Lia, uma jovem mãe de 25 anos, foge de sua cidade natal com sua filha de 6 anos, Esmeralda, após anos de abuso físico e emocional por parte de seu marido, Marcelo. Ela busca refúgio em uma pequena cidade no interior do México, onde começa a reconstruir sua vida. No entanto, sua nova vida é perturbada quando ela conhece Kairós, um charmoso e divertido professor de escola primária que se torna seu vizinho. Kairós é um solteirão convicto, mas sua vida muda quando ele conhece Lia e Esmeralda. À medida que Lia e Kairós se aproximam, eles enfrentam desafios, como o passado traumático de Lia e a perseguição de Marcelo, que não aceita a perda de sua esposa e filha. Enquanto isso, Lia começa a redescobrir sua autoestima e aprender a amar novamente, graças à ajuda de Kairós e sua família. Esmeralda também encontra um amigo e mentor em Kairós.
Leer másLia Perroni Os dias no hospital se arrastavam em uma névoa de cansaço e preocupação. Eu me recuperava lentamente no quarto, mas minha pequena guerreira precisava de mais tempo e cuidados na incubadora para ganhar peso e força. Cada visita à UTI neonatal era um misto de esperança e apreensão. A porta do meu quarto se abriu, revelando Kleber e Camila hesitantes na entrada. — Eh... nós trouxemos isso para a menina — Kleber disse sem jeito, aproximando-se e me entregando uma sacola. Abri-a com cuidado e um sorriso fraco brotou em meus lábios ao ver as minúsculas roupinhas de bebê, todas em tons delicados de rosa. Um gesto inesperado e gentil. — Obrigada — murmurei, o coração apertado de gratidão. Camila deu um passo à frente, sua postura ainda tensa, mas com um olhar que parecia suavizar um pouco da raiva anterior. Kleber apertou sua mão, oferecendo um apoio silencioso. — Desculpe, Lia. Se não fosse por mim, você não teria passado por todo esse estresse, e sua filha não esta
Lia Perroni Vesti minhas roupas com movimentos lentos e pesados, cada peça um lembrete amargo da minha traição. Saí do motel, o sol da tarde castigando minha pele como se quisesse expor minha culpa. Cheguei em casa, o vazio me engolindo assim que fechei a porta atrás de mim. Estava arrasada, o corpo exausto e a alma em frangalhos. Não tinha ninguém a quem recorrer. Luz havia partido para uma excursão pela faculdade, e Esmel, radiante com a tarde no shopping, decidira de última hora dormir na casa da sogra de Amanda. O silêncio da casa ecoava meus próprios tormentos. Levantei-me do sofá, onde havia me jogado assim que cheguei, e fui para o banheiro, buscando algum conforto na água quente. Entrei debaixo do chuveiro, deixando os jatos quentes massagearem meus músculos tensos, mas a imagem de Kairós se vestindo apressadamente, a dor e a raiva estampadas em seu rosto antes de ele atravessar aquela porta, ficava martelando em minha mente, como uma agulha incessante perfurando minhas
KairósA dor no estômago me deixou sem ar por alguns segundos, mas a raiva e a determinação de não ceder a esse monstro me deram forças para encará-lo novamente.— Ela não te ama, Marcelo. Ela estava comigo. E essa criança... você sabe que é minha — sibilei, a verdade ecoando no quarto sombrio como um desafio.O rosto de Marcelo se contorceu em uma fúria ainda maior. Ele agarrou meus cabelos novamente, puxando minha cabeça para trás com brutalidade.— Você não sabe de nada! Ela é minha! E essa criança vai ser criada como minha! Você não vai estragar a minha família!— Sua família? Você chama isso de família? Mantendo ela refém do medo? — cuspi as palavras, sentindo o gosto metálico do sangue na boca.Marcelo riu, uma risada fria e desprovida de qualquer humor.— Ela está onde merece estar. Ao meu lado. E você... você mereceu o que aconteceu com o seu carro. Deveria ter morrido ali mesmo.— Você tentou me matar! — exclamei, a ficha caindo completamente. Aquele "acidente" não tinha sido
Capítulo 42 Kairós As palavras dela ainda ecoavam em minha mente, cortantes como vidro: "Estou grávida". Grávida dele. O bebê não era meu. Por um instante, nutri a vã esperança de que tudo fosse uma piada cruel, que ela correria para meus braços e voltaríamos para casa juntos. Mas a frieza em sua voz, o desdém em seus olhos, eram inegáveis. Fui um idiota. Um ingênuo que se deixou levar por um conto de fadas fabricado. Camila estava certa, uma verdade amarga que me rasgava a garganta ao admitir. Voltei para a pensão, paguei a conta com mãos trêmulas e juntei minhas coisas. Depois daquela revelação, não havia mais nada que me prendesse àquele lugar. — Vai embora, sem realmente saber a verdade? — uma voz feminina me abordou assim que saí da pensão, a luz fraca da rua iluminando seu rosto misterioso. Virei-me, a confusão estampada em minha face. — Quem é você? — perguntei, a desconfiança me cercando. Ela se aproximou, um sorriso enigmático dançando em seus lábios. — Alguém que que
