Como eu imaginava, assistir ao funeral do meu pai foi um verdadeiro inferno. Alem da dor de perder uma pessoa tão importante, ainda tive que aguentar todos olhando para mim, uns com raiva, outros com nojo, mas nenhum deles estava com pena porme ver chorando ali. Eles deram os pêsames para minha mãe, que estava ao meu lado, mas ninguém se importou com minha dor. O ar estava pesado naquele lugar, eu já estava me sentindo sufocada, só queria sair o mais longe possível de todas aquelas pessoas. Eu fiquei realmente impressionada, tudo na cidade mudou muito, e para melhor. Tem tudo aqui, antes mal tinha supermercados e, mesmo assim, estavam caindo aos pedaços, hoje não, hoje tem tudo que uma cidade grande tem; prédios de escritórios, auto escolas, agências bancárias, até uma agência de modelos. olha só. É impressionante. Quando estava passando m frente à porta de um prédio, uma garota, muito bonita por sinal, esbarrou em mim.—Me desculpa, moça —ela olhou para mim e seus olhos verdes bri
—É, eu resolvi mudar um pouco — sorrio, tentando esconder a tristeza. Ele se senta no balanço ao lado do meu e começamos a conversar. Me senti um pouco melhor por encontrar alguém que não seja minha mãe para conversar.—Sua volta agitou a cidade. — falou com uma leve ironia. —Agitou é? Isso quer dizer que eu ainda sou famosa por aqui? —Faço uma careta divertida. —É, você ainda é a mais famosa. Ninguém mais fugiu do casamento deixando o noivo com cara de idiota depois de você. — Ele fala rindo.—Foi uma escolha muito burra, eu não deveria ter feito aquilo. Se eu tivesse me casado teria evitado tanto sofrimento. —Seu e dele, né! As pessoas aqui acham que apenas o Bruno e seus pais sofreram, mas eu tenho certeza que você sofreu muito também. —Eu olho no rosto dele e vejo pena nos seus olhos. —Você não imagina o quanto. Eu sei que a maioria, ou melhor, todos aqui, principalmente o Bruno não acreditam, mas eu sofri muito com toda essa história.—Você ainda o ama, Mika? —Sim. Charles
BRUNO Ver aquela mulher pessoalmente só me provou o quanto ela é fria, ela não sofreu, não sentiu nada, nem mesmo remorso, por tudo que fez naquela época, ao contrário, ela continua impecável. Eu não posso negar que os anos fizeram muito bem a ela, está ainda mais linda hoje. Ela é tão cínica que teve coragem de falar que acompanha nossa vida de longe, que se interessa pela vida dos amigos. Essa maldita não mudou nada, continua com aquela cara de pau, agora eu tenho ainda mais certeza que vou fazê-la pagar caro pela humilhação que me fez passar.Pelo motivo da Mikaela estar de volta, eu e a Nora decidimos não ir ao velório do Marcos, iria render muito falatório nossa presença, dividindo o mesmo espaço com a Mikaela; seria um prato cheio para os fofoqueiros de plantão, o que resultaria numa confusão. A Nora trouxe a Amanda aqui no escritório antes da escola, ela ama vir me visitar no escritório. Nesse dia, à noite, quando voltei para casa, a Amanda veio com um papo de que viu uma mo
—Eu não armei nada, Bruno, foi um acidente, mesmo porque eu nem sabia que este prédio é seu —Ela é muito cínica, tem coragem de negar bem na minha frente. —Não sabia? Você acha mesmo que eu sou idiota?! Mikaela, todos nesta cidade sabem que este prédio é meu, sua mãe sabe, tanto que veio falar com o advogado da minha empresa.—Bruno, eu não quero problemas, eu vou pagar sua estátua, ok?! —Ela responde com arrogância. —Tudo bem. —Eu escrevo alguns números no papel e entrego à ela, que fica pálida no mesmo instante. —Você está brincando comigo, certo? —Ela perguntou, rindo de nervoso. —Brincando com o quê? —Esse valor não pode ser real. —Porque não? Essa estátua é uma legítima Amadeo Mogigliane, suas obras geralmente ultrapassam os cinquenta milhões de dólares. Essa no entanto, são só cinco milhões. —Falei naturalmente. —Você está brincando comigo, aquela estátua de gesso ridícula, que eu esbarrei sem querer, vale cinco milhões de dólares?! Você é ridículo se acha que eu vou acre
