MIKAELA Eu fiquei horas no carro; parei em um canto na estrada, onde não tem muito tráfego de carros, e chorei; chorei de raiva, de tristeza, de dor, arrependimento... coloquei todo o amontoado de sentimentos para fora. Eu não imaginei que minha atitude no passado tivesse feito o Bruno mudar tanto, ele não é mais aquele homem carinhoso de antes, agora é um homem frio e cruel, pelo menos comigo. Eu tenho vontade de vomitar quando penso em suas palavras. Me recuso a acreditar que ele terá coragem de cumprir o que disse, isso é... absurdo demais, até mesmo para alguém que está com o coração cheio de ódio e rancor. Quando eu voltei para casa, minha mãe já estava preparando o jantar. — Você gostou do passeio, Mika — perguntou ela, com um sorriso satisfeito. — Sim eu gostei bastante, mãe — minto — eu fui até os arredores da cidade; fiquei impressionada, até mesmo fora da cidade evoluiu, está muito bonito. — É, o Bruno investiu muito dinheiro nas mudanças daqui. Tudo melhorou para
— Não fale assim, Mika, você não pode pensar desse jeito. — acaricia meu rosto com carinho, outra novidade para mim — você merece ser feliz, minha filha, você errou feio, mas eu acredito que já pagou por isso. — Sim, eu paguei mãe. — ela nem imagina o preço alto que eu paguei — Eu não fui feliz, eu sofri bastante por não ter o amor do homem que eu amo, não vivi nenhum conto de fadas longe daqui. Eu contei algumas coisas que vivi em Nova Iorque, claro que omiti os detalhes sórdidos e a minha doença, ela não precisa de mais esse desgosto. Depois de ouvir minha narrativa, minha mãe me abraçou e me deu colo, o colo que eu sempre fui orgulhosa demais para pedir. O resto da semana foi tranquila, eu fui com minha mãe à feira; ajudei nas coisas do sitio; tudo dentro do normal. Na sexta-feira foi o dia de vacinação dos animais do sítio, eu fui levar os cachorros para vacinar, já que minha mãe tinha consulta com o médico e não podia remarcar. A clínica veterinária é da Nora. Imagina min
BRUNO Desde o dia da minha "conversa" com a Mikaela, eu estou em dúvida se continuo com essa história de vingança ou não. A Nora é uma mulher incrível, está sempre mostrando o quanto me ama, o quanto ama nossa família; eu sei que, se ela soubesse dessa besteira, não vai ficar nada bem; isso não irá fazer bem a ela, nem para nossa filha, e menos ainda para o nosso casamento. Se isso vir a tona vai ser uma grande confusão. Eu também estou tendo que enfrentar muitos questionamentos da minha mãe, segundo ela, ela me conhece bem o suficiente para saber que eu não estou tão calmo quanto tento mostrar; principalmente levando em conta o fato que eu tenho ajudado os pais da Mikaela esse tempo todo. — Mãe, eu já disse que isso não tem nada a ver. — respondi após mais uma pergunta dela. — Bruno, você ajudou aqueles dois esse tempo todo. Agora essa mulher está de volta, e você acha mesmo que ela não vai tentar nada com você? É óbvio que ela tentará se aproximar — Ela fala, com raiva. — Se
A confusão continuou. Vendo que, provavelmente ainda não conseguiram pegar os cachorros, eu decidi ir, pessoalmente, averiguar a situação. Assim que saí na varanda encontrei com dois cachorros derrubando tudo. Eu senti meu sangue ferver quando vi quem estava criando toda a confusão. — Eu sinto muito, Bruno, eu... — Você sente muito?! — a interrompi, furioso —Você está procurando confusão, porra! — Esbravejei. — Não, eu não... — ela tentou se afastar, mas acabou tropeçando em uma caixa. — Ai! Ela caiu de bunda sobre pilha de latas de adubo de plantas. Eu poderia tê-la segurado para evitar sua queda, mas não fiz. — Anda, levanta logo daí e pode ir embora! — ela não respondeu, nem levantou, só me olhava. — não ouviu!? — Mas, os cachor... — Eu já conheço os animais da sua mãe, vou pedir aos funcionários para pegá-los e depois de vacinados mando entregar no sítio — eu olhei para ela, que franzia a testa — saia da minha fazenda! — Tudo bem — ouvi sua resposta baixa, quando pass