Lia Perroni Com um movimento ágil, sento no colo de Kairós, encaixando-me perfeitamente em sua ereção pulsante. Começo a rebolar, ditando o ritmo com meus quadris, enquanto ele geme roucamente e aperta meus seios com ambas as mãos, seus polegares roçando meus mamilos já sensíveis. Beijo sua boca com fervor, nossos lábios se encontrando em um frenesi de desejo. — Gosta quando rebolo assim? Quer que eu acelere? — pergunto entre os gemidos ofegantes, sentindo cada fibra do meu corpo vibrar com a fricção. — Ah... ah... isso é rebolar gostoso, gostosa... — ele responde, a voz entrecortada, antes de me dar um tapa estalado na bunda, intensificando ainda mais a sensação. Continuo sentando em seu membro rijo, o prazer crescendo a cada movimento. Ondas de calor percorrem meu corpo, e logo o orgasmo se aproxima, avassalador. Chegamos ao clímax juntos, nossos corpos tensos e vibrantes. Com um suspiro longo e satisfeito, levanto-me de seu colo, meu corpo ainda latejando de prazer. Em um
Lia Perroni Kairós continua me olhando, seus olhos queimando nos meus. — Você não vai embora, não? A Esmel já não está mais aqui! — digo, tentando ignorar a eletricidade que ainda paira entre nós. Ele se aproxima, cada passo lento e carregado de intenção. — Não, não vou embora... — murmura, e então seus lábios encontram os meus. Tento resistir, a razão gritando em minha mente, mas seus braços me prendem, firmes e possessivos. Inevitavelmente, acabo retribuindo o beijo, o calor se espalhando por todo o meu corpo. Em um instante, já estou sentada no balcão, minhas pernas abertas em volta de sua cintura, Kairós entre elas, beijando-me com uma intensidade avassaladora. Sua boca desce pelo meu pescoço, e um gemido escapa dos meus lábios quando seus dentes roçam minha pele. Instintivamente, o puxo para mais perto, ansiando por sua proximidade. — Kairós... — sussurro, meu corpo clamando por ele. Ele para por um momento, seus olhos escuros fixos nos meus, carregados de desejo.
Lia PerroniObviamente, ligar para Gean não estava nos meus planos. Fui apenas educada ao aceitar o cartão com o número dele. Não podia me dar ao luxo de ter mais alguém complicado na minha vida, que já era um turbilhão de incertezas. Busquei as meninas na aula de ballet e dirigi direto para casa.— Mamãe ainda está triste pelo tio Kairós? — Esmel perguntou mais tarde, depois que Hope já havia ido para casa, deixando apenas nós duas na sala.— Um pouco, meu amor. E você? Gostaria de vê-lo outra vez? — perguntei, observando seus olhinhos curiosos.Embora a ideia de Kairós por perto me deixava apreensiva , eu estaria disposta a um último encontro, por Esmel. Ela sentia tanta falta dele.— Sim, mas eu não posso... — disse Esmel, a voz carregada de tristeza.— Claro que pode, meu anjo. Vou pedir para ele te encontrar amanhã, mas será a última vez que o veremos, certo? — falei, tentando soar firme, apesar da pontada de dor no peito.Esmel assentiu com a cabeça, seus olhos brilhando com um
Lia PerroniTratar Kairós daquela forma rasgou meu peito em pedaços, mas não havia outra escolha. Se eu não o afastasse com aquela frieza, ele não desistiria, e as coisas inevitavelmente se complicariam ainda mais. Marcelo continuava foragido, e eu não podia, de maneira alguma, colocá-lo em perigo novamente. Ele já havia sofrido tanto por minha causa, era hora de libertá-lo desse fardo.Ainda remoía a imagem de Kairós se afastando da galeria quando Juliano, meu chefe, chegou, interrompendo meus pensamentos dolorosos.— Lia? Está chorando? O que aconteceu? — perguntou Mário, visivelmente preocupado, aproximando-se.Forcei um sorriso trêmulo e me afastei um pouco, tentando disfarçar as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto.— Estou bem, foi só um cisco que entrou no meu olho — menti, tentando soar convincente.Mário franziu a testa, erguendo uma sobrancelha cética.— O cisco caiu nos dois olhos, né? — ironizou.Sorri sem jeito.— Foi, eh... vamos trabalhar, né? — desconverse
KairósFinalmente recebi alta e agora estou no aeroporto, prestes a embarcar rumo a Lia. Camila está ao meu lado, os olhos marejados, tentando me dissuadir.— Por favor, não vá. Você não sabe o que o marido dela pode fazer se te encontrar perto dela — implora Camila, a voz embargada.Suspiro, sentindo a preocupação dela pesar sobre mim.— Eu preciso ir. Sei que você teme que algo me aconteça, mas preciso ver a verdade com meus próprios olhos — respondo, a voz determinada.Camila me encara, a resignação em seus olhos.— Sei que não vou te convencer a ficar. Então, tome cuidado. Não acredite em tudo que ela disser e, por favor, volte para casa assim que descobrir a verdade — pede ela, me abraçando com força.Assinto, retribuindo o abraço.— Certo, vou me cuidar. Você também se cuide, ok? — digo, tentando acalmá-la.Ela sorri, um sorriso triste, enquanto meu voo é anunciado. Pego minha mala e me despeço de Camila, seguindo para o portão de embarque.Logo estarei frente a frente com Lia.