MIKAELA — O que foi, Mika? Por que você está assim? — perguntou minha mãe, quando estamos voltando para casa. — Não é nada, mãe, só estou com um pouco de dor de cabeça — minto. A verdade é que eu estou arrasada. Meu peito dói tanto que até respirar é difícil. Eu imaginei meu reecontro com o Bruno de mil formas diferentes, mas em nenhuma delas eu pensei que seria tão ruim. Eu sempre soube que ele tinha raiva de mim pelo que eu fiz, isso é normal, afinal eu o abandonei no altar, mas nunca pensei que seu ódio fosse tão grande, porque é isso que ele sente por mim: ódio. Eu voltei para casa e não consegui parar de pensar na minha conversa com o Bruno, ou melhor, no nosso acordo. É ridículo chamar esse desastre de acordo, eu estou completamente ferrada. O Bruno só estava esperando uma oportunidade para me fazer pagar pelos meus pecados, por ironia do destino eu acabei entregando essa oportunidade de bandeja para ele. A nossa conversa fica se repetindo na minha mente como se fosse um pe
BRUNO — Você vai mesmo continuar com isso, cara? — perguntou Ricardo, ele acha que eu estou procurando problemas. — É claro que eu vou. Ricardo, eu só vou devolver à ela um pouco da humilhação que ela me fez passar. — Ele balança a cabeça, negando. — Bruno, eu acho que isso não será tão simples como você acha. Você tem a Nora, a Amanda, ainda tem a tia Valéria que odeia a Mikaela até a morte. Você já pensou em como a Nora vai ficar quando souber disso? — Eu já pensei nisso e eu escolhi um lugar bem afastado para usar. — Não se preocupe, ninguém vai saber, Ricardo, a não ser você, é claro. — respondi com segurança e ele continua discordando.— Isso é o que você pensa, Bruno, com certeza isso não vai ser tão simples, mas tudo bem, eu sou seu advogado, né, vou cuidar de tudo como sempre. Ricardo saiu do escritório com uma expressão preocupada, ele não gostou da minha fixação com essa vingança, na opinião dele eu tenho que esquecer isso de uma vez por todas. Mas eu não consigo deixar
— O que você pretende fazer, me manter presa aqui até sua raiva passar!? — perguntou, com deboche. — Você acha que será assim tão fácil? Mikaela, você não tem noção mesmo dos meus planos para você. Aqui, assine! — Entrego-lhe a caneta. Ela hesita um pouco antes de deixar sua assinatura no final da folha. — Pronto. O que nós fazemos agora? — perguntou, olhando-me de forma sugestiva. — Agora pode ir embora. — Encarou-me, com decepção, eu soltei uma risada — O que você achou que iria acontecer aqui, Mikaela?— Bruno, não precisa ser hipócrita e dizer que neste acordo... — aponta para as páginas em minhas mãos — não está incluído serviços íntimos, porque eu sei que está. No fundo você ainda sente falta do que nós dois tínhamos, os nossos momentos eram ótimos e você sabe. — falou com a mesma arrogância de antes. Ela sempre usou o fato de eu ser louco por ela para fazer o que queria. — Você acha mesmo que eu sinto falta? — levantei-me e fui até ela — Mikaela, você não tem vergonha não é
MIKAELA Eu fiquei horas no carro; parei em um canto na estrada, onde não tem muito tráfego de carros, e chorei; chorei de raiva, de tristeza, de dor, arrependimento... coloquei todo o amontoado de sentimentos para fora. Eu não imaginei que minha atitude no passado tivesse feito o Bruno mudar tanto, ele não é mais aquele homem carinhoso de antes, agora é um homem frio e cruel, pelo menos comigo. Eu tenho vontade de vomitar quando penso em suas palavras. Me recuso a acreditar que ele terá coragem de cumprir o que disse, isso é... absurdo demais, até mesmo para alguém que está com o coração cheio de ódio e rancor. Quando eu voltei para casa, minha mãe já estava preparando o jantar. — Você gostou do passeio, Mika — perguntou ela, com um sorriso satisfeito. — Sim eu gostei bastante, mãe — minto — eu fui até os arredores da cidade; fiquei impressionada, até mesmo fora da cidade evoluiu, está muito bonito. — É, o Bruno investiu muito dinheiro nas mudanças daqui. Tudo melhorou para