MIKAELA — Alô! — atendi assim que meu telefone tocou, nem mesmo olhei quem estava ligando. — Você está no hospital? Me assustei, e também fico surpresa, quando ouvi a voz do Bruno do outro lado da linha. Eu sei que é ele, mas fingi não saber. – Quem é? — Ele bufou, irritado. — Até parece que você não sabe, Mikaela! — Sua voz soou raivosa. — Bruno? Desculpe, mas eu realmente sabia quem era você. Não tenho seu número aqui. Mais uma vez, ouvi ele bufar. Já posso imaginar sua cara de cão raivoso. — O que você quer? — Está no hospital? Você não respondeu minha pergunta! — Sim, eu estou. Me desculpe pela bagunça dos cachorros na sua fazenda. Eu jur... — Não peça desculpas mentirosas! — Ele me interrompeu, grosso — Eu não liguei para isso de qualquer maneira. — Nem sabendo que eu estou hospitalizada ele deixa de ser grosseiro. Agora eu sei que não existe nenhum resquício do amor que ele tinha por mim. Quando cheguei naquela fazenda, só consegui me lembrar das vezes que f
Estacionei o carro na garagem do prédio, com meu coração quase pulando para fora do peito de tão acelerado e forte que bate. Eu deixei minha mãe em casa, com um sorriso largo no rosto depois de mentir, dizendo que estava indo passear. Agora estou aqui quase sofrendo um colapso de tão ansiosa que estou. Eu apertei o número do apartamento, meu nervosismo aumentando a cada andar que passava. "Eu já estou no endereço." Enviei a mensagem depois de olhar em todos os cômodos do lugar e não encontrar o Bruno. Confesso que fiquei um pouquinho decepcionada por não encontrá-lo me esperando, mas também fiquei aliviada. Acabei rindo de mim mesma quando fiquei imaginando como seria nossa vida hoje, se eu não tivesse desistido. Talvez, nós estivéssemos vivendo em um lugar assim, bem decorado e ele me mimando. Eu seria tão feliz. Eu olhei a decoração. Eu não tive oportunidade de apreciar o bom-gosto do ambiente da outra vez, já que eu não estava sozinha. É muito requintado; tem quadros de artist
— Você ainda tem a cara de pau de negar. Você nega mesmo depois de ter se enfiado no carro dele no dia do seu casamento? Você é muito vadia! Ele passar as mãos nos cabelos e respira fundo várias vezes. Ele está com muita raiva, o olhar de assassino em série que ele me lança é prova disso. — Eu fugi no dia do casamento sim, eu não estou negando isso. Acredita em mim, essa foi a pior burrada que eu fiz na vida. — me encara com um sorriso sarcástico — Eu sei que você não acredita em mim, sei que você nunca vai acreditar, ou me perdoar. Ergui minha cabeça e respirei profundamente. Depois andei até a janela de três metros com uma vista linda. — Quando eu decidi voltar à cidade, a primeira coisa que eu pensei foi em como seria o nosso encontro. — virei-me, olhando-o, ele me olha de volta, seu olhar é uma mistura de raiva e desdém. — Eu acompanhei toda sua vida de longe. Eu vi você crescendo financeiramente; vi seu sucesso chegando; eu vi seu casamento, assisti tudo pelas redes sociais.
— Sua vadia! Você vai se arrepender de ter me dado esse tapa, sua puta! — Mal atravessei a porta e já ouço o homem gritar. — Eu só dei o que você merece. Seu porco nojento! — Agora é a voz da Mikaela que soa, pelo tom ela está bem nervosa. Eu sabia que ela ia acabar aprontando. Ela não me engana. Aproximei-me e o gerente Marcelo chama a atenção dos dois para minha presença. — Bruno, você já escolheu melhor suas funcionárias. Essa vadia derrubou bebida em mim e ainda ousou me estapear. — Roger, um dos clientes mais fiéis, reclama irritado. Seu terno italiano está manchado de bebida e seu rosto tem a marca de uma mão perfeitamente desenhada. Eu olhei para Mikaela, que se calou assim que cheguei. Fiquei irritado quando vi que seu rosto também está marcado. — O que aconteceu aqui? — perguntei entredentes. — Você não está vendo, Bruno? Sua funcionária derrubou bebida em mim e me agrediu. Eu sou um cliente vip, o mais fiel do seu estabelecimento, você não pode permitir isso! — Novamen