no mesmo instante. —Você está brincando comigo, certo? —Ela perguntou, rindo de nervoso. —Brincando com o quê? —Esse valor não pode ser real. —Porque não? Essa estátua é uma legítima Amadeo Mogigliane, suas obras geralmente ultrapassam os cinquenta milhões de dólares. Essa no entanto, são só cinco milhões. —Falei naturalmente. —Você está brincando comigo, aquela estátua de gesso ridícula, que eu esbarrei sem querer, vale cinco milhões de dólares?! Você é ridículo se acha que eu vou acre
MIKAELA — O que foi, Mika? Por que você está assim? — perguntou minha mãe, quando estamos voltando para casa. — Não é nada, mãe, só estou com um pouco de dor de cabeça — minto. A verdade é que eu estou arrasada. Meu peito dói tanto que até respirar é difícil. Eu imaginei meu reecontro com o Bruno de mil formas diferentes, mas em nenhuma delas eu pensei que seria tão ruim. Eu sempre soube que ele tinha raiva de mim pelo que eu fiz, isso é normal, afinal eu o abandonei no altar, mas nunca pensei que seu ódio fosse tão grande, porque é isso que ele sente por mim: ódio. Eu voltei para casa e não consegui parar de pensar na minha conversa com o Bruno, ou melhor, no nosso acordo. É ridículo chamar esse desastre de acordo, eu estou completamente ferrada. O Bruno só estava esperando uma oportunidade para me fazer pagar pelos meus pecados, por ironia do destino eu acabei entregando essa oportunidade de bandeja para ele. A nossa conversa fica se repetindo na minha mente como se fosse um pe
BRUNO — Você vai mesmo continuar com isso, cara? — perguntou Ricardo, ele acha que eu estou procurando problemas. — É claro que eu vou. Ricardo, eu só vou devolver à ela um pouco da humilhação que ela me fez passar. — Ele balança a cabeça, negando. — Bruno, eu acho que isso não será tão simples como você acha. Você tem a Nora, a Amanda, ainda tem a tia Valéria que odeia a Mikaela até a morte. Você já pensou em como a Nora vai ficar quando souber disso? — Eu já pensei nisso e eu escolhi um lugar bem afastado para usar. — Não se preocupe, ninguém vai saber, Ricardo, a não ser você, é claro. — respondi com segurança e ele continua discordando.— Isso é o que você pensa, Bruno, com certeza isso não vai ser tão simples, mas tudo bem, eu sou seu advogado, né, vou cuidar de tudo como sempre. Ricardo saiu do escritório com uma expressão preocupada, ele não gostou da minha fixação com essa vingança, na opinião dele eu tenho que esquecer isso de uma vez por todas. Mas eu não consigo deixar
— O que você pretende fazer, me manter presa aqui até sua raiva passar!? — perguntou, com deboche. — Você acha que será assim tão fácil? Mikaela, você não tem noção mesmo dos meus planos para você. Aqui, assine! — Entrego-lhe a caneta. Ela hesita um pouco antes de deixar sua assinatura no final da folha. — Pronto. O que nós fazemos agora? — perguntou, olhando-me de forma sugestiva. — Agora pode ir embora. — Encarou-me, com decepção, eu soltei uma risada — O que você achou que iria acontecer aqui, Mikaela?— Bruno, não precisa ser hipócrita e dizer que neste acordo... — aponta para as páginas em minhas mãos — não está incluído serviços íntimos, porque eu sei que está. No fundo você ainda sente falta do que nós dois tínhamos, os nossos momentos eram ótimos e você sabe. — falou com a mesma arrogância de antes. Ela sempre usou o fato de eu ser louco por ela para fazer o que queria. — Você acha mesmo que eu sinto falta? — levantei-me e fui até ela — Mikaela, você não tem vergonha não é